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Jornalismo popular?

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA KARINE SANTOS

JORNALISMO POPULAR?

O QUE ESTÁ IMPRESSO NAS PÁGINAS DO

HORA DE SANTA CATARINA E DO NOTÍCIAS DO DIA

Palhoça 2010

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KARINE SANTOS

JORNALISMO POPULAR?

O QUE ESTÁ IMPRESSO NAS PÁGINAS DO

HORA DE SANTA CATARINA E DO NOTÍCIAS DO DIA

Monografia apresentado ao Curso de Graduação de Comunicação Social da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial à obtenção do título de bacharel em Jornalismo.

Orientadora: Professora Rosane de Albuquerque Porto (MSc)

Palhoça 2010

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos amados amigos que fiz durante a vida acadêmica, que dividiram comigo o conhecimento, as lágrimas e a cerveja.

À minha professora orientadora Rosane Porto, pela desorientação e paciência e por ser responsável pela inspiração permanente para a conclusão deste trabalho incompleto. Aos familiares, por serem minha base, equilíbrio e a falta dele.

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“Certamente a glória do jornalismo é a sua transitoriedade." (Malcolm Muggeridge)

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RESUMO

A linguagem utilizada pelos jornais populares da atualidade soa como um remake dos antepassados e assemelha-se à utilizada pelos pasquins ainda no seu surgimento, nos anos 1800. Com o suporte teórico de Cremilda Medina, Danilo Angrimani, Márcia Franz Amaral, entre outros, serão analisados os jornais Hora de Santa Catarina e o Notícias do Dia. Este estudo monográfico, desta forma, tem como objetivo problematizar o jornal popular como um objeto ou produto anacrônico, talvez um objeto fora de época, levando em conta o anacronismo aqui como algo que leva ao retrocesso. Isso porque as novas tecnologias poderiam sinalizar para métodos noticiosos mais modernos, talvez ainda mais imparciais e objetivos, características mitológicas da grande imprensa que busca a credibilidade junto a seus públicos leitores.

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ABSTRACT

The language used by today's popular newspapers sounds like a remake of the ancestors and is similiar to the language used in lampoons, in the emergence, in the 1800s. With the theoretical support from Cremilda Medina, Danilo Angrimani, Márcia Franz Amaral, and others, will be analyzed the newspapes Hora de Santa Catarina and Notícias do Dia. This monographic study, this way, aims to problematize the newspaper as an objetct or anachronistic product, perhaps and objetct out of age, considering the anachronism here as something that brings us to regress. This because new technology could signal to news reports methods more modern, perhaps more impartial and objective, mainstream media's mythological characteristics that seeks credibility with their readerships.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...8

2 PASQUINS DE ONTEM E DE HOJE ...13

2.1 DO SENSACIONALISMO AO NOVO POPULAR ...14

2.2 A RECEITA PARA CATIVAR O LEITOR...16

2.3 O QUE É NOTÍCIA? ...20

2.4 – O JOGO DO SHOW NO JORNALISMO ...22

3 O QUE ESTÁ IMPRESSO NAS PÁGINAS DO HORA E DO ND...24

3.1 A LINGUAGEM ...26

3.2 O POVO FALA ...29

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS...33

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1 INTRODUÇÃO

A mecanização e as novas tecnologias de informática produziram uma revolução nos meios de comunicação no Brasil a partir dos anos 80, no rastro das transformações decorrentes da globalização. A velocidade que a circulação de informações alcançou é imensurável. O maior fenômeno da atualidade, dentro do jornalismo moderno, é a busca feita em banco de dados de todo o mundo, através da rede mundial de computadores. No lugar das velhas máquinas de escrever e rotativas que serviram ao processo de produção nas décadas anteriores, surgiu nas redações uma espécie de agente duplo: o computador com a impressão simultânea.

Agente duplo porque por um lado fez os jornalistas mais tradicionais migrarem para a nova ferramenta a certo custo, e de outro lado, os recém-formados ou estreantes na profissão viram-se obrigados à rápida adesão ao novo sistema que abreviava o processo de produção, mas que também introduzia novas rotinas, como a rápida apuração de informações no modelo multimídia, principalmente nas agências de notícias em que a figura do repórter tornou-se polivalente, produzindo textos, fotos e até ilustrações.

O espaço nas redações diminuiu drasticamente. O jornal Diário Catarinense, pertencente ao mesmo grupo do jornal Zero Hora, a RBS (Rede Brasil Sul), um dos mais importantes de Santa Catarina, chegou a ter cerca de 800 profissionais no ano de inauguração (1986) e hoje emprega cerca de 300 pessoas. Havia um sistema de montagem de páginas após a fase de redação e o trabalho era basicamente recortar e colar textos compostos, hoje, função inexistente, assim como tantas outras que enxugaram as redações dos jornais. Segundo o jornalista Laudelino José Sarda 1, até meados dos anos 80, principalmente em Santa Catarina, o jornalista precisava acelerar seu trabalho em razão de a tecnologia não ensejar maior rapidez. Hoje, tecnologia proporciona velocidade máxima. Uma matéria de 50 linhas necessitava de, no mínimo, sete minutos para ser expelida pelo telex das agências de notícias. Atualmente, 50 notícias invadem o e-mail do jornalista em menos de cinco minutos.

Com toda essa agilidade, o que antes era notícia, hoje virou nota. Os jornais estão cada vez mais parecidos com revistas em seu projeto gráfico, dão prêmios para manter seus leitores e atrair novos, que estão migrando com muita rapidez para a internet. No entanto, ainda que o cenário apontasse para novas fórmulas, surge no mercado nacional um

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velho conhecido das bancas ou pontos de venda avulsa: o jornal popular, conhecido muitas vezes como “sensacionalista” ou ainda “imprensa marrom”.

No Brasil, quando se quer acusar pejorativamente um veículo, o termo utilizado é “imprensa marrom”. Danilo Angrimani 2 explica o termo “marrom” como coisa ilegal, clandestina, característica de alguns periódicos que nascem no início do século XIX na França. A origem possível deste termo teria sido uma apropriação do adjetivo cimarron, que se aplicava na metade do século XVII aos escravos fugidos ou em situação ilegal. De acordo com a enciclopédia Larousse, trata-se de um adjetivo aplicado a pessoas que exercem uma profissão em condição irregular, “médecin marron”, “avocat marron”. A expressão “imprensa marrom” ainda é amplamente utilizada quando se deseja lançar suspeita sobre a credibilidade de uma publicação, conforme Angrimani.

Márcia Franz Amaral 3 defende que esse tipo de jornalismo não deve ser visto como de mau gosto, mas sim, com um discurso informativo de acordo com as apropriações de características culturais e seus leitores. Por esse motivo os jornalistas devem saber separar o que é mau jornalismo do que é efetivamente jornalismo para uma determinada camada social, porém numa linguagem mais simples e chamativa.

Os jornais populares, em geral, são baratos, muitas vezes com poucos números de páginas, destinados ao público de baixa renda, ainda que atinja a uma grande fatia da população de todas as classes sociais. Esse tipo de jornalismo se caracteriza pela proximidade com o seu público-alvo, através da prestação de serviços, entretenimento e um projeto gráfico atrativo, com muitas cores, fontes grandes e títulos altamente grifados. Para aumentar o apelo popular, existem ainda as promoções de cupons. O leitor coleciona os cupons até preencher uma cartela que pode ser trocada por brindes como conjuntos de panelas, pratos, tigela, entre outros.

Para Angrimani, nesse tipo de jornalismo, também conhecido como “sensacionalista”, a linguagem clichê é utilizada a todo o momento. Não há neutralidade ou distanciamento do leitor, o jornalismo popular busca chocar o público, fazendo com que as pessoas se entreguem às emoções e vivam com os personagens: “O ‘sensacionalismo’ é basicamente uma forma diferente de passar uma informação; uma opção; uma estratégia dos meios de comunicação”4, observa o autor apontando ainda que, o envolvimento emocional, o aparecimento do clichê, não é por si só sensacionalista. Um telejornal ou radiojornal que não é

2 ANGRIMANI, Danilo. Espreme que sai sangue. São Paulo: Summus, 1995, p. 22

3 AMARAL, Márcia Franz. Jornalismo Popular. São Paulo: Contexto, 2006, p. 22. 4 ANGRIMANI, op. cit., pág. 37.

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“sensacionalista” pode mostrar imagens dramáticas que emocionem as pessoas, assim como, a opção da linguagem clichê pode ser entendida como possibilidade de manipulação das pulsões do leitor.

Este estudo monográfico, desta forma, tem como objetivo problematizar o jornal popular como um objeto ou produto anacrônico, talvez um objeto fora de época, levando em conta o anacronismo aqui como algo que leva ao retrocesso. Isso porque as novas tecnologias poderiam sinalizar para métodos noticiosos mais modernos, talvez ainda mais imparciais e objetivos, características mitológicas da grande imprensa que busca a credibilidade junto a seus públicos leitores. Mesmo com toda a tecnologia, os jornais encontram dificuldades de fidelizar seu público e acabam partindo em busca de modelos jornalísticos de cunho opinativo, como os jornais que fizeram sucesso nas décadas passadas.

Neste sentido, podemos dizer que o jornalismo popular, enquanto anacrônico, é um objeto meramente mercadológico, pois volta a modelos e padrões que são inalcançados somente pela tecnologia. Tal modelo busca uma fórmula que prenda e atraia o leitor-público-alvo e que ainda não pode ser considerada definitiva, tendo em vista que os principais jornais deste modelo passam frequentemente por mudanças editorias e gráficas, como é o caso do catarinense Notícias do Dia, ensejando agradar o leitor e superar as quedas nas vendas, abaladas pela tecnologia em tempos de internet.

Contudo, a concorrência entre os meios impressos e a televisão, e mais ainda com os veículos que migraram rapidamente para o jornalismo on line, abre espaço para o renascimento da velha fórmula consagrada por alguns jornais durante os anos 50, 60 e 70, entre os quais o Notícias Populares e O Dia 5, ambos classificados como jornais “sensacionalistas”.

Esse termo sempre foi muito utilizado para caracterizar jornais e programas que privilegiavam a cobertura da violência. Para Amaral, é possível afirmar que todo o jornal é “sensacionalista”, pois busca prender o leitor para ser lido e, consequentemente, alcançar uma boa tiragem. Em geral, o sensacionalismo está ligado ao exagero, à intensificação dos fatos e à valorização da emoção. Portanto, pode-se partir da hipótese de que todo jornal é “sensacionalista”.

Tanto O Dia como o Notícias Populares (NP) nasceram para defender a posição política de seus donos. O NP foi criado por líderes da União Democrática Nacional (UND), surgiu com a proposta de ser um jornal anticomunista. O jornal O Dia sustentava

5 Notícias Populares circulou em São Paulo, nos anos de 1963-2001 e o O Dia no Rio de Janeiro de 1951 até

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politicamente o jornalista Antônio Chagas Freitas, eleito deputado federal e depois, governador por duas vezes consecutivas. Além de fazerem propaganda política e publicarem reivindicações populares, utilizaram-se de estratégias – consideradas por Amaral como “sensacionalistas - para aproximar-se das classes populares, bem como incorporarem elementos culturais desses setores.

Aos poucos o NP passou a dedicar grande espaço para as editorias de polícia e de esportes. Entre suas inovações estava a cobertura da vida de artistas e da economia popular. Mas com o golpe militar, não era necessário manter como arma popular um jornal que dava prejuízo, então o jornal modificou-se. Em pouco tempo foi vendido ao mesmo grupo que comprou o jornal Última Hora (Rio de Janeiro), o Folha da Manhã. Em 1971, o jornal ganhou um tom cômico e debochado. As doses de crime e sexo foram exageradas para que o jornal voltasse a ter boa circulação. Foi o grande período policial do jornal que justifica o bordão “espreme que sai sangue” por parte de seus leitores.

Nessa época, o NP investiu na cobertura do famoso caso do “bebê-diabo”, uma série de reportagens que acompanhou o nascimento do suposto bebê até o seu desaparecimento. A fórmula de O Dia, por sua vez, era marcada por cadáver, macumba e sexo, com manchetes dramáticas e sensacionais. O jornal também investia em prêmios, especialmente os de grande porte, como apartamentos. Ao ser vendido para o jornalista Ary Carvalho em 1983, começou a desvincular-se de sua imagem populare sanguinária e passou a ser um jornal definido como “aquele que o trabalhador pode levar para casa”.

Em Santa Catarina, nesta primeira década do século XXI, surge a rivalidade de dois veículos recém-nascidos: o Notícias do Dia e o Hora de Santa Catarina, objetos de estudo desta monografia. O Notícias do Dia nasce primeiro, em 13 de março de 2006, em Florianópolis, lançado por um grupo empresarial chamado Rede SC e que depois de dois anos de lançamento do jornal passou a se chamar Grupo RIC (Rede Independência de Comunicação).

A fase inicial do jornal aponta para um perfil editorial mais popularesco, seguindo o conceito de Angrimani e de Amaral, com características que apelam para o emocional, à linguagem clichê e à proximidade ao leitor, sem falar ainda na linguagem gráfica atrativa e colorida. O jornal custava, em seu lançamento cinquenta centavos e permaneceu com o apelo popular durante um ano. No entanto, após esse período, o jornal muda a sua logomarca, o projeto gráfico e também o conteúdo, passando a ter um perfil mais político e comunitário, enfatizando a cobertura de fatos com tais características como será visto no corpo deste estudo monográfico.

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O Hora de Santa Catarina, do Grupo RBS (Rede Brasil Sul) foi lançado em 28 de agosto de 2006 para concorrer com o Notícias do Dia (ND). As primeiras edições eram vendidas a vinte e cinco centavos e permitir que o Grupo RBS pudesse aumentar sua influência entre as camadas mais pobres da população. O jornal é idêntico ao Diário Gaúcho, que circula no Rio Grande do Sul desde abril de 2000. Atualmente o jornal custa sessenta centavos e tem como principal apelo a promoção “Junte e Ganhe”, em que os leitores colecionam selos que podem ser trocados por brindes ao completar as cartelas. A estratégia parece manter as vendas elevadas desde o seu lançamento, o que não acontece com o ND, que durante a produção deste trabalho estuda uma quarta mudança no projeto gráfico e editorial, devido à queda nas vendas dos exemplares.

Desta forma, pretende-se neste estudo analisar as medidas em que os dois jornais se aproximam e se afastam em suas características editoriais. Para isso serão considerados apenas dois exemplares de cada jornal em suas fases iniciais de lançamento e de circulação atual, buscando evidenciar os respectivos perfis à luz do suporte teórico de Cremilda Medina, Danilo Angrimi, Nilson Lage, Marcia Franz Amaral, entre outros. No segundo capítulo, deste modo, pretende-se discutir os conceitos de “popular” e “sensacional” a partir do contexto histórico da imprensa brasileira, herdeira dos modelos britânico e francês. Assim, buscam-se elementos para a leitura e análise dos objetos que será produzida no terceiro capítulo.

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2 PASQUINS DE ONTEM E DE HOJE

O ambiente em que foi intensificada a publicação de “pasquins” no Brasil remonta ao período de transição do I para o II Império, marcado por disputas políticas entre defensores da monarquia e interessados na independência definitiva do país em relação a Portugal. O clima era de desordem e pancadaria. Em maio de 1831, logo após a abdicação do Imperador Dom Pedro I em favor do filho Dom Pedro II, de apenas sete anos de idade, jornais da Corte registravam o aparecimento de cadáveres, assassinatos, apreensão de armas, homens feridos, entre outros crimes.

Os jornais espelhavam os acontecimentos tumultuados da época, lembravam represálias, excitando o patriotismo e tratando de aumentar a luta dos partidos, que em breve traria grandes mudanças políticas ao país. E os pasquins nada mais eram que periódicos – ainda que alguns com vida muito curta – que representavam essas mudanças. Em 1833, O Grito dos Oprimidos apresentava a situação em que estava o Brasil e usava discursos marcados pela violência:

Nas Alagoas, correm rios de sangue; que, na Bahia, Espírito Santo, Rio Grande e São Paulo tem sido perturbado o sossego público; e que, em Goiás, até se chegou a metralhar o povo dentro da igreja, e de tudo se faz um mistério para o povo! 6

No século XIX, o preço de cada dos jornais variava de acordo com o número de páginas, quarenta ou oitenta réis. Habitualmente o “pasquim” não trazia o nome do redator e guardava-se rigoroso anonimato, sendo necessária uma pesquisa para a identificação dos mesmos, mas a lei obrigava que fosse mencionada a oficina de onde era impressa a folha. Naquela época, todo o grupo político utilizava o jornal como forma de expressão pública e de uma oficina para lançá-lo, ou seja, não existia pasquim isento de atividade e influência ideológico-partidária, surgindo jornais escravocratas, abolicionistas, monarquistas, republicanos, liberais e conservadores. A maioria, porém, tinha vida curta, conforme Sodré:

A maioria dos pasquins não passou do primeiro número, ficando difícil associá-lo ao que chamamos de imprensa periódica. Alguns ressurgiam com nomes diversos, ficando possível identificá-los apenas através da oficina impressora. Por este motivo é que não é possível deixar de enquadrar como imprensa periódica esse produto específico do meio brasileiro naquela época tormentosa. 7

6 SODRÉ, Nelson Werneck. História da Imprensa no Brasil. Rio de Janeiro: Mauad, 1999, p. 156

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Em geral, o “pasquim” era escrito por uma pessoa apenas, servindo a interesses seus ou de outrem, adotando orientações próprias ou obedecendo àquela imposta por seus mandantes. Continha um só assunto, um artigo único, confundido muitas vezes, devida à precariedade técnica, com o panfleto, o opúsculo, pois obedeciam às mesmas injunções.

O anonimato costumeiro era desvendado pela linguagem, orientação, pelos dados mencionados no próprio texto, por depoimentos de adversários ou de testemunhas, era também disfarçado nos pseudônimos 8:

As personalidades política não eram citadas pelo nome ou pelo título, mas por apelidos chistosos, ridículos, desprimorosos, alguns verdadeiramente torpes. Os pseudônimos buscavam traduzir intenções patrióticas, interesse pelo bem comum.

Outra característica marcante dos pasquins era o uso das epígrafes. Não havia pequeno jornal que não estampasse frases de escritores políticos – principalmente os franceses - para fundamentar tendências e programas. A nota mais comum era o emprego do verso, e preferência de algum autor célebre, concordante com as tendências do jornal ou revista. Na epígrafe anunciava-se a orientação do periódico. Conforme Sodré 9:

A violência de linguagem, a invasão da vida particular e íntima, a difamação organizada, a devassa na conduta das pessoas, não foram, certamente, normas privativas do pasquim, muito menos a sua característica única e imutável. Muitas outras lhe deram as linhas com que viveu e acabou por constituir-se em tipo a pequena imprensa brasileira.

A causa do aparecimento dos pasquins, para Sodré, não está ligada a fatores de expansão da imprensa, mas sim ao ambiente político-social em surge, assim como à cultura. A linguagem violenta não foi característica de um ou de outro jornal, foi um sinal da época, de uma fase histórica que os pasquins tiveram como principal marca.

2.1 DO SENSACIONALISMO AO NOVO POPULAR

A linguagem utilizada pelos jornais populares da atualidade soa como um remake dos antepassados e assemelha-se à utilizada pelos pasquins ainda no seu surgimento,

8 SODRÉ, 1999, p.160. 9 Ibidem, p. 160.

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nos anos 1800. A fórmula violência, sangue e crimes ainda é o que faz os jornais populares atingirem tiragens maiores de exemplares do que dos jornais ditos “objetivos” e “imparciais” ou que supostamente não assumem posições políticas, de maneira a vender a notícia com a aura da credibilidade.

O sensacionalismo nada mais é do que uma estratégia para “vender” o produto jornalístico, conforme Amaral 10, posto que:

Está ligado ao exagero; à intensificação, valorização da emoção; à

exploração do extraordinário, à valorização de conteúdo

descontextualizados; à troca do essencial pelo supérfluo ou pitoresco e inversão do conteúdo pela forma.

Todos os jornais, preocupados com a sobrevivência, tornaram-se mercadorias. Os interesses econômicos são centrais. A maioria dos jornais impressos utiliza recursos sensacionalistas só que alguns de maneira sutil, relatando a vida de famosos e injustiçados, a prestação de serviços e o entretenimento, aumentando assim a sua tiragem. A valorização da emoção é utilizada no jornalismo como uma forma clássica para obter a proximidade de um indivíduo, ou seja, atrair o leitor e mantê-lo ligado ao conteúdo do jornal.

11Angrimani explica que no sensacionalismo, a linguagem clichê é a mais utilizada, pois o leitor vive com o personagem, devido à aproximação que a narrativa jornalística produz, relembrando inconscientemente momentos emocionalmente fortes de sua vida. O sensacionalismo, explica o autor, é aquilo que divulga a exploração em tom espalhafatoso, capaz de emocionar ou escandalizar, assim como era utilizado nos antigos pasquins. Comumente, quando alguém quer criticar algum veículo de comunicação que utiliza a linguagem clichê, usa o adjetivo “sensacionalista”, ainda que esse não seja o termo correto, mas usado de forma abrangente.

Desta forma, o jornalismo popular não pode ser caracterizado apenas como jornal “sensacionalista”, pois algumas importantes características ficam de fora desse adjetivo, quando se trata do “novo jornalismo popular” das décadas de 1990 - 2010, que busca a proximidade sem abusar dos fatos extremamente espalhafatosos, diferente dos jornais das décadas de 60 e 70.

Durantes as décadas de 60 e 70, os fatos mais abordados nos jornais eram os que, de certa forma, chocavam o público. Traziam a morte e sangue diariamente em suas

10 AMARAL, 2006, p. 21.

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páginas, ainda que não seja fácil falar sobre esse tema até hoje. No jornalismo sensacionalista, a morte diversas vezes é o atrativo principal do jornal e isso foi muito mais intensificado nas décadas de 60 e 70.

A temática da morte, embora seja tabu na tradição ocidental, contudo é presença constante nos jornais e é um estimulo à venda, faz com que o leitor saia de sua casa para comprar algo em que se apresentam cadáveres, corpos perfurados e dilacerados. Mas o que faz com que os leitores procurem o jornal “sensacionalista” no lugar de jornais ditos “sérios”?

Embora possa parecer preconceituoso, Angrimani indicia na sua investigação sobre os jornais populares que os leitores de jornais sensacionalistas têm uma formação precária, estando mais próximos dos instintos e de suas manifestações. Desta forma, o autor aponta que uma pessoa que é mais culta, de formação intelectual elevada, possivelmente tem um maior controle dos instintos e possivelmente escolheria veículos de informação mais moderados, mais racionais12.

Nos jornais populares os critérios editoriais quanto à noticiabilidade parecem mesmo supor ou levar em consideração um público com menor escolaridade, talvez mais vulnerável à publicidade e que não conta com o jornal por assinatura. Sendo assim, a imprensa popular aposta nos brindes e busca satisfazer o seu público a qualquer custo, numa conquista diária. Luta para fidelizar um público de baixo poder aquisitivo e com pouco hábito de leitura. Todas as características editoriais deste tipo de periódico, com matérias curtas e de linguagem clichê, buscam satisfazer o desejo-necessidade do público alvo e, ao mesmo tempo, atingir o objetivo principal: o aumento das vendas.

Mas Angrimani também destaca que todos os leitores se interessam por assuntos de morte, sangue e crimes, independente da sua formação ou classe social, apontando que todos os jornais noticiam sobre esses temas. O que muda entre o jornal sensacionalista e o dito “de referência” é a linguagem editorial e gráfica. No jornal sensacionalista uma foto de crime pode ser mais destacada, os títulos mais chamativos, dando ênfase a alguma parte mais “sangrenta” da matéria, enquanto nos jornais “sérios”, partes dos acontecimentos que possam chocar o público com mais facilidade, são discretamente citadas ao longo da matéria jornalística.

2.2 A RECEITA PARA CATIVAR O LEITOR

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Temas como homossexualismo, perversões, macumba e sexo, sempre foram os mais abordados por jornais das décadas de 50, 60 e 70, mas com a extinção do Notícias Populares nos anos 90, um dos jornais mais “sensacionalistas”, nota-se uma transição para temas menos chocantes – como corpos dilacerados nas fotos de capa - contudo não menos apelativos. Pautas como crimes violentos, por exemplo, deram lugar a dramas familiares, esportes comunitários e notícias sobre celebridades, não dispensando fotos que chamam atenção para o corpo feminino.

Assim, percebe-se uma tentativa de aproximação do jornal daquele que considera como leitor-amigo, que lê com a sensação de estar bem informado, mas que também precisa ser entretido, se divertir. Há também a aposta no noticiário sobre serviços, como dicas de empregos, cursos de formação profissional e conselhos diversos, como saúde e economia doméstica.

Atualmente os jornais preocupam-se, diz Amaral13, com que o leitor tenha um sentimento de pertencer a certa comunidade “percebendo que o jornal faz parte do seu mundo”. Segundo a autora:

“O interesse público perde a vez para a exposição de interesses pessoais; o compromisso com a verdade convive com a presença de elementos do âmbito da ficção, da religiosidade e da superstição. O jornalismo praticado no segmento popular da grande imprensa subverte essa lógica de priorizar o ‘interesse público’. Baseia-se no entretenimento e não na informação, mistura gêneros, utiliza fontes populares e muitas vezes trata a informação de um ponto de vista tão particular e individual que, mesmo dizendo respeito à grande parte da sociedade, sua relevância se evapora. Muitas vezes, o interesse do público suplanta o interesse público não em função da temática da notícia, mas pela forma como ela é editada, com base na individualização do problema, o que dá a sensação da não realização do jornalismo”14

O destaque nos jornais populares são as notícias que interferem no cotidiano da população e que tenham um conteúdo mais dramático. O mundo é percebido de uma maneira mais personalizada enquanto os fatos são singularizados ao extremo. O público prefere se ver no jornal e se distancia dos acontecimentos principais do mundo. Horóscopos, passatempos, medicina popular, concursos e situações cômicas da vida tomam o lugar da política ou matérias culturais que são publicadas diariamente nos jornais ditos de “referência”.

13 AMARAL, 2006, p. 52

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Quando um jornalista escreve para o segmento popular, está produzindo informações para determinadas pessoas, de uma determinada classe social, com características culturais diferentes daquelas em que os profissionais convivem. É o que afirma Amaral:

Se na imprensa de “referência” o jornalismo é, sobretudo um modo de conhecimento, no segmento popular ele ocupa também a função de entretenimento. O ideal da objetividade, embora varie de jornal para jornal, muitas vezes é abandonado, e a credibilidade é construída por intermédio de outros parâmetros, como a proximidade e o testemunho.15

Se nos jornais populares, há uma preocupação com a credibilidade, ainda que por parâmetros, distantes dos utilizados nos jornais ditos “sérios”, no jornalismo sensacionalista, o que está em primeiro plano é satisfazer as necessidades instintivas do público, por meio da forma sádica, caluniadora e ridicularizadora das pessoas. Por esse motivo, para Angrimani, a imprensa sensacionalista, assim como a televisão, o papo no bar, o jogo de futebol, servem mais para desviar o público de sua realidade imediata do que para voltar-se a ela.

Um outro fator importante que se atribui aos jornais ditos “populares” é o modelo de negócios, similar ao de outros produtos, conforme considera Cristiane Brum Bernardes. Em sua Dissertação de Mestrado, ela considera os seguintes aspectos levados em conta pelos jornais com este perfil: “As condições de produção de jornalismo popular massivo: o caso do Diário Gaúcho”16

- Vender principalmente exemplares avulsos; - Vendê-los a um preço muito baixo17; - Manter reduzida a paginação18;

- Conseguir nova publicidade para novos consumidores massivos; - Publicitar, publicitar, publicitar;

- E aproveitar as sinergias da editora “mãe”19.

Essas características mercadológicas foram constatadas no objeto de estudo deste trabalho, o jornal Hora de Santa Catarina, que será analisado no próximo capítulo. Já o

15 AMARAL, 2006, p. 58.

16 Diário Gaúcho de Porto Alegre, 2004. p. 18

17 A metade do que a imprensa regular cobra em muitos destes mercados. 18 24 a 36 páginas em média.

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Notícias do Dia, único jornal do grupo RIC, encontra dificuldades para manter a circulação, não tendo como base de sustentação o apoio de outros meios de comunicação da mesma empresa, exceto o canal de televisão RIC Record, o que faz com que o Notícias do Dia esteja passando pela quarta mudança gráfica e editorial, já citada nos capítulos anteriores.

Ao contrário do que afirma Cremilda Medina20, em seu livro Notícia Um Produto à Venda, que o jornalismo, antes de informar, tem como o interesse principal, formar opinião, o jornalismo popular busca entreter o leitor, ser um “amigo próximo” e consegue isso apostando em estratégias mercadológicas direcionadas a um público de baixa renda e com pouca informação. Mas Medina também afirma que as notícias estão carregadas de “dupla-função”, ou seja, informar e distrair. Assim, tal sorte de notícia procura atingir o maior número de leitores e daí a ênfase em informação sonho-realidade, novidades da “sociedade”, polícia, emoções e serviços de lazer. Características encontradas, sobretudo, no jornalismo dito “popular”.

O extinto jornal Notícias Populares, fechado em 2001, denunciou a rejeição do público ao estilo jornalístico denominado “sensacionalista” e deu espaço para o que hoje pode ser chamado de “novo jornalismo popular”. O fechamento NP representou também o fechamento de um ciclo desse modelo de imprensa no Brasil. Desde então, os jornais populares que conhecemos atualmente, remontam a uma colagem dos antigos jornais “sensacionalistas” e buscam com muito cuidado manter a “credibilidade”. Não basta apenas cativar o leitor, mas sim oferecer um produto de qualidade com seções de serviços, entretenimento e espaços para a contribuição do leitor.

As mudanças econômicas na década de 1990 fizeram com que a mídia impressa se renovasse. A expansão da internet direcionou os meios de comunicação, mais especificamente os impressos, para uma linguagem mais curta e dinâmica, portanto, o “novo jornalismo popular” não se enquadra nem nos antigos modelos de jornais ditos “sensacionalistas” e nem nos jornais atuais ditos de “referência”. O jornalismo popular busca a sedução do leitor pelo apelo visual e pela velocidade dos textos, priorizam o cotidiano e os interesses do público, mantêm distância dos exageros e de fórmulas utilizadas pelos extintos jornais “sensacionalistas”, como o Notícias Populares, por exemplo. Sendo assim, os princípios do sensacionalismo foi o que moldou o jornalismo popular atual, mas não são suficientes para defini-lo.

20

MEDINA, Cremilda. Notícia, um Produto à Venda: Jornalismo na Sociedade Urbana e Industrial. São Paulo: Summus, 1988, p.71

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2.3 O QUE É NOTÍCIA?

Figura 1: Capas dos jornais Notícias do Dia e Hora de Santa Catarina

As notícias predominam no dia-a-dia com a dupla função de informar-distrair e podemos dizer que no jornalismo popular a segunda função seja mais relevante que a primeira. Procuram atingir o maior numero de leitores possíveis e para isso utilizam estratégias, dando ênfase nos perfis de interesse humano, nas “novidades” da sociedade21

Notícia é a matéria prima de todo jornal, é uma maneira de explicar as coisas, os acontecimentos. Já nos primeiros tempos da imprensa americana Hearst e Pulitzer davam ênfase á histórias sentimentais e de crimes, que ao mesmo tempo distraiam e projetavam angústias das grandes massas. O tratamento emocional desses temas gerou o que hoje conhecemos como “sensacionalista” ou notícias sensacionalistas, que, como foi visto anteriormente foi o início do que hoje conhecemos como jornalismo popular. A partir disso, os jornalistas, pouco a pouco, passaram a buscar técnicas de apuração e tratamento de informações. “Foram buscar no espírito científico o respeito pelos fatos empíricos e o cuidado de não avançar além daquilo que os fatos indicam”22.

21 No caso dos jornais populares, novidades do bairro, no mundo das “emoções primárias”, serviços, lazer, entre outros.

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Desta forma, segundo Amaral, ao levar em conta o valor notícia, um fato terá mais probabilidade de ser noticiado nos jornais populares se possuir capacidade de entretenimento, considerando ao mesmo tempo proximidade geográfica ou cultural com o leitor, e ainda se puder ser divulgado de uma forma simples, ser narrado dramaticamente, estabelecendo identificação dos personagens com os leitores de uma maneira utilitária. Não é bem assim o critério adotado pelos jornais tidos como “de referência”, como aqueles da grande imprensa e circulação nacional.

Para Amaral23, neste outros jornais um acontecimento terá mais chance de ser notícia se os indivíduos envolvidos forem importantes, se tiver impacto sobre a nação, se envolver muitas pessoas, gerar importantes desdobramentos, se for relacionado a políticas públicas e principalmente, se puder ser divulgado com exclusividade. Tudo isso respeitando os conceitos básicos de ineditismo, atualidade, universalidade, proximidade, utilidade, intensidade, difusão, interesse público e fator humano, que fazem o que é notícia, ser notícia. São estes, em geral, os conceitos de noticiabilidade teorizados pela maioria dos autores, como Lage.

Nos jornais ditos populares, por sua vez, no que diz respeito às notícias de violência, constata-se que essas são dotadas de elementos que evidenciam formas sensacionalistas quanto à linguagem coloquial exacerbada, e que a seleção para a manchete principal se faz basicamente de crimes absurdos e que despertam a curiosidade do público. Outros elementos que forçam a atração dos leitores são os resultados de jogos e as mulheres seminuas na capa, que diariamente mantêm espaço cativo nos jornais.

Jornais com este perfil, notadamente do Notícias Populares, enalteciam a supervalorização de um fato real, baseavam-se em crendices populares e não poupavam o uso de termos chulos. Como exemplo de manchetes publicadas no extinto Notícias Populares citamos as seguintes:

“Aumento de merda na poupança”

“Churrasco de vagina no rodízio do sexo”

“Médico afirma: o bebê diabo nasceu no ABC”.

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Figura 2: Bebê-Diabo no Notícias populares

2.4 – O JOGO DO SHOW NO JORNALISMO

Percebe-se que a linguagem vulgar tinha espaço garantido na primeira página dos jornais. Por outro lado, os objetos de estudo desta monografia, o jornal Hora de Santa Catarina e o jornal Notícias do Dia, são jornais que buscam alcançar um público considerado “popular”, seja pelo grau de escolaridade, seja pela situação social, mas possuem apenas algumas características, uma espécie de traço genético, do que poderia ser considerado um jornal sensacionalista, afastando-se parcialmente do estereótipo dos jornais sensacionalistas do passado.

Se a fórmula utilizada pelos extintos jornais sensacionalistas era “escândalo-sexo-sangue”, podemos dizer que nos atuais jornais populares a fórmula utilizada é a de “entretenimento-proximidade-utilidade”. Entreter é divertir com distração, gozar, desfrutar. Muitas vezes os jornais têm uma visão de que o público só pretende desfrutar desses prazeres e tirar proveito ou vantagens. Tudo o que possa chamar a atenção, como cenas ridículas, dramáticas, engraçadas, etc. É o que indica Amaral: “As regras do bom show passam a valer para o bom jornalismo”24.

O conceito de entretenimento está intimamente ligado ao da sensação e ao da emoção. Misturam as chamadas que anunciam os acontecimentos dos próximos capítulos da novela com os acontecimentos da vida real. O entretenimento no jornal não provoca somente prazer, mas sim sensação e nem sempre têm a intenção de informar e de mostrar acontecimentos interessantes. As histórias ficam presas a elas mesmas.

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A proximidade é mais uma característica que faz um jornal ser classificado como popular. Isso se dá pela linguagem, pelos personagens, pelo conteúdo. Temas que digam respeito ao seu cotidiano, como segurança, saúde, futebol, oportunidades de trabalho, entre outros. O jornal Hora de Santa Catarina, por exemplo, diversas vezes usa o linguajar dos moradores de Florianópolis para falar sobre os times da Capital, como nas matérias sobre o Avaí Futebol Clube, como exemplo as seguintes manchetes:

“Cadê o Avaí que faz coisa?”

“Leão afoga o ganso”

“No Morumbi quem manda é o Avaí”

O jornalismo caracteriza-se, assim, como popular quando se interessa pela vida do povo. Sendo assim, um fato tem muito mais chance de ser notícia, quando tem impacto na vida de uma pessoa comum, ou que possa ser comentado por uma pessoa comum. Amaral ainda afirma: “Personalizar é dar um caráter pessoal, definir um conjunto de parâmetros para que se atenda às exigências de uma pessoa em especial”25.

Deste modo, o noticiário com este perfil aposta fortemente no conteúdo que se assemelha a um manual de sobrevivência, quase sempre referenciado em dicas e conselhos de famosos, especialmente quando se trata de moda, beleza e saúde ou dietas. No Hora, seções como Resumo das Novelas, Pede-se providência ou Falando de sexo são algumas que podem ser classificadas como utilidade no jornalismo popular. Para Amaral, a utilidade tem várias formas e uma delas refere-se à função cada vez mais importante da mídia em geral de dizer aos indivíduos como devem viver, serem bons pais, profissionais ou amantes. A autora destaca: “trata-se da tendência das pessoas construírem-se de forma gerenciada: manter saúde, ter um copo bonito, conviver com os animais de estimação, cuidar do seu computador, engravidar com a ajuda da ciência”26.

25 AMARAL, 2006 , p. 65

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3 O QUE ESTÁ IMPRESSO NAS PÁGINAS DO HORA E DO ND

Figura 3: Jornal Hora de Santa Catarina. Ano 4 – Nº 1030 Florianópolis, sexta-feira 18/12/2009

O jornal Hora de Santa Catarina foi criado em 28 de agosto de 2006 pelo Grupo Rede Brasil Sul de Comunicação (RBS), para concorrer com o jornal Notícias do Dia, fundado em 13 de março do mesmo ano, pertencente ao Grupo Rede Independência de Comunicação (RIC). O jornal segue o estilo dos tablóides britânicos, com títulos grifados,

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uma linguagem simples e com cores muito chamativas nas capas das edições. Vendido somente nas bancas, é publicado de segunda a sábado.

Os dois jornais iniciaram as vendas apostando no valor baixo dos exemplares para conseguirem se infiltrar nas camadas mais baixas da população. O ND custava inicialmente 50 centavos e o Hora, no ano do seu lançamento custava apenas 25 centavos. O valor é apresentado na capa de uma forma destacada, diferente dos jornais ditos “sérios”, que habitualmente mantêm o preço da forma mais discreta possível. Atualmente o Hora custa 60 centavos, um valor simbólico, se comparado ao jornal Diário Catarinense, pertencente ao mesmo grupo, e que é vendido por 2 reais durante a semana e 3,50reais aos fins de semana.

Uma das estratégias utilizadas pelo grupo RBS para garantir as vendas foi lançar junto com o jornal a promoção “Junte & Ganhe”, na qual selos impressos na capa são recortados, colecionados e colados em uma cartela que pode ser trocada por brindes como conjuntos de panelas, de copos, de tigelas, entre outros. A fórmula foi copiada do Diário Gaúcho, em circulação em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, desde o ano 2000, jornal que também pertence ao grupo RBS.

Mantenedora em Santa Catarina do Diário Catarinense, jornal de maior tiragem e que tem a mais ampla circulação, além de A notícia e o Jornal de Santa Catarina, não foi difícil para a RBS arcar com os gastos iniciais do lançamento do jornal, já que com o valor de capa cobrado do leitor pela venda avulsa possivelmente cobriria as despesas de produção. Diferente do ND, que encontrou dificuldades de se manter no mercado como jornal popular e hoje ainda busca um modelo que possa garantir seu espaço no mercado, mas agora, focando numa nova linha editorial e gráfica.

Recursos gráficos clássicos, como grandes fotos de capa, economia de textos explicativos, como olho e linha de apoio, mas fartura de chamadas em letras em fonte maior e de diagramação carregada em cor - elementos para facilitar a leitura - permanecem válidos no novo jornalismo popular. Mas os temas de impacto, imagens chocantes de crimes são substituídas pelas sensações provocadas pelas temáticas do esporte e entretenimento. É importante destacar que, embora traços dos antigos modelos de jornais “sensacionalistas” sejam encontrados nos jornais populares atuais, não devemos esquecer que os jornais atuais buscam a identificação com o leitor para assegurar acima de tudo o sucesso nas vendas, muitas vezes deixando de lado matérias sobre política. Já os jornais anteriores surgiram como objetivos políticos definidos, já expostos nos capítulos iniciais.

Esse estilo, contudo, não se enquadra nem no antigo jornal sensacionalista, marcado pela degradação ou ridicularização humana, e nem no jornalismo de “referência”,

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caracterizado pelo interesse público e pela proposta mais convencional de estruturação das notícias. Esses novos jornais ditos populares situam-se numa faixa intermediária. Um diferencial a ser considerado é a estratégia de distribuição. Enquanto os jornais de referência são vendidos por assinaturas, os jornais “populares” podem ser encontrados apenas nas bancas ou em pontos de venda espalhados em locais públicos.

3.1 A LINGUAGEM

Com a expansão da internet, impondo concorrência a partir de blogs e websites, as empresas jornalísticas passaram a lançar periódicos com uma linguagem mais direta, com apelo ao visual mais forte. Levando em conta os critérios dos autores citados, como Angrimani e Amaral, podemos perceber indícios marcantes da linguagem popular no Hora de Santa Catarina, assim como a semelhança com os jornais das décadas de 60, 70 e 80, como por exemplo com o Notícias Populares, já extinto.

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Figura 4: 1- Hora de Santa Catarina, 2- Notícias do Dia (Fase Inicial). 3- Notícias Populares (Já extinto)

A orientação editorial do Hora de Santa Catarina evidencia a cobertura de temáticas afetas aos acontecimentos de bairros, em geral ligadas à segurança pública, buscando a identificação com o leitor-consumidor. Assim, para chamar atenção, o produto-notícia vem embalado com artifícios textuais que começam pela economia de palavras e certamente apuração, talvez no estilo fast food, ou de rápido consumo. Aliada a tais artifícios a seleção de pautas privilegia a tentativa de interatividade, prestação de serviço, mas também a diversão.

Na capa do Hora do dia 18/12/2009 destaca-se a seguinte manchete: “Acorrentava o filho para ir trabalhar”, e o subtítulo: “Em Palhoça, mãe prendia criança à cama e deixava balde para necessidades”. Além de apelar ao emocional, o título centralizado possui fontes altamente carregadas e uma foto que sobressai ao texto. A apelação certamente busca emocionar o leitor, que talvez alimente a expectativa de ver providências tomadas para a solução do drama noticiado.

As outras chamadas de capa não têm um destaque tão significativo quando comparadas ao título principal. Para Angrimani, esse tipo de linguagem utilizada na capa dos jornais populares faz com que o leitor sinta a emoção, se entristeça e se entregue a ela: “Essas emoções, entretanto, permanecem mentais, platônicas e não retornam à realidade atual; funcionam como sonhos secretos”27.

Tanto o Hora como o ND em fase inicial podem ser considerados apelativos, trazendo diariamente figuras femininas em fotos ousadas e na maioria das vezes seguidas de legendas vulgares: “Ela vai fazer 27 deliciosos aninhos”, como na edição do Hora do dia

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18/09/2009. A imagem de mulheres seminuas é uma característica conhecida dos velhos modelos das épocas de 70 e 80 e utilizada diariamente nos jornais atuais ditos “populares”.

Para Angimani, as mulheres nas capas dos jornais “provocam sentimentos vivos ou um interesse considerável, constituindo uma sorte de charme ou encantamento”28. A foto da capa do jornalismo “sensacionalista”, na qual é oferecido o corpo da mulher, proporciona ao leitor, segundo Angrimani, um prazer de ordem visual, o que leva a crer que existe uma proposta exibicionista nesse gênero de ilustração.

O jornal Notícia do Dia foi lançado inicialmente com essas mesmas características, que apelam para uma linguagem mais clichê, no entanto, com o lançamento do jornal Hora, começou a perder público logo depois de completar o primeiro ano de nascimento. Assim, teve a sua primeira mudança editorial e gráfica, buscando seu próprio espaço no mercado competitivo, à custa de diferenciais. Em entrevista para a esta monografia, a editora-chefe do jornal, Adriana Ferronatto, o jornal produz as mudanças em busca de uma identidade diferente em relação ao concorrente.

A diferença de tiragem dos dois recém nascidos é gritante, enquanto o ND imprime 9.000 exemplares diariamente, o Hora imprime 30.000, sustentados pela estratégia de “venda-casada”, através de notícias-brindes da promoção Junte e Ganhe. Amaral teoriza: “Muitas vezes, optam por agregar valor às notícias e reportagens e rendem-se totalmente às estratégias de marketing como a distribuição de brindes e a ênfase no entretenimento e fofocas televisivas”29.

O esporte tem lugar garantido nas páginas da maioria dos jornais impressos, mas no Hora de Santa Catarina, a editoria tem um espaço significativo, além de, com frequência, as capas serem dedicadas aos dois principais times de Florianópolis: O Avaí Futebol Clube e o Figueirense Futebol Clube. Quatro páginas do jornal são dedicadas a este tipo de noticiário como nas seções: “Paixão Azurra”, Paixão Alvinegra”, “Tabelão” e espaços para comentaristas, como por exemplo, a coluna de Miguel Livramento. Apostar no futebol garante, de certa forma, a fidelização de um determinado tipo de público, que acompanha os resultados dos jogos e os comentários a respeito de seu time preferido.

28 ANGRIMANI, 1995, p. 71

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Figura 5: Notícias do Dia – 1ª Mudança no visual após 1 ano do lançamento

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Tanto no Hora, como no Notícias do Dia há uma tentativa de atenuar a linguagem agressiva que marcou a capa dos antepassados, dos jornais considerados “sensacionalistas”. Mas o Notícias do Dia, em busca de diferenciais em relação ao Hora de Santa Catarina, produziu mudanças drásticas a partir de seu primeiro ano de lançamento. Como poder ser visto nas ilustrações deste trabalho, o vermelho da capa dá lugar a cores mais austeras, no entanto o texto da manchete, recheado de números, ainda busca chamar a atenção do leitor, como a manchete “Violência faz 20ª vítima em 50 dias”. Nessa primeira mudança percebemos que a capa passa a ter mais textos, chamadas sobre a editoria de política, cores não tão chamativas quanto ao primeiro modelo e com as fontes de títulos e subtítulos menores. O novo projeto gráfico-editorial teve um custo: o preço subiu de 50 para 75 centavos.

Já o Hora, seguindo com sua característica popular inicial, dificilmente dá ênfase a uma matéria sobre política ou sobre acontecimentos internacionais, mas sim, tenta se aproximar cada vez mais do leitor noticiando situações de bairros, ou times de futebol, dando dicas de beleza e horóscopo, como podemos constatar na manchete de capa: “ Não é crime, é monstruosidade” e no subtítulo “Cenas com crianças chocam a polícia”. Seguindo os preceitos de Angrimani, o jornal usa a linguagem clichê, apela ao emocional, para que o leitor sinta a “monstruosidade” praticada e coloque-se no lugar da vítima.

O esforço dos dois jornais na busca de identidade com o leitor revela-se também pela existência de espaço reservado à participação popular, através de cartas, telefone ou e-mail. O espaço, assim, é dedicado a perguntas ou reclamações, forjando o diálogo do leitor com as fontes oficiais, representantes do poder público, responsáveis pelo atendimento às reivindicações sobre serviços que não funcionam. Tal estratégia pode ser considerada como de utilidade pública, uma função que secularmente vem sendo atribuída à imprensa. No Hora podemos encontrar esse espaço nas editorias “Fala leitor” e Pede-se Providência”. O ND chegou a utilizar este tipo de canal, mas acabou extinguindo com as mudanças editoriais e gráficas.

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Figura 6: ND – 2ª Mudança e ND – 3ª Mudança

Observa-se nas mudanças do jornal Notícias do Dia que características do jornalismo “popular” e traços do que chamamos de jornalismo “sensacionalista” se distanciam cada vez mais entre um projeto e outro. Na terceira mudança as cores já não estão mais em evidência como no primeiro projeto. O preço do jornal volta a subir: de 75 centavos 1 real, só que custo já não recebe mais o destaque na capa do jornal, as fotos passam a ser menores e o texto melhor distribuído.

A linguagem aproxima-se do que podemos chamar de “jornalismo convencional”, seguindo a estruturação das notícias, como nos jornais ditos “formadores de opinião” e não mais apelando à linguagem clichê, ao emocional, de forma tão direta como nas primeiras edições. Já na manchete principal observamos que a intenção é apenas “informar”, e não mais uma tentativa de simplesmente emocionar o leitor: “Município garante Dia D da vacinação”. Segundo a editora-chefe Adriana Ferronatto, a intenção do ND é concorrer diretamente com o jornal Diário Catarinense, que pertence ao mesmo grupo do Hora: “Nossa intenção não era fazer distribuição de brindes, então como ficou difícil concorrer com isso decidimos mudar e buscar um modelo que ainda não tenha em Santa Catarina, e aos poucos, nessa transição, vamos descobrindo o que o público deseja”

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Identificar recursos utilizados pela imprensa seja de um modelo de jornalismo, ou de outro, pode ser útil, mas é importante lembrar que não foram os jornais contemporâneos que inventaram essas fórmulas pra contar suas histórias. Mas o que faz com que esse tipo de jornalismo esteja “voltando ao passado”, buscando se aproximar tanto de modelos que fizeram sucesso em épocas em que a internet e a tecnologia mal faziam parte das redações jornalísticas? A resposta para esta pergunta pode partir da hipótese de que a produção de informação está diretamente ligada ao lucro e à sobrevivência da empresa jornalística.

A constante mudança nos perfis editoriais e gráficos não é privilégio somente da imprensa de Santa Catarina. Recentemente a Folha de São Paulo, um dos maiores jornais de circulação da América Latina, reformulou suas páginas, abreviou o espaço para textos e passou a dar mais destaque para as imagens, levando em conta a concorrência com os meios eletrônicos, notadamente a internet e a TV por assinatura. O mesmo esforço vem sendo feito por inúmeros jornais de circulação nacional, em que uma verdadeira guerra pela sobrevivência repete-se a cada ano. Neste cenário, alguns títulos perderam batalhas e acabaram fechando. São os casos da Gazeta Mercantil e do Jornal do Brasil.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Iniciei a pesquisa com a intenção de esclarecer as diferenças entre o jornalismo sensacionalista e o jornalismo popular. Desde a iniciação acadêmica percebi a confusão quanto ao termo sensacionalista ser usado para adjetivar qualquer fórmula mais “popular” de se fazer jornalismo, como as aqui apresentadas. É certo que esse tipo jornalismo possui traços dos moldes antigos e que fizeram sucesso entre as décadas de 60 e 90, entretanto classificar de maneira pejorativa significa dizer que é algo de mau gosto, ou até mesmo um jornalismo sem credibilidade. E o sensacionalismo está ligado ao exagero, à intensificação dos fatos e à valorização da emoção. Portanto, pode-se partir da hipótese de que todo jornal é “sensacionalista”.

Pude constatar através da pesquisa que a diferença entre os modelos de jornalismo aqui apresentados são destacadas através de elementos gráficos e estratégias de linguagem, porém quanto ao conteúdo, ou seja, a matéria jornalística percebe-se que busca informar de acordo com o público a que esse veículo é destinado. Trocando em miúdos, que pude perceber é que a matéria prima do Jornalismo – a notícia – está presente em todos os modelos disponíveis no mercado, mas a diferença entre um e outro se constata exatamente nos artifícios de linguagem, ou melhor, no processo de edição das fotos e textos, mais ou menos curtos, mais ou menos abertas, dependendo do público que se pretenda conquistar como consumidor.

Busquei neste trabalho, evitar juízos de valor a cerca do Notícias do Dia e do Hora de Santa Catarina, por entender que qualquer periódico tem seu espaço no mercado, embora antes de produzir a pesquisa pensasse que jamais poderia ser repórter ou editora de um jornal dito popular ou sensacionalista, por certo preconceito ou não entender que é possível a convivência dos vários “Jornalismos” e, assim, seus públicos. O curto prazo para pesquisa e produção textual não permitiu a elaboração de uma pesquisa de mercado que talvez fosse dar mais sustentação ao que tais jornais consideram como seus públicos. De qualquer maneira, tal pesquisa por amostragem não iria comprovar coisa alguma, porque os jornais circularam em espaços diversos do mercado à disposição de quem o quiser comprar.

De qualquer forma, a partir deste trabalho chego à percepção de que chamar tais jornais de populares ou sensacionais parte de um preconceito generalizado e agora começo a considerar a possibilidade de um dia trabalhar em uma destas redações. Não vejo mais o Jornalismo como um produto de elite, ao contrário há públicos diversos para conteúdos

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diferentes, especialmente tratando-se de meios impressos. O velho estilo apelativo da virada do século XIX para o XX parece ter vindo pra ficar no século XXI. Seguindo uma tendência que vem desde o fim dos anos 1990 e início dos anos 2000, quando uma fórmula consagrada de se fazer jornalismo, o estilo “sensacionalista”, teve seu declínio para dar vida então ao que chamamos hoje de “novo jornalismo popular”.

Talvez seja a partir deste modelo que uma camada de leitores, antes sem condições de consumir a informação sobre os fatos do dia, venha passando a desenvolver o hábito de leitura de jornais, ainda que textos e fotos consagrem estratégias apelativas. De qualquer forma, percebo que é a partir do noticiário fast food, mesmo embalado em jogos de panelas e outros brindes, venha a formar uma nova massa de leitores que, gradativamente, vai exigir mais qualidade dos produtos que consome, assim como vem acontecendo em outros setores da economia. O jornal, como produto, certamente vai passar pela mesma revolução. Não se sabe até quando o papel-jornal vai sobreviver, mas remando contra a maré da internet, tal tipo de jornal vem marcando seu espaço no mercado.

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