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Otimização do modelo de propagação ITU-R P.1546 para TV digital over-the-air para sinais one-seg

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(1)

Universidade Federal Fluminense

Escola de Engenharia

Curso de Gradua¸

ao em Engenharia de

Telecomunica¸

oes

Henrique Bruno Ribeiro

Otimiza¸c˜

ao do modelo de propaga¸c˜

ao ITU-R P.1546

para TV digital over-the-air para sinais one-seg

Niter´

oi – RJ

2019

(2)

Henrique Bruno Ribeiro

Otimiza¸c˜ao do modelo de propaga¸c˜ao ITU-R P.1546 para TV Digital over-the-air para sinais one-seg

Trabalho de Conclus˜ao de Curso apresentado ao Curso de Gradua¸c˜ao em Engenharia de Teleco-munica¸c˜oes da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obten¸c˜ao do Grau de Engenheiro de Telecomunica¸c˜oes.

Orientador: Profa. Dra. Jacqueline Silva Pereira

Niter´oi – RJ 2019

(3)

ii .

(4)

Henrique Bruno Ribeiro

Otimiza¸c˜ao do modelo de propaga¸c˜ao ITU-R P.1546 para TV digital over-the-air para sinais one-seg

Trabalho de Conclus˜ao de Curso apresentado ao Curso de Gradua¸c˜ao em Engenharia de Teleco-munica¸c˜oes da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obten¸c˜ao do Grau de Engenheiro de Telecomunica¸c˜oes.

Aprovada em 11 de Julho de 2019.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dra. Jacqueline Silva Pereira - Orientador Universidade Federal Fluminese - UFF

Prof. Dra Leni Joaquim de Matos

Universidade Federal Fluminese - UFF

Prof. Dr. Pedro Vladimir Gonzalez Castellanos Universidade Federal Fluminese - UFF

Niter´oi – RJ 2019

(5)

iv

Resumo

No Brasil, a televis˜ao digital aberta ainda ´e um dos mais importantes meios de comunica¸c˜ao de massa, penetrando o interior do pa´ıs e alcan¸cando at´e cem milh˜oes de pessoas. Dada esta relevˆancia, as novas tecnologias e pr´oxima gera¸c˜ao de TV devem estar alinhadas `a excelˆencia t´ecnica de transmiss˜ao, para levar ao telespectador o melhor con-te´udo com a m´axima qualidade e alcance de cobertura. Nesta realidade, ´e imprescind´ıvel o correto dimensionamento das esta¸c˜oes por parte das emissoras de TV atrav´es de estudos de cobertura e de medi¸c˜oes em campo, amparados por modelos de predi¸c˜ao e abordagens computacionais. O objetivo deste trabalho ´e, a partir de medidas de potˆencia recebida em um dispositivo m´ovel, otimizar a aderˆencia do modelo ITU-R P.1546 para um relevo espec´ıfico e caracter´ıstico de uma zona densamente urbana.

Palavras-chave: ISDB-T. Televis˜ao Digital. Modelos de Propaga¸c˜ao. Predi¸c˜ao de Cobertura. Steepest Descent.

(6)

Abstract

In Brazil, open digital television is still one of the most important means of mass communication, penetrating the interior of the country and reaching up to one hundred million people. Given this relevance, the new technologies and next-generation TV must be aligned with the technical excellence of transmission, to bring to the viewer the best content with the maximum quality and coverage. In this reality, the correct dimensioning of the stations by the TV broadcasters through coverage studies and field measurements is essential, supported by prediction models and computational approaches. The objective of this work is, based on power measurements received in a mobile device, to optimize the adhesion of the ITU-R model P.1546 to a specific relief characteristic of a densely urban area.

Keywords: ISDB-T. Digital Television. Propagation Models. Coverage Prediction. Steepest Descent.

(7)

vi

A meus pais e ao Brasil, em nome da educa-¸c˜ao superior p´ublica gratuita e de qualidade.

(8)

Agradecimentos

A meus pais, sempre, por literalmente tudo. Sem a dedica¸c˜ao de vocˆes eu nada seria. N˜ao existe nada mais puro e profundo do que o amor no qual fui criado e a gratid˜ao que sinto desde o come¸co da minha vida. Qualquer m´erito ´e nosso m´erito. Amo vocˆes para todo o sempre.

A minha fam´ılia, por simplesmente existir na forma da funda¸c˜ao que me mant´em s˜ao. E quando falo em fam´ılia, incluo as amizades de uma vida inteira, que j´a duram mais de vinte anos (e contando).

A Ge´orgia Marques, pelo companheirismo, amor, compreens˜ao e carinho todos os dias, desde o in´ıcio desta hist´oria at´e a madrugada em que escrevo estes agradecimentos. Vocˆe ´e uma mulher brilhante e uma inspira¸c˜ao pessoal e profissional, que me faz sempre querer ser um Henrique melhor.

A Thiago Chequer, C´assio Francklin, Bruna Bernardes, Paula Woyames, aos ami-gos que trouxe da SmartTel Jr. e a todas as amizades que fiz ao longo dos ´ultimos cinco anos, mas que agora me sinto incapaz de listar. Sem vocˆes, eu teria surtado no primeiro semestre.

A Camilla Cintra, Francisco Peres, a toda a minha equipe de projetos de transmis-s˜ao da TV Globo e especialmente ao meu mentor, Christian Rodrigues, pelos ensinamentos de uma vida inteira dentro de um ano, pelo material que tornou este trabalho poss´ıvel e pela parceria di´aria.

A Jacqueline Pereira, minha orientadora, por ter aceitado o desafio deste tema, pelo aconselhamento e pela amizade durante anos de trabalho em conjunto.

Aos meus ´ıdolos, que me ensinaram que ser diferente e estranho ´e o que me faz forte.

E ao meu pa´ıs, que me deu mais do que um dia poderei retribuir. Acredito que dias melhores vir˜ao e a educa¸c˜ao voltar´a a ser prioridade.

(9)

Lista de Figuras

2.1 Distribui¸c˜ao dos 13 segmentos OFDM do padr˜ao ISDB-T. . . 6 2.2 Receptor exemplificativo do servi¸co One-Seg. . . 9 3.1 Esquem´atico simples de multipercurso, onde cada trajet´oria do sinal chega

com um atraso diferente. . . 11 3.2 Distribui¸c˜oes de Rice (em azul), Rayleigh (em vermelho) e Normal (em

verde). . . 12 3.3 Curvas para diferentes h1 presentes na ITU-R P.1546, referentes `a frequˆ

en-cia de 600 MHz, trajeto terrestre e 50% do tempo, E.R.P de 1kW. . . 15 3.4 Rela¸c˜ao entre a altura efetiva h1 ou hef f e a HSNMT. . . 17

4.1 Recorte para download do relevo da ´area de interesse atrav´es da plataforma OpenTopography [21]. . . 24 4.2 Localiza¸c˜ao do site transmissor pelo Google MapsTM. . . 25 4.3 Relevo nos arredores do transmissor e da ´area onde o drive test foi realizado

segundo o Google EarthTM. . . 25 4.4 Relevo baixado da OpenTopography georreferenciado e sobreposto ao

Goo-gle EarthTM. . . 26 4.5 Site alugado pela Rede Globo para esta¸c˜ao retransmissora de TV, a Igreja

Nossa Senhora da Penna. . . 27 4.6 Diagrama Horizontal da antena transmissora. . . 28 4.7 Diagrama Vertical da antena transmissora. . . 28 4.8 Path Profile em rela¸c˜ao a um primeiro ponto a noroeste do transmissor. . . 29 4.9 Path Profile em rela¸c˜ao a um segundo ponto a noroeste do transmissor. . . 29 4.10 Path Profile em rela¸c˜ao a um primeiro ponto a sudoeste do transmissor. . . 30 4.11 Path Profile em rela¸c˜ao a um segundo ponto a sudoeste do transmissor. . . 30

(10)

4.12 Path Profile em rela¸c˜ao a um ponto a leste do transmissor. . . 31 4.13 Diagrama em blocos do sistema utilizado para as medi¸c˜oes. . . 32 4.14 Sobreposi¸c˜ao em plataforma de GIS (Geographic Information System) do

mapa-base da regi˜ao, da camada de relevo (em tons de cinza) e os pontos de medi¸c˜ao. . . 33 4.15 Amostras coletadas na campanha de medi¸c˜oes na regi˜ao de Jacarepagu´a.

M´edia µ = -69.46 dBm e desvio padr˜ao σ = 11.25 dB. . . 34 5.1 Valores de MSE como fun¸c˜ao das itera¸c˜oes feitas pelo algoritmo de otimiza¸c˜ao. 39 5.2 Curvas de predi¸c˜ao de campo el´etrico para e.r.p. de 1 kW para 600 MHz e

50% do tempo em fun¸c˜ao da distˆancia em km do ponto transmissor segundo a ITU P.1546, plotadas via MATLAB. . . 40 5.3 Curvas de campo el´etrico predito para 563.142857 MHz e 1 kW de e.r.p.

em fun¸c˜ao da distˆancia em km do ponto transmissor ap´os interpola¸c˜oes segundo a ITU P.1546, plotadas via MATLAB. . . 42 5.4 Curvas de campo el´etrico predito plotadas via MATLAB para 563.142857

MHz e 1 kW de e.r.p. em fun¸c˜ao da distˆancia em km do ponto transmis-sor ap´os interpola¸c˜oes segundo a ITU P.1546 e processo de otimiza¸c˜ao de coeficientes, descrito no Cap´ıtulo 5. . . 43

(11)

x

Lista de Tabelas

5.1 Avalia¸c˜ao da melhoria no campo el´etrico predito atrav´es dos Erros M´edios antes e depois da otimiza¸c˜ao. . . 39 5.2 Compara¸c˜ao das constantes tabeladas pela recomenda¸c˜ao ITU-R P.1546 e

(12)

Sum´

ario

Resumo iv Abstract v Agradecimentos vii Lista de Figuras ix Lista de Tabelas x 1 Introdu¸c˜ao 1

2 Sistemas de Televis˜ao Digital 4

2.1 Padr˜oes de TV Digital . . . 4

2.1.1 O padr˜ao ATSC . . . 4

2.1.2 O padr˜ao DVB-T . . . 5

2.1.3 O padr˜ao ISDB-T . . . 6

2.2 Hist´orico da TV Digital no Brasil . . . 8

3 Considera¸c˜oes Te´oricas 10 3.1 Efeitos de propaga¸c˜ao para dispositivos m´oveis . . . 10

3.1.1 Multipercurso . . . 10

3.2 O modelo de predi¸c˜ao ITU-R P.1546 . . . 13

3.2.1 Base Tabular . . . 13

3.2.2 Variabilidade Local e Variabilidade Temporal . . . 16

3.2.3 Altura Efetiva da Antena Transmissora . . . 17

3.2.4 Outras Interpola¸c˜oes . . . 18

3.2.5 Corre¸c˜ao de antena receptora . . . 18 xi

(13)

xii

3.2.6 Corre¸c˜ao de ´area suburbana . . . 19

3.2.7 Equa¸c˜oes do modelo . . . 19

3.3 Convers˜ao de potˆencia para campo el´etrico . . . 21

4 Considera¸c˜oes Emp´ıricas 23 4.1 Caracter´ısticas Geogr´aficas . . . 23

4.2 Descri¸c˜ao do ponto de transmiss˜ao . . . 26

4.3 Drive Test e Setup para as Medi¸c˜oes . . . 31

4.4 Recorte da Campanha de Medi¸c˜oes . . . 32

5 Otimiza¸c˜ao dos Parˆametros 35 5.1 Problema Geral de Otimiza¸c˜ao . . . 35

5.1.1 Erro Quadr´atico M´edio . . . 36

5.2 M´etodo de M´axima Descida . . . 36

5.2.1 Implementa¸c˜ao no MATLAB . . . 37

5.3 Resultados . . . 38

6 Conclus˜oes e Considera¸c˜oes Finais 44

(14)

Cap´ıtulo 1

Introdu¸

ao

A mudan¸ca nos h´abitos de consumo trazidas pela revolu¸c˜ao broadband se reflete na corrente transforma¸c˜ao dos servi¸cos de telecomunica¸c˜oes. O consumidor est´a cada vez mais adepto ao m´ovel e ao uso de diferentes dispositivos e tamanhos de tela para ter acesso ao conte´udo demandado. Em particular, o mercado de televis˜ao se encontra em um vi´es de radical evolu¸c˜ao, buscando, ao mesmo tempo, alcan¸car o indiv´ıduo que se encontra isolado (geogr´afica ou socialmente) e ser flex´ıvel, sendo relevante em mais de uma plataforma de distribui¸c˜ao de conte´udo.

Mesmo existindo em paralelo e competindo por audiˆencia com a m´ıdia OTT (Over-The-Top, ou a distribui¸c˜ao digital de conte´udo de televis˜ao por meio da internet), a maior parte do alcance nacional dos players do mercado de TV ainda se d´a atrav´es da cobertura terrestre e via sat´elite [1]. Com o processo do desligamento da TV Anal´ogica e a libera-¸c˜ao do espectro previamente utilizado, a TV Digital se torna um recurso absoluto para o broadcast de conte´udo. Esta coexistˆencia competitiva motiva as grandes empresas res-pons´aveis pelos servi¸cos tradicionais de televis˜ao a buscar e desenvolver novas tecnologias que mantenham sua audiˆencia interessada. ´E esperado para as novas gera¸c˜oes de TV a melhoria na qualidade do conte´udo oferecido, com o aumento das taxas, possibilitando a transmiss˜ao de conte´udos em 4K, HDR ou at´e o 8K sem comprometer a disponibilidade [2].

Para a instala¸c˜ao de esta¸c˜oes transmissoras de TV digital, ´e necess´ario fazer um estudo de cobertura espec´ıfico para a regi˜ao e apresent´a-lo `a Anatel. No surgimento do Plano B´asico de TV Digital (PBTVD), documento de referˆencia para implanta¸c˜ao do sis-tema nacional de televis˜ao digital, muitos estudos foram feitos a fim de otimizar o sistema

(15)

2 a ser implantado, conforme as caracter´ısticas brasileiras. Assim, Anatel e Minist´erio das Comunica¸c˜oes estabeleceram potˆencias adequadas para coberturas equipar´aveis `a antiga realidade anal´ogica, sem causar interferˆencias com sistemas adjacentes. Para executar tais estudos que definiram os parˆametros de cobertura discutidos, foram analisados diversos modelos de propaga¸c˜ao e predi¸c˜ao de cobertura r´adio [3].

Neste trabalho, toda a discuss˜ao ser´a feita acerca de um destes modelos: o ITU-R P.1546 [4]. Este m´etodo ponto-´area, adotado pela Anatel, ´e recomendado para predi¸c˜ao em VHF e UHF e calcula a intensidade do campo el´etrico a uma dada distˆancia da antena transmissora. O modelo, que ser´a discutido com mais detalhes nas se¸c˜oes de desenvolvimento, ´e semi-emp´ırico, mesclando teoria e dados estat´ısticos derivados de medi¸c˜oes, por´em, este modelo conta com equa¸c˜oes cujos parˆametros foram inicialmente ajustados a partir de medidas coletadas nos Estados Unidos e Europa. Desta forma, faz-se relevante uma an´alise local para territ´orio brasileiro, aplicado `a realidade pr´atica e fazendo uso de dados coletados in loco via drive test. Mais detalhes acerca deste modelo de propaga¸c˜ao ser˜ao expostos em cap´ıtulos seguintes deste trabalho.

O cerne do projeto ´e atingido ao utilizarmos a parte emp´ırica do modelo para sintonizar a parte te´orica, otimizando os parˆametros atrav´es da minimiza¸c˜ao de uma fun¸c˜ao de Erro Quadr´atico M´edio (MSE) [5]. O primeiro e mais simples m´etodo de otimiza¸c˜ao num´erica ´e o m´etodo de M´axima Descida, ou Steepest Descent [25], que consiste em acompanhar a varia¸c˜ao (derivada num´erica) estudando a dire¸c˜ao (inversa) do gradiente da fun¸c˜ao a cada itera¸c˜ao. Outras abordagens s˜ao poss´ıveis, nas quais a convergˆencia ´e mais r´apida. Um exemplo destes algoritmos ´e o de Gauss-Newton [6], uma modifica¸c˜ao do m´etodo de Newton original que pode alcan¸car uma taxa de convergˆencia quadr´atica.

Com a minimiza¸c˜ao dos erros de predi¸c˜ao a partir dos pontos medidos na ´area em quest˜ao, os parˆametros ´otimos devolvidos pelo algoritmo deste trabalho, ao serem plugados na ITU-R P.1546, tornam-se boas referˆencias para replicar este c´alculo para ´

areas geograficamente similares. O pol´ıgono georreferenciado considerado neste estudo cont´em relevo razoavelmente acentuado, vegeta¸c˜ao urbana, alta densidade populacional e tem, em suas proximidades, o populoso bairro da Cidade de Deus, onde se encontra uma das maiores e mais violentas comunidades do Rio de Janeiro, e os Est´udios Globo. Desta forma, torna-se relevante a execu¸c˜ao do estudo de cobertura m´ovel para este tipo de ambiente, t˜ao espec´ıfico e que sintetiza diversas caracter´ısticas e peculiaridades de

(16)

ambientes urbanos complexos, como ocorre em cidades como Rio de Janeiro e S˜ao Paulo. Introdutoriamente, este trabalho est´a organizado da seguinte maneira:

No Cap´ıtulo 1, foi apresentada uma breve introdu¸c˜ao `a motiva¸c˜ao e ao que o trabalho se prop˜oe a executar e apresentar.

No Cap´ıtulo 2, ser´a apresentado um breve overview dos trˆes principais padr˜oes de Televis˜ao Digital do mundo, numa vis˜ao de sistema. No final, ser´a dado um enfoque maior no padr˜ao brasileiro, uma adapta¸c˜ao do japonˆes, e seu hist´orico de implanta¸c˜ao.

No Cap´ıtulo 3, ´e apresentado o modelo de predi¸c˜ao de cobertura ponto-multiponto ITU-R P.1546 em todos os detalhes necess´arios para a implementa¸c˜ao computacional dos c´alculos feitos neste trabalho. Antes disso, s˜ao discutidos alguns dos efeitos de propaga¸c˜ao para dispositivos m´oveis que geram incertezas estat´ısticas e buscam justificar a preferˆencia por modelos semi-emp´ıricos em contraponto ao c´alculo anal´ıtico. Tamb´em ´e mostrada a teoria da convers˜ao de potˆencia recebida para campo el´etrico, grandeza utilizada de ponta a ponta neste texto. E importante destacar que, neste cap´ıtulo, s˜´ ao descritas algumas corre¸c˜oes e interpola¸c˜oes cruciais a serem feitas no momento da consulta do campo predito, ap´os a gera¸c˜ao das curvas.

O Cap´ıtulo 4 detalha o ambiente de Jacarepagu´a onde foram realizadas as medi¸c˜oes, o setup utilizado para o drive test, a descri¸c˜ao da esta¸c˜ao transmissora e a origem dos dados de relevo utilizados para fazer os c´alculos.

O Cap´ıtulo 5 discute a forma que se d´a a otimiza¸c˜ao do vetor de parˆametros que geram as equa¸c˜oes de predi¸c˜ao de campo el´etrico. No in´ıcio, o problema geral de otimiza¸c˜ao ´e apresentado e, na sequˆencia, ´e feita a particulariza¸c˜ao para o m´etodo utilizado neste trabalho, o m´etodo de M´axima Descida. Neste cap´ıtulo, tamb´em ´e mostrada, de forma simplificada, a implementa¸c˜ao dos c´odigos no MATLAB utilizados para fazer os c´alculos numericamente. Ao final do cap´ıtulo, s˜ao mostrados os resultados dos scripts e a discuss˜ao do que foi observado.

O Cap´ıtulo 6 concentra as considera¸c˜oes finais e sugest˜oes para projetos futuros, fechando o trabalho.

(17)

Cap´ıtulo 2

Sistemas de Televis˜

ao Digital

2.1

Padr˜

oes de TV Digital

O uso de padr˜oes (standards) em sistemas de transmiss˜ao de TV ´e fundamental para a difus˜ao e populariza¸c˜ao da tecnologia. ´E preciso que o consumidor possa comprar um receptor ou conversor de qualquer fabricante, sabendo que conseguir´a assistir `a pro-grama¸c˜ao de todas as emissoras, sem problemas de compatibilidade. Ao redor do mundo, trˆes principais padr˜oes de TV Digital se desenvolveram e se difundiram pelos mercados, cada um com suas caracter´ısticas e necessidades tecnol´ogicas.

As estruturas dos sistemas de TV Digital s˜ao baseadas em um modelo ITU [7] desenvolvido em cinco camadas principais:

• Aplica¸c˜ao, respons´avel por suportar aplicativos e a Experiˆencia do Usu´ario;

• Middleware, permitindo que as aplica¸c˜oes sejam executadas independentes do hard-ware;

• Compress˜ao, onde ocorre a compress˜ao e descompress˜ao dos sinais de ´audio e v´ıdeo; • Transporte, onde ´e realizada a multiplexa¸c˜ao e demultiplexa¸c˜ao dos sinais;

• Transmiss˜ao, onde ocorrem modula¸c˜ao e demodula¸c˜ao, codifica¸c˜ao e decodifica¸c˜ao.

2.1.1

O padr˜

ao ATSC

Padr˜ao americano de TV Digital, o ATSC [8] (ou Advanced Television System Comitee) foi desenvolvido a partir do in´ıcio dos anos 90 e implantado em 1998, nos Estados

(18)

Unidos. O ATSC foi concebido como um sistema inteiramente digital para substituir o NTSC utilizando a mesma largura de banda deste padr˜ao anal´ogico. Desta forma, foram desenvolvidas t´ecnicas de compress˜ao de ´audio e v´ıdeo, modula¸c˜ao digital e um middleware adequado. O sistema tem como principal caracter´ıstica o fato de ser monoportadora com modula¸c˜ao de 8 n´ıveis na vers˜ao 8VSB (8-Vestigial Sideband ), ocupando os mesmos 6 MHz de banda utilizados na transmiss˜ao anal´ogica [9].

A compress˜ao do sinal de v´ıdeo ´e feita atrav´es do sistema MPEG2 e a compress˜ao de ´

audio com base no padr˜ao Dolby AC-3, o mesmo utilizado na tecnologia do DVD. O v´ıdeo comprimido somado aos canais de som comprimidos e ao canal de dados complementares s˜ao multiplexados e formam o feixe digital de taxa de bits constante, tamb´em chamado de BTS (Broadcast Transport Stream), de 19,39 Mbps [9].

O ATSC pode ser dividido em ATSC-T, para a transmiss˜ao terrestre, ATSC-C, para a transmiss˜ao via cabo e ATSC-S, para a transmiss˜ao via sat´elite. Respectivamente, s˜ao usadas as modula¸c˜oes 8VSB, 64QAM e QPSK. Quanto ao formato de tela e resolu¸c˜ao de imagem, o padr˜ao suporta resolu¸c˜oes de at´e 1920x1080 pixels, privilegiando a televis˜ao de alta defini¸c˜ao HDTV. Podem ser utilizados desde um at´e seis canais de ´audio.

2.1.2

O padr˜

ao DVB-T

O Digital Video Broadcasting - Terrestrial [10], sistema europeu de televis˜ao digital, teve os seus principais parˆametros definidos em junho de 1996 na vers˜ao Standard e na vers˜ao HDTV da TV Digital. Na ´epoca, os europeus optaram por implantar a vers˜ao Standard, que permitia mais de um canal de TV Digital em cada banda de 8 MHz (padr˜ao europeu). J´a em 1998, o padr˜ao HDTV teve a sua introdu¸c˜ao no mercado mundial.

O padr˜ao DVB-T se diferencia do ATSC fundamentalmente no m´etodo de modu-la¸c˜ao empregado: o ATSC utiliza um m´etodo de monoportadora modulada em amplitude com banda lateral vestigial (8VSB), enquanto o DVB-T ´e de multiportadora moduladas em QPSK, 16QAM ou 64QAM e multiplexadas por divis˜ao de frequˆencia (FDM). Esse m´etodo de modula¸c˜ao ´e conhecido por Coded Orthogonal Frequency Multiplex (COFDM) [11] onde coded indica que o sinal digital, antes de ingressar no modulador OFDM, ´e codificado por c´odigos corretores de erro que aumentam, significativamente, a robustez do sinal digital frente `as interferˆencias do meio de transmiss˜ao (o canal de r´adio). As taxas de transmiss˜ao variam de 5 a 31,7 Mbit/s, dependendo dos parˆametros utilizados

(19)

6 na codifica¸c˜ao e modula¸c˜ao do sinal. O sinal de v´ıdeo e a multiplexa¸c˜ao s˜ao baseados na compress˜ao MPEG-2 v´ıdeo, e a compress˜ao de ´audio ´e feita com MPEG-2 BC [9].

2.1.3

O padr˜

ao ISDB-T

O sistema japonˆes ISDB-T, ou Integrated Services Digital Broadcasting - Terres-trial ´e uma evolu¸c˜ao do sistema DVB-T, usando o mesmo sistema de multiportadoras, modula¸c˜ao OFDM e inser¸c˜ao de intervalo de guarda. O padr˜ao ISDB possui trˆes modos de multiportadoras: 2K, 4K e 8K. Uma inova¸c˜ao deste sistema ´e a segmenta¸c˜ao de banda que divide a largura de 6MHz do canal (5.6 MHz + banda de guarda) em 13 segmentos mostrados na figura 2.1 e, conforme o tipo de transmiss˜ao escolhida, utiliza um ou mais segmentos para cada camada, com a possibilidade de transmitir at´e trˆes feixes de dados simultˆaneos com modula¸c˜oes diferentes entre si [12].

Figura 2.1: Distribui¸c˜ao dos 13 segmentos OFDM do padr˜ao ISDB-T.

Na modula¸c˜ao OFDM (Orthogonal Frequency Division Multiplex ), as subportado-ras formam um conjunto de fun¸c˜oes ortogonais entre si, ou seja, a integral do produto entre duas quaisquer destas fun¸c˜oes dentro do intervalo de um s´ımbolo ´e nula. ´E essa ortogonalidade que garante que a interferˆencia intersimb´olica nas frequˆencias das subpor-tadoras seja nula e que a banda ocupada pelo sinal modulado de OFDM seja a menor poss´ıvel, possibilitando que o sinal modulado em OFDM caiba dentro do canal de 6MHz de banda da TV Digital [11].

(20)

adicionado antes da transmiss˜ao de cada s´ımbolo. Esta banda de guarda tem por fun¸c˜ao eliminar ou diminuir, significativamente, a interferˆencia entre s´ımbolos quando o sinal interferente ´e um eco do sinal principal, mas o valor de atraso sofrido por este eco ´e menor que o valor da banda de guarda. Esses ecos s˜ao produzidos por reflex˜oes do sinal principal em obst´aculos existentes no espa¸co entre o transmissor e o receptor [9].

O sistema ISDB-T pode ser dividido em trˆes est´agios proeminentes: remultiplexa-¸c˜ao, codifica¸c˜ao de canal externa/interna e modula¸c˜ao [12].

O remultiplexador recebe trˆes TS (Transport Stream) MPEG-2 [13], contendo infor-ma¸c˜oes multiplexadas e comprimidas de v´ıdeo, ´audio e dados e agrupa-os em um ´unico TS MPEG-2, um pacote TSP (Transport Stream Packet ), cujo tamanho varia com o intervalo de guarda utilizado. As entradas s˜ao denominadas de camadas A, B e C. Na transmiss˜ao hier´arquica, essas camadas s˜ao utilizadas realizando-se atribui¸c˜oes aos 13 segmentos de radiofrequˆencia para cada feixe de dados das camadas.

O est´agio de codifica¸c˜ao ´e dividido por um bloco de codifica¸c˜ao externa e interna. A codifica¸c˜ao externa ´e fixa, formada por um aleatorizador de dados e um codificador Reed Solomon [14] com entrela¸cador de bytes. O est´agio de codifica¸c˜ao interna ´e flex´ıvel, formado pelo codificador convolucional de taxa-m˜ae 1/2 com ajuste de puncionamento para 1/2, 2/3, 3/4, 5/6, 7/8 com entrela¸camento de bits e s´ımbolos [12].

O primeiro est´agio de modula¸c˜ao ´e formado por uma modula¸c˜ao prim´aria que pode ser escolhida, basicamente, entre QPSK, 16-QAM ou 64-QAM. As camadas A, B e C s˜ao combinadas e entrela¸cadas no tempo (100, 200 ou 400ms) e em frequˆencia por um algoritmo aleatorizador. Uma estrutura de sincronismo ´e adicionada com a inser¸c˜ao de pilotos de referˆencia, sinaliza¸c˜ao e controle. O segundo est´agio de modula¸c˜ao ´e formado por um modulador OFDM que opera com IFFT de tamanho 2k, 4k ou 8k. Na sa´ıda do modulador OFDM, ´e adicionado um prefixo c´ıclico que garante a robustez do sistema contra interferˆencia intersimb´olica. Os sinais s˜ao convertidos para anal´ogico em banda b´asica de 6 MHz na frequˆencia central de 37,15 MHz [12].

Segundo [15], uma autoridade japonesa presente na inaugura¸c˜ao da TV Digital Brasileira (02/12/2007, em S˜ao Paulo) fez o coment´ario: “O Brasil melhorou o nosso sistema de TV Digital”.

(21)

8

2.2

Hist´

orico da TV Digital no Brasil

O padr˜ao de TV Digital adotado no Brasil e em mais dez pa´ıses da Am´erica Latina ´e o ISDB-Tb (onde o b aponta as modifica¸c˜oes feitas pela engenharia brasileira), tamb´em conhecido como Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD). O padr˜ao est´a descrito em muitos detalhes nas publica¸c˜oes ABNT correspondentes [12], a partir da NBR 15601. Ainda de acordo com [15], o padr˜ao SBTVD foi desenvolvido por um grupo de estudo coordenado pelo Minist´erio das Comunica¸c˜oes brasileiro, liderado pela Anatel (Agˆencia Nacional de Telecomunica¸c˜oes) com suporte t´ecnico do CPqD (Centro de Pesquisas e De-senvolvimento em Telecomunica¸c˜oes), e composto por membros de outros 10 minist´erios, pelo Instituto Nacional de Tecnologia da Informa¸c˜ao (ITI), universidades e institutos de pesquisa brasileiros, associa¸c˜oes e organiza¸c˜oes de profissionais de radiodifus˜ao e fabrican-tes de produtos eletroeletrˆonicos.

Apresentado formalmente em 2005, o SBTVD tem suas ra´ızes no padr˜ao japonˆes ISDB-T. As caracter´ısticas de modula¸c˜ao, transmiss˜ao hier´arquica, robustez a multiper-cursos e tudo que se relaciona com radiofrequˆencia, foi originado no ISDB-T. A diferen¸ca entre eles se deve, principalmente, pelo emprego da compress˜ao de v´ıdeo MPEG-4 AVC (H.264) e HE-AAC v2 para o ´audio, exibi¸c˜ao da imagem para dispositivos port´ateis em 30 quadros por segundo (no ISDB-T japonˆes s˜ao apenas 15) e suporte `a interatividade usando o middleware (software intermedi´ario entre hardware da TV e aplicativos) cha-mado “Ginga”, composto pelos m´odulos Ginga-NCL e Ginga-J e desenvolvido por univer-sidades brasileiras [16]. Em Janeiro de 2009, o grupo de trabalho Brasil-Jap˜ao para TV digital finalizou e publicou uma documenta¸c˜ao harmonizando as especifica¸c˜oes dos padr˜oes ISDB-T puro e SBTVD, resultando numa especifica¸c˜ao chamada agora de ”ISDB-T Inter-nacional”. ´E esse padr˜ao de TV digital que foi proposto pelo Jap˜ao e Brasil para os demais pa´ıses latino-americanos e para quaisquer outros pa´ıses interessados em implementar TV digital.

O padr˜ao tamb´em permite escolher o n´umero total de portadoras e o intervalo de guarda, assim como no padr˜ao japonˆes. Cada camada pode conter v´arios v´ıdeos, permitindo, assim, a multiprograma¸c˜ao em um ´unico canal de 6 MHz de banda [17]. No Brasil, em geral, as emissoras das grandes redes tˆem utilizado, em apenas um canal, um v´ıdeo em alta defini¸c˜ao e um servi¸co para recep¸c˜ao em terminais port´ateis ou telefones celulares. O servi¸co para recep¸c˜ao port´atil utiliza o segmento central e pode ser submetido

(22)

ao processo de entrela¸camento de frequˆencia, sem o envolvimento das demais por¸c˜oes do espectro de radiodifus˜ao. Esta t´ecnica se chama recep¸c˜ao parcial e d´a origem ao servi¸co de um segmento ou 1-SEG/One-Seg/wansegu. Na figura 2.2, pode-se ver um receptor do servi¸co m´ovel de TV Digital em one-seg. Hoje, a mesma tecnologia est´a embutida em alguns modelos de smartphones.

Figura 2.2: Receptor exemplificativo do servi¸co One-Seg.

Outra caracter´ıstica brasileira relevante ´e o fato de que, tanto a recep¸c˜ao m´ovel quanto a fixa, s˜ao totalmente abertas e gratuitas. No caso do DVB-T, por exemplo, a recep¸c˜ao m´ovel ´e tarifada pelas operadoras de telefonia celular.

A primeira transmiss˜ao de TV Digital no Brasil ocorreu em dezembro de 2007, na cidade de S˜ao Paulo [15]. Hoje, a expans˜ao da TV Digital no Brasil se d´a pelos switch-offs dos transmissores de TV anal´ogica, segundo determinado pela Anatel, at´e 2023. O grande desafio ´e o investimento em estrutura digital no interior do chamado Brasil Profundo, onde o retorno sobre investimento ´e baix´ıssimo, vistos os dados de popula¸c˜ao consumidora nestas regi˜oes. As emissoras trabalham em conjunto para, mesmo `as v´esperas da chegada do 5G e da TV 3.0, entregar ao consumidor o sinal digital e gratuito, de acordo com o que foi estabelecido junto aos ´org˜aos regulat´orios [18].

(23)

Cap´ıtulo 3

Considera¸

oes Te´

oricas

3.1

Efeitos de propaga¸

ao para dispositivos m´

oveis

O canal r´adio m´ovel possui natureza aleat´oria e seletiva em frequˆencia, o que torna sua modelagem uma tarefa complexa. Para isto, ´e preciso considerar os efeitos de propaga¸c˜ao respons´aveis pelas varia¸c˜oes do n´ıvel de sinal one-seg recebido em rela¸c˜ao a uma potˆencia mediana de referˆencia, transmitida atrav´es dos principais mecanismos de propaga¸c˜ao. Dentre os mecanismos de propaga¸c˜ao eletromagn´etica mais relevantes para o canal de r´adio, podemos citar trˆes: dispers˜ao, reflex˜ao e difra¸c˜ao. J´a como os efeitos, devemos considerar principalmente o sombreamento, causa da flutua¸c˜ao do n´ıvel de sinal com a distˆancia devido `a presen¸ca de obstru¸c˜oes que bloqueiam a passagem do sinal (criando ´areas de sombra) e o multipercurso, que ser´a discutido a seguir [3].

3.1.1

Multipercurso

Em sistemas m´oveis, tanto a faixa de frequˆencias empregada, quanto o ambiente de propaga¸c˜ao ou o pr´oprio deslocamento do equipamento de usu´ario fazem com que o sinal recebido resultante seja composto por ondas que percorrem diferentes caminhos entre transmissor e receptor, dados os diferentes mecanismos de propaga¸c˜ao citados ante-riormente. Ambientes urbanos e populosos, por exemplo, apresentam grandes obst´aculos devido aos quais a onda eletromagn´etica pode sofrer reflex˜ao, difra¸c˜ao ou dispers˜ao. O receptor m´ovel deve ser modelado como estando imerso nas obstru¸c˜oes (pr´edios, outdoors, carros), recebendo uma grande maioria de raios originados a partir de reflex˜ao e difra¸c˜ao (e, em eventuais situa¸c˜oes de visibilidade, alguns raios diretamente do transmissor). A

(24)

mobilidade do equipamento de usu´ario faz com que diferentes combina¸c˜oes de ondas pro-pagantes sejam recebidas a cada instante. Deslocamentos de curta distˆancia provocam varia¸c˜oes de fase dos sinais, a exemplo da figura 3.1, alterando o potencial destrutivo das interferˆencias de multipercurso. As flutua¸c˜oes r´apidas no n´ıvel de sinal recebido devidas ao multipercurso s˜ao chamadas de desvanecimento em pequena escala [3].

O desvanecimento em pequena escala ocorre entre distˆancias em torno de meio comprimento de onda, e pode ocorrer devido `a varia¸c˜ao espacial do equipamento do usu´ a-rio ou, possivelmente, das obstru¸c˜oes pr´oximas ao receptor. Como cada componente do multipercurso viaja por um comprimento diferente, o sinal recebido ´e composto por um conjunto de sinais com retardos m´utuos relativos, sofrendo espalhamento temporal. Em sistemas digitais, este efeito provoca interferˆencia entre s´ımbolos, ou IES, limitando a taxa m´axima de s´ımbolos que pode ser utilizada no canal [3].

Figura 3.1: Esquem´atico simples de multipercurso, onde cada trajet´oria do sinal chega com um atraso diferente.

Uma distribui¸c˜ao apropriada para o caso onde o terminal m´ovel apenas recebe componentes de multipercurso (sem que haja uma componente de visada direta, com amplitude destacada) ´e a distribui¸c˜ao Rayleigh [3]. Sua fun¸c˜ao densidade de probabilidade (f.d.p.) ´e descrita pela equa¸c˜ao (3.1):

pRayleigh(r) =

r

σ2exp(−

r2

2σ) (3.1)

Para as situa¸c˜oes onde o equipamento de usu´ario recebe tamb´em uma componente em visibilidade, isto ´e, a componente dominante do sinal recebido ´e estacion´aria, a distri-bui¸c˜ao Rice [3] ´e a mais adequada. Esta fun¸c˜ao densidade de probabilidade ´e dada pela

(25)

12 equa¸c˜ao (3.2): pRice(r) = r σ2exp(− r2+ r2 s 2σ )I0( rrs σ2 ) (3.2) onde:

I0(x) = fun¸c˜ao de Bessel modificada de primeira esp´ecie

rs= parˆametro relativo `a amplitude da componente em visibilidade

σ = desvio padr˜ao das componentes do sinal

A distribui¸c˜ao Rice acompanha um fator K que relaciona a potˆencia da componente em visibilidade com a potˆencia das componentes de multipercurso. O chamado Fator de Rice ´e caracterizado pela equa¸c˜ao (3.3):

K = 10log r

2

2σ2 [dB] (3.3)

Podemos observar que, se o valor de K ´e pequeno, indica que a contribui¸c˜ao da componente em visibilidade ´e pequena, assemelhando-se ao conceito da distribui¸c˜ao Ray-leigh. Por outro lado, se K ´e grande, a contribui¸c˜ao da componente em visibilidade torna o multipercurso quase desprez´ıvel, e a distribui¸c˜ao tende a ser Normal [5]. As trˆes distri-bui¸c˜oes s˜ao mostradas na figura 3.2 [19], onde o fator K vai crescendo conforme o valor do eixo das abscissas (utilizando a fun¸c˜ao linspace do MATLAB) aumenta.

(26)

Na realidade pr´atica deste trabalho, bem como na maioria dos casos complexos de interesse, o ambiente de propaga¸c˜ao apresenta constru¸c˜oes aleatoriamente distribu´ıdas, vegeta¸c˜ao e topografia diversificada. Ainda que o c´alculo do path loss possa ser realizado com enorme grau de complexidade, grande poder computacional e precis˜ao limitada, ´e dada a preferˆencia para modelagens semi-emp´ıricas como a da recomenda¸c˜ao ITU P.1546. M´etodos desta natureza fornecem a perda mediana do percurso em fun¸c˜ao de dados de entrada, como a frequˆencia do enlace, distˆancia de propaga¸c˜ao, caracter´ısticas das antenas, dados de relevo e cluster de urbaniza¸c˜ao.

3.2

O modelo de predi¸

ao ITU-R P.1546

Todo este trabalho tem sua referˆencia na recomenda¸c˜ao ITU-R P.1546-1, inicial-mente publicada em 2003. A norma recebeu diversas outras vers˜oes, estando hoje em vigor a 5a, publicada em 2013. A vers˜ao de 2003 trazia o m´etodo e equa¸c˜oes para c´alculo

dos parˆametros pass´ıveis de otimiza¸c˜ao, alvo deste estudo. Em vers˜oes seguintes, todo este processo fora omitido. Desde a publica¸c˜ao inicial, v´arios itens foram e continuam sendo questionados, como alturas efetivas, utiliza¸c˜ao em enlaces curtos e as corre¸c˜oes para terrenos mistos, por´em, a 1546 representa a jun¸c˜ao de muitas outras contribui¸c˜oes, como a ITU-R P.370, ITU-R P.528, ITU-R P. 1411 e a ITU-R P.341.

As recomenda¸c˜oes ITU buscam fornecer t´ecnicas eficazes no planejamento de co-bertura de forma semi-emp´ırica. A ITU-R P.1546 oferece um m´etodo ponto-multiponto para c´alculo da intensidade de campo el´etrico recebido para frequˆencias de 30 MHz a 3 GHz abrangendo distˆancias entre 1 km e 1000 km, aplicada `as porcentagens de tempo entre 1% e 50%, apresentando curvas de 10 m at´e 1200 m de altura efetiva de transmiss˜ao e outros parˆametros que ainda ser˜ao discutidos a seguir.

3.2.1

Base Tabular

A recomenda¸c˜ao 1546 tem como caracter´ıstica o uso de curvas de propaga¸c˜ao uti-lizadas de forma tabular, registradas a partir de medi¸c˜oes feitas em zonas da Europa e Estados Unidos, com clima e relevo peculiarmente diferente do brasileiro. De forma ge-ral, dadas as caracter´ısticas reais do enlace em quest˜ao (comprimento do link, frequˆencia, variabilidade temporal e local, alturas relativas de transmissor e receptor, localiza¸c˜ao

(27)

ge-14 ogr´afica, etc.) pode-se buscar as curvas de medidas que mais se aproximam do caso real a ser analisado.

Num caso pr´atico de an´alise, bases tabulares de dados muitas vezes exigem que resultados sejam interpolados. S˜ao grandes as chances de que, para um enlace real, as vari´aveis de entrada para leitura das curvas n˜ao estejam expl´ıcitas no que est´a tabulado nos anexos da recomenda¸c˜ao. Nestes casos, s˜ao realizadas interpola¸c˜oes, principalmente logar´ıtmicas, atrav´es das curvas com parˆametros que mais se aproximam (imediatamente maior e imediatamente menor) da vari´avel em quest˜ao para determina¸c˜ao da intensidade de campo [4].

As curvas apresentadas na recomenda¸c˜ao ITU P.1546 mostram varia¸c˜oes de parˆ a-metros para as frequˆencias de 100, 600 e 2000 MHz. Cada curva representa a varia¸c˜ao na intensidade de campo para diferentes alturas de antenas transmissoras h1 nas mesmas

condi¸c˜oes. Os gr´aficos que mostram os conjuntos de curvas variam parˆametros de per-centagens nominais de tempo excedidos (1%, 10% e 50%) com uma variabilidade local fixada em 50% e tipo de ambiente (enlace sobre ´agua quente, fria ou terra). ´E importante ressaltar que as curvas, geradas a partir de campanhas emp´ıricas de medi¸c˜oes, est˜ao refe-renciadas numa E.R.P. de 1 kW. Na figura 3.3, pode-se ver como s˜ao exibidas as curvas referentes `a base tabular da recomenda¸c˜ao para a frequˆencia de 600 MHz, trajeto terrestre e 50% do tempo e E.R.P de 1kW.

(28)

Figura 3.3: Curvas para diferentes h1 presentes na ITU-R P.1546, referentes `a frequˆencia

(29)

16

3.2.2

Variabilidade Local e Variabilidade Temporal

Variabilidade Local descreve o comportamento da intensidade de campo el´etrico em um determinado recorte de ´area, em contraste com a ideia de posi¸c˜ao pontual [4]. Esta variabilidade pode ser justificada por diversas caracter´ısticas `as quais est˜ao sujeitas as ondas de r´adio em propaga¸c˜ao no espa¸co livre: multipercurso, varia¸c˜oes de vegeta-¸c˜ao, obst´aculos e a pr´opria movimenta¸c˜ao dos dispositivos receptores, como celulares e receptores m´oveis de TV Digital, por exemplo.

Conforme a subse¸c˜ao 3.2.1, as medidas que comp˜oem a base de dados tabular da recomenda¸c˜ao utilizam por default o valor de 50% de Variabilidade Local. Isto significa que, para as predi¸c˜oes, 50% da ´area ´e provavelmente coberta por um valor de campo maior que aquele resultante da tabula¸c˜ao.

A Variabilidade Temporal considera as varia¸c˜oes na intensidade do campo el´etrico devido `a n˜ao-estacionaridade temporal do canal r´adio, justific´avel, por exemplo, pelas varia¸c˜oes atmosf´ericas e clim´aticas e, tamb´em, a movimenta¸c˜ao do dispositivo receptor [4]. Analogamente `a Variabilidade Local, a Variabilidade temporal fornece a porcentagem de tempo em que a intensidade instantˆanea de campo recebido ´e maior ou igual ao valor que consta na base tabular. Desta forma, ao aumentar o valor de variabilidade temporal, tamb´em aumentamos a confiabilidade da predi¸c˜ao do campo. A confiabilidade devido `a Variabilidade Temporal elevada s´o admite que o campo fique abaixo de um valor de tolerˆancia por um intervalo ´ınfimo de tempo, o que, para a maioria dos sistemas de comunica¸c˜ao, pode n˜ao afetar consideravelmente a qualidade do enlace. Em sistemas m´oveis como o LTE, onde temos o consumo de dados atrav´es de fluxo de pacotes ou chamadas de voz, a menor intensidade de campo em alguns poucos instantes tende a ser impercept´ıvel. J´a em um sistema como o de TV Digital m´ovel HD, isto ´e facilmente percept´ıvel pelo telespectador por conta do congelamento de quadros e ausˆencia de sinal de v´ıdeo.

A recomenda¸c˜ao n˜ao ´e v´alida para Variabilidade Temporal maior que 50%. Ao contr´ario da Varibilidade Local, que apresenta distribui¸c˜ao de probabilidade aproxima-damente log-normal e pode ser complementada por um fator de corre¸c˜ao definido mate-maticamente, a Variabilidade Temporal s´o pode ser interpolada a partir de duas curvas oriundas da base tabular, que tenham Variabilidades Temporais mais pr´oximas daquela desejada. As opera¸c˜oes com distribui¸c˜oes de probabilidade que geram os gr´aficos e fatores

(30)

de corre¸c˜oes para variabilidades n˜ao ser˜ao alvo deste estudo, portanto, ser˜ao omitidas.

3.2.3

Altura Efetiva da Antena Transmissora

Um dos parˆametros mais importantes para o uso coerente da recomenda¸c˜ao 1546 ´e a altura efetiva da antena transmissora hef f, notada como h1. A partir do c´alculo de

h1, podemos buscar (diretamente ou por interpola¸c˜ao) qual curva de propaga¸c˜ao ser´a

utilizada para indicar um valor de campo predito. O valor de h1 depende do tipo do

terreno e comprimento do enlace. Todas as possibilidades e os respectivos m´etodos de c´alculo para h1 est˜ao descritos no Anexo 5 [4].

Para este presente estudo, a ´area de cobertura analisada est´a contida num raio de aproximadamente 7 km e apresenta configura¸c˜ao de percurso terreno, sobre o qual h´a informa¸c˜ao de relevo dispon´ıvel. Mais detalhes sobre as caracter´ısticas geogr´aficas ser˜ao dados na se¸c˜ao 4.1 do cap´ıtulo seguinte. Segundo a recomenda¸c˜ao da ITU, h1´e equivalente

`

a altura da antena sobre o n´ıvel m´edio do terreno (HSNMT), esquematizada na figura 3.4, entre 0.2d (≈ 1.4 km) e d (≈ 7 km).

Figura 3.4: Rela¸c˜ao entre a altura efetiva h1 ou hef f e a HSNMT.

Caso h1 esteja entre 10 m e 3000 m, o c´alculo da interpola¸c˜ao do campo, se

neces-s´ario, ´e realizado atrav´es da equa¸c˜ao (3.4): E = Einf + (Esup− Einf)

log(h1/hinf)

log(hsup/hinf)

dB(µV /m) (3.4)

onde os subscritos “inf” e “sup” indicam os valores tabulados imediatamente inferiores e imediatamente superiores, respectivamente. Se h1 for menor que 10 m ou at´e assumir

(31)

18 valores negativos (o que pode ocorrer, visto que a vari´avel depende da m´edia das alturas do terreno pr´oximo), outros m´etodos para c´alculo das interpola¸c˜oes devem ser adotados, al´em da poss´ıvel corre¸c˜ao de ˆangulo de visada, e est˜ao nas se¸c˜oes 4.2 e 4.3 do Anexo 5 [4].

3.2.4

Outras Interpola¸

oes

Conforme mencionado na subse¸c˜ao (3.2.1), quando as vari´aveis livres n˜ao coincidi-rem com os valores tabulados, s˜ao necess´arias interpola¸c˜oes logar´ıtmicas. No caso deste trabalho, s˜ao necess´arias as interpola¸c˜oes da intensidade de campo el´etrico como fun¸c˜ao da distˆancia (eq. 3.5) e da frequˆencia (eq. 3.6):

E = Einf + (Esup− Einf)

log(d/dinf)

log(dsup/dinf)

dB(µV /m) (3.5)

E = Einf + (Esup− Einf)

log(f /finf)

log(fsup/finf)

dB(µV /m) (3.6)

3.2.5

Corre¸

ao de antena receptora

Visto que este estudo trata de recep¸c˜ao de sinal em dispositivos m´oveis, consi-deramos a altura da antena receptora h2 como sendo de, aproximadamente, 1,5 m. A

recomenda¸c˜ao considera o ambiente no qual a transmiss˜ao est´a ocorrendo, representada pela vari´avel R. Nesta abordagem, consideraremos um ambiente urbano, resultando em um R = 30 m de altura m´edia dos obst´aculos. A corre¸c˜ao δEh2 ´e feita definindo-se um

valor R’ de altura modificada, em metros, como na equa¸c˜ao (3.7): R0 = (1000dR − 15h1)

1000d − 15 (3.7)

onde R, h1 est˜ao em metros e d em km. A corre¸c˜ao ´e dada pela equa¸c˜ao (3.8):

δEh2 = 6, 03 − J (ν) (3.8)

onde

J (x) = 6, 9 + 20log(p(x − 0, 1)2+ 1 + x − 0, 1) (3.9)

(32)

hdif = R0− h2 (3.11)

θclut = arctan(hdif/27) (3.12)

Knu = 0, 0180

p

f (3.13)

onde f ´e a frequˆencia em MHz.

3.2.6

Corre¸

ao de ´

area suburbana

Esta corre¸c˜ao devido aos pr´edios (multipercurso) na ´area ´e aplicada quando o enlace tem comprimento inferior a 15 km e a diferen¸ca R - h1 ´e menor que 150 m em uma

´

area urbana-suburbana. Numericamente, temos a equa¸c˜ao (3.14):

δESuburbano= −3.3[log(f )][1 − 0.85log(d)][1 − 0.46log(1 + ha− R)] (3.14)

onde ha´e a altura do mastro da antena transmissora.

3.2.7

Equa¸

oes do modelo

O anexo 8 da recomenda¸c˜ao apresenta um aux´ılio para implementa¸c˜oes computa-cionais atrav´es de um passo-a-passo das equa¸c˜oes que geram as curvas. Nestas contas, ´e poss´ıvel destacar a presen¸ca dos parˆametros que pretende-se ajustar atrav´es de otimiza¸c˜ao num´erica: as constantes a0 a a3, b0 a b7, c0 a c6, d0 e d1 que aparecem nas equa¸c˜oes de

c´alculo do campo Ec, dado em dB(µV/m).

Primeiramente, definimos atrav´es da equa¸c˜ao (3.15):

ld= log(d) (3.15)

e calculamos em 3.16 um parˆametro adimensional k:

k =

loghef f

9.375



log(2) (3.16)

(33)

20

E1 = (a0k2 + a1k + a2)ld+ (0.1995k2+ 1.8671k + a3) (3.17)

Calculamos tamb´em Eref na equa¸c˜ao (3.18):

Eref = Eref 1+ Eref 2 (3.18)

onde Eref 1= b0 · [exp(−b4· 10l b5 d ) − 1] + b 1· exp −  ld− b2 b3 2! (3.19) e Eref 2= −b6ld+ b7 (3.20) e Eof f: Eof f = c5kc6 + c0 2k  1 − tanh  c1  ld− (c2+ ck 3 c4 )  (3.21) para apresentar o valor de E2:

E2 = Eref + Eof f (3.22)

´

E preciso calcular tamb´em pb conforme a equa¸c˜ao (3.23):

pb = d0+ d1

k (3.23)

E de posse das equa¸c˜oes (3.17), (3.22) e (3.23), podemos calcular um campo Eu na forma

da equa¸c˜ao (3.24): Eu = min(E1, E2) − pb· log  1 + 10−|E1−E2|pb  (3.24) Sabendo que o valor da perda no espa¸co livre Ef s para e.r.p de 1 kW pode ser calculada

atrav´es da equa¸c˜ao vista no Anexo 5 [4]:

Ef s = 106.92 − 20ld (3.25)

torna-se poss´ıvel comparar Eu com Ef s em um campo Eb da equa¸c˜ao (3.26):

Eb = min(Eu, Ef s) − 8log



1 + 10−|Eu−Efs|8



(34)

A soma do campo Eb `as corre¸c˜oes citadas anteriormente neste cap´ıtulo (interpola¸c˜ao

para a altura efetiva da antena transmissora, corre¸c˜ao de antena receptora e corre¸c˜ao de ´

area suburbana) entregam a estimativa final Ec, conforme a equa¸c˜ao (3.27), no modelo

preditivo utilizado nos algoritmos deste trabalho.

Ec = Eb+

X

Corre¸c˜oes (3.27)

3.3

Convers˜

ao de potˆ

encia para campo el´

etrico

A recomenda¸c˜ao ITU-R P.1546 retorna um valor de intensidade de campo el´etrico, enquanto as medidas do analisador de espectro tˆem como sa´ıda a potˆencia recebida em dBm. Torna-se interessante converter os valores de potˆencia em valores correspondentes de campo, em dB(µV/m), para que assim tenhamos no¸c˜ao da propaga¸c˜ao para qualquer condi¸c˜ao de recep¸c˜ao. O Campo El´etrico em dB(µV/m) ´e descrito atrav´es da equa¸c˜ao (3.28):

E[dB(µV /m)] = 20 · log(E) (3.28)

Para equacionar a transi¸c˜ao entre estas duas grandezas, ser´a preciso fazer uso do vetor de Poynting e da ´area efetiva de recep¸c˜ao da antena, conforme as equa¸c˜oes 3.29 e 3.30 a seguir: ~ S = Re[ ~E × ~H∗] (3.29) Aef = GR λ2 4π (3.30)

Assim, pode-se escrever a potˆencia de acordo com a equa¸c˜ao (3.31): PR= S · Aef = S · GR

λ2

4π (3.31)

Considerando que as potˆencias recebidas s˜ao de ondas planas e uniformes (equa¸c˜ao 3.32), ~ H = Z0E, onde Z~ 0 = 120π (3.32) portanto, ~ S = Re[ ~E × E~ ∗ Z0 ] = |E| 2 Z0 ~ as (3.33)

(35)

22 Substituindo (3.33) em (3.31), tem-se a equa¸c˜ao (3.34):

PR= |E|2 Z0 · GR λ2 4π (3.34)

que, em unidades logar´ıtmicas, pode ser escrito como na equa¸c˜ao (3.35):

E = 77, 2 − GR+ 20log(f [MHz]) + PR[dBm] dB(µV /m) (3.35)

onde GR representa a soma do ganho da antena receptora `a perda nos cabos, conectores,

divisores, aproximadamente 1.2 dB neste exerc´ıcio pr´atico, e ao ganho do LNA (Low-Noise Amplifier ).

(36)

Cap´ıtulo 4

Considera¸

oes Emp´ıricas

4.1

Caracter´ısticas Geogr´

aficas

Primeiramente, ser˜ao apresentadas as particularidades do terreno da ´area compre-endida neste estudo. No in´ıcio do ano de 2019, a Anatel apontou ao p´ublico o link na plataforma aberta OpenTopography para download do mapa de relevo digital, no qual a an´alise t´ecnica feita no sistema Mosaico [20] se baseia. O conjunto de dados de eleva¸c˜ao foi obtido em escala quase global entre 11 e 22 de fevereiro de 2000, atrav´es da Shuttle Radar Topography Mission (SRTM). A SRTM foi uma iniciativa da National Geospatial-Intelligence Agency (NGA) em parceria com a National Aeronautics and Space Adminis-tration (NASA), onde um radar modificado `a bordo do ˆonibus espacial Endeavour mapeou todo o planeta [21].

Os mapas digitais s˜ao compila¸c˜oes de dados raster das eleva¸c˜oes dos terrenos. Dados raster ou bitmaps s˜ao imagens que cont´em a descri¸c˜ao de cada pixel. Neste caso, a resolu¸c˜ao da raster equivale a uma c´elula de 30 m x 30 m. Para a ´area de interesse deste trabalho, mostrada na figura 4.1, foi extra´ıda uma ´area de 75 km2 do mapa global. A referˆencia de coordenadas ´e a UTM WGS 1984.

(37)

24

Figura 4.1: Recorte para download do relevo da ´area de interesse atrav´es da plataforma OpenTopography [21].

Em geral, o terreno analisado est´a muito pr´oximo ao n´ıvel do mar, portanto, conta com baixas eleva¸c˜oes, entretanto, a ´area ´e cercada por montanhas que separam a regi˜ao de Jacarepagu´a do restante da zona norte da cidade. Pode-se perceber estas nuances no terreno atrav´es das imagens 4.2, que mostra a localiza¸c˜ao do sistema transmissor pelo Google MapsTMe o terreno ao redor, 4.3, que destaca o relevo no mesmo local e 4.4, que

sobrep˜oe o relevo baixado da plataforma OpenTopography ao Google EarthTMmostrando

a regi˜ao. Nela, a cor verde simboliza alturas mais pr´oximas ao n´ıvel do mar e laranja indica maiores altitudes.

(38)

Figura 4.2: Localiza¸c˜ao do site transmissor pelo Google MapsTM.

Figura 4.3: Relevo nos arredores do transmissor e da ´area onde o drive test foi realizado segundo o Google EarthTM.

(39)

26

Figura 4.4: Relevo baixado da OpenTopography georreferenciado e sobreposto ao Google EarthTM.

4.2

Descri¸

ao do ponto de transmiss˜

ao

Para a regi˜ao estudada, o principal ponto de retransmiss˜ao da TV Globo est´a localizado na Igreja Nossa Senhora da Penna, no bairro da Freguesia, em Jacarepagu´a (RJ). A Igreja est´a localizada no topo do morro conhecido como Pedra do Galo.

(40)

Figura 4.5: Site alugado pela Rede Globo para esta¸c˜ao retransmissora de TV, a Igreja Nossa Senhora da Penna.

´

E poss´ıvel observar as estruturas irradiantes nos fundos da igreja, na parte mais `a esquerda da figura 4.5. As especifica¸c˜oes da esta¸c˜ao s˜ao as seguintes:

• Coordenadas da esta¸c˜ao: 22o 56’ 30,00”S | 43o 20’ 55,00”O • Altitude: 140 m

• Altura do Centro de Fase do Sistema Irradiante (HCF/HCI): 29 m • Potˆencia de Transmiss˜ao: 100 W

• Canal: 29 UHF, frequˆencia central de 563 MHz

• Antena: Slot Omni-Direcional, 4 fendas, ganho de 7.63 dBd • Linha de Transmiss˜ao: cabo coaxial 7/8”, 31 m

As figuras 4.6 e 4.7 s˜ao recortes extra´ıdos diretamente do cat´alogo do fabricante da antena. Percebe-se a presen¸ca de duas curvas em 4.7, diagramas de radia¸c˜ao verticais, para antenas slot 2 e 4 fendas. No caso deste trabalho, conforme mencionado anteriormente,

(41)

28 trata-se de uma antena de 4 fendas, portanto, a curva a ser considerada ´e aquela notada por TTSL4-V/U.

Figura 4.6: Diagrama Horizontal da antena transmissora.

Figura 4.7: Diagrama Vertical da antena transmissora.

Pode-se, ainda, mostrar como ´e o relevo na regi˜ao atrav´es de retratos do path profile. Nas imagens 4.8 a 4.12, somos capazes de ver, `a esquerda, um gr´afico representando a altura da antena transmissora e o perfil do relevo at´e pontos arbitr´arios escolhidos no mapa real, `a direita. Tamb´em podemos ver a linha de visada direta entre os dois pontos e o primeiro elips´oide de Fresnel.

(42)

Figura 4.8: Path Profile em rela¸c˜ao a um primeiro ponto a noroeste do transmissor.

(43)

30

Figura 4.10: Path Profile em rela¸c˜ao a um primeiro ponto a sudoeste do transmissor.

(44)

Figura 4.12: Path Profile em rela¸c˜ao a um ponto a leste do transmissor.

4.3

Drive Test e Setup para as Medi¸

oes

As medi¸c˜oes foram originalmente realizadas para um artigo conjunto entre TV Globo e PUC-RJ [23]. No artigo original, foram feitas medi¸c˜oes para toda a cidade do Rio de Janeiro e uma parte de Niter´oi. As informa¸c˜oes de potˆencia recebida em dBm para o one-seg, BER (Bit Error Rate, ou Taxa de Erro de Bit) ap´os o decodificador Reed-Solomon, Latitude e Longitude foram coletadas utilizando um sistema, representado na figura 4.13, equipado com os seguintes dispositivos, montado no topo de um carro SUV:

• Antena Omni-Direcional UHF de aproximadamente 10 dBi de ganho; • Receptor de GPS;

• Demodulador ISDB-T 1-SEG;

• Computador com sistema de aquisi¸c˜ao de dados.

O diagrama em blocos simplificado desta montagem pode ser visto na figura 4.13. O procedimento consiste em dirigir o carro atrav´es da maior quantidade de ruas poss´ıvel, fazendo trajetos n˜ao s´o nas principais ruas e avenidas, mas tamb´em incluindo aquelas menores, onde a atenua¸c˜ao devido a pr´edios e multipercurso ´e mais severa. O sistema ´e preparado para coletar pontos dentro e fora da ´area de cobertura, para que se tenha

(45)

32 uma maior faixa de valores para a potˆencia recebida e maior volume de dados. Desta forma, o n´umero de amostras coletadas entrega uma boa ideia da cobertura de RF na regi˜ao. Cada ponto (definido pelo conjunto de parˆametros medidos) ´e registrado com um intervalo m´ınimo de 1 segundo. O receptor foi sintonizado para recep¸c˜ao em 563.142857 MHz.

Figura 4.13: Diagrama em blocos do sistema utilizado para as medi¸c˜oes.

4.4

Recorte da Campanha de Medi¸

oes

O artigo produzido com as medi¸c˜oes originais da parceria entre TV Globo e PUC-RJ [23] assinala um total de 71.125 pontos para todo o percurso Rio de Janeiro e Niter´oi. O recorte de relevo feito para este trabalho cont´em 6.011 pontos de medi¸c˜oes, s´o dentro da regi˜ao de Jacarepagu´a, especificada na se¸c˜ao 4.1.

Esta ser´a a base de dados utilizada para o modelo matem´atico de predi¸c˜ao de cobertura apresentado no cap´ıtulo 3, considerando a informa¸c˜ao de relevo contida em cada coordenada espacial dos pontos obtidos, conforme detalhado no in´ıcio deste cap´ıtulo.

(46)

Figura 4.14: Sobreposi¸c˜ao em plataforma de GIS (Geographic Information System) do mapa-base da regi˜ao, da camada de relevo (em tons de cinza) e os pontos de medi¸c˜ao.

Na figura 4.14 pode-se ver trˆes camadas diferentes de informa¸c˜ao sobrepostas. A primeira e mais anterior, ´e o mapa-base da regi˜ao, referenciando a ´area de Jacarepagu´a onde este estudo acontece. A segunda, em tons de cinza, ´e a representa¸c˜ao do mapa do relevo baixada de acordo com o registro da se¸c˜ao 4.1. Nesta camada, a escala de cinza indica, de forma visual, a altura do terreno: quanto mais claro e pr´oximo do branco, mais alto. A terceira camada ´e a camada das medidas realizadas atrav´es do drive test. Cada ponto de medi¸c˜ao ´e simbolizado por uma pequena circunferˆencia verde ou vermelha. Amostras verdes indicam BER nula e amostras vermelhas indicam BER n˜ao-nula, isto ´e, onde a transmiss˜ao apresentou problemas mesmo ap´os o c´odigo Reed-Solomon corretor de erros. As amostras dentro da zona delimitada pela camada de relevo totalizam 6.011 pontos e s˜ao aquelas consideradas neste trabalho, cujas potˆencias recebidas (em dBm) s˜ao plotadas no gr´afico da figura 4.15.

(47)

34

Figura 4.15: Amostras coletadas na campanha de medi¸c˜oes na regi˜ao de Jacarepagu´a. M´edia µ = -69.46 dBm e desvio padr˜ao σ = 11.25 dB.

Tomando todos os valores de alturas dispon´ıveis, coletadas atrav´es do arquivo raster de relevo baixado, podemos definir uma vari´avel paralela: a m´edia das alturas efetivas h1, que pode ser calculada atrav´es da equa¸c˜ao (4.1) abaixo:

h1 = HT − HSN M T = (140 + 29) − 20.43 = 148.57 (4.1)

onde HT ´e definido pela soma da altura do pico de transmiss˜ao e da altura do centro de

fase da antena, definidos neste cap´ıtulo, e HSN M T ´e a m´edia aritm´etica das alturas do relevo na regi˜ao.

(48)

Cap´ıtulo 5

Otimiza¸

ao dos Parˆ

ametros

5.1

Problema Geral de Otimiza¸

ao

Os m´etodos de otimiza¸c˜ao s˜ao amplamente empregados na solu¸c˜ao de problemas reais de engenharia. A solu¸c˜ao anal´ıtica de um problema de otimiza¸c˜ao ´e bastante com-plicada quando a fun¸c˜ao objetivo torna-se muito complexa e com in´umeras vari´aveis de projeto, sendo necess´aria uma solu¸c˜ao num´erica. A otimiza¸c˜ao trata, basicamente, de um problema de maximiza¸c˜ao ou minimiza¸c˜ao de uma fun¸c˜ao qualquer, chamada de fun¸c˜ao objetivo [24]. Como o processo de otimiza¸c˜ao trata de um m´etodo num´erico, a solu¸c˜ao geral ´e tratada como um processo iterativo, onde o intuito ´e encontrar o valor de X que minimiza/maximiza a fun¸c˜ao objetivo. Neste caso, pode-se escrever as vari´aveis de projeto atrav´es de uma equa¸c˜ao gen´erica iterativa, numerada (5.1):

XK+1 = XK + αS (5.1)

onde XK+1´e a vari´avel de projeto atualizada, α ´e o passo de cada itera¸c˜ao e S ´e a dire¸c˜ao da busca. Os valores de α e S s˜ao atualizados a cada itera¸c˜ao [25].

Os m´etodos de primeira ordem s˜ao aqueles que utilizam informa¸c˜oes das derivadas para montar a dire¸c˜ao de busca S do problema, portanto, para um problema de n vari´aveis utiliza-se da informa¸c˜ao do gradiente da fun¸c˜ao.

Ao se comparar o campo predito com o campo medido em diferentes pontos, pode-se avaliar a aderˆencia do modelo de predi¸c˜ao. De posse desta compara¸c˜ao, ´e poss´ıvel “sintonizar” o modelo, de forma a retornar valores mais pr´oximos aos medidos em campo. O processo de otimiza¸c˜ao consiste em que, a partir de um vetor arbitr´ario p dos parˆametros

(49)

36 a, b, c e d (conforme apresentados na se¸c˜ao 3.2.7), varia¸c˜oes sejam aplicadas aos valores buscando o vetor ´otimo ˆp. Este vetor ˆp ´e aquele que provˆe o melhor crit´erio de compara¸c˜ao dentro de uma regi˜ao aceit´avel para p. Este crit´erio de compara¸c˜ao entre o predito e o medido ser´a o erro quadr´atico m´edio (ou MSE) e, como se trata de um erro, buscaremos minimiz´a-lo. O vetor arbitr´ario utilizado para inicializar o processo ser´a aquele contido no Anexo 8 [4], referente `a frequˆencia de 600 MHz e 50% do tempo.

5.1.1

Erro Quadr´

atico M´

edio

De acordo com [22], seja EM(T X, RX) o campo el´etrico medido quando o

trans-missor est´a na posi¸c˜ao ‘TX ’ e o receptor est´a na posi¸c˜ao ‘RX ’. Calcula-se, a partir destas posi¸c˜oes, a distˆancia d e a altura efetiva hef f, permitindo a defini¸c˜ao de EP(d, hef f, p).

EP ´e o campo predito pelo algoritmo ITU-R P.1546, levando em considera¸c˜ao a distˆancia

ao transmissor, a altura efetiva e o conjunto de parˆametros p.

Considerando o total de N = 6.011 medidas coletadas, o erro quadr´atico m´edio com respeito ao vetor de parˆametros p ´e dado por:

M SE(p) =

6011

X

i=1

(EM(T X,RXi) − EP(di, hef f,i, p))2 (5.2)

A obten¸c˜ao de valores ´otimos para o vetor p, resultando no vetor ˆp, ficar´a a cargo do algoritmo Steepest Descent [25], ou m´etodo de m´axima descida.

5.2

etodo de M´

axima Descida

Um dos m´etodos de 1a ordem mais antigos ´e o de m´axima descida, tamb´em

cha-mado de Steepest Descent. Este m´etodo ´e baseado na acumula¸c˜ao de informa¸c˜oes da primeira derivada da fun¸c˜ao objetivo. Para atender `as condi¸c˜oes necess´arias de um pro-blema de otimiza¸c˜ao, devemos ter ∇f = 0, de acordo com [25]. Ainda de acordo com [25], a m´axima descida ´e um processo iterativo que a cada etapa faz uma busca na dire¸c˜ao oposta ao vetor gradiente da fun¸c˜ao objetivo no ponto corrente. A escolha dessa dire¸c˜ao se justifica pelo fato de que o gradiente da fun¸c˜ao objetivo avaliado em um ponto x aponta para a dire¸c˜ao de maior crescimento de f a partir desse ponto. Sendo assim, a dire¸c˜ao oposta ao vetor gradiente ´e a que fornece um maior decr´escimo na fun¸c˜ao objetivo, como mostra a equa¸c˜ao (5.3):

(50)

S = −∇f (5.3) A inser¸c˜ao da equa¸c˜ao (5.3) na equa¸c˜ao (5.1) nos fornece o algoritmo da m´axima descida. Sendo assim, de acordo com a nota¸c˜ao em [22] temos a equa¸c˜ao (5.4):

pn= pn−1− λ∇M SE(pn) (5.4)

onde pn denota o vetor p na n-´esima itera¸c˜ao, ∇ denota o gradiente da fun¸c˜ao e λ ´e

uma constante suficientemente pequena que afeta a velocidade do algoritmo e sua taxa de convergˆencia.

Para computar numericamente o gradiente, ser´a utilizado o ´ındice m para indicar a m-´esima coordenada do vetor-conjunto de parˆametros p e o vetor-varia¸c˜ao δm, nulo em

todas as coordenadas que n˜ao a m-´esima, onde ´e suficientemente pequeno. Temos, ent˜ao, o gradiente da fun¸c˜ao erro quadr´atico m´edio descrito pela equa¸c˜ao (5.5) abaixo:

∇M SE(pn) = M SE(p n−1+ δ m) − M SE(pn−1) δm (5.5)

5.2.1

Implementa¸

ao no MATLAB

Este trabalho implementa o algoritmo utilizado em [22], conforme o c´alculo do erro explicitado anteriormente.

Para cada coordenada, ser´a adotado um fator de atualiza¸c˜ao para o vetor δm tal

que o n-´esimo δm ´e dado pela equa¸c˜ao (5.6):

δmn = αnm[M SE(pn−1) − M SE(pn−2)] (5.6) onde αn

m ´e pequeno e positivo. A atualiza¸c˜ao do m-´esimo parˆametro pm, contido no vetor

p, na n-´esima itera¸c˜ao ´e dada pela equa¸c˜ao (5.7):

pnm= pn−1m (1 − δmn) (5.7)

O algoritmo a seguir descreve, de forma l´ogica, a otimiza¸c˜ao dos parˆametros pm.

Nele, MSE(m,n) ´e uma matriz criada para armazenar o erro quadr´atico m´edio obtido na n-´esima itera¸c˜ao ao perturbar o m-´esimo parˆametro p do vetor p.

(51)

38 %Inicializa¸c~ao

Inicializar o vetor p com os valores da ITU-R P.1546, conforme mostrado na figura no in´ıcio do cap´ıtulo. n = 0;

%Loop Principal

Repetir at´e o crit´erio de parada ser satisfeito: n = n+1

Para m = 1 at´e 21, fa¸ca alpha_m = p_m/10

Computar MSE(m,n) da equa¸c~ao (5.2)

Computar o fator de atualiza¸c~ao por (5.6) Atualizar p_m pela eq. (5.7)

O crit´erio de parada do algoritmo ´e caracterizado por indicar que a ´ultima ite-ra¸c˜ao ser´a feita at´e que a varia¸c˜ao da fun¸c˜ao objetivo seja insignificante para todos os 21 parˆametros [4] que comp˜oem o vetor p. Sendo assim, o teste de verifica¸c˜ao pode ser simplesmente o seguinte:

|M SE(pn) − M SE(pn−1)| < M SE(p

n)

10−4 (5.8)

que considera uma varia¸c˜ao de 10−4 da (n-1)-´esima para a n-´esima itera¸c˜ao como sendo suficientemente pequena [22] para consider´a-la desprez´ıvel e motivo para a parada do algoritmo de otimiza¸c˜ao.

5.3

Resultados

O comportamento do MSE como fun¸c˜ao das itera¸c˜oes do algoritmo Steepest Des-cent ´e ilustrado na figura 5.1. Pode-se observar, claramente, o comportamento visual de degraus, caracter´ıstico do Steepest Descent, no qual a tomada da dire¸c˜ao de otimiza¸c˜ao ´e a negativa ao gradiente. O gr´afico mostra que pouco depois da 800a itera¸c˜ao n˜ao h´a mais ganho significativo na minimiza¸c˜ao do erro.

(52)

Figura 5.1: Valores de MSE como fun¸c˜ao das itera¸c˜oes feitas pelo algoritmo de otimiza¸c˜ao.

Na tabela 5.1 podemos ver um resumo r´apido do desempenho do algoritmo ao comparar o Erro Quadr´atico M´edio antes e depois da otimiza¸c˜ao, obtidos atrav´es do gr´afico da figura 5.1.

Tabela 5.1: Avalia¸c˜ao da melhoria no campo el´etrico predito atrav´es dos Erros M´edios antes e depois da otimiza¸c˜ao.

Erro Quadr´atico M´edio (dB)

Original Otimizado

37.45 8.94

A tabela 5.2 apresenta a compara¸c˜ao entre os parˆametros apresentados na reco-menda¸c˜ao ITU, na primeira coluna, e aqueles obtidos atrav´es do processo de otimiza¸c˜ao detalhado neste cap´ıtulo, na segunda coluna. Apesar de exibir valores distintos (e n˜ao intuitivos no sentido de uma interpola¸c˜ao simples entre as frequˆencias de 100 MHz e 600 MHz) pode-se observar que os valores possuem ordem de grandeza similares.

(53)

40 predito em fun¸c˜ao da distˆancia, ´e poss´ıvel plotar, via MATLAB, as curvas de campo el´etrico predito em fun¸c˜ao da distˆancia (figura 5.2), que corresponde exatamemte `a figura 3.3.

Figura 5.2: Curvas de predi¸c˜ao de campo el´etrico para e.r.p. de 1 kW para 600 MHz e 50% do tempo em fun¸c˜ao da distˆancia em km do ponto transmissor segundo a ITU P.1546, plotadas via MATLAB.

(54)

Tabela 5.2: Compara¸c˜ao das constantes tabeladas pela recomenda¸c˜ao ITU-R P.1546 e as constantes otimizadas atrav´es do processo detalhado neste cap´ıtulo.

M´etodo ITU-R P.1546 Valores Otimizados pelo Steepest Descent

Frequˆencia 100 MHz 600 MHz 563 MHz a0 0.081 0.095 0.053 a1 0.761 0.885 0.494 a2 -30.444 -35.399 -19.767 a3 90.226 92.778 51.807 b0 33.6238 51.639 277.662 b1 10.8917 10.988 59.081 b2 2.331 2.211 11.890 b3 0.442 0.538 2.895

b4 1.256e-07 4.323e-06 2.325e-05

b5 1.775 1.520 8.173 b6 49.39 49.52 273.649 b7 103.01 97.28 537.571 c0 5.442 6.470 35.754 c1 3.736 2.982 16.479 c2 1.945 1.760 9.728 c3 1.845 1.751 9.675 c4 415.91 198.33 1095.976 c5 0.113 0.143 0.791 c6 2.354 2.269 12.539 d0 10 5 27.630 d1 -1 1.2 6.631

Utilizando o script que tra¸ca as curvas vistas na figura 5.2, podemos tra¸car as curvas de campo el´etrico predito para a frequˆencia de 563.142857 MHz, aquela sintonizada pelas medidas m´oveis. O gr´afico gerado pode ser visto na figura 5.3:

(55)

42

Figura 5.3: Curvas de campo el´etrico predito para 563.142857 MHz e 1 kW de e.r.p. em fun¸c˜ao da distˆancia em km do ponto transmissor ap´os interpola¸c˜oes segundo a ITU P.1546, plotadas via MATLAB.

Vale lembrar que, conforme detalhado no cap´ıtulo 3, cada uma destas curvas cor-responde a um valor de h1 diferente: 10 metros (a mais inferior), 20, 37.5, 75, 150, 300,

600 e 1200 metros (a curva mais superior). Finalmente, ao combinarmos o script que produziu os gr´aficos na figura 5.3 e os parˆametros otimizados, indicados na ´ultima coluna da tabela 5.2, podemos gerar o conjunto curvas para 563.142857 MHz ap´os a otimiza¸c˜ao do Steepest Descent, vistas na figura 5.4:

(56)

Figura 5.4: Curvas de campo el´etrico predito plotadas via MATLAB para 563.142857 MHz e 1 kW de e.r.p. em fun¸c˜ao da distˆancia em km do ponto transmissor ap´os interpola¸c˜oes segundo a ITU P.1546 e processo de otimiza¸c˜ao de coeficientes, descrito no Cap´ıtulo 5.

Imediatamente, pode-se perceber que as duas curvas inferiores, correspondentes `as alturas h1 de 10 m e 20 m sofrem grande atenua¸c˜ao no campo pouco depois de 10 km de

distˆancia da antena transmissora.

Conforme mostrado na equa¸c˜ao 4.1, a m´edia dos h1 calculados para a regi˜ao ´e de

148.57 metros de altura. Estas curvas, aparentemente anormais para h1 de 10 e 20 metros

correspondem a HSNMTs de 149 a 159 metros de altura, o que est´a absolutamente fora do caso pr´atico, indicando atenua¸c˜oes inveross´ımeis. Sendo assim, a curva mais valiosa para a presente an´alise se torna uma interpola¸c˜ao feita de acordo com a equa¸c˜ao 3.4, algo pr´oximo `a curva verde (correspondente a 150 m) da figura 5.4.

(57)

Cap´ıtulo 6

Conclus˜

oes e Considera¸

oes Finais

Este trabalho utilizou dados experimentais de medidas m´oveis de campo el´etrico para otimizar os parˆametros do modelo de predi¸c˜ao ITU-R P.1546, empregado em canais de VHF e UHF. Os resultados mostram a efic´acia de um simples m´etodo num´erico na minimiza¸c˜ao do erro de aderˆencia do campo predito ao medido e apresentam uma base para dimensionamento e predi¸c˜ao de campos el´etricos na regi˜ao de at´e 1000 km, caso o relevo se comporte mais ou menos da mesma forma.

O modelo ITU-R P.1546 ´e, de acordo com [26], conhecidamente adequado em situa¸c˜oes onde o modelo de eleva¸c˜ao n˜ao ´e t˜ao preciso. Uma vez que a resolu¸c˜ao das c´elulas da raster de relevo ´e de 30 metros e que estas n˜ao levam em considera¸c˜ao as edifica¸c˜oes do ambeinte urbano da localidade estudada, ´e esperado um desempenho razo´avel desta modelagem mesmo para a vers˜ao n˜ao-otimizada. ´E sabido, ainda, que modelos ponto-multiponto s˜ao otimistas, ou seja, os valores de campo medidos s˜ao, em geral, menores do que os preditos. Isto pode ser explicado pela ausˆencia de pr´edios na modelagem, por exemplo. Por conta disto, ainda fazem-se necess´arias as corre¸c˜oes do cap´ıtulo 3, levadas em conta as considera¸c˜oes t´ecnicas acerca de multipercurso e sombreamento.

Ainda assim, foi observado grande ganho na aderˆencia do modelo `as medidas da ´

area, onde o relevo ´e relativamente baixo e h´a, quase sempre, visada direta para a antena transmissora (conforme visto nas figuras de 4.8 a 4.12). De acordo com a tabela 5.1, podemos verificar um ganho de aproximadamente 28.5 dB para o m´etodo Steepest Des-cent. O conjunto de curvas mostrado na figura 5.4 — mais precisamente, a curva verde, correspondente a 150 metros de altura efetiva — representa bem o perfil da atenua¸c˜ao na regi˜ao, visto que a diferen¸ca entre h1 = 150 e h1 ´e muito pequena.

Referências

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