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LIMITES E POTENCIALIDADES DO USO DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TICS) NO ENSINO DA GEOGRAFIA: UMA PROPOSTA DE APLICAÇÃO

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LIMITES E POTENCIALIDADES DO USO DAS TECNOLOGIAS DE

INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TICS) NO ENSINO DA

GEOGRAFIA:

UMA PROPOSTA DE APLICAÇÃO

Pedro de Lacerda Neto Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ

pedrodelacerda@outlook.com

Eixo Temático: Currículo, cultura e práticas formadoras no cotidiano escolar.

Resumo

O uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) tornou-se cada vez mais comum no mundo atual. Com a globalização, verdadeiras transformações ocorreram e em meio a esse cenário a educação mudou. Junto a essas mudanças, a educação encontrou um grande dilema: como inserir as transformações do mundo moderno dentro da sala de aula. Sendo assim, o presente trabalho apresenta uma reflexão aceca da utilização das tecnologias dentro do ambiente escolar, mostrando as transformações sofridas, as resistências e dificuldades encontradas, assim como, a falta de preparo por parte dos educadores. Além disso, serão abordados limites e potencialidades do uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) no ensino da Geografia, bem como, uma proposta de aplicações utilizando softwares e recursos audiovisuais, mostrando alguns caminhos e práticas de ensino-aprendizagem baseado nessas novas tecnologias. O referido trabalho caracteriza-se metodologicamente por ser um estudo de gabinete, fundamentado em obras bibliográficas e materiais a respeito da utilização de tecnologias no âmbito escolar e no ensino da Geografia.

Palavras chaves: Tecnologia. Educação. Geografia. TICs. Comunicação.

Introdução

A partir da década de 1980, conseguimos observar uma rápida evolução da ciência e da tecnologia. Aliada a isso a informação surge como sendo precursora de diversas alterações no espaço geográfico. Segundo Santos (2008), com o aprimoramento das técnicas e o advento da Terceira Revolução Industrial o homem

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170 passou a alterar o espaço em que vive, imprimindo marcas que representam um período técnico-científico-informacional. Essas marcas acabam por gerar inovações que estão presentes em todos os setores da sociedade, tendo reflexo direto na vida do homem.

No que tange a educação, os avanços tecnológicos são bem mais moderados. Quando paramos para analisar o ambiente escolar e a sociedade que o compõe, ou seja, os alunos, vemos que esses não caminham juntos. Não caminhar juntos significa dizer que ao longo do tempo a escola e os seus membros não evoluíram da mesma forma, ou seja, suas transformações foram diferentes ao longo dos anos. A tecnologia tem um papel importante na educação e o que os educadores precisam compreender é que ao se aliar as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) com a educação, verdadeiras transformações acontecem. A escola não deve desconsiderar a cultura padrão da educação, mas sim considerar o surgimento desse novo universo de transformações, adotando dessa maneira uma nova metodologia de ensino e aprendizagem (Educação & Realidade, 2007).

São vários os esforços dos setores públicos e privados para inserir e incentivar o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) no ambiente escolar. Em meio a esse cenário Couto e Coelho (2013) nos aponta que:

Políticas públicas do governo federal para o uso e presença das tecnologias nas escolas públicas fazem-se presente desde a década de 1990. Surgem a partir da definição das necessidades sociais, as finalidades e objetivos que deverão ser alcançados pelo sistema educacional e fazem parte de um conjunto que enfatize a melhoria do ensino e da aprendizagem de alunos e professores.

Todavia, segundo Vieira (1999), não basta apenas dotar a escola com tais equipamentos deixando alguns conceitos de lado. É preciso um preparo por parte dos professores para que eles façam das TICs verdadeiros precursores de conhecimentos. As TICs são ferramentas potentes, que quando manuseada de forma correta, pode gerar verdadeiras transformações na escola do mundo contemporâneo. De acordo com Pereira e Freitas (2014):

A inserção dos recursos tecnológicos na sala de aula requer um planejamento de como introduzir adequadamente as TICs para facilitar o processo didático-pedagógico da escola, buscando aprendizagens

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171 significativas e a melhoria dos indicadores de desempenho do sistema educacional como um todo, onde as tecnologias sejam empregadas de forma eficiente e eficaz.

Sob esta lógica o presente artigo visa apresentar os limites e potencialidades da utilização das TICs nas aulas de Geografia, assim como, apresentar uma proposta de utilização das TICs como recurso didático para o ensino de Geografia, apresentando de que modo os recursos tecnológicos disponíveis atualmente podem auxiliar na abordagem do conteúdo exigido, trabalhando ao mesmo tempo, o objeto de estudo da geografia e as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) dentro da sala de aula.

A geografia e as TICs

A Geografia, assim como diversas outras ciências, surgiu da necessidade do homem de responder uma série de questões. Estudar a relação entre o homem e o meio sempre esteve em centralidade na geografia, bem como estudar as diferentes formas de organização do espaço. De acordo com Peet (1998 apud JUNIOR, 2014), em sua obra O Pensamento Geográfico Moderno, a Geografia tem o papel de observar como a natureza condiciona a sociedade, baseando-se nas relações sociais com os ambientes naturais.

O professor, como educador, tem papel fundamental em fazer valer princípios, valores e atitudes voltados para a vida coletiva e deve aprofundar a questão humana, abordar a riqueza da cultura, da linguagem de cada povo, as questões éticas e políticas de cada sociedade. É preciso enxergar o aluno como um sujeito sociocultural e nesse sentido, a Geografia se depara com a difícil tarefa de preparar o aluno para compreender as interações da sociedade com o meio, no qual ambos estão inseridos em um espaço complexo.

Para Imbernón (2006) mesmo com todas as mudanças radicais, a profissão do professor deve abandonar a concepção predominante no século XIX de mera transmissão do conhecimento acadêmico, de onde de fato provém, e que se tornou inteiramente obsoleta para a educação dos futuros cidadãos em uma sociedade democrática, plural, participativa, solidária e integradora. Nesse sentido, valorizar a

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172 construção do conhecimento próprio é o caminho a ser seguido pelas escolas e pelos educadores. Em um ambiente onde é valorizada apenas a reprodução de textos, obras, desenhos entre outros, valorizar o construir é algo que pode, de fato, mudar a realidade das escolas do século XXI.

De fato, as TICs, quando aplicadas à educação tem a capacidade de dinamizar o processo de ensino-aprendizagem, tornando o ensino mais atraente e motivador promovendo um processo de aprendizagem cada vez mais significativo. É preciso projetos que estimulem os alunos a interpretar, a pensar e a investigar. Produzir com autonomia e criatividade, utilizando o lado crítico são fundamentais no processo de aprendizagem, assim como o investigar o novo de modo a se questionar o porquê das coisas buscando conhecimento e se tornando sujeito e produtor do próprio conhecimento (Moran, 2000, p. 86-87).

Todas essas características supracitadas são fundamentais para o aluno no processo de aprendizagem da Geografia. No âmbito da disciplina, o aluno deve (PCNs, 200, p. 30) construir competências que permitam a análise do real, revelando as causas e efeitos, a intensidade, a heterogeneidade e o contexto espacial dos fenômenos que configuram cada sociedade. Sendo assim, todos os conteúdos, conceitos e processos da Geografia, como sustentabilidade, desenvolvimento econômico, globalização, espaço, natureza, sociedade, entre outros, devem ser trazidos para a realidade do aluno que está aprendendo. Como citamos anteriormente, é preciso compreender o aluno como sendo um sujeito sociocultural e histórico, pois só assim será possível aproximar a realidade dos alunos com o conteúdo abordado.

Sob essa lógica é possível encontrar métodos e técnicas que auxiliem o professor, dentro da sala de aula, a estimular o olhar geográfico de cada aluno, fazendo com que, com ajuda das TICs, se busque trabalhar com a realidade vivida fora do ambiente escolar, dentro da sala de aula.

Proposta de ensino apoiada pelas TICs

Como bem sabemos a geografia deixou de ser considerada, por muitos, uma ciência de síntese, ou seja, capaz de explicar o mundo sozinha. A geografia de hoje estuda o espaço geográfico, bem como suas interações com a sociedade e a natureza

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173 e é dessa relação, Espaço x Natureza x Sociedade, que nasce certos questionamentos e se fundamentam alguns conceitos como lugar, paisagem, espaço geográfico, território e região, conceitos-chaves da geografia.

Sob esta lógica foram desenvolvidas propostas didático-pedagógicas que, utilizando as TICs, fossem capazes de estimular o lado crítico e o olhar geográfico de cada aluno, ao mesmo tempo em que buscasse uma maior assimilação do conteúdo, deixando o método padrão de lado e aplicando uma nova metodologia nas aulas de Geografia. Vejamos alguns exemplos:

 O RECURSO DAS IMAGENS DE SATÉLITE

Nos últimos anos, diversos países mandaram ao espaço satélites para diversos fins. Com o passar dos anos, o sistema de geoprocessamento de dados e de imagens por satélites foram evoluindo de tal forma que a população passou a ter acesso a muitas dessas imagens. Ferramentas e softwares foram desenvolvidos para que fosse possível essa maior interação por parte da população, como exemplo de ferramenta podemos citar o Google Earth 1.

Quando inserimos esse tipo de tecnologia dentro da sala de aula, estamos inserindo um novo olhar, uma nova perspectiva sobre o espaço em que vivemos. Tais ferramentas podem ser muito úteis em muitas áreas da Geografia como, por exemplo, Cartografia, Geomorfologia, Planejamento Territorial e Ambiental, entre outras.

A utilização do Google Earth dentro da sala de aula torna-se uma proposta atrativa na medida em que o programa nos oferece uma nova visão tridimensional do espaço, trazendo imagens atualizadas e um novo olhar sobre o mundo. Tais qualidades contribuem para que o programa saia na frente com relação a muitos livros didáticos, fazendo com que os mesmos se tornem atrasados, contudo vale ressaltar que a ferramenta é apenas um apoio e não substitui os livros didáticos. Segundo Sarante e Silva (2009):

A vivência virtual em três dimensões que o Google Earth propõe ao usuário será apresentada como um complemento ao livro didático e ao atlas escolar, no qual as imagens são estáticas, apresentam

1 O software Google Earth pode ser adquirido gratuitamente sob o endereço: <

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174 apenas alguns entre os vários espaços geográficos brasileiros e mundiais, e oferece figuras em duas dimensões. Com isso, além de trazer para dentro da escola algo que a princípio está fora dela (a internet e o uso de um programa que, com efeito, não foi desenvolvido com vistas ao uso didático) será possível mostrar aos estudantes que o computador e a internet podem ser usados não só para o entretenimento, mas também para obter e construir novos saberes.

Nessa perspectiva, uma vasta quantidade de temas pode ser trabalhada com a utilização dessa ferramenta, fazendo com que as aulas se tornem didáticas e inovadoras. Vajamos alguns temas:

 Preservação Ambiental De Determinado Recorte Espacial;  Estudo Da Área De Uma Bacia Hidrográfica;

 Estudo Supervisionado De Canais Fluviais;

 Fenômeno Da Urbanização Nos Grandes Centros;  Alterações Sócias Espaciais Nas Cidades Brasileiras.

Com isso, podemos observar que são muitos os temas que podem ser abordados dentro da disciplina de Geografia, entretanto, cabe ressaltar que é de fundamental importância o professor se atentar ao currículo mínimo da escola onde será desenvolvida a atividade.

 O RECURSO AUDIOVISUAL

A utilização do vídeo no ambiente escolar tornou-se cada vez mais popular a partir da década de 1990 quando alguns educadores passaram a levar essa tecnologia para dentro da sala de aula. Mesmo sendo uma tecnologia um pouco mais antiga que as outras, a utilização de vídeos dentro da sala de aula fez com que muitos professores obtivessem excelentes resultados em suas turmas ampliando a utilização dessa tecnologia, entretanto existe muita dificuldade em se aplicar esses recursos dentro da sala de aula. Segundo Vicentini e Domingues (2008)

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175 grande parte dos profissionais da educação enfrenta dificuldades para empregar a tecnologia audiovisual como um recurso pedagógico; ora devido à forma equivocada com que alguns programas didáticos propõem incorporação do vídeo ao trabalho em sala de aula, ora devido ao desconhecimento das potencialidades dessa mídia no processo de ensino e aprendizagem.

Em meio a esse cenário, torna-se importante que o professor aplique uma metodologia intensa em suas aulas, de modo que não utilize esse recurso de qualquer modo, sem levar a nenhum caminho. Tais recursos existem para serem utilizados com uma didática de ensino apoiado pelo material didático do aluno e não para substituir o mesmo.

Considerações Finais

As tecnologias causaram verdadeiras transformações na sociedade e com a educação não foi diferente. Apoiado pelas TICs o ensino dentro de sala de aula tornou-se cada vez mais didático e inovador, novas tecnologias foram surgindo e a escola foi mergulhando nesse ambiente cada vez mais tecnológico. Observamos que há certo despreparo por parte dos professores com relação à mudança desse paradigma, muitos não estão preparados e acabam utilizando dessas tecnologias de maneira indevida. Cabe aos estados e municípios incentivarem políticas públicas que insiram os professores e os alunos nesse meio técnico, cientifico e informacional.

No que tange a Geografia, as TICs, vieram para causar uma verdadeira revolução nessa ciência. Apoiada pelas TICs, diversas áreas da geografia foram se desenvolvendo e ganhando um maior cenário mundial. Quando levamos essas transformações para dentro do ambiente escolar, estamos contribuindo para a formação de cidadãos, estamos vendo o aluno com um sujeito cultural e histórico que é capaz de promover verdadeiras transformações no espaço em que vive. Tais ferramentas estudam o objeto de estudo da geografia e auxiliam na percepção geográfica de cada aluno, mostrando a eles o contexto em que estão inseridos na sociedade.

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Referências Bibliográficas

COUTO, M. E. S.; COELHO, L. Políticas públicas para inserção das TIC nas

escolas: algumas reflexões sobre as práticas. Rev. Digital da CVA – Ricesu. v.8,

n.30, dez. de 2013. Disponível em:

<pead.ucpel.tche.br/revistas/index.php/colabora/article/viewFile/242/184>. Acesso em: 16 abr. 2017.

EDUCAÇÃO & REALIDADE. (27 de setembro de 2007). Desafios à Escola

Contemporânea: um diálogo. Educação & Realidade, 2007. p. 110-116. Disponível

em:<http://seer.ufrgs.br/index.php/educacaoerealidade/article/view/6653/3970>. Acesso em: 03 maio 2017.

IMBERNÓN, F. Formação docente profissional: formar-se para a mudança e a

incerteza. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2006.

JUNIOR, N. A. A Geografia hoje e seus novos rumos: a crise ambiental e uma nova visão da Natureza. In: FREITAS, I. A. et al. História do Pensamento Geográfico. Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2014.

MORAN, J.; MASETTO, M.; BEHRENS, M. Novas tecnologias e mediação

pedagógica. São Paulo: Papirus, 2000.

PEREIRA, B. T. ; FREITAS, M. D. O uso das tecnologias da informação e

comunicação na prática pedagógica da escola. Disponível em: <

http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1381-8.pdf> Acesso em 17 abr. 2017.

SANTOS, M. A natureza do espaço. 4. ed. São Paulo: EDUSP, 2008.

VICENTINI, G. W.; DOMINGUES, M. J. C. de S. O uso do vídeo como instrumento didático e educativo em sala de aula. In: ENANGRAD, 19., 2008, Curitiba.

VIEIRA, F. M. S. A Utilização das Novas Tecnologias na Educação numa

Perspectiva Construtivista, 1999. Disponível em:

Referências

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