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Academic year: 2021

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A formação do professor alfabetizador e a linguística

Neide Aparecida Arruda de Oliveira

Mestre em Linguística Aplicada pela Unitau. Professora e Coordenadora do Curso de Letras das Faculdades Integradas Teresa D’Ávila – Fatea. Fernanda Valéria Pereira Moliterno

Graduada em Pedagogia. Pós-graduanda em Língua Portuguesa – Literatura e Linguagem pelas Faculdades Integradas Teresa D’Ávila - Fatea

Resumo

O objetivo deste estudo é o de promover uma reflexão sobre a importância do professor alfabetizador em sua formação para o ensino da linguística, nesta fase que merece atenção e deve ser discutida, visto que, as dificuldades na aprendizagem acerca da fala e escrita continuam e pouco se tem feito para solucionar os problemas que acometem a forma de alfabetizar. A alfabetização é apresentada como simples codificação e decodificação do sistema na aprendizagem da leitura e escrita, aprender a ler pressupõe não só decifrar o código escrito, como interpretar e compreender os textos de diferentes gêneros; aprender a escrever envolve não somente o escrito, estabelecendo correspondência entre letra e som, mas estar apto a produzir textos em diferentes situações comunicativas que esse alfabetizando vivencia. A Língua Portuguesa no Brasil apresenta uma grande variedade de dialetos, e estes se diferenciam por cada grupo social, o que faz reforçar o embasamento linguístico na formação do professor alfabetizador, para que o mesmo não assuma uma postura de “certo” e “errado” na alfabetização de seus alunos, sendo a alfabetização um processo de ensino-aprendizagem da língua que tem como objetivo dar ao alfabetizando mais um processo de comunicação verbal, a escrita, desse modo se faz necessário que o professor alfabetizador tenha conhecimento das variações linguísticas. Palavras-chave

Formação do professor alfabetizador; Alfabetização; Linguística.

Abstract

The aim of this study is to promote a reflection on the importance of literacy teacher in your training for language teaching at this stage that deserves attention and should be discussed, given that the difficulties in learning about the speaking and writing remain and little It has been done to solve the problems that affect the form of literacy. Literacy is presented as simple encoding and decoding system in the reading and writing learning, learning to read requires not only decipher the written code, how to interpret and understand texts of different genres; learn to type involves not only writing, establishing correspondence between letter and sound, but be able to produce texts in different communicative situations that literate experiences. The Portuguese language in Brazil presents a wide range of dialects, and these are different for each social group, which makes strengthen the linguistic basis in training literacy teacher so that it does not take a position of "right" and "wrong" literacy of their students, and literacy a language teaching-learning process that aims to give the more literate a verbal communication process, writing, thus it is necessary that the teacher literacy aware of linguistic variations.

Keywords

Training of literacy teacher; Literacy; Linguistics.

Introdução

Este estudo apresenta uma pesquisa bibliográfica acerca do processo de aprendizagem na fase da alfabetização e na formação do professor alfabetizador, pois a

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alfabetização na esfera educacional é uma fase que merece atenção e deve ser discutida pelos que se preocupam com o caminhar da educação brasileira, visto que há décadas observam-se as mesmas dificuldades de aprendizagem e pouco se tem feito a respeito. (Cagliari, 2010 p.5). Os resultados obtidos não têm sido expressivos na solução dos problemas que acometem a forma de se alfabetizar. O que motivou esta pesquisa foi perceber dificuldades na alfabetização e letramento desses alunos nesta fase, pois pressupõe que estes alunos venham sem conhecimento nenhum da língua materna, o que não é verdade, ele já vem com um dialeto próprio que deve ser respeitado para que o aluno atinja um domínio da língua em suas diversas variedades (dialetos, registros e modalidade oral e escrita). O objeto desta pesquisa foi delinear o estudo da linguística na alfabetização e a formação deste alfabetizador para que haja mudanças significativas no modo de ensinar já que em tese a alfabetização se apresenta como simples codificação e decodificação do sistema na aprendizagem da leitura e escrita, aprender a ler pressupõe não só decifrar o código escrito, como interpretar e compreender os textos de diferentes gêneros; aprender a escrever envolve não somente o escrito, estabelecendo correspondência entre letra e som, mas estar apto a produzir textos em diferentes situações comunicativas que esse alfabetizando vivencia. Segundo Cagliari (2010), ler e escrever são atos linguísticos, no entanto, a criança ao entrar na escola perde toda a consciência que tem da linguagem oral. Assim, se a escola e seu professor alfabetizador não tratam à escrita e a fala adequadamente, a dificuldade para lidar com a leitura e como interpretá-la refletirá para esse aluno no ensino fundamental e médio.

Alfabetizar – ato de ensinar a ler e a escrever

Ferreiro (1999, p.47) afirma que “a alfabetização não é um estado ao qual se chega, mas um processo cujo início é na maioria dos casos anterior a escola é que não termina ao finalizar a escola primária”.

Há crianças que chegam à escola sabendo que a escrita serve para escrever coisas inteligentes, divertidas ou importantes. Essas são as que terminam de alfabetizar-se na escola, mas começaram a alfabetizar muito antes, através da possibilidade de entrar em contato, de interagir com a língua escrita. Há outras crianças que necessitam da escola para apropriar-se da escrita. (FERREIRO, 1999, p.23)

A alfabetização inclui várias esferas para que aconteça com competência, e uma delas e não menos importante é a consciência do educador de como se dá o processo de aquisição de letramento e de oralidade deste alfabetizando, que vem em constante evolução no seu processo de desenvolvimento emocional, interacional, e da sua realidade linguística em seu processo de alfabetização. Sem dúvida, a alfabetização é a iniciação mais importante do educando no mundo letrado e falado. O domínio da escrita representa na sociedade maior fonte de poder do conhecimento humano. No entanto, poucos são os que realmente são considerados competentes na arte da escrita e da leitura. A Língua Portuguesa no Brasil apresenta uma grande variedade de dialetos, e estes se diferenciam por cada grupo social, o que faz reforçar o embasamento linguístico na formação do professor alfabetizador, para que o mesmo não assuma uma postura de “certo” e de “errado” na alfabetização de seus alunos, já que a alfabetização um processo de ensino-aprendizagem da língua que tem como objetivo dar ao alfabetizando mais um processo de comunicação verbal, a escrita. Desse modo se faz necessário que o professor alfabetizador tenha conhecimento das variações linguísticas, visto que os alunos já chegam à escola usando pelo menos a variante familiar da língua. Partindo

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desse pressuposto, é fundamental formar um usuário competente da língua que seja capaz de usar os diversos recursos de modo adequado na construção de textos para veicular a determinação de significações, produzindo efeitos de sentido pretendidos em situações variadas e específicas de comunicação e, ao mesmo tempo, seja capaz de compreender os sentidos veiculados pelos textos que recebe. Portanto, desenvolver a competência do professor alfabetizador para que possa realizar um ensino efetivo na competência comunicativa desse aluno. É importante ressaltar que não esperamos que a linguística consiga resolver o problema da alfabetização, mas um caminho para que o professor realize seu trabalho sob uma perspectiva linguística que fomente as dificuldades de leitura e de escrita perceptíveis ao longo do processo estudantil dos alunos por meio de avaliações governamentais que avaliam a qualidade de ensino oferecido por Estados e Municípios. Assim este estudo vem reforçar a ideia já difundida por outros autores, sobre a importância da linguística no processo de alfabetização e a formação do professor para que se dê com efetividade a sua proposta de ensino da língua materna. Para Vygotsky,(1993) o desenvolvimento do pensamento é determinado pela linguagem e pela experiência sociocultural da criança. Partindo desse pressuposto, a linguagem duplica sua importância, pois, além de constituir um instrumento de interação entre os falantes em idade de alfabetização, é um fator que também determina o desenvolvimento psicológico desses iniciantes no mundo letrado. Vygotsky,(1993,p.44) reitera: “O aprendizado é uma das principais fontes de conceitos da criança em idade escolar, e é também uma poderosa força que, direciona o seu desenvolvimento, determinando, o destino de todo o seu desenvolvimento mental”.

Uma criança que entra para a escola já vem com um conhecimento das suas relações sociais e já adquiriu um conhecimento e uma habilidade linguística muito desenvolvida, ou seja, já tem um dialeto, espelho da sua realidade linguística. Para Cagliari, (2010), um dialeto não é simplesmente um uso errado do modo de falar de outro dialeto. São modos diferentes. Esta mesma criança tem outras necessidades que o professor alfabetizador por sua formação tem como obrigação ter conhecimento dos vários níveis que englobam a alfabetização: nível fonético-fonológico, nível sintático-semântico, nível textual, o professor conhecendo essas estruturas e sabendo como aplicá-las fica mais fácil de mediar às dificuldades dos alunos, mas embasado somente nesse conhecimento o professor alfabetizador não realizará um trabalho eficaz, faz-se necessário que ele leve em conta as variações dialetais que seus alunos apresentam, pois uma classe ou comunidade escolar nunca é homogênea no dialeto, há variações históricas, geográficas e sociais, e para tanto, o professor alfabetizador deve conhecer e respeitar a fala dos alunos que irá ensinar, entendendo sua realidade linguística, já que fazem parte de culturas diversas socialmente. Assim esses alunos levam as diferenciações de fala do grupo ao qual pertence que pode ocorrer por características como; idade, sexo níveis de fala ou por registro do que aprendeu com seus semelhantes, registro formal ou coloquial. Os princípios linguísticos irão desenvolver-se a partir do momento em que a criança resolve o problema da forma como a linguagem escrita esta elaborada para extrair significados na cultura.

De acordo com Cagliari (2010, p.15-16)

A escola deve respeitar os dialetos, entendê-los e até mesmo ensinar como essas variedades funcionam comparando-as entre si, ensinando como usar as variedades linguísticas, sobretudo o dialeto padrão (...). A escola desta forma não só ensina o português, como desempenha um papel imprescindível de promover socialmente os menos favorecidos pela sociedade.

Desse modo, o professor alfabetizador contribui para o conhecimento dessas variações linguísticas e estará conduzindo-os para que compreendam o seu mundo e o dos que

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os rodeiam, desmitificando o estigma de que a cultura e o saber só detêm quem fala o dialeto padrão. O professor necessita ter um conhecimento linguístico para que essa desmistificação aconteça ensinando a seus alunos a verdade linguística, assim, certamente a sociedade aceitará as diferenças linguísticas da comunidade que a compõe. Infelizmente, muitos alfabetizadores estão mais preocupados com a gramática descontextualizada estabelecida pela sociedade, e que ignoram as variantes dialetais, e impõem sem perceber a norma da fala da classe dominante, esquecendo-se do papel fundamental que tem a oralidade e gerando um desconforto aos seus alunos, fazendo-os calarem-se por medo de não enquadrar-se ao que é considerado “correto”. Em geral, os critérios que determinam os padrões de uma língua se estabelecem principalmente pela ação da escola e dos meios de comunicação, levando os falantes de um idioma aceitar como “certo” o modo de fala do segmento social mais privilegiado, tanto no aspecto econômico como no cultural. Ocorre então, que a maneira segundo a qual esse grupo se utiliza da língua vai se impondo como um padrão da gramática normativa para estabelecer os conceitos de “certo e errado”, e o professor baseia-se neste padrão para o ensino da língua materna sem ao menos oferecer ao estudante condições de interpretar de maneira coerente que o modo de sua fala não é “errado” , mas inadequado a certas situações, cabe então ao professor oferecer o ensino de modo que o aluno domine as estruturas (regras) da língua culta, a fim de que, quando for conveniente, ele tenha condições de utilizá-la sem perder sua identidade. É imprescindível que o professor na fase de alfabetização não queira impor ao aluno o que a sociedade acha correto, mas mostrar-lhe maneiras de como usar a língua culta, de que existem contextos que a língua informal pode ser sim utilizada sem o preconceito linguístico. Quando uma pessoa se comunica com outras, para que esse ato se realize de forma eficiente, é necessário que ela faça a adequação da linguagem, assim, se o professor alfabetizador tiver essa consciência será muito mais fácil de ensinar esse aluno sobre as regras gramaticais a serem utilizadas.

Fiorin diz que: (2004, p. 78),

São inúmeros os fatores que, individualmente ou combinados, interferem no modo como o falante ajusta sua linguagem às circunstâncias do ato de comunicação. Entre esses fatores destacam-se:

O interlocutor – não se fala do mesmo modo com um adulto e uma criança; O assunto – falar sobre a morte de uma pessoa amiga requer uma linguagem diferente da usada para lamentar a derrota do time de futebol;

A relação falante-ouvinte – não se fala da mesma maneira com um amigo e com um estranho; em que uma situação social informal e em uma formal.

A linguística na formação do professor alfabetizador

Como o termo linguagem pode ter um uso não especializado bastante extenso, podendo referir-se a linguagem dos animais até outras linguagens – música, dança, pintura, mímica etc. – convém enfatizar que a Linguística detém-se somente na investigação científica da linguagem verbal humana. No entanto, é de se notar que todas as linguagens (verbais e não verbais) compartilham uma característica importante – são sistemas de signos usados para a comunicação. A Linguística é, portanto, uma parte dessa ciência geral; estuda a principal modalidade dos sistemas sígnicos, as línguas naturais, que são a forma de comunicação mais altamente desenvolvida e de maior uso. (FIORIN,2004, p.17)

A chamada educação linguística de que tanto se fala é um conjunto de fatores socioculturais que acompanham um indivíduo e possibilitam desenvolver seu conhecimento sobre a língua materna. A cultura que circula numa sociedade também faz parte de uma

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língua, suas lendas, mitos e crenças, o que poderíamos chamar de uma ideologia linguística, neste contexto também vemos e não é menos importante o aprendizado das normas gramaticais que fazem parte da educação, a educação linguística que incidem nos grupos sociais nos quais o indivíduo participa. Partindo desse pressuposto, pode-se dizer que a educação linguística de cada indivíduo começa no início da sua vida na interação com outros indivíduos, família, escola e comunidade em que está inserindo formando um conjunto de dialetos que formam uma sociedade.

A educação em seu momento atual necessita de uma análise no que tange o panorama das relações língua e sociedade, pois ainda há um mal entendido acerca de como se ensina a língua materna respeitando a fala e o dialeto de cada falante. Diante desse fato, é de suma importância que o Educador, professor alfabetizador tenha como cerne a sua formação continuada em busca de aprender a aprender, ou seja, aprender como ensinar a língua materna buscando uma formação integral para que possa ensinar com propriedade inovando sua didática e não morra nas velhas práticas pedagógicas de um ensino mecanizado da tradição normativa da língua, porém para que isso ocorra de modo participativo e com propriedade é necessário que esse professor alfabetizador e de língua tenha formação para tal, para que tenha uma perspectiva pragmática sobre como usa a linguística para ensinar a gramática de modo que o desenvolvimento da proficiência oral e escrita do aluno não seja o único objetivo. Infelizmente muitos graduados em Pedagogia e Letras vêm de um ensino que tem como alicerce a gramática normativa pura, tornando assim o estudante um meio repetidor da doutrina gramatical tradicional. Uma reflexão sobre língua e linguagem fica limitada em geral, a uma disciplina introdutória à linguística, de simples historiografia dessa ciência. Muitos estudantes que se graduam em Pedagogia e vão trabalhar especificamente com a alfabetização, jamais ouviram falar durante sua formação, de pragmática linguística, de conversação, de gramaticalização, de análise do discurso, linguística textual, etc.

Isso tudo acaba resultando em uma inaceitação por parte dos educadores alfabetizadores e do ensino da língua materna dos documentos que regem as políticas de ensino como o PCN de Língua Portuguesa e o PCN do Ensino básico, tendo dificuldade de interagir com a ideia de inovação, de interação com o novo, pois não foram familiarizados com esse tipo de reflexão em sua formação. Para validar essa afirmativa pode-se citar alguns livros didáticos disponibilizados pelo MEC que foram erroneamente interpretados, um deles o livro didático para o ensino da EJA da Editora Global, Coleção Viver e Aprender para uma vida melhor, cujo objetivo era trabalhar as variedades linguísticas e estabelecer um novo modo de se ensinar uma gramática mais reflexiva no que tange a linguística. O livro que traz expressões como “nós pega os peixe” ou “os menino pega o peixe” é o único livro de português que foi distribuído para este segmento de ensino pelo Programa Nacional do Livro Didático para a Educação de Jovens e Adultos (PNLDEJA) do MEC.

Com isso, abre-se um precedente para discussões sem fundamento sobre as propostas oficiais do ensino da língua, a formação desses docentes que ainda por formação não são capazes de assegurar os direitos linguísticos dos sujeitos em formação sem transgredir o seu direito de usar seu dialeto, causando assim um preconceito linguístico.

Vê-se a necessidade de certa urgência na reflexão e ação que sejam capazes de suprir uma demanda social no que concerne o ensino da língua materna, nos cursos superiores de qualquer segmento educacional devendo interferir na formação de seus docentes e na formação de seus licenciados. Os professores sejam eles de qual disciplina for agora generalizando, deve deixar essa concepção prefixada ao longo de sua vida estudantil do certo e do errado, é necessário que haja mudanças significativas para conceber essa postura impregnada mesmo involuntariamente, e não gere mais comportamentos preconceituosos em relação aos diferentes usos da língua e por consequência a seus usuários. Sem dúvida o professor deve sim ensinar a norma padrão, logo no início da alfabetização, digo letramento,

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pois alfabetizar subentende-se ensinar as letras e letramento não é somente e tão simplesmente ensinar a ler e a escrever, mas criar condições para que a formação desse sujeito seja plena e participativa na sociedade “letrada” na qual ele está inserido e cheio de variedades linguísticas a ser respeitada. Para tanto, o ensino dever ser respeitado em sua pluralidade cultural e linguística, e esse trabalho implica na formação desse docente que deve pautar-se na pedagogia da existência e valorização das características específicas do pensamento, da emoção e da ação do indivíduo, em sua formação deve manifestar-se contra o tradicionalismo que ignora a profundidade da educação e letramento, na busca de ideias e técnicas mais eficientes no letramento de seus alunos tendo como tarefa principal a educação linguística oferecendo propostas teóricas e práticas visando o interesse e necessidade do aluno adequando, portanto a suas variedades linguísticas sendo norteadoras da primazia na formação desses novos docentes. Cabe às instituições de curso superior enfatizar e despertar em seus licenciandos o reconhecimento e entendimento das especificidades do português brasileiro e no modo de como isso poderá interferir na didática no que diz respeito ao ensino da linguística dos falantes e ou na fala dos sujeitos acerca das variações linguísticas existentes, pois, as especificidades do português brasileiro são pouco e mal reconhecidas e quando mencionadas, destinam-se a condenar os “supostos” erros praticando assim somente o ensino da gramática normativa que vem de longa data a ser o correto em meio a uma sociedade elitista.

Com o domínio de como se processa a aprendizagem e sobre qual modelo deve prevalecer para o pleno desenvolvimento de indivíduos falantes de dialetos diferentes, do português escrito, permitindo ao professor conhecer melhor seus alunos e seu universo linguístico, oferecendo material que não se restrinja às variedades cultas, mas também que não isole as variações linguísticas.

A pesquisa foi embasada na fundamentação teórica de vários autores, dentre eles Cagliari (2010) e Travaglia (1995) que assumem uma concepção clara acerca do assunto.

Para tanto foi realizada uma pesquisa bibliográfica para embasar as perguntas feitas por este objeto, tratando-se de uma pesquisa qualitativa para o estudo e análise da prática do professor alfabetizador em sua formação.

Leitura

Muito se tem falado e escrito sobre a importância da leitura na vida do homem, sobre as causas e consequências da falta da leitura numa sociedade letrada que exige um desempenho linguístico no que se refere ao falante. Segundo Cagliari (2010), a alfabetização tem sido uma das fases da educação de um sujeito que mais preocupa, já que há muitas décadas se observam as mesmas dificuldades de aprendizagem. No entanto, os órgãos oficiais, em suas tentativas não têm obtido resultados expressivos na solução dos problemas. Partindo desse pressuposto, deve-se buscar uma formação que capacite o educador para o exercício de suas funções. Mostra-se nesta pesquisa que a capacidade referida diz respeito principalmente à formação técnica do professor alfabetizador.

Segundo Cagliari (2010) o processo de alfabetização tem como objetivo a aquisição do conhecimento, de como o aluno irá situar-se em termos de desenvolvimento cognitivo, emocional e de como evolui o seu processo linguístico durante a alfabetização, para isso o professor terá de ter práticas produtivas para o aprendizado, sem que haja sofrimento e preconceitos linguísticos. As instituições formadoras desses alfabetizadores têm que rever as práticas deste profissional para que tenha domínio da escrita, linguagem para maior fonte de métodos e técnicas.

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O professor alfabetizador não deve apenas satisfazer as necessidades do aluno, mas despertar novas necessidades, organizando métodos, conteúdos e modelos, assim faz-se necessário que a formação técnica do professor seja referência. (MEYER;BERTAGNA, 2006).

Vê-se que tem havido muitas pesquisas em Linguística, em Sociolinguística, em Psicolinguística e em Análise do Discurso que têm contribuído para o debate acerca do ensino de língua desde os anos iniciais, no entanto os avanços são tímidos e ainda não avançaram no que tange à formação do professor alfabetizador ao convergir teoria em prática, partindo desse pressuposto, um dos aspectos mais conflitantes na relação entre ensino e aprendizagem nos graus iniciais e os estudos da linguagem e da aprendizagem nas instituições universitárias encontram-se centralizadas na formação dos professores alfabetizadores, ou seja, os futuros Pedagogos. O currículo na formação de Pedagogos e Profissional de Letras permite apenas análises superficiais acerca das diferentes abordagens sobre o ensino e a aprendizagem da língua, promovendo assim uma disputa entre os defensores de vertentes tradicionais e de vertentes atualizadas.

Poucos são os resultados que alteram os rumos dos estudos da linguagem e aprendizagem dos licenciados em pedagogia, que consequentemente trazem para nossas salas de aula.

Evidentemente que esta desarmonia nos cursos de licenciaturas reflete-se nos cursos de formação de professores de Ensino fundamental e Médio, assim vale ressaltar o quanto se faz necessária e urgente uma implementação eficaz das políticas de formação de professores para esta esfera do ensino. Em 2011, o MEC deu início ao Programa de Formação continuada em Alfabetização (PROFA), e atualmente oferece o Pró-Letramento, Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, cujos objetivos mais ampliados englobam a formação do professor do Ensino Fundamental. Muitos Estados e Municípios já fazem parte do programa, no entanto, ainda há muita resistência em aderir ao programa e os que aderem desistem por falta de incentivo do próprio governo ao atrasar o valor da bolsa estipulada para a participação do professor.

No que se refere à formação do professor e na construção do conhecimento e da identidade social do mesmo e das maneiras como essa construção de conhecimento e identitária interfere nas práticas discursivas e nas relações sociais, como o professor de escolas públicas se vê como profissional, como vê sua atuação pedagógica na educação e construção do indivíduo em formação global, como entende sua função social no que tange o ensino no contexto sócio-histórico em que pretende atuar são questões que contemplam os objetivos deste estudo fomentando a prática das instituições formadoras de professores alfabetizadores.

Resultados

A pesquisa realizada aborda a falta de preparo de profissionais da educação em sua formação para o uso de técnicas e métodos acerca do uso da linguística na Educação Fundamental e Ensino Médio. O currículo na formação de Pedagogos permite apenas análises superficiais acerca das diferentes abordagens sobre o ensino e a aprendizagem da língua, promovendo assim uma disputa entre os defensores de vertentes tradicionais e de vertentes atualizadas, esta desarmonia nos cursos de licenciaturas reflete-se nos cursos de formação de professores, desse modo, vê-se a necessidade de certa urgência na reflexão e ação que sejam capazes de suprir uma demanda social no que concerne o ensino da língua materna, nos cursos superiores de qualquer segmento educacional devendo interferir na formação de seus docentes e na formação de seus licenciados para que possam atuar com competência

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exercendo sua função de modo que contribua para o pleno desenvolvimento do sujeito como um todo. É bom lembrar que, no Brasil, as reflexões sobre a problemática dos cursos de licenciatura acerca da formação do profissional de Letras e do Pedagogo, em si é uma crise tão antiga quanto a própria crise na educação atual.

À luz do pensamento dos vários autores citados, a intenção deste trabalho foi o de explicitar a compreensão do que se convenciona dizer de “falta de preparo das instituições para formação de professores acerca do uso da linguística desde os anos iniciais”. O uso que o homem faz da linguagem é uma ação tão natural que não é hábito refletir sobre sua importância e seu poder nas relações e em seu contexto social, visto que a fala apresenta uma variedade de dialetos que, devem ser respeitados e contemplados em sala de aula para que o aluno tenha conhecimento da própria língua e seu uso em diferentes contextos. Assim, a formação do professor alfabetizador no caso dos licenciados em Pedagogia deveria haver mais ênfase no que se refere à linguística para que ao estar em sala de aula com alunos falantes de formas diferentes esse profissional saiba respeitar sua maneira de se expressar, respeitando o contexto onde vive e a fala trazida do seio familiar mostrando as adequações na escrita sem julgá-los pelo seu modo de falar.

Considerações finais

Conclui-se que a falta de preparo de profissionais da educação em sua formação para o uso de técnicas e métodos acerca do uso da linguística na Educação Fundamental e Ensino Médio, é uma vertente a ser mais aprofundada, apesar de muitos teóricos já abordarem o assunto, ainda não é um tema que altera o que se espera de um curso de licenciatura na formação de professores alfabetizadores, ou seja, pedagogos, mas já mostra uma tendência de pensamento crítico acerca da reformulação que deve ser realizada nas instituições e na formação desses indivíduos que entendendo claramente a ideia e distinção e para que, e como usar a linguística em sua prática pedagógica, não perde assim a consciência dos fenômenos da fala.

Referências

BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico. O que é, como se faz. São Paulo: Loyola, 2003. CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e Linguística. São Paulo: Scipione, 2009.

FIORIN, José Luiz. Introdução à Linguística I Objetos Teóricos. São Paulo: Contexto, 2004.

MAIA, Joseane. Literatura na formação de leitores e professores. São Paulo, Paulinas, 2007.

MATENCIO, Maria de Lourdes Meirelles. Leitura, produção de textos e a escola: reflexões

sobre o processo de letramento. Campinas, Mercado de Letras; Autores Associados, 1994.

MEYER, João F. da Costa Azevedo, BERTAGNA, Regiane Helena. O ensino a ciência e o

cotidiano. Campinas, Editora Alinea, 2006.

TRAVAGLIA, Luis Carlos. Gramática e interação. São Paulo, Cortez, 1995.

VYGOTSKY, Lev Semenovitch. Pensamento e linguagem. Trad. de Jeferson Luiz Camargo. São Paulo, Martins Fontes, 1993.

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