Análise de Conjuntura do Sector da Construção
4º trimestre 2015
Apreciação Global
No 4º trimestre de 2015 os diversos indicadores do sector da construção apresentaram um comportamento maioritariamente positivo, reforçando a ideia geral de que, não obstante algumas flutuações e comportamentos diferenciados entre os vários segmentos, persiste uma tendência para a recuperação da atividade.
A redução do índice de produção da construção e obras públicas aumentou ligeiramente de intensidade, tendo apresentado no quarto trimestre de 2015 uma variação, face ao trimestre anterior, de -2,32%. Desta vez foi a redução no segmento da construção de edifícios que teve algum significado (-3,84%), enquanto o índice de produção do segmento de obras de engenharia até aumentou 0,31%.
Não obstante, o licenciamento de obras regressou a terreno positivo e, particularmente, o número de licenças para constru-ção de novos edifícios para habitaconstru-ção e em especial o número de fogos licenciados em construções novas consolidaram um crescimento expressivo.
Os números apurados parecem sugerir que será o sector não residencial que continua a perder dinâmica, eventualmente devido a terem terminado os apoios comunitários para construção de equipamentos sociais e no sector da educação, bem como ao atraso do Portugal 2020, com naturais reflexos nos planos de investimento do sector empresarial.
Assim, os dados provisórios revelam que a evolução trimestral das obras licenciadas foi positiva em 3,4%, com a variação homóloga trimestral a registar, ainda e devido à evolução do 2º e 3º trimestre do ano, uma diminuição de 4% (contra -6,9% no trimestre anterior). A variação média anual no número de edifícios licenciados foi menos negativa e situou-se, no quarto trimestre de 2015, em -4,3%.
Como referimos, o sector residencial, apresentou uma evolução mais favorável, com o número total de fogos licenciados em construções novas para habitação a aumentar 5,2%. A variação homóloga foi também positiva (+10,1%) e a variação média anual atingiu, entretanto, uma expressão claramente positiva que confirma a recuperação operada neste segmento (+13,9%). O número total de fogos licenciados em construções novas para habitação no ano terminado em dezembro de 2015 atingiu os 8 153,bem acima dos 6 777 licenciados em 2014.
O número de licenças de obras de reabilitação subiu pelo segundo trimestre consecutivo (+4,1%), confirmando a inversão da evolução negativa que se manteve ao longo de cinco trimestres consecutivos. Sublinhamos, no entanto, que este indica-dor não expressa cabalmente a evolução daquilo que vulgarmente se designa por “sector da reabilitação” e que engloba, também, as obras de renovação e de simples manutenção. A discrepância entre os números do licenciamento e o movi-mento que parece observar-se no mercado da reabilitação, expresso, nomeadamente, na evolução positiva das vendas de materiais de construção, estará, porventura, relacionado com o facto de muitas das intervenções não serem sujeitas à exi-gência de licenciamento camarário e, como tal, não terem reporte estatístico.
Aliás, a evolução trimestral das vendas de cimento para o mercado interno é um claro indicador da maior dinâmica que o mercado da construção está a viver e foi claramente positiva, apresentando um crescimento homólogo de 6,4%, que se segue a variações homólogas, também elas positivas, nos três trimestres anteriores.
Os dados deste quarto trimestre, não sendo excecionais, permitem alimentar, com base na evolução do licenciamento, uma perspetiva mais favorável para a atividade da construção em 2016.
segu-Do lado negativo estão, repetimos, a redução do investimento público prevista no OE para 2016, a redução das verbas comunitárias para construção de infraestruturas, a redução anunciada do comércio mundial, particularmente a recessão que afeta as economias emergentes dependentes das exportações de matérias-primas, em especial Angola, e o atraso na dis-ponibilização dos instrumentos financeiros do Portugal 2020 para apoiar a reabilitação urbana e a eficiência energética que só chegarão, se chegarem, no final de 2016.
Acrescem as novas preocupações com o sistema bancário nacional que poderão causar, num futuro próximo, novos e ainda maiores dificuldades de financiamento às empresas.
Obras Licenciadas
No quarto trimestre de 2015, o número de edifícios licenciados aumentou 3,4% relativamente ao trimestre anterior, regres-sando a uma tendência de crescimento após dois trimestres consecutivos de variações de sentido negativo. Não obstante, em termos homólogos, o número de edifícios licenciados diminuiu 4% face ao último trimestre de 2014.
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1º Trim. 2º Trim. 3º Trim. 4º Trim. 1º Trim. 2º Trim. 3º Trim 4º Trim 1º Trim. 2º Trim. 3º Trim 4º Trim 1º Trim. 2º Trim. 3º Trim 4º Trim
2012 2013 2014 2015
Edifícios Licenciados (Valores trimestrais nº)
O ritmo da redução média anual no número de edifícios licenciados diminui ligeiramente de intensidade neste quarto trimes-tre de 2015, situando-se em -4,3%, contra -4,5% no período anterior. Apesar do pequeno crescimento verificado no licen-ciamento, este ainda não foi suficiente para retomar a tendência positiva que se tinha observado entre o primeiro trimestre de 2014 e o primeiro trimestre deste ano de 2015.
‐25,0% ‐20,0% ‐15,0% ‐10,0% ‐5,0% 0,0%
1º Trim. 2º Trim. 3º Trim. 4º Trim. 1º Trim. 2º Trim. 3º Trim 4º Trim 1º Trim. 2º Trim. 3º Trim 4º Trim 1º Trim. 2º Trim. 3º Trim 4º Trim
2012 2013 2014 2015
Edificios Licenciados (Variação Média Anual)
O comportamento do licenciamento relativo às construções novas para habitação familiar apresenta um sinal bem mais animador. Não só a variação entre o terceiro e o quarto trimestre do ano, ao contrário do período anterior, voltou a ter um comportamento positivo (+5,2%), como também, quer a variação homóloga (+10,1%), quer a variação média anual (+13,9%), permitem continuar a acalentar uma expetativa muito favorável deste segmento para a recuperação do sector.
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2012 2013 2014 2015
Licenciamento de Obras (Valores Trimestrais nº)
Em especial, a variação trimestral do número total de fogos licenciados em construções novas para habitação familiar foi novamente positiva (11%), e mais intensa que a observada no trimestre anterior (2,2%), contando agora 8 trimestres conse-cutivos sempre a crescer. A variação homóloga foi, também, claramente positiva, na ordem dos 23,2%, sendo que a varia-ção média anual confirma a tendência, situando-se nos 20,3%.
0 1.000 2.000 3.000 4.000 5.000 6.000 7.000 8.000 1º Trim. 2º Trim. 3º Trim. 4º Trim. 1º Trim. 2º Trim. 3º Trim. 4º Trim. 1º Trim. 2º Trim. 3º Trim. 4º Trim. 1º Trim. 2º Trim. 3º Trim 4º Trim 1º Trim. 2º Trim. 3º Trim 4º Trim 1º Trim. 2º Trim. 3º Trim 4º Trim 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Fogos em construções novas para habitação
No que diz respeito à evolução trimestral do número de licenças de obras de reabilitação, verificou-se, novamente, uma melhoria (+4,1%), depois da enorme redução registada nos dois primeiros trimestres do ano. Este acréscimo é ainda insufi-ciente para inverter a tendência negativa observada ao longo do ano que é expressa, quer em termos de variação homóloga (-16,2%), quer em termos de variação média anual (-20,5%).
0 500 1.000 1.500 2.000 2.500
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2012 2013 2014 2015
Licenças para obras de Reabilitação (Valores Trimestrais nº)
Produção na Construção e Obras Públicas
O índice de produção no sector da construção e obras públicas voltou a cair face ao trimestre anterior, desta vez com maior intensidade (-2,32%, contra -0,55% no terceiro trimestre). A evolução foi negativamente influenciada sobretudo pelo seg-mento de construção de edifícios que apresentou uma quebra de 3,84%, enquanto o segseg-mento de obras de engenharia cresceu 0,31%.
Em termos homólogos, verificou-se uma diminuição de 4,25% no índice total da produção na construção e obras públicas, que correspondeu a uma diminuição de 4,64% na construção de edifícios e de 3,62% nas obras de engenharia.
De certa forma, esta evolução corresponde ao abrandamento registado ao longo de todo o ano, quer ao nível do investi-mento público, quer ao nível do licenciainvesti-mento de obras no seginvesti-mento não habitacional, mas que, como já tínhamos salienta-do no estusalienta-do anterior, não encontra correspondência no comportamento das vendas de cimento, nem na evolução da FBCF no sector da construção.
50,0 51,0 52,0 53,0 54,0 55,0 56,0 57,0 58,0 59,0 4º Tr im . 13 1º Tr im . 14 2º Tr im . 14 3º Tr im . 14 4º Tr im . 14 1º Tr im . 15 2º Tr im . 15 3º Tr im . 15 4º Tr im . 15 Índice de Produção na Construção e Obras Públicas Índice corrigido de sazonalidade
Total Construção de Edifícios Obras de Engenharia
Vendas de Cimento
No quarto trimestre de 2015 as vendas de cimento das empresas nacionais para o mercado interno continuaram a recupe-rar, apresentando um crescimento, em termos homólogos, de 6,4%, confirmando o aumento sustentado da atividade de construção. Este indicador acompanha, aliás, a evolução recente do Valor Bruto da Produção e da FBCF da construção, cujas taxas de variação anual atingiram, respetivamente, 3,0% e 4,1%.
De acordo com os Inquéritos de Opinião da Comissão Europeia, o índice de confiança no sector da construção baixou ligeiramente neste quarto trimestre, situando-se agora nos -40,8 pontos (contra -37,6 no último trimestre e -42,9 pontos no período homólogo do ano anterior).
-80 -70 -60 -50 -40 -30 -20 -10 0 10 20
1º Trim. 2º Trim. 3º Trim. 4º Trim. 1º Trim. 2º Trim. 3º Trim. 4º Trim. 1º Trim. 2º Trim. 3º Trim. 4º Trim. 1º Trim. 2º Trim. 3º Trim. 4º Trim.
2012 2013 2014 2015
Vendas de Cimento e Indicador de Confiança na Construção (Indicador no Trimestre em Referência)
Vendas de Cimento
Indicador de Confiança na construção
Emprego
No quarto trimestre do ano de 2015, o emprego na construção e obras públicas registou uma taxa de variação homóloga trimestral de -4,2% e uma taxa de variação trimestral -2%.
A variação média nos últimos 12 meses terminados em dezembro de 2015 foi de -3,43%, indiciando que, embora em ritmo mais reduzido, o sector continua a perder emprego.
Remunerações
No quarto trimestre de 2015, o índice de remunerações registou uma taxa de variação homóloga trimestral de -5,5% e uma variação trimestral de 2,2% (este trimestre incluiu subsídios de Natal).
A variação média nos últimos 12 meses terminados em março foi de -4,4%.
Taxas de Juro
A taxa de juro implícita no conjunto dos contratos de crédito à habitação reduziu a tendência de queda face ao trimestre anterior e fixou-se, em dezembro de 2015, nos 1,215%, que corresponde uma redução de 0,019 pontos percentuais face à registada no mês de setembro.
Nos contratos para “Aquisição de Habitação”, a taxa de juro observada em dezembro de 2015 foi de 1,223%, tendo-se reduzido em 0,015 p.p. em relação à taxa observada no mês de setembro do mesmo ano.
1% 2% 3% Ja n Fe v Ma r Ab r Ma i Ju n Jul Ag o Se t Ou t Nov De z Ja n Fe v Ma r Ab r Ma i Ju n Jul Ag o Se t Ou t Nov De z Ja n Fe v Ma r Ab r Ma i Ju n Jul Ag o Se t Ou t Nov De z Ja n Fe v Ma r Ab r Ma i Ju n Jul Ag o Se t Ou t Nov De z Ja n Fe v Ma r Ab r Ma i Ju n Jul Ag o Se t Ou t Nov De z 2011 2012 2013 2014 2015 Taxa de Juro do Regime Geral _____________________