XXVI OPM - Final - 1odia - 14.03.2008 - Categoria B
Olimpíadas Portuguesas
de Matemática
http://www.spm.pt/~opmDurac¸ ˜ao: 3 horas
Cada quest ˜ao vale 10 pontos
Justifica convenientemente as tuas respostas e indica os principais c ´alculos. N ˜ao ´e permitido o uso de calculadoras.
1. Qual o n ´umero m ´aximo de triˆangulos com v ´ertices nos pontos da figura que ´e poss´ıvel construir?
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
2. Na figura seguinte, o triˆangulo
[ABC]
est ´a inscrito na circunferˆencia,E
pertence `a circunferˆencia,D
pertence `a semi-recta
AE
˙
eC ˆ
AB = B ˆ
AE
. Prova queAB = BD
se e somente seDE = AC
.A
C E
B
D
3. Seja
d
um n ´umero natural. Dados dois n ´umeros naturaisM
eN
comd
algarismos,M
e amigo de´N
se osd
n ´umeros obtidos substituindo cada um dos algarismos deM
pelo algarismo deN
que se encontra na mesma posic¸ ˜ao s ˜ao todos m ´ultiplos de7
. Determina os valores ded
para os quais ´e v ´alida a seguinte condic¸ ˜ao: Para quaisquer dois n ´umerosM
eN
comd
algarismos, seM
e amigo de´N
, ent ˜aoN
e amigo de´M
.4. O Nelson desafia a Telma para o seguinte jogo: Primeiro a Telma retira
2
9n ´umeros do conjunto
{0, 1, 2, 3, ..., 1024}
, em seguida o Nelson retira2
8n ´umeros dos restantes. Depois a Telma retira
2
7n ´umeros e assim sucessivamente, at ´e restarem apenas
2
n ´umeros. O Nelson ter ´a de dar `a Telma a diferenc¸a entre estes dois n ´umeros em euros. Qual ´e a maior quantia que a Telma pode ganhar independentemente da estrat ´egia do Nelson?5. Seja
[ABC]
um triˆangulo rectˆangulo emA
, tal queAB < AC
. SejaM
o ponto m ´edio de[BC]
eD
o ponto de intersecc¸ ˜ao de[AC]
com a recta perpendicular a[BC]
que passa porM
. SejaE
o ponto de intersecc¸ ˜ao da recta paralela a[AC]
que passa porM
com a recta perpendicular a[BD]
que passa porB
. Prova que os triˆangulos[AEM ]
e[M CA]
s ˜ao semelhantes se e somente seA ˆ
BC = 60
o.
6. Seja
n
um n ´umero natural superior a2
. A Vanessa temn
montes de pedras de jade, todos os montes com n ´umeros diferentes de pedras. A Vanessa consegue distribuir as pedras de qualquer um dos montes pelos outros montes e ficar comn − 1
montes com igual n ´umero de pedras. Tamb ´em consegue distribuir as pedras de quaisquer dois montes pelos outros montes e ficar comn−2
montes com igual n ´umero de pedras. Determina o menor n ´umero poss´ıvel de pedras de jade que pode ter o monte com o maior n ´umero de pedras?XXVI OPM - Final - 1odia - 14.03.2008 - Categoria B
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Cada quest ˜ao vale 10 pontos
Sugest ˜oes para a resoluc¸ ˜ao dos problemas
1. Dado um conjunto com
n
elementos, o n ´umeros de subconjuntos com trˆes elementos ´en(n − 1)(n − 2)
6
, que ´ e representado por n
3
. De facto, se escolhermos o primeiro elemento entre
n
, o segundo entren − 1
e o terceiro entren − 2
, constroem-sen(n − 1)(n − 2)
subconjuntos, sendo que cada subconjunto se repete3 × 2 = 6
vezes.O n ´umero total de triˆangulos e triˆangulos degenerados (aqueles em que o comprimento de um dos lados ´e igual `a soma dos comprimentos dos restantes dois) que se pode construir com v ´ertices nos pontos da figura ´e
10
3
= 120.
O n ´umero de triˆangulos degenerados que se pode construir com v ´ertices nos pontos da figura ´e igual a
5
3
+
4
3
+ 3 = 17.
Portanto, o n ´umero de triˆangulos (n ˜ao degenerados) que se pode construir com v ´ertices nos pontos da figura ´
e igual a
120 − 17 = 103
.2. Pelo Teorema do arco capaz, tem-se
A ˆ
CB = 180
o− A ˆ
EB = D ˆ
EB
logo,D ˆ
EB = A ˆ
CB
. Tamb ´emEB = CB
, pois s ˜ao cordas da circunferˆencia definidas por ˆangulos de igual amplitude.A
C E
B
D
Se
DE = AC
ent ˜ao os triˆangulos[EDB]
e[CAB]
s ˜ao congruentes, pois tˆem um ˆangulo igual e os dois lados que o definem iguais. Portanto,BD = AB
.Se
AB = BD
, ent ˜ao o triˆangulo[ABD]
e is ´´ osceles comB ˆ
AD = A ˆ
DB
e, consequentemente,C ˆ
AB = B ˆ
DE
. Portanto, os triˆangulos[EDB]
e[CAB]
s ˜ao congruentes e, consequentemente,DE = AC
.M + N = (7k + 1)M + N − 7kM = (d − 1)M + N − 7kM = S − 7kM
´e m ´ultiplo de
7
, logo, todos osN
is ˜ao m ´ultiplos de7
,i = 1, . . . , d
, ou seja,N
e amigo de´M
.Observe-se que dado um n ´umero
M
comd
algarismos existe um n ´umeroN
comd
algarismos tal queM
e´ amigo deN
. De facto, se se substituir um determinado algarismo deM
por cada um dos algarismos de0
a9
e se dividir os n ´umeros resultantes por sete, obtˆem-se todos os restos de0
a6
, pelo que, para um determinado algarismo, o n ´umero ser ´a m ´ultiplo de7
. Repetindo este processo para cada algarismo deM
, obt ´em-se um n ´umeroN
tal queM
e amigo de´N
.Suponha-se que ´e v ´alida a condic¸ ˜ao indicada para um n ´umero natural
d
. Escolha-seM
ded
algarismos tal queM
n ˜ao ´e m ´ultiplo de7
. SejaN
um n ´umero comd
algarismos tal queM
e amigo de´N
. Ent ˜ao,M + N
e´ m ´ultiplo de7
logo, a diferenc¸aS − (M + N ) = (d − 1)M + N − (M + N ) = (d − 2)M
tamb ´em ´e m ´ultipla de7
. Como7
e primo e´M
n ˜ao ´e m ´ultiplo de7
, ent ˜aod − 2
e m ´ultiplo de´7
, ou seja,d = 7k + 2
.Portanto, os valores de
d
para os quais ´e v ´alida a condic¸ ˜ao indicada s ˜ao os n ´umeros naturais da forma7k + 2
, parak
inteiro.XXVI OPM - Final - 2odia - 15.03.2008 - Categoria B
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Cada quest ˜ao vale 10 pontos
Sugest ˜oes para a resoluc¸ ˜ao dos problemas
4. A Telma consegue garantir pelo menos
32
euros. Para isso, apenas necessita de, em cada jogada, retirar os n ´umeros que est ˜ao numa posic¸ ˜ao par quando estes est ˜ao por ordem crescente. De facto, com esta estrat ´egia, a distˆancia m´ınima entre dois n ´umeros do conjunto ´e pelo menos duplicada em cada jogada, pelo que ao fim das cinco jogadas da Telma, esta distˆancia ´e no m´ınimo2
5= 32
.O Nelson consegue evitar pagar mais de
32
euros. Para isso, apenas necessita de, em cada jogada, retirar todos os n ´umeros do in´ıcio, ou todos os n ´umeros do final, ficando com aqueles cuja distˆancia m ´axima ´e menor. De facto, com esta estrat ´egia, a distˆancia m ´axima entre dois n ´umeros do conjunto ´e pelo menos dividida por dois em cada jogada, pelo que ao fim das cinco jogadas do Nelson, esta distˆancia ´e no m ´aximo1024/(2
5) = 32
.5. Comece-se por notar que
[AEB]
e is ´´ osceles, poisEM
e perpendicular a´AB
eM
e ponto m ´´ edio de[CB]
, logoE ˆ
AB = E ˆ
BA = 90
o− A ˆ
BD = A ˆ
DB
. B A C M D EPor outro lado,
D ˆ
M B + B ˆ
AD = 180
o, logo o quadril ´atero
[DM BA]
e c´ıclico e, consequentemente,´A ˆ
DB = A ˆ
M B
, ou seja,E ˆ
AB = A ˆ
M B
.O ponto
M
e o centro da circunferˆ´ encia circunscrita a[ABC]
, logo,AM = BM
eM ˆ
AB = A ˆ
BM = A ˆ
BC
. Assim,2A ˆ
BC + E ˆ
AB = 180
o. Mas os triˆangulos
[AEM ]
e[M CA]
s ˜ao semelhantes se e somente seAE
eCM
s ˜ao paralelas, ou seja,E ˆ
AB = A ˆ
BC
. Substituindo na equac¸ ˜ao acima vemA ˆ
BC = 60
o.
6. Sejam
a
1> a
2> a
3> . . . > a
nos n ´umeros de pedras dos diversos montes eS = a
1+ a
2+ a
3+ . . . + a
n.Por um lado,
S ≤ a
1+ (a
1− 1) + (a
1− 2) + . . . + (a
1− (n − 1)) =
(2a
1− (n − 1))n
2
.Por outro lado, se se distribui qualquer um dos montes pelos restantes
n − 1
montes, desde que n ˜ao se escolha o monte coma
1pedras, conclui-se queS ≥ (n − 1)a
1. Logo,(2a
1− (n − 1))n
2
≥ (n − 1)a
1⇒ a
1≥
(n − 1)n
2
e, consequentemente,S ≥
(n − 1)
2n
2
, ou seja,S =
(n − 1)
2n
2
+ k
,k ≥ 0
.Al ´em disso, como as
S
pedras podem ser distribu´ıdas porn − 1
montes com igual n ´umero de pedras e ainda porn − 2
montes com igual n ´umero de pedras,S
e divis´ıvel por´n − 1
e porn − 2
, ou seja, ´e divis´ıvel por(n − 1)(n − 2)
(visto quen − 1
en − 2
s ˜ao primos entre si).Considerem-se os dois casos seguintes:
•
Sejan
um n ´umero ´ımpar. Tem-seS =
(n − 1)
2n
2
+ k =
(n − 1)
2(n − 2)
2
+ (n − 1)(n − 2) + n − 1 + k, k ≥ 0.
spma
1≥
(n − 1)n
2
+ n − 3 =
(n − 2)(n + 3)
2
.
Al ´em disso, existe uma distribuic¸ ˜ao de pedras por
n
montes tal quea
1=
(n − 2)(n + 3)
2
eS =
(n − 1)
2n
2
+ (n − 4)n + 3 =
(n − 1)(n − 2)(n + 3)
2
que satisfaz as condic¸ ˜oes do enunciado. Basta observar que, para os valores de
a
1 eS
indicados, severificam as igualdades
S = (n − 1)a
1= (n − 2)
a
1+
n + 3
2
= na
1− a
1 ea
1=
(n + 1)n
2
− 3 =
(1 + 2 + . . . + n) − 3
e escolher a distribuic¸ ˜aoa
2= a
1− 1, a
3= a
1− 2, a
4= a
1− 4, a
5= a
1− 5, . . . a
n−1= a
1− (n − 1), , a
n= a
1− n.
Portanto, o menor valor poss´ıvel para
a
1e´(n − 2)(n + 3)
2
.•
Sejan = 2l
um n ´umero par. Tem-seS =
(n − 1)
2n
2
+ k =
n(n − 1)(n − 2)
2
+
n(n − 1)
2
+ k, k ≥ 0.
Como as duas primeiras parcelas da express ˜ao acima indicada s ˜ao divis´ıveis por
(n − 1)
,k
e divis´ıvel por´n − 1
, ou seja,k = m(n − 1)
para algumm ≥ 0
. Ent ˜aoS =
n(n − 1)(n − 2)
2
+
(n + 2m)(n − 1)
2
.
Como a primeira parcela da express ˜ao acima indicada ´e divis´ıvel por
(n − 1)(n − 2)
, tamb ´em a segunda parcela ´e divis´ıvel por(n − 1)(n − 2)
. Ent ˜aon + 2m
e divis´ıvel por´n − 2
. Em particular,n + 2m
2
≥ n − 2
,m ≥
n
2
− 2
,k ≥
(n − 1)(n − 4)
2
eS ≥
(n − 1)
2n
2
+
(n − 1)(n − 4)
2
=
(n − 1)(n
2− 4)
2
. Portanto,(2a
1− (n − 1))n
2
≥
(n − 1)(n
2− 4)
2
, logo,a
1≥
n
2− 4
2
−
n − 4
2n
, o que implica quea
1≥
n
2− 4
2
.Al ´em disso, existe uma distribuic¸ ˜ao de pedras por
n
montes tal quea
1=
n
2− 4
2
eS =
(n − 1)(n
2− 4)
2
que satisfaz as condic¸ ˜oes do enunciado. Basta observar que, para os valores de
a
1 eS
indicados,se verificam as igualdades
S = (n − 1)a
1= (n − 2)
a
1+
n + 2
2
= na
1− a
1 ea
1=
(n + 1)n
2
−
n − 4
2
= (1 + 2 + . . . + n) −
n − 4
2
e escolher a distribuic¸ ˜aoa
2= a
1−1, a
3= a
1−2, . . . , a
l−2= a
1−(l−3), a
l−1= a
1−(l−1), . . . , a
n−1= a
1−(n−1), a
n= a
1−n.
Portanto, o menor valor poss´ıvel para