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Levantamento de dados em testes diagnósticos e protocolos terapêuticos utilizados no tratamento da Parvovirose canina em cidades da região da AMUREL

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Academic year: 2021

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IARA SOUZA WAGNER

LEVANTAMENTO DE DADOS EM TESTES DIAGNÓSTICOS E PROTOCOLOS TERAPÊUTICOS UTILIZADOS NO TRATAMENTO DA PARVOVIROSE CANINA

EM CIDADES DA REGIÃO DA AMUREL

Tubarão 2019

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA IARA SOUZA WAGNER

LEVANTAMENTO DE DADOS EM TESTES DIAGNÓSTICOS E PROTOCOLOS TERAPÊUTICOS UTILIZADOS NO TRATAMENTO DA PARVOVIROSE CANINA

EM CIDADES DA REGIÃO DA AMUREL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Medicina Veterinária, da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Medicina Veterinária.

Orientador: Prof. Jairo Nunes Balsini, Msc.

Tubarão 2019

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IARA SOUZA WAGNER

LEVANTAMENTO DE DADOS EM TESTES DIAGNÓSTICOS E PROTOCOLOS TERAPÊUTICOS UTILIZADOS NO TRATAMENTO DA PARVOVIROSE CANINA

EM CIDADES DA REGIÃO DA AMUREL

Este trabalho de conclusão de curso foi julgado adequado à obtenção do título de Bacharel em Medicina Veterinária e aprovado em sua forma final pelo Curso de Graduação em Medicina Veterinária da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Tubarão, 20 de novembro de 2019.

______________________________________________________ Me. Jairo Nunes Balsini

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________ Dr. Rene Darela Blazius

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________ Dra. Mariana Pereira de Souza Goldim

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RESUMO

O parvovírus canino é um vírus altamente contagioso que pode afetar animais de todas as idades, mas acomete principalmente cães jovens de menos de seis meses de idade e animais não vacinados ou vacinados incorretamente. Provoca sinais de gastroenterite grave, pois tem tropismo e se replica nas células intestinais e se não houver tratamento de suporte adequado pode levar o animal a óbito. Este trabalho teve como objetivo identificar os métodos de diagnóstico e os protocolos terapêuticos utilizados no tratamento da parvovirose canina e compará-los com a literatura. Para isso foi aplicado um questionário a 17 médicos veterinários responsáveis técnicos de clínicas e hospitais veterinários da região da AMUREL, no período de setembro e outubro de 2019. A pesquisa mostrou que os protocolos terapêuticos utilizados pelos médicos veterinários das cidades da região do estudo foram os propostos e descritos na literatura da área, sendo que os fármacos mais utilizados foram metronidazol, da classe dos antibióticos, seguido de citrato de maropitant (cerenia) e ranitidina, como protetor da mucosa gástrica. Deve-se Deve-sempre lembrar que não há um protocolo definitivo e específico, ficando a critério do médico veterinário utilizar os fármacos de escolha para o tratamento de suporte garantindo o máximo de recuperação dos animais tratado.

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ABSTRACT

Canine parvovirus is a highly contagious virus that can affect animals of all ages, but mainly affects young dogs under six months of age and animals not vaccinated or incorrectly vaccinated. The virus causes severe gastroenteritis because it has tropism and replicates in the intestinal cells and if there is no proper supportive treatment can lead the animal to death. This study aimed to identify the diagnostic methods and therapeutic protocols used in the treatment of canine parvovirus and compare them with the literature. For this purpose, a questionnaire was applied to 17 veterinarians in charge of veterinary clinics and hospitals in the AMUREL region, from September to October 2019. The research showed that the therapeutic protocols used by the veterinarians of the cities of the study region were proposed and described in the literature of the area, and the most used drugs were metronidazole, antibiotic class, followed by maropitant citrate (cerenia) and ranitidine, as a protector of the gastric mucosa. It should always be remembered that there is no definitive and specific protocol and it is up to the veterinarian to use the drugs of choice for supportive treatment ensuring maximum recovery of treated animals.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Sinais clínicos mais observados na consulta 18

Figura 2 - Testes diagnósticos da parvovirose canina. 18

Figura 3 - Fluidoterapia utilizada no tratamento da parvovirose canina. 19 Figura 4 - Antibióticos utilizados no tratamento da parvovirose canina. 21 Figura 5 - Antieméticos utilizados no tratamento da parvovirose canina. 22 Figura 6- Protetores da mucosa gástrica utilizados no tratamento da parvovirose canina. 23

Figura 7 - Suporte nutricional 23

Figura 8 - Tipos de suporte nutricional utilizados no paciente com parvovirose canina. 24

Figura 9 - Uso de probióticos. 25

Figura 10 - Uso de vitaminas. 25

Figura 11 - Uso de adsorventes. 25

Figura 12 - Adsorvente. 26

Figura 13 - Porcentagem de outros medicamentos utilizados. 26

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO... 7 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 8 2.1 PARVOVIROSE ... 8 2.1.1 Etiologia... 8 2.1.2 Epidemiologia ... 9

2.1.3 Patogenia e sinais clínicos ... 11

2.1.4 Diagnóstico ... 12 2.1.5 Controle e profilaxia ... 13 2.2 TRATAMENTO ... 13 2.2.1 Fluidoterapia... 13 2.2.2 Antibióticoterapia... 14 2.2.3 Antieméticos ... 14

2.2.4 Protetores da mucosa gástrica ... 14

2.2.5 Suporte nutricional ... 14 2.2.6 Probióticos... 15 2.2.7 Vitaminas ... 15 3 MATERIAIS E MÉTODOS ... 16 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 17 4.1 SINAIS CLÍNICOS ... 17 4.2 TESTES DE DIAGNÓSTICOS ... 18 4.3 FLUIDOTERAPIA ... 19 4.4 ANTIBIÓTICOTERAPIA ... 20 4.5 ANTIEMÉTICOS ... 21

4.6 PROTETORES DA MUCOSA GÁSTRICA ... 22

4.7 SUPORTE NUTRICIONAL ... 23

4.8 PROBIÓTICOS, VITAMINAS, ADSORVENTES ... 24

4.9 OUTROS FÁRMACOS UTILIZADOS ... 26

5 CONCLUSÃO ... 28

REFERÊNCIAS ... 29

ANEXOS ... 31

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1 INTRODUÇÃO

O parvovírus canino (CPV-2) é um vírus altamente contagioso que pode afetar animais de todas as idades, sendo os mais jovens e os não vacinados os que correm maiores riscos de infecção. Grande parte da exposição da parvovirose canina resulta da exposição as fezes contaminadas e com o contato com pessoas, instrumentos e objetos que podem servir de fômites.

Quando surgiu, em 1978 nos Estados Unidos, apresentou altas taxas de morbidade e mortalidade. Hoje os cães são mais resistentes, provavelmente pela resistência natural a doença e pela vacinação, que se mostra eficaz em reduzir a ocorrência da doença quando aplicado o protocolo vacinal correto. Os protocolos recomendam a vacinação com seis, nove e 12 semanas de

vida estendendo-se até 22 semanas. Após o seu surgimento, o parvovírus canino CPV continuou

sofrendo alterações genéticas. No Brasil foi pela primeira vez identificado em 2009.

As características da parvovirose são de uma gastroenterite, os animais apresentam vômito, anorexia, diarreia hemorrágica. Existem variações na resposta clínica dos cães à infecção intestinal pelo CPV-2, que variam de doença inaparente a quadros agudos e fatais. Não há um tratamento definitivo para a doença, mas com terapia intensiva a taxa de sobrevivência pode ser de 90% ou mais. A gravidade depende da idade do animal, dos níveis de estresse, da condição imunológica e da predisposição racial.

Para realizar o diagnóstico definitivo são utilizados exames para identificação do CPV nas fezes. Existem diversos tipos de exames que podem ser utilizados como o teste de hemaglutinação (HA), o ensaio imunoenzimático (ELIZA), a reação em cadeia da polimerase (PCR) e o isolamento viral (VI) em cultivo celular.

O protocolo indicado para o tratamento da parvovirose não é específico sendo assim, é realizado apenas um tratamento de suporte, não havendo garantia de total recuperação dos animais infectados. São utilizados fluidoterapia, antibióticos, protetores da mucosa gástrica e antieméticos, além de ser recomendado suporte nutricional adequado.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 PARVOVIROSE

O parvovírus canino (CPV-2) é um vírus altamente contagioso que pode afetar animais de todas as idades, mas os animais de maior risco de infecção são os jovens e principalmente os não vacinados. Os surtos de CPV-2 são caracterizados por elevadas taxas de morbidade e mortalidade. (DOKU, 2015). Os cães das raças labrador, pastor alemão, dobermann, pinscher, rottweiler, pitbull terrier e springer spaniel são mais susceptíveis à essa infecção viral (ETTINGER, 2004). Em cães com até seis meses de idade, a parvovirose é uma das causas principais de diarreia de origem infecciosa.

No ano de 1978, nos Estados Unidos, foram relatados os primeiros casos da doença. Os animais acometidos tinham diferentes idades e apresentavam sinais clínicos de enterite e miocardite. Após a descrição da doença nos EUA, começou a ser diagnosticada em diversos outros países. A doença se difundiu rapidamente, causando uma grave enfermidade na população canina (RODRIGUES, 2018). No Brasil, os primeiros surtos ocorreram por volta dos anos 80, animais de todas as idades foram atingidos e partir daí a doença se tornou endêmica no país (PEREZ, 2007). Hoje em dia, em todo o mundo a incidência da infecção é elevada.

A parvovirose canina tem como características enterite grave e vômito, anorexia, diarreia hemorrágica e choque (FLORES, 2007). Não há um tratamento definitivo para a doença, existindo diferentes abordagens terapêuticas. A mortalidade associada a ela é descrita como sendo entre 16 a 35%, segundo AIELLO, (2001), dentro dessa taxa o maior número é de animais jovens. Porém, a taxa de sobrevivência com terapia intensiva em animais internados em hospitais vem aumentando e pode ser de 90% ou mais (OTTO et. al, 2001).

2.1.1 Etiologia

A família Parvoviridae apresenta vírus pequenos, esféricos, com capsídeo icosaédrico, que possuem uma molécula de DNA linear de fita simples como genoma. O nome da família deriva do tamanho que os vírions apresentam (parvus = pequeno). Os parvovírus dependem de células na fase S do clico celular ou que estão em divisão, para poder se replicar, essa dependência exerce influência sobre a patogenia das infecções, onde afetam preferencialmente órgãos que apresentam células em multiplicação, como as células do epitélio intestinal.

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Os parvovírus apresentam grande estabilidade no ambiente, podendo manter sua infectividade durante meses. Tem uma grande resistência a inativação devido a sua estrutura simples e compacta e desprovida de envelope. Desinfetantes a base de formalina, hipoclorito de sódio e agentes oxidantes podem inativar a sua infectividade (FLORES, 2007). São muito resistentes a fatores ambientais como temperatura extrema, pH e outros tipos de desinfetantes. O vírus pode resistir por períodos longos nos ambientes onde cães infectados foram mantidos e pode ser transportado a outros lugares através de fômites (HIRSH; ZEE, 2009).

O capsídeo contém proteínas que permitem ao vírus se ligar a célula hospedeira através do receptor transferrina. A susceptibilidade do hospedeiro ao CPV depende dessas proteínas contidas no capsídeo. A adaptação dessa proteína contida no capsídeo em relação a outros hospedeiros permite a propagação eficiente interespécies (NELSON et. al., 2001). Na superfície podem ser observadas algumas estruturas que possuem funções biológicas importantes, como o reconhecimento e ligação a receptores celulares e para determinar as características imunogênicas. Essas estruturas são os spikes, que são as projeções, os dimples, as depressões e os canyons que são em forma de cilindro circundados pelas depressões.

Os genomas parvovíricos de importância veterinária possuem apenas duasfases de leitura aberta (ORF’s), onde encontramos três classes de proteínas estruturais (VP1, VP2 e VP3)

e duas não estruturais (NS1 e NS2) A VP1 e a VP2 são originadas por splicing alternativo do RNA mensageiro e a VP3, que só é detectada em partículas íntegras, que contém o genoma viral completo, é formada a partir da clivagem de aminoácidos da VP2. O capsídeo contém 60 cópias de VP2 e poucas de VP1 e VP3. Na outra ORF as proteínas não estruturais são formadas também pelo splicing alternativo do RNA mensageiro, a NS1 é essencial para a replicação do genoma viral e a NS2 está associada com a formação dos capsídeos e controle da expressão gênica e também tem participação na replicação do genoma.

De 6 a 10 sequências palindrômicas estão presentes no genoma viral. Essas sequências possibilitam a formação de estruturas em forma de grampo nas regiões terminais, que são essenciais para a replicação do genoma viral e para a encapsidação do genoma na progênie viral. O tropismo do CPV é determinado por três aminoácidos da VP2 (FLORES, 2007).

2.1.2 Epidemiologia

A infecção por parvovírus canino é relatada em animais domésticos e em animais silvestres, como coiotes e lobos. Originalmente o CPV-2 causa a infecção sistêmica e intestinal apenas em cães, mas a maioria dos canídeos são susceptíveis a infecção. Em animais

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domésticos, os animais infectados podem não apresentar a doença aparente, isso pode ser relacionado ao fato deles receberem os anticorpos maternos. Mas, quando são acometidos, a doença é mais severa em animais jovens e filhotes de raças de crescimento rápido. A infecção aguda pode acometer qualquer cão, indiferente de idade, raça e sexo. Mas, aparece principalmente em filhotes com menos de seis meses de idade e das raças susceptíveis como o pastor alemão, dobermann, pinscher, rottweiler etc. Nesses animais, a taxa de sobrevivência é baixa (GREENE, 2011).

Quando surgiu, apresentou altas taxas de morbidade e mortalidade, essa gravidade da doença foi atribuída a falta de imunidade natural da população contra esse novo vírus. Hoje os cães são mais resistentes, provavelmente pela resistência natural a doença e pela vacinação. Entretanto a incidência ainda é alta em animais jovens. Após o seu surgimento, o parvovírus canino CPV continuou sofrendo alterações genéticas, dando origem a novas cepas, os subtipos CPV-2a e CPV-2b, o segundo é amplamente difundido nos Estados Unidos. Entre 1990 e 1995 a infecção pelo CPV-2b ocorreu com maior frequência. No Brasil, existem relatos da circulação de ambos os subtipos (FLORES, 2007). Sabe-se da existência de um terceiro subtipo, o CPV-2c, que em 2006 foi pela primeira vez identificado na América do Sul (PEREZ et. al., 2007) e em 2009 no Brasil (STRECK et. al., 2009).

Grande parte da exposição da parvovirose canina resulta da exposição as fezes contaminadas. Pessoas, instrumentos e objetos podem servir de fômites, além de insetos e roedores poderem servir de vetores para a transmissão do vírus. O CPV-2 dissemina-se rapidamente entre cães via oronasal às fezes contaminadas (GREENE, 2011).

A replicação viral tem início no tecido linfoide da orofaringe, dos linfonodos mesentéricos e do timo após exposição as fezes contaminadas e dissemina-se para as criptas intestinais do intestino delgado por meio de viremia (ETTINGER, 2004). O período de incubação varia de dois a quatorze dias, mas geralmente fica entre quatro a sete dias. No plasma, a viremia acentuada pode ser observada de um a cinco dias após a infecção, cessa por volta do sexto dia, quando anticorpos neutralizadores já podem estar presentes no soro (FLORES, 2007). Após a viremia, o CPV-2 localiza-se predominantemente no epitélio que reveste a língua, cavidade bucal, esôfago, intestino delgado e o tecido linfoide. O vírus pode também ser isolado em pulmões, baço, fígado, rins e miocárdio (ETTINGER, 2004).

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2.1.3 Patogenia e sinais clínicos

O parvovírus está associado com doença em dois sistemas distintos, o do trato gastrointestinal e do miocárdio, sendo a primeira a mais comum e a segunda rara. Existem variações na resposta clínica de cães à infecção intestinal pelo CPV-2, que variam de doença inaparente a quadros agudos e fatais. A gravidade depende da idade do animal, dos níveis de estresse, da condição imunológica e da predisposição racial. Sendo as infecções mais graves observadas em animais com menos de 12 semanas de idade, visto que esses animais possuem número elevado de células em divisão e crescimento (ETTINGER, 2004).

A miocardite pelo parvovírus canino pode ocorrer através de infecção intrauterina. Os animais morrem de forma repentina ou após um curto episódio de dispneia, vocalização, agitação e ânsia de vômito. As lesões que podem ser encontradas são de insuficiência cardíaca congestiva aguda (SOUTO et. al, 2018). Os cães que sobrevivem podem tornar-se cardiopatas e desenvolver insuficiência cardíaca congestiva crônica e não apresentam lesões intestinais (SIME et. al., 2015).

Durante a infecção intestinal, o parvovírus replica nas células epiteliais das criptas da mucosa intestinal. Essas células são as responsáveis pela reposição do epitélio absortivo das vilosidades. A consequência do CPV-2 é o achatamento das vilosidades, o colapso e a necrose epitelial com exposição da lâmina da mucosa. Causando diarreia, que é resultante da má absorção intestinal e permeabilidade aumentada da mucosa e costuma ser hemorrágica por causa da destruição dos capilares subjacentes ao revestimento epitelial da mucosa (FLORES, 2007).

A enterite por parvovírus pode progredir rapidamente, principalmente nas novas cepas. Inicia-se com vômito severo, seguido de diarreia, anorexia e desidratação. As fezes são geralmente amarelo-acinzentadas e são escurecidas com sangue, ficando hemorrágicas. O animal apresenta temperatura retal elevada, em torno de 40 a 41 ºC e podem apresentar leucopenia, principalmente em casos severos (GREENE, 2011). Os sinais de prostração e anorexia procedem o quadro de diarreia e vômito em 12 a 24 horas. Os cães com diarreia podem apresentar além da desidratação, hipovolemia e choque (taquicardia, pulso fraco, palidez das mucosas, tempo de preenchimento capilar aumentado, hipotensão, nível de consciência reduzido e temperatura corporal baixa). Quando os animais não recebem tratamento, principalmente fluidoterapia, podem evoluir para o estágio terminal do choque, levando a parada cardíaca e respiratória, onde os animais tem pouca chance de sobrevivência levando-os a morte (FLORES, 2007).

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Durante a fase clínica da doença entre o 4º ao 10º dia após a infecção, os animais eliminam grandes quantidades de vírus nas fezes. A fase de eliminação do vírus não é muito longa e dura em torno de dez a quatorze dias. Durante a fase de recuperação, os sinais clínicos regridem rapidamente dentro de cinco a dez dias depois de seu aparecimento (ANGELO; CICOTI; ZAPPA, 2009).

No hemograma dos cães infectados estão presentes leucopenia, neutropenia e linfopenia. Na fase de recuperação pode ocorrer leucocitose. Pela perda de sangue intestinal e por aplasia mieloide pode ser que o animal apresente anemia. Por perda de proteínas pelo intestino, hipoproteinemia, elevação dos níveis de ureia e creatinina por azotemia pré-renal e pode haver redução nos níveis de potássio (FLORES, 2007).

Na necrópsia são identificadas lesões intestinais características, que são necrose das células criptais em proliferação rápida com colapso viloso secundário e dilatação das criptas com resíduos necrosados. Também se observa uma degeneração mieloide e um esgotamento linfoide disseminado (NELSON et. al, 2001). Aumento das placas de Peyer do intestino delgado, hiperemia da mucosa e serosa intestinal são os achados macroscópicos mais observados (OLIVEIRA et. al., 2009). Podem ser observados linfonodos com atrofia cortical, ausência ou diminuição de folículos linfoides, timo com perda considerável de linfócitos corticais, atrofia de baço e medula óssea com contagem celular reduzida (GODDARD et.al., 2008).

2.1.4 Diagnóstico

Para realizar o diagnóstico, deve-se iniciar com a anamnese e exame físico do paciente, onde o proprietário irá relatar sobre vacinação, se o animal tem ou não acesso a rua ou pátio, contato com outros animais que possam estar doentes e principalmente se o mesmo apresentou algum sinal clínico como grau de desidratação, presença ou não de diarreia e vômito Devem ser utilizados outros exames complementares, como por exemplo o hemograma. Mas, o exame definitivo consiste na identificação do CPV nas fezes através de testes de hemaglutinação (HA) e o ensaio imunoenzimático, a reação em cadeia da polimerase (PCR), e o isolamento viral (VI) em cultivo celular. O isolamento em cultivo celular é considerado o teste padrão, mas a PCR e a HA têm sido amplamente utilizadas principalmente pela alta especificidade e pela praticidade destes testes (STROTTMANN et. al., 2008)

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No caso da sorologia, a determinação de anticorpos anti-CPV no soro não é suficiente para o diagnóstico, pois até 95% dos cães na população já se soroconverteram a partir de uma vacinação ou uma exposição anterior (NELSON et. al, 2001).

2.1.5 Controle e profilaxia

O tratamento da gastrenterite pelo CPV baseia-se em tratamento de suporte, sendo utilizada reposição de fluidos e eletrólitos, na reposição de líquidos corpóreos perdidos (HIRSH; ZEE, 2009). Utiliza-se antibioticoterapia e fármacos para o controle de vômitos e proteção da mucosa gástrica. Os animais acometidos com parvovirose devem ser isolados e receber tratamento em um local específico, separadamente. Deve ser feita limpeza e desinfecção do ambiente com equipamentos com hipoclorito de sódio.

A prevenção de maneira mais efetiva da parvovirose é a vacinação sistemática de filhotes. Eles devem receber a primeira dose da vacina com seis a oito semanas de idade, recebendo duas doses de reforço a cada quatro semanas, esse esquema serve para estimular a imunidade ativa à medida que a imunidade passiva declina, o que geralmente ocorre entre seis e vinte semanas de vida. Recomenda-se manter os animais isolados até completarem a fase de imunização, sempre observando a desinfecção do local (FLORES, 2007).

Em um estudo utilizando a vacina Vanguard® Plus 5L4-CV® mostrou que nenhum animal vacinado foi infectado com o vírus da parvovirose após o protocolo vacinal. A Vanguard® Plus é indicada para vacinação de cães sadios de 6 semanas de idade ou mais velhos, como auxiliar na prevenção da enterite causada pelo CPV. Na vacina, o vírus da fração CPV possui alto título infectante e é atenuado por baixa passagem em linhagem celular de cães, possuindo propriedades imunogênicas. Além da alta massa e baixa passagem, a fração de parvovírus canino confere proteção cruzada contra CPV tipo 2c em filhotes vacinados (VON REITZENSTEIN et. al., 2012).

2.2 TRATAMENTO

2.2.1 Fluidoterapia

A fluidoterapia é um dos aspectos mais importantes do tratamento, serve para o restabelecimento do volume sanguíneo circulante e do equilíbrio eletrolítico. Pois sabe que o défice de fluidos compromete a hidratação e a perfusão. (WILLARD, 2009). O aspecto

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eletrolítico vai auxiliar na escolha da fluido adequada, portanto deve ser avaliada. Se o animal estiver hiponatrêmico utiliza-se solução salina e se a concentração de sódio estiver normal usa-se Ringer Lactato (ETTINGER, 2004).

2.2.2 Antibióticoterapia

Os antibióticos são recomendados por causa dos severos danos ao epitélio da parede intestinal, que é uma porta de entrada para infecção secundaria por bactérias na corrente sanguínea e que pode levar a sepse. A bactérias mais comumente encontradas são Escherichia coli e Clostridium perfringens. Deve-se utilizar um protocolo flode combinação com antibióticos para bactérias Gran negativas aeróbicas e para bactérias anaeróbicas (GREENE, 2011). Exemplos de antibióticos que podem ser usados são ampicilina, cefalotina, enrofloxacina e metronidazol (TABOR, 2011).

2.2.3 Antieméticos

Os fármacos antieméticos são utilizados para reduzir a perda de fluído por conta do vômito e para que o paciente possa voltar a se alimentar (GREENE, 2011).

2.2.4 Protetores da mucosa gástrica

O uso de protetores da mucosa gástrica é muito importante ao tratamento, por causa dos danos ao trato gastrointestinal. Pode-se usar o sulcralfato, a ranitidina, omeprazol, entre outros sendo que o primeiro deve ser evitado enquanto o paciente apresentar vômito, pois é apenas administrado via oral (TABOR, 2011).

2.2.5 Suporte nutricional

Apesar das recomendações de jejum de comida e água em doenças gastrointestinais, estudos sugerem que não é necessário no caso da parvovirose. Quando animais com parvovirose são alimentados desde o primeiro dia de tratamento (via nasoesofágica), com alimento hipercalórico, o tempo de recuperação diminui e o peso corporal é mantido em relação aos animais que não receberam alimento (GREENE, 2011).

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2.2.6 Probióticos

Os probióticos são organismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefício à saúde do hospedeiro (GUARNER, 2008). Eles agem de diversas formas para combater microrganismos patogênicos e reestabelecer a saúde do lúmen intestinal, promovem a produção de substâncias antimicrobianas pelas células epiteliais intestinais, provocam a diminuição do pH do lúmen intestinal, fazem uma competição por nutrientes e por espaço de aderência com microrganismos que podem ser potencialmente patogênicos (FERREIRA et. al, 2011).

2.2.7 Vitaminas

As vitaminas, como as do complexo e B e vitamina C podem ser usadas no tratamento da parvovirose. Elas irão auxiliar na recuperação do organismo lesionado, na reparação tecidual, como agente antioxidante e auxiliam na também na função do sistema imune (PAES, 2016).

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

Este trabalho foi realizado em clínicas e hospitais veterinário em municípios da região da AMUREL. Dos 18 municípios dessa região, foram selecionados Braço do Norte, Jaguaruna, Laguna, Imbituba e Tubarão, os dados foram coletados durante os meses de setembro e outubro de 2019. Os estabelecimentos selecionados deveriam contar com local para suporte e internação para o tratamento de animais infectados com parvovirose, os locais onde não havia internação para a doença foram excluídos do estudo.

Para o desenvolvimento do trabalho foram realizadas consultas bibliográficas e após foi elaborado e aplicado um questionário (anexo A) a 17 médicos veterinários dessas clínicas e hospitais. O questionário contava com as seguintes perguntas: quais os sinais clínicos mais observados na consulta, qual teste de diagnóstico utilizado para confirmar ou descartar a doença, se faz uso de fluidoterapia e de antibioticoterapia, se faz uso de antieméticos e protetores da mucosa gástrica, se faz suporte nutricional e se utiliza outros adjuvantes como probióticos, vitaminas, adsorventes e anti-inflamatórios e quais seriam.

O trabalho foi submetido A Comissão de Ética no Uso de Animais (Ceua), sob o protocolo de número 19.026.5.05.IV, mas até a data da apresentação ainda não havia recebido retorno.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foi obtido um total de 17 questionários, e de acordo com as respostas recebidas, pode-se verificar que os médicos veterinários têm como principal objetivo no tratamento de suporte da parvovirose manter a hidratação através da fluidoterapia e antieméticos, assim como a proteção contra infecções por bactérias com o uso de antibióticos.

Dos médicos veterinários entrevistados 100% utilizam antibióticos, 100% protetores da mucosa gástrica, 100% fluidoterapia, e 100% usavam antieméticos para tratar os animais acometidos e internados com parvovirose.

4.1 SINAIS CLÍNICOS

Segundo as respostas ao questionário, na figura 1 observamos que 100% dos veterinários reconhecem o vomito e a prostração, 94.1% responderam identificar diarreia hemorrágica e desidratação, 76.5% identificaram anorexia, 52.9% diarreia, 23.5% anemia, 17.6% hipotermia, 11.8% temperatura retal elevada. Existem variações na resposta clínica de cães à infecção intestinal pelo CPV-2, que variam de doença inaparente a quadros agudos e fatais (ETTINGER, 2004). Durante a infecção intestinal ocorre diarreia, que é resultante da má absorção e permeabilidade aumentada da mucosa e costuma ser hemorrágica por causa da destruição dos capilares subjacentes ao revestimento epitelial da mucosa (FLORES, 2007). A enterite por parvovírus pode progredir rapidamente, inicia-se com vômito severo, seguido de diarreia, anorexia e desidratação. As fezes são geralmente amarelo-acinzentadas e são escurecidas com sangue, ficando hemorrágicas. O animal apresenta temperatura retal elevada, em torno de 40 a 41 ºC. Os cães com diarreia podem apresentar além da desidratação, hipovolemia e choque. Quando os animais não recebem tratamento, principalmente fluidoterapia, tem pouca chance de sobrevivência levando-os a morte (FLORES, 2007).

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Figura 1: Sinais clínicos mais observados na consulta.

Fonte: Autora, 2019.

4.2 TESTES DE DIAGNÓSTICOS

Observa-se na figura 2 que 88.2% dos médicos veterinários utilizam o ensaio imunoenzimatico como teste para diagnóstico definitivo, um veterinário (5.9%) não faz teste, apenas utilizando os sinais clínicos como referência e um (5.9%) faz o exame de hemaglutinação. O isolamento em cultivo celular é considerado o teste padrão, mas a PCR e a HA têm sido amplamente utilizadas principalmente pela alta especificidade e pela praticidade destes testes (STROTTMANN et. al., 2008). No caso da sorologia, a determinação de anticorpos anti-CPV no soro não é suficiente para o diagnóstico, pois até 95% dos cães na população já se soroconverteram a partir da vacinação ou uma exposição anterior (NELSON et. al, 2001).

Figura 2 – Testes para diagnóstico da parvovirose canina.

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4.3 FLUIDOTERAPIA

Obtivemos em resposta que 100% dos médicos veterinários entrevistados utilizam a fluidoterapia no tratamento da parvovirose canina. Sendo que (figura 3) 88.2% utilizam ringer com lactato e 17.6% utilizam solução salina 0,9%. O ringer com lactato e a solução salina 0.9% são fluidos cristaloides com eletrólitos que conseguem penetrar em todos os compartimentos do corpo. São utilizados para reposição ou manutenção. Também pode ser utilizado como veículo para aplicação de medicamentos intravenosos através da infusão contínua. A quantidade a ser administrada depende da necessidade e do paciente (PAPICH, 2012).

Um médico veterinário (5.9%) relatou o uso de soro glicosado. A glicose é um nutriente fornecedor de energia facilmente metabolizado pelo organismo, dispensando em alguns casos o uso de lipídios e proteínas como fontes de energia, evitando acidose e cetose resultantes de seus metabolismos. A solução de glicose é útil como fonte líquido e calorias e é capaz de induzir a diurese. A glicose é usada, distribuída e estocada nos tecidos. Todas as células do corpo são capazes de oxidar a glicose, sendo a mesma a principal fonte de energia no metabolismo celular. Uma vez dentro da célula, a glicose é prontamente fosforilada, formando a glicose-6-fosfato, que logo se polimeriza em glicogênio, ou é catabolizada (TANCSIK, 2012).

Figura 3 – Fluidoterapia utilizada no tratamento da parvovirose canina.

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4.4 ANTIBIÓTICOTERAPIA

Segundo o questionário, das 17 respostas, 100% dos veterinários utilizam antibioticoterapia, a figura 4 nos mostra que 100% utilizam Metronidazol, 5.9% utilizam Cefalotina, 58.8% Ceftriaxona, 70.6% Sulfametoxazol+trimetoprima e 17.6% Enrofloxacino. Os antibióticos são recomendados por causa dos severos danos ao epitélio da parede intestinal, que é uma porta de entrada para bactérias na corrente sanguínea e que pode levar a sepse.

A cefalotina é um antibiótico bactericida, cefalosporina de primeira geração. Inibe a síntese da parede bacteriana e provoca morte do microrganismo (ANDRADE, 2018). A ceftriaxona é um antibiótico, da classe das cefalosporinas de terceira geração de uso exclusivo parenteral, de espectro de ação contra bactérias Gram-negativas. Sua ação ocorre, pois, ela inibe as enzimas transpeptidases da membrana bacteriana fazendo com que elas não sintetizem mais peptidoglicanas, levando à lise osmótica (ANDRADE, 2008).

O enrofloxacino é um agente antimicrobiano fluoroquinolonico de amplo espectro que age contra bactérias Gram-negativas. Deve ser usado em casos de infecção grave ou recorrentes (ANDRADE, 2008). Sua ação se relaciona com a inibição da DNA girase das bactérias do tipo II (SPINOSA, et. al., 2011).

O metronidazol é um antibiótico bactericida e protozoaricida que atua contra as bactérias anaeróbicas obrigatórias (ANDRADE, 2008). Ele causa a quebra das fitas do DNA e inibem a DNAase-1 (MADDISON, 2010). A sulfametoxazol é um antimicrobiano, pode ser administrado em concentrações terapêuticas sendo bacteriostáticas e em concentrações mais altas são bactericidas. É um análogo estrutural do ácido p-aminobenzoico, uma sustância essencial para a síntese de ácido fólico, que é fundamental para a síntese de DNA e RNA bacteriano, então, as sulfas funcionam como um antimetabólico. (GÓRNIAK, 2011).

A trimetoprima é um antibacteriano análogo do ácido di-hidrofólico e atua fazendo a inibição da enzima hidrofolatoredutase, responsável pela transformação do ácido di-hidrofólico em ácido tetra – di-hidrofólico. (GÓRNIAK, 2011).

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Figura 4 – Antibióticos utilizados no tratamento da parvovirose canina.

Fonte: Autora, 2019.

4.5 ANTIEMÉTICOS

Os antieméticos foram utilizados por 100% dos médicos veterinários do estudo. O uso de metoclopramida foi de 35.3%. A ondansetrona por 64.7% e o citrato de maropitant foi utilizado por 94.1% dos entrevistados (figura 5). Os fármacos antieméticos são utilizados para reduzir a perda de fluído por conta do vômito e para que o paciente possa voltar a se alimentar (GREENE, 2011).

O citrato de Maropitant é um antagonista dos receptores da neurocinina 1 (NK1) que bloqueia a ação farmacológica da substância P no SNC, neuropeptídio da família das taquicininas. A substância P é encontrada em concentrações significativas nos núcleos que constituem o centro do vômito, sendo considerada o principal neurotransmissor envolvido no vômito (ANDRADE, 2018).

A metoclopramida é um antiemético que promove o bloqueio dos receptores dopaminérgicos D2 na zona disparadora do vômito. Se usado em altas doses, é responsável

também por bloquear os receptores 5-HT. Estimula a liberação de prolactina (ANDRADE, 2018).

A ondansetrona é um bloqueador serotonérgico antagonista de 5-HT. É um fármaco antiemético, que é utilizado para prevenir o vômito (ANDRADE, 2008).

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Figura 5 – Antieméticos utilizados no tratamento da parvovirose canina.

Fonte: Autora, 2019.

4.6 PROTETORES DA MUCOSA GÁSTRICA

Os protetores da mucosa gástrica são utilizados por 100% dos veterinários, sendo que (figura 6) 41.2% utiliza o sulcralfato, 94.1% a ranitidina e 29.4% faz uso de omeprazol. O uso de protetores da mucosa gástrica é muito importante ao tratamento, por causa dos danos ao trato gastrointestinal (TABOR, 2011).

O omeprazol é um antiácido, protetor da mucosa gástrica, inibidor da bomba de prótons, é um medicamento do grupo dos benzimidazóis. Atua bloqueando a enzima ATPase da célula parietal para inibir a secreção de ácido clorídrico de modo irreversível. Por causa desse bloqueio da etapa final da secreção do íon hidrogênio, tem efeito antiácido mais potente e prolongado do que os inibidores H. Além disso, inibe organismos do gênero Helicobacter no estômago, quando associado a antibióticos (ANDRADE, 2018).

A Ranitidina é um bloqueador da secreção de ácido clorídrico, antagonista histaminérgico do tipo H2 (SPINOSA, 2011).

O sulcralfato é um complexo de hidróxido de alumínio e sacarose sulfatada que forma uma barreira protetora no local da úlcera, proporciona proteção uniforme à mucosa gástrica e duodenal contra a ação do ácido clorídrico, da pepsina e da bile (ANDRADE, 2018).

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Figura 6 – Protetores da mucosa gástrica utilizados no tratamento da parvovirose canina.

Fonte: Autora, 2019.

4.7 SUPORTE NUTRICIONAL

De acordo com a figura 7, 76.5% dos médicos veterinários utilizam o suporte nutricional em seus pacientes. Sendo que (figura 8) 81.8%, dos veterinários que fazem suporte nutricional (11 respostas) fazem uso da sonda nasogástrica e 27.3% utilizam sonda esofágica, dependendo das condições do seu paciente. Segundo Greene, 2011, quando animais com parvovirose são alimentados desde o primeiro dia de tratamento o tempo de recuperação diminui e o peso corporal é mantido em relação aos animais que não receberam alimento.

Figura 7 – Suporte nutricional.

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Figura 8 – Tipos de suporte nutricional utilizados no paciente com parvovirose canina.

Fonte: Autora, 2019.

4.8 PROBIÓTICOS, VITAMINAS, ADSORVENTES

De acordo com os questionários aplicados, 47.1% dos veterinários entrevistados utilizam probióticos em seus pacientes (figura 9), de 16 veterinários 43.8% fazem uso de vitaminas (figura 10) e 14 responderam sobre a utilização de adsorventes, sendo que 21.4% utilizam no tratamento (figura 11). Apenas dois veterinários usam o adsorvente, sendo que 100% dos que fazem uso é o carvão ativado, mudando apenas a forma de utilização (figura 12). O carvão ativado é um fármaco que age por meio de forças eletrostáticas, atraindo outras, fixando-as sobre sua superfície (SPINOSA, 2011).

Os probióticos utilizados em animais acometidos pela parvovirose os probiótico podem ser utilizados com o objetivo de manter, restaurar ou estabilizar a microbiota intestinal não patogênica principalmente em neonatos e filhotes (FERNANDES et al. 2012).

As vitaminas, como as do complexo e B e vitamina C podem ser usadas no tratamento da parvovirose. Elas irão auxiliar na recuperação do organismo lesionado, na reparação tecidual, como agente antioxidante e auxiliam na também na função do sistema imune (PAES, 2016).

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Figura 9 – Uso de probióticos.

Fonte: Autora, 2019.

Figura 10 – Uso de vitaminas.

Fonte: Autora, 2019.

Figura 11 – Uso de adsorventes.

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Figura 12 – Adsorventes.

Fonte: Autora, 2019.

4.9 OUTROS FÁRMACOS UTILIZADOS

Foi questionado, também, o uso de outros medicamentos. Na figura 13 vemos que 81.3% dos médicos veterinários utilizam outros medicamentos no tratamento da doença, sendo que (figura 14) 84.6% usam meloxican, 30.8% usam dipirona, 23.1% utilizam a dexametasona e 7.7% usam predinisolona caso haja necessidade.

Figura 13 – Porcentagem de outros medicamentos utilizados.

Fonte: Autora, 2019.

O meloxican (maxican) é um agente antimicrobiano fluoroquinolônico de amplo espectro que age contra bactérias Gram-negativas. Deve ser usado em casos de infecção grave ou recorrentes (ANDRADE, 2008). Sua ação se relaciona com a inibição da DNA girase das bactérias do tipo II (SPINOSA, et. al., 2011).

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A prednisolona é um corticosteroide de ação intermediária, com potência cerca de cinco vezes maior do que o cortisol. Interage com receptores intracelulares, formando um complexo esteroide-receptor que interage com DNA para modificar a transcrição, induzindo a síntese de algumas proteínas. Como anti-inflamatório e imunossupressor, inibe a transcrição do gene para COX-2, bloqueia a indução mediada pela vitamina Ddo gene da osteocalcina nos osteoclastos e modificação da transcrição do gene da colagenase, possivelmente maior síntese de uma proteína mediadora anti-inflamatória, lipocortina 1, que inibe a fosfolipase A2 e bloqueia a produção do fator ativador das plaquetas e de todos os eicosanoides. Não precisa haver conversão pelo fígado, como ocorre com a prednisona (ANDRADE, 2018).

A dipirona possui propriedades antipiréticas e analgésica, mas tem fraca ação anti-inflamatória, atua por inibição da COX2. É eficaz no alívio de dores leves e moderadas, e das dores viscerais, porém tem efeito de curta duração (TASAKA, 2011).

A dexametasona é um anti-inflamatório esteroidal, de ação prolongada. Possui potente ação anti-inflamatória e imunossupressora. Sua potência anti-inflamatória é cerca de 25 vezes maior do que a hidrocortisona e 7,5 vezes maior do que a prednisona (ANDRADE, 2018).

Figura 14 – Outros medicamentos utilizados no tratamento da parvovirose canina.

(29)

5 CONCLUSÃO

Conclui-se com esse trabalho que não há um tratamento e nem protocolo terapêutico específico para essa doença viral, variando de acordo com a necessidade do animal e preferência e orientação do médico veterinário. O que se utiliza é um tratamento de suporte, e sabe-se também que não há como garantir a total recuperação dos animais infectados, apesar desse suporte dar um número maior de chances.

A literatura apresenta um exemplo de protocolo a ser adotado, mas sabemos que a preferência por outros princípios ativos dos medicamentos e até mesmo por marcas comerciais fazem com que o médico veterinário faça escolhas diferentes uns dos outros, mas percebe-se com o estudo que apesar dessa diferença de medicamentos, usa-se a classe e mecanismo de ação recomendado.

A recomendação dos médicos veterinários e a conscientização da população em geral sobre a vacinação como forma de prevenção da parvovirose, assim como de outras doenças virais e bacterianas devem ser seguidas corretamente, pois é uma das formas mais fáceis de prevenir essa doença que pode ser fatal e que não tem tratamento específico.

Os médicos veterinários são os responsáveis por esse tratamento, mas para isso o mesmo deve ter um conhecimento básico da doença, deve ter um local apropriado para a internação e controle da doença, que deve ser sempre desinfectado, assim como o local da consulta.

(30)

REFERÊNCIAS

ANDRADE, Silvia Franco. Manual de terapêutica veterinária. 3.ed. São Paulo: Roca, 2008.

ANDRADE, Silvia Franco. Manual de terapêutica veterinária. 1. ed. – [Reimpr.]. Rio de Janeiro: Roca, 2018.

ANGELO, G; CICOTI, C. A. R; ZAPPA, V. PARVOVIROSE CANINA – REVISÃO DE LITERATURA. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, Garça- SP, jan. 2009.

DOKU B, et. al. Changes of Hematobiochemical Parameters during Canine Parvoviral Enteritis. Journal of Agricultural Sciences. 2015; 14(3):222-227.

ETTINGER SJ, Feldman EC. Tratado de medicina interna veterinária: doença do cão e gato. 5. ed. Curitiba: Guanabara. 2004; 1.

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FLORES, E. F. Virologia Veterinária. Santa Maria: Editora UFSM, p. 388 a 392. 2007.

GREENE, C. E. Infectious diseases of the dog and cat. 4th ed. St Lous. Sauders-Elsevier, 2011. 1387p.

MADDISON, Jill E.; PAGE, Stephen W.; CHURCH, David B. Farmacologia clínica de pequenos animais. 2.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

OTTO C, Jackson C, Rogell E. et. al. (2001) Recombinant bactericidal/permeabilityincreasing protein (rBPI21) for treatment of parvovirus enteritis: a randomized, double-blinded, placebo-controlled trial. J Vet Int Med 15(4) 355–60.

PAES A.C. Parvovirose Canina. In: MEGID, J.; RIBEIRO, M. G.; PAES, A. C (Org.). Doenças infecciosas em animais de produção e de companhia. 1 ed. Rio de Janeiro: Roca, 2016. p. 768-785.

PAPICH, Mark G. Manual Saunders de Terapia Veterinária: pequenos animais e grandes animais. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.

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SPINOSA, H S; GÓRNIAK, S. L.; TASAKA, A. C; BENESI, F. J.; KOGIKA, M. M.; MEDEIROS, R. M. T. E PAULINO, C. A.; DAGLI, M.L. Z.; LUCAS, S. R. R.; COSTA, E. O.; FERREIRA, A. J. P.Farmacologia Aplicada a Medicina Veterinária 5 ed. - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.

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(32)
(33)

ANEXO A – QUESTIONÁRIO

Modelo do questionário aplicado aos médicos veterinários responsáveis técnicos pelas clínicas e hospitais veterinários dos municípios da região da AMUREL.

PROTOCOLOS TERAPÊUTICOS UTILIZADOS

NO TRATAMENTO DA PARVOVIROSE CANINA

CIDADE:______________________________________________________ CLÍNICA/HOSPITAL: ___________________________________________ MÉDICO VETERINÁRIO RT: ____________________________________

1 Quais os sinais clínicos observados na consulta do animal com suspeita de

parvovirose canina? Vomito Diarreia Diarreia hemorrágica Desidratação Anorexia Temperatura retal elevada

Prostração Choque Outros:_____________________________________________________ 2 Qual o método de diagnóstico utilizado para identificar ou descartar a doença?

Hemaglutinação (HA)

Ensaio imunoenzimático (ELISA)

Reação em cadeia da polimerase (PCR)

Isolamento viral em cultivo celular

Outros: ____________________________________________________

(34)

3 Faz uso de fluidoterapia? Sim Não 3.1 Qual? Solução Salina 0,9% Ringer Lactato Outro: ____________________________________________________ 4 Faz uso de antibiotico?

Sim Não 4.1 Quais? Ampicilina Enrofloxacino Cefalotina Metronidazol Ceftriaxona Sulfametoxazol + trimetoprima Outro: _____________________________________________________ 5 Faz uso de antieméticos?

Sim Não 5.1 Quais? Metoclopramida Clorpromazina Ondansetrona Citrato de Maropitant Outro: _____________________________________________________ 6 Faz uso de protetores da mucosa gástrica?

(35)

Sim Não 6.1 Quais? Sulcralfato Ranitidina Omeprazol Outro: _____________________________________________________ 7 Suporte Nutricional Sonda nasogástrica Sonda esofágica Outro: _____________________________________________________ 8 Outros Probióticos: _________________________________________________ Vitaminas:___________________________________________________ Adsorventes: ________________________________________________ Antiinflamatórios: _____________________________________________ Outros:______________________________________________________ ____________________ ASSINATURA

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