INICIAÇÃO CIENTÍFICA PROGRAMA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA SEM BOLSA NA ECA ALUNA: Thainá Souza Santos NºUSP 8948231 ORIENTADOR: Prof. Dr. Reinaldo Miranda de Sá Teles TÍTULO: As escolas de samba na produção do espaço urbano como elemento turístico na cidade de São Paulo. INTRODUÇÃO
O mês de fevereiro, no Brasil, traz a memória uma palavra: o carnaval. Neste cenário, temos o samba como manifestação cultural, e em meio a sua institucionalização, as escolas de samba (ROSADAS, 2015). Os desdobramentos históricos das escolas de samba, no recorte geográfico da cidade de São Paulo, possuem grandes disparidades se comparado com sua origem histórica no Rio de Janeiro. Essas disparidades são fundamentais para a consagração do próprio samba nas diferentes cidades.
Na cidade do Rio de Janeiro, as matrizes do samba, como o samba de terreiro, partidoalto e o sambaenredo, são reconhecidas como patrimônio cultural nacional (IPHAN 2007). Consequência do processos que garantiram a infraestrutura para o espetáculo do carnaval desde a década de 70 (ROSADAS, 2015). A decorrência na cidade de São Paulo tem como origem o sambarural, que passou por transformações em meio a influência do enriquecimento da população favorecida pela expansão cafeeira no final do século XIX (MESTRINEL, 2010).
Nesta conjuntura, as escolas de samba são elementos presentes na dinâmica da cidade, e que por muitas vezes, possuem um vínculo com a sua localização geográfica e comunidade local, que se faz presente atuando nas atividades propostas pelas escolas. Esses vínculos se condensam dentro da produção do espaço urbano, resultando na problemática do seu real papel e influência dentro deste contexto, que envolve, por sua vez, a sua própria existência, os integrantes da comunidade e o Estado como agente influente. Não só em suas estruturas físicas, a quadra da escola, os instrumentos de percussão, ou até mesmo suas majestosas alegorias que encantam no carnaval, as relações humanas que tangem nessa
dinâmica, significam também a conquista do direito à cidade para a comunidade local. Garantindo a premissa de “direito a vida urbana, e a locais de encontros que conciliam a vida e empregos do tempo que permitem o uso pleno de momentos e locais” (LEFEBVRE, 2006).
Essas características possuem uma relação fundamental com o turismo na cidade de São Paulo, sendo o carnaval uma âncora de turistas que despertam a curiosidade pela interação com escolas de samba, nasce, então, um elo pouco explorado na perspectiva do turismo. Segundo o Observatório do Turismo, no ano de 2015, cerca de 31% dos residentes que visitaram o Sambódromo durante o Carnaval, ficaram exclusivamente por esse motivo. Valor expressivo que fundamenta a movimentação da cidade para acompanhar as atividades das escolas de samba durante o carnaval.
Em meio a essa contextualização alguns personagens desse cenário, despertam o interesse científico do turismo, levando em consideração seus impactos econômicos no período carnavalesco, mas também sua repercussão social. A carência de produções bibliográficas sobre a relação das escolas não da lente da antropologia urbana no fenômeno carnaval como festa popular mas como fenômeno também do turismo. Que sofre influência, e por outro aspecto é influenciada, desperta indagações importantes para a evolução da inclusão da população local neste ambiente.
É necessário compreender os recursos e ferramentas que resultam nas iniciativas públicas em prol da continuidade da cultura do carnaval para os paulistanos. Assim como, assimilar a importância da criação de departamentos de turismo dentro das escolas de samba e em suas instituições organizacionais como a própria Liga Independente de Escolas de Samba da Cidade de São Paulo (LIESP). Não só promo ver a visitação nas escolas, mas inserir, em conjunto, a comunidade local na sua própria cidade, através da criação de projetos sociais, que estimulam as relações das escolas de samba com o turismo. Um exemplo, é o surgimento do Projeto Descubra São Paulo Samba InfarTour Juvenil, promovido pela LIESP em 2011.
A perspectiva do turismo neste objeto de estudo, gera questões que ainda seguem sem respostas embasadas na lente do turismólogo, fundamental para a
melhoria e continuidade da organização no carnaval, assim como, o conhecimento da pluralidade da riqueza cultural das escolas de samba, enquanto elemento turístico.
OBJETIVOS
Investigar a relação, no ponto de vista da geografia urbana, a influência das escolas de samba na cidade de São Paulo como elemento turístico dentro da dinâmica da cidade a fim de compreender a sua realidade além do carnaval.
Tendo ainda como interesse, a compreensão dos seguintes objetivos específicos:
→Identificar o papel das escolas de samba na perspectiva produção do espaço urbano e o seu vínculo com o Estado em incentivos em benefício da continuidade das escolas de samba para o carnaval paulistano;
→Compreender os impactos do turismo para as escolas de samba após o período de carnaval, assim como as funções e estratégias dos departamentos de turismo dentro das escolas de samba e das organizações que as institucionalizam.
METODOLOGIA
A estratégia escolhida, a fim de atingir os objetivos gerais e específicos, será a realização de uma pesquisa exploratória através da pesquisa bibliográfica para compreender a relação das escolas de samba com a cidade enquanto agente no espaço urbano, e sua articulação com o turismo (DENCKER,2007). A pesquisa descritiva neste contexto, busca auxiliar a identificação das características dos personagens na produção do espaço urbano, através de estudos de campo.
Os estudos de campo ocorrerão através de questionários e entrevistas, a fim de analisar quantitativamente a opinião dos membros e responsáveis pelas escolas, os gestores dos departamentos de turismo, e as organizações que legitimam as escolas, como a LIESP.
Para auxiliar a pesquisa em detalhes qualitativos, reconhecese a
necessidade da pesquisa documental. Acreditando que o material de acervos particulares e dados históricos, que não constam em bibliografias acessíveis,
possam auxiliar na investigação, proporcionando um conhecimento com mais profundidade. É importante ressaltar ainda, que o período estimado para a pesquisa documental e a coleta dessas informações, serão preferivelmente realizadas antes e depois do período de carnaval, excluindo os meses de janeiro e fevereiro, auge das atividades das escolas de samba.
CRONOGRAMA
O cronograma planejado, considerando o período destinado a pesquisa, que será de um (1) ano, de acordo com a vigência do edital constado no Edital IC Sem Bolsa. Iniciando no mês de Setembro de 2016 e com término em Julho de 2017. A elaboração do cronograma geral da pesquisa foi construído embasado na metologia utilizada para esta pesquisa, estimando assim o prazo para a realização das atividades conforme a tabela abaixo:
ATIVIDADES
INICIAÇÃO CIENTÍFICA CRONOGRAMA GERAL
2016 2017
SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL
1.Pesquisa Bibliográfica 2.Pesquisa Documental* 3. Pesquisa de Campo 4.Computação dos Dados 5.Análise dos Dados** 6. Redação do Relatório 7. Revisão 8. Relatório Final
*Intervalo na pesquisa considerando os meses de janeiro e fevereiro, período fundamental para a consagração das atividades do objeto de estudo.
**Consta em seu período total de Análise dos Dados a sua sistematização e tabulação do material recolhido antes da etapa de análise.
REFERÊNCIAS
CARLOS, A. F. A. . O Espaço Urbano. Novos escritos sobre a cidade. 1. ed. São Paulo: Editora Contexto, 2004.
CENTRO CULTURAL CARTOLA. Dossiê das Matrizes do Samba no Rio de Janeiro. IPHAN, 2007.
DENCKER, A. F. M. Pesquisa em Turismo: planejamento, métodos e técnicas. São Paulo: Futura, 2007.
LEFEBVRE, Henri. O Direito à Cidade. São Paulo, Centauro, 2006.
MESTRINEL, Francisco. O samba e o carnaval paulistano. Revista Eletrônica do Arquivo Público do Estado de São Paulo , nº 40, fev. 2010. Disponível em <http://www.historica.arquivoestado.sp.gov.br/materias/anteriores/edicao40/materia0 6/ > Acesso em 12 de maio de 2016.
OBSERVATÓRIO DO TURISMO. Carnaval 2015 Rua, Sambódromo e Mídias. São Paulo Turismo, 2015. Disponível em
<http://www.observatoriodoturismo.com.br/wpcontent/uploads/2015/02/CARNAVAL _2015_RUA_SAMBODROMO_MIDIAS.pdf > Acesso em 15 de maio de 2016.
PELLEGRINI FILHO, Américo. Tradições populares hoje : o oral, o escrito e o turismo cultural. São Paulo: Centro de Estudos da Cultura Popular, 2004.
ROSADAS, Michel. As escolas de samba como resultado e resultante do processo de produção do espaço urbano no/do Rio de Janeiro. Encontros: ano 13, n23, 2015. Disponível em <http://www.cp2.g12.br/ojs/index.php/encontros/article/view/280 > Acesso em 10 de maio de 2016.
SOCIEDADE ROSAS DE OURO. Projeto Descubra São Paulo Samba InfarTour Juvenil. Notícia publicada, São Paulo, 2011. Disponível em <http://www.sociedaderosasdeouro.com.br/noticias/projetodescubrasaopaulosam bainfartourjuvenil/> Acesso em 17 de maio de 2016.