O
futebol brasileiro perdeu mais de R$ 130 milhões em receita de patro-cínios de 2017 para 2018. E a tendência é isso encolher ainda mais em 2019, com a saída da Caixa Econômica Federal do patrocínio aos clu-bes. Em 2017, os 20 clubes da Série A arrecadaram R$ 659 milhões com patrocínio e publicidade. No ano passado, essa receita caiu para R$ 523 milhões.Os números fazem parte do relatório "Finanças dos clubes brasileiros em 2018", divulgados pela consultoria Sports Value. Eles foram extraídos dos balanços finan-ceiros publicados pelos clubes até o último dia 30 de abril. Segundo a empresa, os 20 clubes da Série A do Brasileirão detêm 81% da receita do futebol nacional.
Essa queda de arrecadação interrompeu uma sequência de alta histórica nos ganhos do futebol com patrocínios. Desde 2014, quando a Copa do Mundo
acon-O B acon-O L E T I M D acon-O M A R K E T I N G E S P acon-O R T I V acon-O
DO
POR ERICH BETING
Receita de patrocínios
cai mais de R$ 130 mi
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N Ú M E R O D O D I A EDIÇÃO 1238 - SEGUNDA-FEIRA, 6 / MAIO / 2019
De reais os clubes da Série A do Brasileiro faturaram com a venda de direitos de TV, segundo a consultoria SportsValue
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teceu no Brasil, que os clubes vinham somando cada vez mais com o comercial. Em 2014, eram R$ 458 milhões arrecadados pelos 20 times da Série A. Naquela época, a Caixa havia entrado com força no mercado, elevando os valores dos patrocínios. Desde então, os clubes vinham aumentando receita, chegando ao topo em 2017.
O líder em arrecadação, há três anos, é o Palmeiras. Mas o próprio desempenho do clube mostra a realidade do mercado. Em 2017, foram R$ 131 milhões arreca-dados com essa fonte. No ano passado, o número caiu para R$ 95 milhões. Outro que contribuiu para a queda de receitas foi o Corinthians, que há dois anos ga-nhava R$ 78 milhões no comercial e viu o número desabar para R$ 43 mi em 2018. Curiosamente, apesar da menor arrecadação com patrocínios, os clubes ganha-ram mais dinheiro em 2018. Foganha-ram R$ 5,26 bilhões de fatuganha-ramento, ultrapassando os R$ 5,14 bi de 2017. O motivo para o resultado, porém, não é o ideal. Em 2018, o futebol teve também a maior arrecadação de sua história com venda de atletas.
"O crescimento foi muito afetado pelas receitas com transferências, que atingi-ram R$ 1,3 bi em 2018, o maior valor da história. Os clubes sem os recursos com os atletas geraram R$ 3,9 bilhões em 2018, frente aos R$ 4,1 bi de 2017 (queda de 5,4% no total arrecadado sem venda de atletas). O crescimento das receitas dos 20 clubes permanece associado às transferências", diz o relatório da Sports Value.
A exportação do pé-de-obra empurrou para baixo, também, o peso dos patrocí-nios no total de arrecadação do futebol. Apenas 10% do que os clubes faturaram teve como origem o departamento comercial. Em 2017, os patrocínios representa-vam 13% do bolo de receitas do futebol. Desde 2004 que os clubes não ganharepresenta-vam tão pouco com o comercial, de acordo com o levantamento da Sports Value.
O P I N I Ã O
Precisamos aprender
a vender no futebol
A
queda de arrecadação em patrocínios no futebol de um ano para o outro
é preocupante. Ela se justifica, em parte, pela crise que assola o país e já
soma mais de 13 milhões de desempregados, mas não é só isso. Segundo
a média histórica divulgada pela consultoria Sports Value, os clubes conseguem ter,
com patrocínios e publicidade, cerca de 10 a 15% de toda a sua arrecadação.
É muito pouco.
Só para se ter uma ideia, Real Madrid, Barcelona e Manchester United, os três
clubes que mais arrecadaram no mundo no ano passado, têm 47% da origem de seu
faturamento no departamento comercial, segundo a consultoria Deloitte. Entre os
mais ricos do mundo da bola, a regra é quase sempre essa. O faturamento comercial
impulsiona a marca do clube e faz com que eles fiquem sempre no topo da pirâmide.
O problema, no Brasil, é que não
sa-bemos vender o futebol. Não só dentro
dos clubes. A mídia e os patrocinadores
também não entendem o produto.
A venda é errada desde o começo. O
futebol é vendido de forma egoísta pela
mídia. Não se exalta o esporte como um
todo, incentiva-se a rivalidade e o amor
a apenas um clube. Logo, o interesse do
consumidor fica restrito ao time que ele
torce, e não ao campeonato que existe.
Os clubes ainda estão parados no
conceito dos anos 80. A receita comercial que interessa é só o patrocínio de camisa.
Não se percebe o potencial de arrecadação que há em produtos licenciados, em
negó-cios paralelos que não envolvem exposição, em relacionamento com o consumidor.
Os patrocinadores olham como negócio apenas retorno de exposição em mídia.
É a conta palpável que existe e que serve para justificar no relatório da empresa o tanto
que é gasto no esporte. Não se enxerga o ativo mais valioso que existe: o torcedor.
Em 1992 o Manchester United revolucionou o mercado do futebol ao decidir se
tornar dono de seu próprio nariz. O clube criou um departamento comercial e passou
a gerenciar todo tipo de contrato possível. Além disso, investiu na formação de um
time de marketing para analisar o comportamento do seu torcedor e onde haveria
es-paço para a marca do clube crescer e não depender apenas do mercado local. Durante
10 anos, o United foi o clube que mais faturou no futebol. Foi ultrapassado em 2003
pelo Real Madrid, que copiou o seu modelo e ficou outra década na liderança.
O futebol brasileiro tem há quase 30 anos o exemplo a ser seguido. É só querer.
Clubes, mídia e patrocinadores não
exploram o potencial de negócios que se
conhece há 30 anos dentro do futebol
POR ERICH BETING
Disney vende 21
canais de esporte
nos EUA por 10 bi
O Bragantino fará nesta
segun-da-feira sua estreia em casa pela
Sé-rie B do Campeonato Brasileiro.
Para aproximar a torcida do
time, recém-comprado pela Red
Bull, foi feito um treino aberto aos
torcedores na manhã do sábado.
O estádio do Bragantino
rece-beu cerca de mil torcedores, que
doaram 1 tonelada de alimentos.
Essas pessoas ganharam ainda
in-gresso para o jogo contra o Sport.
A iniciativa procura aproximar a
marca da Red Bull ao torcedor de
Bragança Paulista. Desde o final de
abril que o time da empresa passou
a vestir a camisa do Bragantino para
a disputa da Segunda Divisão. O
clube já ganhou a partida de estreia.
E M T R E I N O ,
B R A G A N T I N O
A R R E C A D A 1 T
D E A L I M E N T O S
O "NBA Freestyle", programa
semanal da liga de basquete com
produção 100% brasileira, passará a
ser visto na TV aberta. A atração será
dominical, sempre dentro do "Band
Esporte Clube". A apresentação ficará
por conta de Fernando Medeiros,
Lucas “Koka” Penteado e Paola
An-tonini. Com formato descontraído,
o "NBA Freestyle" mostrará o que de
melhor aconteceu na semana da NBA,
além de quadros que falam de moda,
lifestyle e de cultura do basquete.
N B A R E M O D E L A
' F R E E S T Y L E ' E
I N A U G U R A N A
B A N D E S PA Ç O
D O M I N I C A L
POR REDAÇÃOO grupo Disney chegou a um acordo para a venda dos 21 canais regionais de esportes da Fox nos Estados Unidos. De acordo com o "The Wall Street Journal", o Sinclair Broadcast Group pagará mais de US$ 10 bilhões pela aquisição das em-presas, que deveriam ser vendidas como parte do acordo de compra do grupo Fox nos Estados Unidos em 2017.
Os canais regionais de esportes são muito forte no merca-do americano. Eles cobrem apenas algumas cidades merca-do país e exibem muitas vezes as competições que envolvem as fran-quias daquela região. Esses acordos impulsionam a geração de receita dos clubes e das empresas.
A Justiça americana obrigou a Disney a se desfazer das suas emissoras regionais que eram da Fox para não concen-trar muito mercado nas mãos da empresa, que é também detentora da ESPN e já possui alguns canais regionais.
Com a compra, o grupo Sinclair torna-se um dos maiores donos de canais regionais no mercado. São mais de 600 emissoras sob o guarda-chuva do grupo. No pacote que foi comprado da Disney, estão canais regionais de Los Angeles e Detroit, dois mercados que têm grande potencial de receita.
No Brasil, em que os canais regionais não existem, a Justi-ça determinou que a Disney venda a Fox Sports para poder continuar operando apenas a ESPN. Até agora, não há ne-nhuma empresa interessada. O negócio tem até o final deste ano para acontecer. A única mudança até agora foi no co-mando da ESPN. German Hartenstei deixou a empresa.
POR ERICH BETING
O
Corinthians anunciou na última semana o 11° acordo de patrocínio para a temporada, com a seguradora Hapvida. No sábado, o time alvinegro foi a campo com o Vasco com dez marcas diferentes no uniforme. Em meio a uma série de reclamações contra a poluição visual na camisa por parte dos torcedores nas redes sociais, o clube usa a lógica financeira para justificar tan-ta "poluição". Se, no ano passado, a receitan-ta de patrocínios caiu de R$ 78 milhões para R$ 43 milhões, a tendência é que 2019 termine com essa receita dobrada."Conseguimos valores significativos com os patrocínios. Pelo menos a receita não está caindo como foi no ano passado", justificou o gerente de marketing co-rintiano Caio Campos, em entrevista exclusiva à Máquina do Esporte.
O executivo, que também esteve à frente do marketing do clube na época em que houve o boom de patrocínios provocados pela chegada de Ronaldo, fez ques-tão de diferenciar o momento vivido há cerca de uma década.
"Não tem nada a ver o que estamos fazendo agora com o que fizemos na época do Ronaldo. Cada época é diferente. Hoje, temos muitos produtos dos patroci-nadores que são vinculados à marca do Corinthians, nós somos sócios deles. E eu preciso dar exposição a eles", afirmou o executivo, citando a parceria com o BMG. "A receita com o banco pode vir a ser muito boa. Vamos lançar em breve uma campanha muito focada na participação do torcedor, será muito bom", completou.
Para o torcedor, é melhor se acostumar com a camisa lotada de marcas. Todos os acordos são válidos, pelo menos, até 2020. O único que tem duração até dezem-bro deste ano é justamente o que não tem exposição de marca, com a Orthopride.
Corinthians lota camisa
e vê arrecadação subir
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