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Vista do Uma Proposta de sequência didática para o ensino da estrutura do texto narrativo

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Uma Proposta de sequência didática

para o ensino da estrutura do texto

narrativo

Yara Alves Sardinha

Olga Aparecida Arantes Pereira

Graduanda em Pedagogia pelo Centro Universitário Teresa D'Ávila. E-mail: yarasardinha@gmail.com

Graduada em Filosofia, Pedagogia e Língua Portuguesa, Especialização em :Cinema e Mestre em Educação com Área de Concentração em Educação Sócio-Comunitária pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo (2006). Professora Titular do UNIFATEA - Centro Universitário Teresa D'Ávila e Diretora do Cine Clube de Lorena.

E-mail: olga.arantes@uol.com.br

Resumo

Pesquisas recentes apontam a deficiência de nossos alunos com relação à leitura e à produção de textos. A partir desse pressuposto, essa pesquisa tem por objetivo propor uma sequência didática para a elaboração do texto narrativo. Como fundamentação teórica, são utilizadas, entre outras, as obras: Abreu (2005), sobre gêneros discursivos; Bronckart (1999) sobre superestrutura do texto narrativo e Dolz e Schneuwly (2004), sobre sequência didática. A metodologia é de abordagem qualitativa, pois dispensa pesquisa de campo. Tendo um conto de fadas, como suporte, foi proposta uma sequência didática para o ensino do texto narrativo, atingindo assim, o objetivo proposto.

Palavras-chave:

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1. INTRODUÇÃO

Pesquisas recentes apontam a deficiência de nossos alunos no que se refere à leitura e à elaboração do texto escrito.

Entre outras causas, apontamos a deficiência da escola pública, como um todo, o que provoca dificuldades para o desenvolvimento da competência linguística do aluno, refletindo no mau desempenho para a leitura e para a produção de textos.

A partir desse pressuposto esta pesquisa tem como objetivo apresentar uma proposta para o ensino/aprendizagem da superestrutura do texto narrativo, para alunos de 5ª série do Ensino Fundamental 1.

Como referencial teórico utilizamos, entre outras, as propostas de: a) Abreu (2005), sobre domínios discursivos, gêneros e tipos textuais; b) Bronckart (1999), sobre a superestrutura do texto narrativo; c) Adam (1978), sobre o texto narrativo; d) Marcuschi (2002), sobre “sequência didática”; e) Dolz e Schneuwly (2004), sobre sequência didática.

Quanto aos procedimentos metodológicos, essa pesquisa adota uma abordagem qualitativa, pois utiliza textos e interpretações para explicar os dados. É considerada uma pesquisa leve (soft), pois recusa números, prescindindo de pesquisa de campo.

O texto suporte para a elaboração da sequência didática é um conto de fadas: “Cinderela, uma princesa de conto de fadas”. A partir da leitura e estruturação do conto, é elaborada uma sequência didática, com vistas à elaboração do texto narrativo, com ênfase para a sua superestrutura.

Concluindo o cumprimento das etapas, os alunos serão convidados a elaborar um texto narrativo, demarcando nele as categorias da narrativa.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 A estrutura do texto narrativo

Considerando que o modelo de análise nesta pesquisa é o tipo textual “narrativo”, é importante tecer algumas considerações sobre domínios discursivos, gêneros e tipos textuais.

2.1.1 Gêneros, tipos textuais e domínios discursivos

Segundo Abreu (2005), os gêneros textuais são acontecimentos textuais ligados à nossa vida cultural e social e são bem menos restritos do que os tipos textuais. Seu número é praticamente infinito. Exemplos de gêneros são: romance, carta pessoal, carta comercial, aula expositiva, artigo científico, boletim de ocorrência, outdoor, editorial, conversação espontânea

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etc. Alguns gêneros podem desaparecer e outros podem sofrer modificações ao longo do tempo, como o romance e as cartas comerciais. Isso lhes dá um caráter de evolução histórica. Gêneros novos podem aparecer, em função de conquistas tecnológicas ou mudanças sociais, como o telefonema e o e-mail. Gêneros não são, portanto, entidades formais, mas entidades comunicativas, resultantes de processos de interação social.

Sempre que praticarmos qualquer ato de linguagem, estaremos dentro de um gênero textual, uma vez que eles ordenam e estabilizam, ainda que de maneira bastante plástica e maleável, nossas atividades comunicativas do dia-a-dia.

Dentro de um gênero, podem existir diferentes tipos textuais. Em uma crônica, por exemplo, alguém pode, narrar um acontecimento e construir, depois, uma argumentação defendendo posições. Vejamos o seguinte exemplo do escritor Rubem Alves:

A Mariana é minha neta. Tem seis anos. Entrou para a escola e anuncia orgulhosamente que está no “Pré-A”. Ela aguardou este momento com grande ansiedade. Agora ela se sente possuidora de uma nova dignidade. Está crescendo. Está entrando no mundo dos adultos.

Novas responsabilidades, deveres de casa, pesquisas. Passados uns poucos dias do início das aulas, ela voltou da escola com um novo dever: uma pesquisa sobre uma palavra que ela nunca usara, não sabia o que era. Ela deveria encontrar uma resposta para a seguinte pergunta: “O que é a política?” [...]

Reacendeu-se em mim uma antiga convicção de que as escolas não gostam de crianças. Convicção que é partilhada por muita gente, inclusive o Calvin e o Charlie Brown.

Parece que as escolas são máquinas de moer carne: numa extremidade entram as crianças com suas fantasias e seus brinquedos. Na outra, saem rolos de carne moída, prontos para o consumo, “formados” em adultos produtivos.

Primeiro, o autor utiliza o tipo narração para relatar um acontecimento envolvendo sua neta. Logo após, muda o tipo textual para argumentação, ao criticar a pedagogia da escola de Mariana.

Finalmente, temos os chamados domínios discursivos, que são as diversas instâncias de uma cultura que abrangem uma série de discursos específicos. Podemos falar, assim, em domínio discursivo jornalístico, que abrange gêneros como: reportagens, editoriais, crônicas, anúncios classificados etc.; em domínio discursivo jurídico, que abrange gêneros como petição, contestação, sentença, libelo, etc.

Como observamos, no texto acima aparecem os tipos: narrativo e argumentativo. Existem outros tipos, que não serão aqui mencionados, por não serem pertinentes para essa pesquisa.

A partir do exposto é possível afirmar que, teoricamente, podemos distribuir essas categorias hierarquicamente.

Exemplificando: dentro do domínio discursivo (categoria mais abrangente) “discurso jornalístico”, teríamos muitos gêneros discursivos, (categoria menos abrangente) como: editorial, crônica, artigo de opinião, etc.; e dentro dos gêneros teríamos os tipos textuais, (categoria menos abrangente) tais como: narração, descrição, etc.

Para efeito de análise, é possível isolar os diferentes tipos, embora: tipo, gênero e domínio constituam um todo. (ABREU, 2005)

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Assim considerada, podemos afirmar que a sequência narrativa se organiza no eixo cronológico, mobiliza personagens e apresenta um conjunto de categorias, que serão apresentadas e descritas nessa pesquisa.

A sequência descritiva é composta de fases que não se organizam linearmente e a sequência argumentativa se desenvolve a partir de uma tese, seguida de argumentos que visam demonstrá-la.

É de interesse dessa pesquisa apenas a sequência narrativa.

2.2 A superestrutura do texto narrativo

Dos tipos textuais, o narrativo tem sido o mais estudado, desde a tradição de Aristóteles até a narratologia moderna, focalizando uma estrutura prototípica desse tipo textual. Assim, Labov e Waletzhy (1967, apud BASTOS, 1985) propõem a seguinte estrutura para a narrativa:

- a fase de situação inicial (de exposição, ou de orientação), na qual um “estado de coisas” é apresentado, estado esse que pode ser considerado “equilibrado”, não em si mesmo, mas na medida em que a sequência da história vai nele introduzir uma perturbação;

- a fase de complicação (de desencadeamento, de transformação);

- a fase de ações, que reúne os acontecimentos desencadeados por essa perturbação;

- a fase de resolução (de re - transformação), na qual se introduzem os acontecimentos que levam a uma redução efetiva da tensão;

- a fase de situação final, que explicita o novo estado de equilíbrio obtido por essa resolução.

A essas cinco fases principais acrescentam-se outras duas, cuja posição na acrescentam-sequência é menos restrita, na medida em que dependem mais diretamente do posicionamento do narrador em relação à história narrada:

- a fase de avaliação, em que se propõe um comentário relativo ao desenrolar da história e cuja posição na sequência parece ser totalmente livre;

- a fase de moral, em que se explicita a significação global atribuída à história, aparecendo geralmente no início ou no fim da sequência.

(ADAM, 1972, apud BRONKART, 1999) No exemplo a seguir, extraído de um conto para crianças, as sete fases do protótipo da sequência narrativa são realizadas por pacotes de proposições cuja extensão pode ser muito variável, como se pode constatar:

1. Situação inicial

Era uma vez um rei rico em terras e em dinheiro;

2. Complicação

Sua mulher morreu e ele ficou inconsolável. Trancou-se durante oito dias inteiros em seu gabinete, onde batia com a cabeça nas paredes, de tanto que estava sofrendo [...]

3. Ações

Todos os seus súditos resolveram ir vê-lo e dizer-lhe o que pudessem de mais adequado para consolar sua tristeza. Uns prepararam discursos graves e sérios; outros, leves e até mesmo alegres [...]. Enfim, apresentou-se diante dele uma mulher toda coberta de crepes negros, com véus, mantas e longas roupas de

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luto, que chorava e soluçava tão forte e tão alto, que ele ficou surpreso [...]. Ele a recebeu melhor que aos outros [...].

4. Resolução

Quando a elegante viúva viu o assunto quase esgotado, levantou um pouco os seus véus [...]. O rei observou-a com muita atenção [...] pediu-lhe para não imortalizar a sua dor.

5. Situação final (+ Avaliação)

Em conclusão, todos se espantaram quando ele se casou com ela, tornando-o negro, verde em cor-de-rosa:

6. Moral

Frequentemente, basta conhecer o que as pessoas têm de fraco para entrar em seu coração e para se fazer tudo que se quiser.

Adam (1972, apud Bronkart, 1999) apresenta as seguintes categorias: resumo, orientação, complicação, ação, resolução e moral.

Apesar das diferentes nomenclaturas, a essência é a mesma, pois os nomes identificam partes de textos que se equivalem. Por isso, fizemos uma síntese do que nos mostraram os linguistas. A superestrutura se divide em:

1. Resumo (opcional): uma ou mais cláusulas que resumem toda a história. Exemplo: “O que vou contar aqui foi um fato muito engraçado acontecido na minha infância e que até gosto de lembrar, pois me serviu como lição”.

2. Situação Inicial: caracterização dos agentes (personagens), do lugar (espaço), do momento (tempo), e das circunstâncias. Exemplo: “Eu tinha meus sete anos morava numa pequena cidade do interior paulista. Era o que costumava chamar de um ‘moleque travesso’, porque sempre aprontava das minhas”.

3. Complicação: acontecimento importante em relação à situação inicial; o mesmo que “dano”; é a quebra do equilíbrio da narrativa; é o “nó da intriga”. Exemplo: “certo dia, quando meus pais estavam recebendo uma visita muito importante, na hora do café resolvi trocar, sem que ninguém visse, o açúcar por sal.”

4. Consequência: decorrente da complicação. Exemplo: “foi um reboliço total... todos correram ao banheiro para lavar a boca”.

5. Situação Final: é o desfecho. Exemplo: “Como castigo, meus pais me deixaram dois dias sem ver televisão”.

6. Avaliação (opcional): juízo de valor do narrador em relação ao episódio. Exemplo: “Muito chateado por estar perdendo, há dois dias, o meu desenho animado favorito, comecei a me arrepender do que fiz e prometi a mim mesmo que a partir daquele dia eu melhoraria o meu comportamento”.

7. Coda (opcional): volta ao momento da enunciação. Exemplo: “Hoje, toda vez que vou tomar café, lembro-me do ocorrido”.

8. Moral (opcional): ensinamento que a história deixou. Exemplo: “É, o castigo é um santo remédio”.

Uma observação: a superestrutura ocorre na ordem natural do acontecimento, mas ao ser narrado o fato, através da escrita ou oralmente, a ordem das categorias pode ser trocada.

Como modelo de análise para essa pesquisa, utilizamos a proposta acima.

2.3 O procedimento “sequência

didática” como estratégia para o ensino

de produção textual.

O trabalho com sequência didática pressupõe a elaboração de um conjunto de atividades pedagógicas ligadas entre si,

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planejadas para ensinar um conteúdo, etapa por etapa, visando sempre um gênero textual. É consenso entre os estudiosos da área que é impossível se comunicar verbalmente, a não ser a partir dos gêneros textuais. Acresce que, a atividade “sequência didática”, entre outros aspectos positivos, favorece o trabalho sobre os conteúdos e a estruturação dos textos. É o que pretende essa pesquisa, ao focar a estrutura do tipo textual narrativo.

Marcuschi (2002) aponta um aspecto fundamental no trabalho com sequência didática, que é a criação de situações com contextos capazes de reproduzir a situação concreta de produção textual, incluindo a relação entre produtores e receptores.

Por outro lado, Machado e Cristovão (2004), apontam que as sequências didáticas possibilitam um trabalho global e integrado, agrupando atividades de leitura e de escrita.

Segundo Dolz e Schneuwly (2004), as sequências didáticas, doravante SDs, são organizadas a partir de um projeto de apropriação das dimensões que constituem um determinado gênero textual. Os objetivos das SDs são: oferecer os meios para introduzir os alunos em situações efetivas de produção de um gênero discursivo, promover atividades para uma melhoria da planificação do texto e trabalhar exercícios para favorecer a apropriação de valores enunciativos das unidades linguísticas do gênero.

Trabalhar com as SDs para os autores, evita uma abordagem naturalista, segundo a qual, basta fazer um texto escrito, por exemplo, para que surja no estudante uma nova capacidade.

A estrutura de base de uma SD é constituída pelos seguintes passos, como demonstra o esquema abaixo:

Figura 2 - Fonte: Dolz,Noverraz e Schneuwly (2004, p.98)

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Uma sequência didática se organiza em torno dos seguintes procedimentos conforme o esquema da figura 2:

a) Apresentação da situação: O professor define com os alunos qual a modalidade a ser trabalhada, se oral ou escrita; para quem o aluno vai escrever; qual o gênero a ser trabalhado; e a forma que terá essa produção se para rádio, televisão, papel, cartaz, jornal, para a própria aula [...]; além disso, o professor define os conteúdos a serem desenvolvidos;

b) Produção inicial: Nesta parte, o aluno faz a primeira formulação do texto, que pode ser tanto individual como em grupo. Este é apenas um esboço em que irá se verificar as dificuldades dos alunos, as quais deverão ser sanadas nos módulos.

c) Módulos 1,2,3...: A quantidade de módulos não são definidas previamente, isto é, estes serão quantos forem necessários. Há de se trabalhar nesta etapa as dificuldades encontradas pelos alunos para saná-las antes da produção final. Nos módulos, os quais se desenvolvem a partir de três princípios: (i) trabalhar problemas de níveis diferentes, tais como o lexical, o sintático, o semântico, dentre outros; (ii) variar as atividades e exercícios ; e (iii) capitalizar as aquisições, o professor deverá dar instrumentos necessários para que os alunos sanem as dificuldades encontradas na primeira produção.

d) Produção final: Como o nome diz, esta parte da sequência é reservada à produção final. O aluno põe em prática o que realmente aprendeu nos módulos. Nesse momento, o aluno já deve possuir o controle sobre sua produção, saber o que fez, como fez e por que fez. (DOLZ; NOVERRAZ, SCHNEUWLY, 2008, p.98).

Ao se trabalhar com as sequências didáticas, os professores disponibilizam aos alunos instrumentos necessários para que eles tenham domínio e reconheçam uma grande quantidade de gêneros inseridos nas mais variadas práticas sociais. Assim, dominando e reconhecendo os gêneros discursivos, os alunos estarão aptos a utilizá-los com competência.

3. METODOLOGIA

Trata-se de uma abordagem qualitativa, pois prescinde de dados quantitativos e de pesquisa de campo. Utiliza apenas dados bibliográficos.

Segue-se uma proposta de sequência didática para se aprender a estrutura do tipo textual “narrativo”, partindo de um conto, extraído de um livro paradidático, intitulado: “O carteiro chegou”, O título do conto é “Cinderela, uma princesa de conto de fadas”. Trata-se de um gênero discursivo (conto) inserido no domínio discursivo: discurso literário. No gênero conto priorizamos o tipo textual “narrativo”, que predomina nesse gênero, analisando a sua estrutura.

É possível detectar, nesse conto, as seguintes categorias:

- Situação inicial - 1° parágrafo

- Complicação - 2° parágrafo (chegada da carta)

- Consequência - Tudo o que ocorreu, em decorrência da complicação.

- Situação final ou desfecho - : “Cinderela foi a última - - - - até lua de mel”.

3.1. Proposta de sequência didática

O corpus dessa pesquisa consta de um conto de fadas, extraído de um livro paradidático.

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Título do conto: “Uma princesa de conto de fadas”.

Autora: Janet & Allan Ahlberg Editora: Cia das Letrinhas, SP, 2007. Segue-se o conto, na íntegra:

“Era uma vez uma mocinha chamada Cinderela, que tinha uma madrasta muito má, duas irmãs feiosérrimas e muito más também, e um pai que quase nunca aparecia em casa.

Um dia o carteiro chegou trazendo um convite para o baile real.

A madrasta e as irmãs vestiram suas roupas mais carérrimas e foram para o baile de carruagem, deixando Cinderela sozinha. Ela não podia ir ao baile. Não tinha nenhuma roupa decente, e mito menos carruagem para levá-la.

Ainda bem que a fada-madrinha da Cinderela apareceu na hora certa. Encontrou a coitada em prantos, e fez rapidinho umas mágicas para que a Cinderela também pudesse ir ao baile numa carruagem dourada e com um vestido de arrasar. “Mas volte à meia-noite”, avisou a fada. “Porque o efeito da mágica acaba a essa hora”.

Cinderela foi ao baile e se divertiu à beça. Comeu um montão de espetinhos de salsicha e dançou o tempo todo com o Príncipe, que, nem é preciso dizer, achou-a linda de morrer.

Mas, quando tudo estava indo que era uma beleza, o relógio soou meia-noite, e Cinderela teve de ir embora às carreiras. O Príncipe ficou inconsolável. Sua alegria só voltou quando encontrou no chão um pé dos sapatinhos de cristal de Cinderela. No dia seguinte, saiu de manhã cedinho procurando a moça em cujo pé o sapatinho coubesse, para pedi-la em casamento.

Todas as mulheres do reino – moças e velhas, até as irmãs feiosérrimas – experimentaram o sapatinho, em vão, Cinderela foi a última a experimentar, e, claro, o sapato lhe caiu como uma luva. Poucos dias depois, Cinderela e o Príncipe se casaram. Receberam telegramas de felicitações de todos os contos do reino, e os jornais só falavam das bodas e da lua-de-mel.

UMA PRINCESA DE CONTO DE FADAS, diziam as manchetes. O que, neste caso – não dá para não concordar –, é a mais pura verdade.”.

3.2. Estrutura da sequência didática

a) série: 5ª do Ensino Fundamental 1. b) Número de aulas (mais ou menos 30 alunos): 8 aulas, aproximadamente, de 50 minutos cada uma.

Procedimentos adotados para o desenvolvimento da sequência didática.

1ª aula:

a) apresentação do gênero textual a ser estudado: um conto de fadas, história de ficção. (todos os alunos deverão ter o texto em mãos).

b) Leitura silenciosa por todos os alunos. c) Leitura individual, sendo os alunos escolhidos pelo professor. Durante a aula serão corrigidos problemas de pronúncia e de obediência à pontuação.

d) Levantamento do vocabulário desconhecido (se houver) e seu esclarecimento, aproveitando para um exercício oral sobre esse vocabulário.

2ªaula:

a) Divisão da sala em grupos de 4 ou 5 alunos, para um estudo do conteúdo semântico do conto. Os alunos terão 25 minutos, aproximadamente, para essa discussão.

b) A seguir, grupo por grupo, todos os alunos devem ir narrando parte por parte do conto. Segue-se uma avaliação: se gostaram, ou não, do conto, justificando.

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a) Ainda divididos em grupos, os alunos deverão dividir o conto em quatro partes, que assim serão explicadas:

a1 – Início ou situação inicial: que contém local (opcional), espaço (opcional), personagens e suas características.

a2 – Um fato que mude a sequência da história, chamada Complicação.

a3 – Tudo o que ocorre em razão desse fato, chamada Consequência.

a4 – Conclusão: desfecho ou final da história, ou situação final.

b) Após a explicação detalhada dessas categorias, solicitar que os alunos procurem no conto, a 1ª parte.

Detectada a 1ª parte (1º parágrafo), discutir com todos, as características dessa categoria.

c) Idem para a 2ª parte, também chamada “Complicação”.

d) Idem para a 3ª parte, chamada “Consequência”.

e) Idem para a 4ª parte, chamada “Situação”.

4ª aula:

a) Cada grupo deverá criar, escrevendo no caderno, uma “Situação Inicial” para um texto narrativo.

b) Um elemento do grupo escreverá o texto redigido, na lousa.

c) Todos alunos copiarão no caderno o texto escrito na lousa. Assim, sucessivamente, com todos os grupos.

5ª aula:

Será utilizado o mesmo procedimento para as duas categorias seguintes:

“Complicação” e “Consequência”.

Observação: - Por serem categorias mais extensas, o trabalho será feito só com dois grupos.

6ª aula:

Será utilizado o mesmo procedimento com os demais grupos.

7ª aula:

Será utilizado o mesmo procedimento com a elaboração da “Situação Final” e a participação de todos os grupos.

8ª aula:

Avaliação.

Dada uma “Situação Inicial”, os alunos deverão escrever, individualmente, um texto narrativo, com todas as categorias.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo dessa pesquisa foi alcançado, visto que foi apresentada uma proposta para o ensino/aprendizagem do texto narrativo, no que se refere à sua superestrutura.

Essa estratégia se justifica em razão da deficiência de nossos alunos para a leitura e produção do texto escrito. Foi escolhido o texto narrativo por ser o mais utilizado e solicitado nas quintas séries. É um texto com o qual o aluno tem contato desde sua infância.

Foram utilizados autores bastante conceituados nesta área, como referencial teórico, entre eles: Abreu (2005), Adam (1978), Dolz e Schneuwly (2004), e outros.

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Constatamos a existência de diversos aprofundamentos teóricos sobre a estrutura narrativa e que possibilitam o trabalho pedagógico e oferece recursos e meios para a didática.

Foi escolhido como texto suporte um conto de fadas no qual, através de leitura como os alunos, foram detectadas as categorias da superestrutura narrativa: Situação Inicial, Complicação, Ação ou Consequência e Situação Final.

E concluímos que a proposta de sequência didática para o ensino de texto narrativo permite que o professor possa realizar com os alunos diversas atividades que favorecem o desenvolvimento da competência leitora, da capacidade de interpretação e produção textual.

O conto selecionado está incluído num livro paradidático.

5. REFERÊNCIAS

ABREU, A. S. Curso de Redação. São Paulo: Ática,

2005.

BASTOS, L. K. Coesão e coerência em narrativas escolares. Campinas: Saraiva, 1985

BRONCKART, J. P. Atividade de linguagem, textos e discursos. São Paulo: Educ, 1999

DOZ, J.; SCHNEUWLY, B. Gêneros orais e escritos na escola. Campinas: Mercado de Letras, 2004.

JANET, A. A. O carteiro chegou. São Paulo: Cia. Das Letrinhas, 2007

MACHADO, A. R.; CRISTÓVÃO, V. L. L. A construção de modelos didáticos de gêneros: aportes e

questionamentos para o ensino de gêneros. Linguagem em (Dis)curso. v. 6, n. 3, set/dez. 2006 MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais, mídia e ensino de língua. São Paulo: Cortez, 2002.

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