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Análise da aplicação da logística reversa de resíduos no serviço de saúde : um estudo de caso em um hospital público de grande porte do Distrito Federal

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Academic year: 2021

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Universidade de Brasília

Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Gestão de Políticas Públicas Departamento de Administração

ISABELLA RODRIGUES OLIVEIRA DE SOUSA

ANÁLISE DA APLICAÇÃO DA LOGÍSTICA REVERSA DE

RESÍDUOS NO SERVIÇO DE SAÚDE: um estudo de caso em

um hospital público de grande porte do Distrito Federal

Brasília – DF 2018

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ISABELLA RODRIGUES OLIVEIRA DE SOUSA

ANÁLISE DA APLICAÇÃO DA LOGÍSTICA REVERSA DE

RESÍDUOS NO SERVIÇO DE SAÚDE: um estudo de caso em

um hospital público de grande porte do Distrito Federal

Monografia apresentada ao Departamento de

Administração como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Administração.

Professora Orientadora: Dra. Sílvia Araújo dos Reis

Brasília – DF 2018

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ISABELLA RODRIGUES OLIVEIRA DE SOUSA

ANÁLISE DA APLICAÇÃO DA LOGÍSTICA REVERSA DE RESÍDUOS NO SERVIÇO DE SAÚDE: um estudo de caso em um hospital público de grande porte do

Distrito Federal

A Comissão Examinadora, abaixo identificada, aprova o Trabalho de Conclusão do Curso de Administração da Universidade de Brasília da aluna

Isabella Rodrigues Oliveira de Sousa

Dra. Sílvia Araújo dos Reis Professor-Orientador

Dra. Patrícia Guarnieri dos Santos Dr. Evaldo César Cavalcante Rodrigues Professor-Examinador Professor-Examinador

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AGRADECIMENTOS

À Deus por ter me proporcionado a dádiva da vida.

À minha família. Especial e carinhosamente, agradeço à minha mãe, minha avó e meus padrinhos por terem me ensinado a ser uma pessoa honesta e do bem, além de proporcionarem as melhores oportunidades para que eu pudesse ter acesso à educação de qualidade e conforto.

Agradeço imensamente à minha orientadora Dra. Sílvia Araújo dos Reis, por ter acreditado no meu trabalho e me auxiliado na elaboração do mesmo.

Aos meus amigos e colegas de curso que seguiram ao meu lado em todos os momentos.

À Universidade de Brasília, que através de professores, estudantes, funcionários e de suas atividades me mostrou o poder de transformação que o ser humano possui.

Por fim, agradeço aos colaboradores do hospital de grande porte do Distrito Federal, por terem aceito a proposta de pesquisa no mesmo e darem as melhores condições para que ela pudesse ser desenvolvida.

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RESUMO

O destino da crescente quantidade de lixo urbano é um problema a ser pensado pela administração pública e pela sociedade como um todo. Quando se trata de resíduos de serviços de saúde o tema se torna ainda mais complexo por compreender um grau de periculosidade elevado, seja para o ser humano ou para o meio ambiente. Em 2 de agosto de 2010, foi promulgada a Lei nº 12.305, que estabelece a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que visa a obrigatoriedade da Logística Reversa no país, a qual deve envolver como atores empresas, governo e sociedade civil. Ela também determina que as empresas possuam o compromisso de elaborar um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) e destaca a importância da Logística Reversa nos diversos setores econômicos da contemporaneidade. Apesar de compreender uma área geográfica relativamente pequena, o Distrito Federal é um grande produtor de resíduos. O presente trabalho busca analisar a Logística Reversa em um hospital de grande porte do Distrito Federal. Essa pesquisa compreende um estudo exploratório-descritivo de natureza aplicada. O problema é abordado através de pesquisa qualitativa, pois o processo e seu significado são os focos principais da abordagem, além disso, foi desenvolvida uma revisão sistemática para analisar como a logística reversa é tratada em outros hospitais do Brasil. Os resultados mostraram que os principais problemas associados à falta de eficiência e eficácia da gestão dos resíduos hospitalares é a falta de recursos financeiros, técnicos e físicos para tal atividade logística. A pesquisa revela que a questão dos resíduos ainda não é vista como prioridade do ponto de vista da administração pública, sobretudo quando se trata de uma organização que lida diretamente com a saúde e com a vida das pessoas. Os estudos apontam para a necessidade de se atribuir importância à problemática dos resíduos, que tem ligação direta com a saúde humana e da natureza; através da alocação responsável de recursos financeiros advindos da administração pública, capacitação profissional e espaços adequados para a melhoria de seus processos.

Palavras-chave: Resíduos de serviços de saúde. Resíduos hospitalares. Lixo hospitalar. Logística reversa.

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ABSTRACT

The fate of the growing amount of urban waste is a problem to be thought by the public administration and society as a whole. When it comes to health care waste, the issue become seven more complex because it involves a high degree of danger to the human being or to the environment. On August 2, 2010, Law No. 12,305, which establishes the National Solid Waste Policy (NSWP), was enacted, which aims to make Reverse Logistics mandatory in the country, which should involve companies, government and civil society as actors. It also states that companies are committed to developing a Solid Waste Management Plan and stresses the importance of Reverse Logistics in the various economic sectors of the contemporary world. Although it comprises a relatively small geographical area, the Federal District is a major producer of garbage. The present work seeks to analyze the Reverse Logistics in a Large Porte Hospital of the Federal District. This research comprises an exploratory-descriptive study of an applied nature. The problem is addressed through qualitative research, because the process and its meaning are them an focuses of the approach, in addition, a systematic review was developed to analyzes how reverse logistics is treated in other hospitals in Brazil The results showed that the main problems associated with the lack of efficiency and effectiveness of hospital waste management is the lack of financial, technical and physical resources for such logistics activity. The survey reveals that the issue of waste is still not seen as a priority from the point of view of public administration, especially when it comes to an organization that deals directly with people's health and life. The studies point to the need to attach importance to the problem of garbage, which has a direct link with human and natural health; through the responsible allocation of financial resources from the public administration, professional training and adequate spaces for the improvement of their processes.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

LISTA DE FIGURAS

Figura 1​ - Logística direta x Logística reversa. 20

Figura 2​ - Fluxograma relativo ao manejo de resíduos do hospital. 77

Figura 3​ - Nuvem de palavras do trabalho. 78

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1​ - Quantidade de documentos por fonte. 51

Gráfico 2​ - Quantidade de documentos por foco. 60

LISTA DE QUADROS

Quadro 1​ - Fases do manejo de RSS de acordo com a RDC 306/04 da ANVISA. 28 Quadro 2​ - Busca I - Periódicos da CAPES - "logistica reversa" AND "hospital" - Filtros 1 e

2. 37

Quadro 3​ - Busca I - Periódicos da CAPES - "logística reversa" AND "hospital" - Filtro 3. 38 Quadro 4 ​- Busca II - Periódicos da CAPES - "residuos solidos" AND "hospital" - Filtro 1 e

2. 39

Quadro 5​ - Busca II - Periódicos da CAPES - "residuos solidos" AND "hospital" - Filtro 3.43 Quadro 6 ​- Busca III - BDM - ("logistica reversa" AND "hospital"). 45 Quadro 7​ - Busca IV - BDM - ("residuos solidos" AND "hospital"). 45 Quadro 8 ​- Busca IV - BDM - ("residuos solidos" AND "hospital") - Filtro 1. 49

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABRELPE Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

CNEN Comissão Nacional de Energia Nuclear CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

CSCMP Council of Supply Chain Management Professionals FUNASA Fundação Nacional de Saúde

GRSS Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde HRAN Hospital Regional da Asa Norte

ISO International Organization for Standardization NBR Norma Brasileira Registrada

OMS Organização Mundial da Saúde

OPAS Organização Pan-Americana de Saúde PEAD Polietileno de Alta Densidade

PGRSS Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde PNRS Política Nacional de Resíduos Sólidos

RDC Resolução da Diretoria Colegiada RSS Resíduos de Serviços de Saúde SCM Supply Chain Management

SES-DF Secretaria de estado de Saúde do Distrito Federal Sisnama Sistema Nacional do Meio Ambiente

Suasa Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária SNVS Sistema Nacional de Vigilância Sanitária

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 11 1.1 Contextualização 11 1.2 Formulação do problema 13 1.3 Objetivo Geral 13 1.4 Objetivos Específicos 13 1.5 Justificativa 14 2 REFERENCIAL TEÓRICO 15 2.1 Logística 15 2.1.1 Subsistemas logísticos 17 2.1.2 Logística reversa 17

2.2 Resíduos de Serviços de Saúde (RSS) 21

2.2.1 Sistemas nacionais e internacionais de classificação 21

2.3 Normas e legislação referente aos resíduos sólidos e de serviços de saúde 24

2.4 Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde 27

2.5 Gerenciamento de resíduos nos hospitais públicos brasileiros 29

3 MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA 31

3.1 Tipo e descrição geral da pesquisa 31

3.1.1 Natureza, tipo e forma de pesquisa 32

3.1.2 Procedimentos técnicos 33

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 36

4.1 Revisão sistemática 36

4.1.1 Análise de dados da revisão sistemática 51

4.1.2 Considerações da revisão sistemática 61

4.2 Coleta de dados do hospital 61

4.2.1 Considerações da coleta de dados 62

4.3 Discussão 65

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 68

REFERÊNCIAS 70

APÊNDICE A 77

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização

O Brasil vive um momento de sérios problemas envolvendo a saúde pública, bem como problemas relevantes que abordam a questão ambiental. O poder destrutivo de cada um é ampliado quando ambos são abordados em um mesmo contexto.

A escassez de recursos destinados ao setor de saúde, aliada à desigualdade de oferta de assistência médica para a população, bem como as despesas crescentes e o desperdício, fazem com que a eficiência do setor de saúde seja amplamente questionada.

Diante dessa problemática, os gestores de saúde estão cada vez mais empenhados em desenvolver mecanismos que minimizem os impactos ambientais das atividades logísticas de suas organizações, sejam elas relacionadas aos recursos que consomem, aos produtos e tecnologias que empregam, aos edifícios que constroem e utilizam, e aos resíduos que geram; tendo em vista seu impacto significativo tanto no meio ambiente quanto no que tange ao controle de infecções e à saúde individual/ocupacional, pública/ambiental.

Resíduos de Serviços de Saúde (RSS) são aqueles resultantes de atividades exercidas nos estabelecimentos prestadores de serviços de saúde, tais como: hospitais, clínicas médicas, clínicas veterinárias, farmácias, drogarias, consultórios médicos, consultórios odontológicos, laboratórios de análises, bancos de sangue e demais estabelecimentos similares que, por suas características, necessitam de processos diferenciados em seu manejo, exigindo ou não tratamento prévio à sua disposição final (BRASIL, 2005).

No que tange à geração de resíduos, o setor de saúde produz grande variedade de resíduos, além de se apresentar como alvo de grande atenção por produzir quantidade relevante de resíduos perigosos e infectantes, representados por uma porcentagem de 10% a 25% do total. O restante é composto por lixo comum (CHAERUL; TANAKA; SHEKDAR, 2008). O ponto chave da questão é o fato de que se o resíduo comum for misturado ao resíduo perigoso ou infectante, ele não é mais um lixo comum e passa a apresentar elevados riscos à saúde humana. Quando misturado com resíduos que apresentam inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade, o lixo comum passa a apresentar riscos para o meio ambiente como poluição de rios e proliferação de doenças na fauna.

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Desse modo, cabe aos geradores de resíduos de saúde e aos responsáveis legais, dentro de cada instituição, verificar toda a operação desde a geração de resíduos até a sua disposição final. A boa gestão de resíduos não pode mais ser vista apenas como diferencial em sustentabilidade organizacional, mas como uma questão estratégica, tendo em vista a diminuição de custos diretos e indiretos que pode produzir. Outra questão que se torna fundamental é o desenvolvimento de políticas de educação ambiental voltadas tanto para os usuários do serviço de saúde quanto para os funcionários, para que o mesmo seja separado nas lixeiras corretas e de maneira adequada, evitando assim riscos ocupacionais, como acidentes com perfurocortantes e contato com material biológico.

Como foi citado, a maior parte dos resíduos de saúde é representada por resíduo comum, ou seja, é passível de voltar para o ciclo produtivo. O restante é composto por resíduos que apresentam riscos de contaminação, e para os quais deve se dar a disposição final de forma adequada. No momento em que acaba a logística direta, entregando o produto ao consumidor final, inicia-se a logística reversa, que apresenta as mesmas atividades, mas em sentido oposto. A logística reversa visa reinserir os resíduos de pós-venda e pós-consumo no ciclo logístico total (GUARNIERI, 2015).

De acordo com a Lei nº 12.305/2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, a logística reversa é definida como:

um instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada (BRASIL, 2010).

A gestão integrada de resíduos deve priorizar a não geração, a minimização da geração e o reaproveitamento dos resíduos, a fim de evitar os efeitos negativos sobre o meio ambiente e a saúde pública. A prevenção da geração de resíduos deve ser considerada tanto no âmbito das indústrias quanto no âmbito de projetos e processos produtivos, baseada na análise do ciclo de vida dos produtos e na produção limpa para buscar o desenvolvimento sustentável. Além disso, as políticas públicas de desenvolvimento nacional e regional devem incorporar uma visão mais pró-ativa com a adoção da avaliação ambiental estratégica e o desenvolvimento de novos indicadores ambientais que permitam monitorar a evolução da ecoeficiência da sociedade (BRASIL, 2006).

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Ainda sobre o setor de saúde, a complicada rede de ações necessárias para a atenção à sociedade, as inúmeras informações geradas com ausência de indicadores definidos e a falta de suporte logístico dificultam o mapeamento dos diferentes processos e, consequentemente, a identificação e mensuração dos desperdícios (TOUSSAINT; GERARD, 2012).

1.2 Formulação do problema

De acordo com o Panorama de Resíduos Sólidos do Brasil de 2015, do resíduos coletados no ano em questão no país, 41,3% não tiveram disposição final adequada. A pesquisa também demonstra que o Brasil vem conquistando importantes avanços na gestão de resíduos sólidos, mas ainda convive com deficiências consideráveis que precisam ser superadas o quanto antes, para o bem do meio ambiente, da saúde pública e de uma melhor qualidade de vida (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, 2015).

Atualmente, quando se fala de resíduos sólidos urbanos (resíduos domiciliares, resíduos da construção civil, resíduos de serviços de saúde e resíduos de limpeza pública), o grande desafio é a diminuição na geração de resíduos, que pode se dar principalmente com a conscientização do usuário.

Diante disso, este trabalho visa responder a seguinte pergunta: “O que tem sido realizado no hospital estudado com relação à Logística Reversa?”.

1.3 Objetivo Geral

Com base nisso, o presente trabalho tem como objetivo verificar, por meio da revisão de literatura, as boas práticas de logística reversa em hospitais e analisar a logística reversa de um hospital de grande porte a partir da técnica de pesquisa de estudo de caso, e sugerir o que pode ser melhorado com relação a esse tema.

1.4 Objetivos Específicos

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• realizar revisão sistemática;

• identificar as leis que tratam da Logística Reversa de produtos hospitalares; • pesquisar as melhores práticas de Logística Reversa Hospitalar no Brasil.

1.5 Justificativa

A logística reversa tem papel fundamental na manutenção da quantidade de resíduos que chega aos aterros sanitários e lixões. Quando se trata de resíduos de serviços de saúde, o problema fica maior por apresentar de 10% a 25% de material perigoso ou infectante, que não pode retornar ao ciclo produtivo (CHAERUL; TANAKA; SHEKDAR, 2008).

Por outro lado, a gestão de resíduos sólidos é uma atividade onerosa para as organizações, envolvendo custos com pessoal, material de consumo, serviços de terceiros e depreciação (ROSA; MATHIAS; KOMATA, 2015). Tendo em vista as prioridades vitais que o setor de saúde apresenta, pode-se inferir que essa atividade, de um modo geral, não recebe atenção e recursos suficientes para o seu desenvolvimento.

Em 2008, Camponogara desenvolveu uma​revisão sistemática com ênfase na relação entre saúde e meio ambiente ​. Dez anos depois, o presente trabalho faz uma inovação incremental trazendo uma revisão sistemática sobre “gerenciamento de resíduos no serviço de saúde” e “logística reversa dos resíduos de saúde” no Brasil.

Com base na literatura e em estudos de caso práticos, essa investigação busca desenvolver a compreensão e a análise sobre a logística de resíduos sólidos em hospitais e clínicas, objetivando a melhoria dos processos e a motivação de novos estudos sobre logística reversa nos estabelecimentos de saúde ao longo do território nacional.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Logística

Até o início do século XX, a logística era vista apenas como uma área secundária. De acordo com Novaes (2007), o conceito de logística, na sua origem, estava completamente ligado às operações militares da Segunda Guerra Mundial, sendo vista como atividade de apoio, reativa e necessária. Bossoni (2009) complementa que, o caráter militar do termo se originou da necessidade de uma logística eficiente relacionada ao transporte e à manutenção de suprimentos utilizados no campo de batalha durante as guerras.

Opondo-se a essa ideia, Faria e Costa (2005) consideram que a origem da logística não deveria ser “associada apenas às operações de guerra, pois, por exemplo, na construção das Pirâmides do Egito e em outras obras majestosas foram realizadas, também, muitas atividades relacionadas às atividades da logística”.

A logística empresarial, de acordo com Ballou (1993, p. 24):

[...] trata de todas atividades de movimentação e armazenagem, que facilitam o fluxo de produtos desde o ponto de aquisição da matéria prima até o ponto de consumo final, assim como dos fluxos de informação que colocam os produtos em movimento, com o propósito de providenciar níveis de serviço adequados aos clientes a um custo razoável.

Cabe lembrar que o termo “produto” da citação apresentada engloba também o conceito de serviços.

Na década de 70, a logística ganha uma nova perspectiva, com o surgimento da logística integrada, que chama a atenção para a integração interna das subáreas da logística (FLEURY, 2000).

Por volta da década de 90, surge o ​Supply Chain Management (SCM), representando um novo arranjo gerencial, e sugerindo a atuação em atividades-fim que tomadas individualmente não trazem retorno tão positivo quando se desenvolvidas em conjunto. Essa perspectiva contempla tanto a integração interna, representada pela análise sistêmica das subáreas logísticas, quanto à integração externa à organização, representada por todos os relacionamentos existentes com os membros da cadeia de suprimentos.

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Desde então, a logística vem apresentando evoluções contínuas, sendo hoje um elemento-chave na estratégia competitiva das organizações, podendo ser definida como a função de planejar, implementar e controlar materiais, do ponto de origem ao ponto de destino, com o princípio de adequá-los às necessidades dos clientes e fornecedores (NHAN, 2002). O que significa entregar o produto ou fornecer o serviço certo, no lugar certo, no momento certo, para o cliente certo, em quantidade adequada e a um preço justo (CHING, 2001).

Para Bowersox e Closs (2001), a logística empresarial gera valor com a combinação de procedimentos integrados: gestão de pedidos, transporte, inventário, armazenamento, manuseio e embalagem de materiais que atuam em uma rede de instalações. Também pode ser definida como processo de planejamento, implementação, controle eficiente e eficaz do fluxo direto e reverso, e armazenagem de mercadorias, serviços e informações relacionadas entre o ponto de origem e o ponto de consumo para atender aos requisitos dos clientes ( ​Council of Supply Chain Management Professionals​, 2017).

Até então, a logística empresarial contemplava a logística de suprimentos, a logística de produção e a logística de distribuição. Guarnieri (2006) e Leite (2009) fazem avanços no sentido de incluírem a logística reversa nos subsistemas, fechando o ciclo logístico, preocupando-se com o retorno de bens ao processo produtivo ou de negócios e atendendo à nova demanda do consumidor que se apresenta cada vez mais responsável socioambientalmente.

As atividades logísticas, quando bem desenvolvidas, contribuem com o nível de satisfação do cliente, agregando valor ao produto ou serviço e proporcionando vantagem competitiva à organização, ou seja, maximiza o lucro presente e futuro, aumentando o valor gerado para o consumidor e reduzindo os custos da empresa (CHRISTOPHER, 1999). Conquistando espaço em mercados concorrentes, por meio do atendimento hábil das necessidades de seus potenciais clientes, alcançando assim altos níveis de potencial competitivo (BOLDRIN et al., 2007).

Assim como as organizações privadas, as públicas também utilizam as atividades logísticas, como a obtenção de produtos e serviços, que precisam ser comprados, recebidos, armazenados, controlados e distribuídos, auxiliando na prestação do serviço público.

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Infelizmente, o processo logístico nos órgãos públicos apresenta falhas desde a sua atividade de compras que é considerada a principal área de ineficiência nos gastos públicos (TRIDAPALLI; FERNANDES; MACHADO, 2011).

2.1.1 Subsistemas logísticos

O gerenciamento logístico busca a integração das atividades da empresa, bem como de suas trocas de informação, analisando a organização como um todo entrelaçado, onde todas as partes estão relacionadas entre si dentro de um sistema (GUARNIERI, 2006).

A logística é dividida em quatro subsistemas. Os três primeiros são: logística de suprimentos, que envolve as relações entre fornecedor e empresa, ou seja, aquela que se preocupa em prever, obter, contabilizar, distribuir, armazenar e controlar os materiais; a segunda é a logística de produção ou apoio à manufatura, que envolve todas as áreas na conversão de materiais em produtos acabados; há também a logística de distribuição, que envolve as relações entre empresa, cliente e consumidor, no sentido de fazer com que os produtos e serviços sejam entregues ao cliente da melhor forma possível (CHING, 2010).

Além dos três subsistemas tratados anteriormente, em 2006, Guarnieri acrescenta mais um, a logística reversa, que envolve as atividades para que os bens de pós-consumo retornem ao processo produtivo ou de negócios, ou, em último caso, tenham a sua disposição final adequada. Esse subsistema, que é apresentado como foco deste trabalho, será melhor explicado na próxima seção.

2.1.2 Logística reversa

A responsabilidade socioambiental é cada vez mais valorizada pelos consumidores, que se tornam mais exigentes e atentos à conduta das organizações, exigindo informações sobre o relacionamento da empresa com o meio ambiente e sobre a forma como a empresa lida com a sustentabilidade de produtos e serviços que oferecem, de forma que a observação desses fatores impacta diretamente na decisão de compra dos consumidores brasileiros (INSTITUTO AKATU, 2013).

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Atrelada a esse fator, está a velocidade no descarte de produtos após o primeiro uso e a obsolescência programada, que gera desequilíbrio entre as quantidades descartadas e as quantidades reaproveitadas de materiais, resultando no crescimento do lixo urbano e, consequentemente, fazendo com que o lixo se transforme em um fator relevante à saúde pública.

Há uma tendência mundial na descartabilidade dos produtos, motivada por crescente surgimento de inovações e ciclos de vida cada vez menores. Atrelado a isso, está o aumento da sensibilidade ecológica dos consumidores, que faz com que os mesmos pressionem o poder público no sentido de sancionar novas leis que obrigam a gestão de resíduos de pós-consumo, além das que abordam questões relativas à proteção de defesa do consumidor (SILVEIRA, 2017). Todos esses fatores, somados, impelem as empresas a adotar práticas de logística reversa.

Leite (2009) destacou alguns fatores como pontos principais da visibilidade que o tema vem tomando. O primeiro deles é o aumento da demanda, que vem ocorrendo desde a Segunda Guerra Mundial. Em seguida, ele apresenta a variedade da oferta aliada à alta obsolescência de produtos. Leite (2009) apresenta, também, a fidelização dos clientes com serviços de pós-venda; a valorização da imagem da empresa que se mostra socioambientalmente responsável; por fim, e provavelmente um dos mais importantes desses fatores, o surgimento de legislações e regulamentos que obrigam a organização a agir de maneira ambientalmente adequada.

Os estudos sobre logística reversa se iniciaram em 1999 com os autores Rogers e Tibben-Lembke (1999). De acordo com esses autores, Logística reversa é:

o processo de planejamento, implementação e controle do fluxo eficiente e de baixo custo de matérias primas, estoque em processo, produto acabado e informações relacionadas, desde o ponto de consumo até o ponto de origem, com o propósito de recuperação de valor ou descarte apropriado para coleta e tratamento de lixo (ROGERS; TIBBEN-LEMBKE, 1999).

Desse modo, a logística reversa apresenta-se no sentido de reduzir o impacto ambiental gerado pelos processos logísticos empresariais.

De acordo com o Conselho Executivo de Logística Reversa, “Logística reversa é o processo de movimentação de mercadorias do seu destino final típico para outro ponto, com o objetivo de obter valor de outra maneira ou efetuar a disposição final dos produtos”. O que significa

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verificar se há alguma possibilidade de atribuir àquele produto valor econômico, ecológico, logístico, legal, de imagem corporativa, entre outros, fazendo-o retornar ao ciclo produtivo. E, em último caso, fazer a disposição final do produto, quando do final de sua vida útil, ou seja, quando o resíduo se torna rejeito (LEITE, 2009). A diferença de resíduos e rejeitos está no fato de que os resíduos apresentam um valor econômico agregado, já que são reaproveitados no processo produtivo, enquanto os rejeitos não possuem essa característica (DEMAJOROVIC, 1995).

A lei 12.305/2010 conceitua a Destinação Final Ambientalmente Adequada de Resíduos Sólidos da seguinte forma:

destinação de resíduos que inclui a reutilização, a reciclagem, a compostagem, a recuperação e o aproveitamento energético ou outras destinações admitidas pelos órgãos competentes do Sisnama, do SNVS e do Suasa, entre elas a disposição final, observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos (BRASIL, 2010).

Em seu Art. 3º, Inciso VII, a lei 12.305/2010 define Disposição Final ambientalmente adequada como a distribuição ordenada de rejeitos em aterros, de acordo com normas operacionais específicas, visando evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos (BRASIL, 2010). ​As formas mais conhecidas de disposição final de resíduos são: o aterro sanitário, o aterro controlado e o lixão a céu aberto. No Brasil, o Aterro Sanitário é a única forma permitida por lei.

A logística reversa teve destaque no Brasil em 2010, quando foi sancionada a lei 12.305/2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Ela define princípios, diretrizes, metas, responsabilidades e instrumentos relacionados à geração de resíduos sólidos no Brasil.

[...] ao gerenciar a produção de resíduos sólidos em todas as fases do sistema econômico, e não apenas se concentrando no tratamento final destes, a atual política de gestão de resíduos sólidos tem como objetivo garantir, a longo prazo, uma estabilização da demanda por recursos naturais e do volume final de resíduos a serem dispostos, fatores estes fundamentais na busca do desenvolvimento sustentável (DEMAJOROVIC, 1995, p. 93).

De acordo com Guarnieri (2011), as atividades da logística reversa são: 1) retorno de mercadorias;

2) reciclagem/reutilização de embalagens; 3) recondicionamento/manufatura dos produtos;

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4) descarte de equipamentos e materiais;

5) recuperação do patrimônio.

Para explicar o processo logístico direto e o reverso, Guarnieri (2006) elaborou o seguinte esquema da ​Figura 1​:

Figura 1​ - Logística direta x Logística reversa.

Fonte​: Guarnieri (2006).

Como se pode observar na ​Figura 1​, utilizam-se as mesmas atividades tanto no processo logístico direto quanto no processo logístico reverso, entretanto, com a diferença básica de o processo reverso começar quando o processo direto termina (GUARNIERI, 2015).

Os produtos pós-venda são aqueles que retornam ao canal logístico com pouco ou nenhum uso. Os motivos estão relacionados à garantia, qualidade, comerciais e substituição de componentes. Enquanto produtos de pós-consumo são aqueles que esgotaram a sua utilidade para o primeiro usuário (LEITE, 2009).

De acordo com Guarnieri (2015), três pontos de vista estão relacionados à logística reversa:

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● Logístico: que trata do ciclo de vida do produto, no sentido de que ele não acaba quando o produto ou serviço chega ao cliente, mas que vai desde a obtenção da matéria prima até o momento da disposição final do produto;

● Financeiro: envolve os custos, o impacto que a logística reversa causaria no orçamento da organização;

● Ambiental: apresenta os impactos ambientais envolvidos em todo o processo produtivo.

Para que a logística reversa aconteça da forma adequada, o gestor responsável deve equilibrar essas três perspectivas.

2.2 Resíduos de Serviços de Saúde (RSS)

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), entende-se por Resíduos de Serviço de Saúde:

todo aquele gerado por prestadores de assistência médica, odontológica, laboratorial, farmacêutica, instituições de ensino e pesquisa médica, relacionados à população humana, bem como veterinário, possuindo potencial de risco, em função da presença de materiais biológicos capazes de causar infecção, produtos químicos perigosos, objetos perfurocortantes efetiva ou potencialmente contaminados e mesmo rejeitos radioativos, necessitando de cuidados específicos de acondicionamento, transporte, armazenamento, coleta e tratamento.

O gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde se mostra importante, por apresentar, em alguns casos, a presença de materiais infectantes, perfurocortantes ou químicos perigosos. Desse modo, é necessário atribuir relevância e exigir-se cuidados especiais visando evitar infecção hospitalar, risco ocupacional, bem como risco ambiental e biológico por meio do contato com esses materiais.

2.2.1 Sistemas nacionais e internacionais de classificação

A Resolução do CONAMA que se refere à classificação de resíduos é a nº 358/05, que apresenta a seguinte classificação:

● I - GRUPO A ​: resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por suas características de maior virulência ou concentração, podem apresentar risco de infecção.

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a) A1 - culturas de microrganismos; b) A2 - carcaças;

c) A3 - peças anatômicas; d) A4 - kits;

e) A5 - órgãos, fluidos, materiais perfurocortantes.

● II - GRUPO B ​: resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade;

a) produtos hormonais antimicrobianos; b) resíduos de saneantes;

c) efluentes de processadores de imagem; d) efluentes de equipamentos automatizados; e) demais produtos considerados perigosos.

● III - GRUPO C ​: quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de eliminação especificados nas normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear-CNEN e para os quais a reutilização é imprópria ou não prevista;

a) enquadram-se, neste grupo, quaisquer materiais resultantes de laboratórios de pesquisa e ensino na área de saúde, laboratórios de análises clínicas e serviços de medicina nuclear e radioterapia que contenham radionuclídeos em quantidade superior aos limites de eliminação.

● IV - GRUPO D ​: resíduos que não apresentem risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares;

a) papel de uso sanitário e fralda, absorventes higiênicos, peças descartáveis de vestuário, resto alimentar de paciente, material utilizado em antissepsia e hemostasia de venóclises, equipo de soro e outros similares não classificados como A1;

b) sobras de alimentos e do preparo de alimentos; c) resto alimentar de refeitório;

d) resíduos provenientes das áreas administrativas; e) resíduos de varrição, flores, podas e jardins;

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● V - GRUPO E ​: materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais como: lâminas de barbear, agulhas, escalpes, ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas, pontas diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas; tubos capilares; micropipetas; lâminas e lamínulas; espátulas; e todos os utensílios de vidro quebrados no laboratório (pipetas, tubos de coleta sanguínea e placas de Petri) e outros similares.

As classificações adotadas na Resolução 358/05 do CONAMA e na RDC n° 306, de 2004, da ANVISA são muito parecidas. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) abrange e amplia as classificações anteriores, em uma abordagem mais complexa e detalhada.

De acordo com a NBR 12.808/93, da ABNT, os resíduos são classificados da seguinte forma:

A – infectantes​:

● A1- biológico​: cultura, inóculo, mistura de microrganismos e meio de cultura inoculado proveniente de laboratório clínico ou de pesquisa, vacina vencida ou inutilizada, filtro de gases aspirados de áreas contaminadas por agentes infectantes e qualquer resíduo contaminado por estes materiais;

● A2- sangue e derivados ​: bolsa de sangue após transfusão, com prazo de validade vencido ou sorologia positiva, amostra de sangue para análise, soro, plasma e outros subprodutos; ● A3- cirúrgico, anatômico-patológico​: tecido, órgão, feto, peça anatômica, sangue e

outros líquidos orgânicos resultantes de cirurgia, necropsia e resíduos contaminados por estes materiais;

● A4- perfurocortante​: agulha, ampola, pipeta, lâmina de bisturi e vidro;

● A5- animal contaminado​: carcaça ou parte de animal inoculado, exposto à microorganismos patogênicos ou portador de doença infectocontagiosa, bem como resíduos que tenham estado em contato com este;

● A6- assistência ao paciente​: secreções, excreções e demais líquidos orgânicos procedentes de pacientes, bem como os resíduos contaminados por estes materiais, inclusive restos de refeições.

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● B1- radioativo​: material radioativo ou contaminado, com radionuclídeos proveniente de laboratório de análises clínicas, serviços de medicina nuclear e radioterapia (Resolução CNEN-6.05);

● B2- farmacêutico​: medicamento vencido, contaminado, interditado ou não utilizado; ● B3- químicos perigosos​: resíduo tóxico, corrosivo, inflamável, explosivo, reativo,

genotóxico ou mutagênico conforme NBR 10004.

C - comuns ​: Todos aqueles que não se enquadram nos tipos A e B e que, por sua semelhança aos resíduos domésticos, não oferecem risco adicional à saúde pública. Por exemplo: resíduo da atividade administrativa, dos serviços de varrição e limpeza de jardins e restos alimentares que não entraram em contato com pacientes.

Dentre as organizações internacionais que apresentam classificação própria, está a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), que separa os resíduos em infecciosos, especiais e comuns. A Organização Mundial da Saúde (OMS) divide os resíduos em: infecciosos, patológicos, perfurocortantes, farmacêuticos, genotóxicos, recipientes pressurizados e resíduos radioativos (OPAS, 1997). Enquanto o sistema de classificação da OPAS é simplificado, o da OMS é mais detalhado e complexo.

Existem, ainda, classificações desenvolvidas nos Estados Unidos, no México, em países da União Europeia, entre outros, que não serão abordados por não apresentarem influência explícita e direta no desenvolvimento do presente trabalho.

2.3 Normas e legislação referente aos resíduos sólidos e de serviços de saúde

Ao longo dos anos 1970 e 1980, quando o conceito de desenvolvimento sustentável foi proposto pela primeira vez, no Relatório Brundtland, em 1988, as pessoas começaram a prestar atenção nas questões ambientais relacionadas à logística (BURSZTYN, Marcel; BURSZTYN, Maria, 2012), mas apenas na década de 1990 consolidou-se o principal marco regulatório a tratar do gerenciamento ambiental do País: a Política Nacional do Meio Ambiente, instituída pela Lei n° 6.938 de 1981 (BURSZTYN, Marcel; BURSZTYN, Maria, 2012).

A legislação pertinente aos Resíduos de Serviços de Saúde é ampla no país. Seguindo uma ordem cronológica, o primeiro instrumento legal a ser desenvolvido foi a portaria nº

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53/1979 do Ministério do Interior, que trata do uso de incineradores como tratamento de resíduos de serviços de saúde.

No ano de 1981, foi sancionada a Lei Federal nº 6.938, que dispõe sobre a Política Nacional de Meio Ambiente e, logo no ano seguinte, a Lei Federal nº 8.080, que dispõe da Política Nacional de Saúde.

Em 1991, com o Decreto Federal nº 100, instituiu-se a Fundação Nacional de Saúde e, no mesmo ano, a Resolução nº 6, de 19/09, que dispõe sobre o tratamento dos resíduos sólidos provenientes de estabelecimentos de saúde, portos e aeroportos. Dois anos mais tarde, estabeleceu-se a Resolução Conama nº 5, que dispunha sobre o gerenciamento de resíduos sólidos gerados nos portos, aeroportos, terminais ferroviários e rodoviários, e estabelecimentos prestadores de serviços de saúde. Ela foi alterada pela Resolução nº 358, revogando-se as disposições que tratam de resíduos sólidos oriundos de serviços de saúde.

Em 1999, foi instituída a Lei Federal nº 9.782, que define o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, cria a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, e dá outras providências.

A Resolução Conama 283, de 2001, dispõe sobre o tratamento e destinação final dos RSS, altera o Plano de gerenciamento de Resíduos de Saúde para PGRSS, além de explicar seu funcionamento prático.

No ano de 2002, duas resoluções foram estabelecidas. A Resolução da Diretoria Colegiada da Anvisa nº 50, que dispõe sobre o regulamento técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. A outra Resolução foi a do Conama nº 316, que dispõe sobre procedimentos e critérios para o funcionamento de sistemas de tratamento térmico de resíduos.

A Resolução RDC Anvisa nº 306, de 07/12/2004, estabelece os requisitos mínimos e o termo de referência para a realização de auditorias ambientais . No ano seguinte, foram instituídas a Lei Federal nº 11.105, que dispõe sobre a Política Nacional de Biossegurança e a Resolução Conama nº 358, que dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde e dá outras providências.

Em 2007, foi instituída a Lei Federal nº 11.445, que dispõe sobre a Política Nacional de Saneamento Básico e após tramitar 20 anos no Congresso, em 2 de agosto de 2010, foi promulgada a Lei nº 12.305, que estabelece a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que visa a obrigatoriedade da Logística Reversa de pós-consumo de resíduos: pneus; pilhas e

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baterias; óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens; produtos eletroeletrônicos e seus componentes; lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e luz mista; e embalagens em geral. A lei determina que deve envolver, como atores, a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios, além das empresas, que tem como obrigação elaborar o plano de gerenciamento de resíduos sólidos e a sociedade civil, no sentido de efetuar a devolução após o uso, aos comerciantes ou distribuidores, dos produtos e de suas embalagens (BRASIL, 2010). A lei, ainda, apresenta e define termos como logística reversa, resíduos, rejeitos e gerenciamento de resíduos sólidos. A Lei nº 12.305/2010 representa um grande avanço, uma vez que institucionaliza a responsabilidade e a corresponsabilidade de cada participante da cadeia de suprimentos e resíduos.

A legislação também prevê a não geração de resíduos e, quando não for possível, que haja uma redução, em sequência, a reutilização, a reciclagem e, por fim, o tratamento dos resíduos sólidos (BRASIL, 2010).

Com o Decreto Federal nº 7.404, de 23/12/2010, a lei 12.305/2010 foi regulamentada, criando-se o Comitê Interministerial da Política Nacional de Resíduos Sólidos e o Comitê Orientador para a Implantação dos Sistemas de Logística Reversa, e dá outras providências.

Por fim, apresenta-se a Resolução Conama nº 430, de 13/05/2011, que dispõe sobre as condições e os padrões de lançamento de efluentes, complementa e altera a Resolução nº 357, de março de 2005, do Conama.

De todos os instrumentos legais, os que mais têm sido utilizados como referência para boas práticas no gerenciamento de resíduos de serviços de saúde são a Resolução RDC ANVISA nº 306, de 2004, que dispõe sobre o regulamento técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde; e a Resolução Conama nº 358/2005, que dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde e dá outras providências. A RDC 306/04 define o GRSS da seguinte forma:

O gerenciamento dos RSS constitui-se em um conjunto de procedimentos de gestão, planejados e implementados a partir de bases científicas e técnicas, normativas e legais, com o objetivo de minimizar a produção de resíduos e proporcionar aos resíduos gerados, um encaminhamento seguro, de forma eficiente, visando à proteção dos trabalhadores, a preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do meio ambiente (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2004).

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Com relação às normas brasileiras referentes aos RSS, apresentam-se a NBR 12.807, de 1º de abril de 1993, que define os termos empregados em relação aos resíduos de serviços de saúde (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1993); além da NBR 12.808, que classifica os resíduos de serviços de saúde quanto aos riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, dividindo-os em resíduos de classe A (infectantes), classe B (químico, farmacêutico e radioativo) e classe C (comum), para que tenham gerenciamento adequado (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2006); a NBR 12.809, que fixa os procedimentos exigíveis para garantir condições de higiene e segurança no processamento interno de resíduos infectantes, especiais e comuns, nos serviços de saúde (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1993); e, por fim, a NBR 12.810, de mesma data, que fixa os procedimentos exigíveis para coleta interna e externa dos serviços de saúde, sob condições de higiene e segurança (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1993) e, ainda, a NBR 13.853 que ​fixa as características de coletores destinados ao descarte de resíduos de serviços de saúde perfurantes ou cortantes, tipo A.4, conforme a NBR 12808 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1997).

Com relação às normas técnicas referentes aos RSS, além das que já foram abordadas, apresentam-se a NBR 7500, que estabelece a simbologia convencional e o seu dimensionamento para produtos perigosos, a ser aplicada nas unidades de transporte e nas embalagens, visando explicitar os riscos e os cuidados a serem tomados no transporte terrestre, manuseio, movimentação e armazenamento, de acordo com a carga contida. Surgiu no sentido de substituir a NBR 8286, que tratava do emprego da sinalização nas unidades de transporte e de rótulos nas embalagens de produtos perigosos, sendo cancelada em 2003 (ABNT, 1994).

A NBR 9190, de 1993, que classificava sacos plásticos para acondicionamento de lixo quanto à finalidade, espécie de lixo e dimensões foi cancelada e substituída pela NBR 9191 ​, que estabelece os requisitos e métodos de ensaio para sacos plásticos destinados ao acondicionamento para coleta.

Por fim, em 2004, foi criada a NBR 10.004 que tem por objetivo classificar os resíduos sólidos quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, para que possam ser gerenciados adequadamente, considerando que os resíduos radioativos não são objeto desta norma, pois são de competência exclusiva da Comissão Nacional de Energia Nuclear (ABNT, 2004).

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Para o gerenciamento interno dos RSS no estabelecimento de saúde, a classificação adotada deve ser a indicada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BRASIL, 2004).

2.4 Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde

O GRSS abrange um conjunto de procedimentos de gestão, planejados e implementados a partir de bases científicas e técnicas, normativas e legais, visando minimizar a produção de resíduos e proporcionar destinação e disposição final ambientalmente adequada aos resíduos gerados, de forma eficiente, visando à proteção aos trabalhadores, à preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do meio ambiente (BRASIL, 2004).

O gerenciamento envolve todas as etapas de planejamento, bem como todos os recursos necessários ao processo, o que contempla recursos físicos, recursos financeiros, recursos técnicos, recursos materiais, entre outros, envolvidos no manejo dos RSS (BRASIL, 2004).

O principal material legal que deve ser desenvolvido pelos hospitais é o Plano de Gerenciamento de Resíduos Serviços de Saúde (PGRSS) (CONAMA 358/2005; RDC 306/2004). Só é possível desenvolvê-lo e implementá-lo com eficácia, segundo a resolução, conhecendo-se a classificação de resíduos de acordo com suas características de grau de risco e aspectos de biossegurança, bem como as normas locais relativas à coleta, transporte e disposição final dos resíduos gerados nos serviços de saúde, estabelecidas pelos órgãos locais responsáveis por estas etapas (BRASIL, 2004). O PGRSS aponta e descreve as ações relativas ao manejo de resíduos sólidos, no âmbito das organizações, observando suas características e riscos, de acordo com o ​Quadro 1​, apresentado a seguir.

Quadro 1​ - Fases do manejo de RSS de acordo com a RDC 306/04 da ANVISA.

FASES DO MANEJO DE RSS DE ACORDO COM A RDC 306/04 DA ANVISA

ETAPA DEFINIÇÃO

Segregação

Consiste na separação dos resíduos no momento e local de sua geração, de acordo com as características físicas, químicas, biológicas, o seu estado físico e os riscos envolvidos.

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Acondicionamento

Consiste no ato de embalar os resíduos segregados, em sacos ou recipientes que evitem vazamentos e resistam às ações de punctura e ruptura. A capacidade dos recipientes de acondicionamento deve ser compatível com a geração diária de cada tipo de resíduo.

Identificação

Consiste no conjunto de medidas que permite o reconhecimento dos resíduos contidos nos sacos e recipientes, fornecendo informações ao correto manejo dos RSS.

Transporte Interno

Consiste no traslado dos resíduos dos pontos de geração até local destinado ao armazenamento temporário ou armazenamento externo com a finalidade de apresentação para a coleta.

Armazenamento Temporário

Consiste na guarda temporária dos recipientes contendo os resíduos já acondicionados, em local próximo aos pontos de geração, visando agilizar a coleta dentro do estabelecimento e otimizar o deslocamento entre os pontos geradores e o ponto destinado à apresentação para coleta externa. Não poderá ser feito armazenamento temporário com disposição direta dos sacos sobre o piso, sendo obrigatória a conservação dos sacos em recipientes de acondicionamento.

Tratamento

Consiste na aplicação de método, técnica ou processo que modifique as características dos riscos inerentes aos resíduos, reduzindo ou eliminando o risco de contaminação, de acidentes ocupacionais ou de dano ao meio ambiente. O tratamento pode ser aplicado no próprio estabelecimento gerador ou em outro estabelecimento, observadas nestes casos, as condições de segurança para o transporte entre o estabelecimento gerador e o local do tratamento. Os sistemas para tratamento de resíduos de serviços de saúde devem ser objeto de licenciamento ambiental, de acordo com a Resolução CONAMA nº. 237/1997 e são passíveis de fiscalização e de controle pelos órgãos de vigilância sanitária e de meio ambiente.

Armazenamento externo Consiste na guarda dos recipientes de resíduos até a realização da etapa de coleta externa, em ambiente exclusivo com acesso facilitado para os veículos coletores.

Coleta e transporte externos

Consistem na remoção dos RSS do abrigo de resíduos (armazenamento externo) até a unidade de tratamento ou disposição final, utilizando-se técnicas que garantam a preservação das condições de acondicionamento e a integridade dos trabalhadores, da população e do meio ambiente, devendo estar de acordo com as orientações dos órgãos de limpeza urbana.

Disposição Final

Consiste na disposição de resíduos no solo, previamente preparado para recebê-los, obedecendo a critérios técnicos de construção e operação, e com licenciamento ambiental de acordo com a Resolução CONAMA nº.237/97.

Fonte​: ANVISA.

O manejo é a ação de gerenciar os resíduos em seus aspectos intra e extra estabelecimento, desde a geração até a disposição final. Ele contempla os aspectos referentes à geração, segregação, acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte, reciclagem,

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tratamento e disposição final, bem como a proteção à saúde pública e ao meio ambiente (BRASIL, 2005).

2.5 Gerenciamento de resíduos nos hospitais públicos brasileiros

É obrigatória a segregação dos resíduos na fonte e no momento da geração, de acordo com suas características, para fins de redução do volume dos resíduos a serem tratados e dispostos, garantindo a proteção da saúde e do meio ambiente (BRASIL, 2015). Observar para que a coleta seletiva aconteça de forma adequada na fonte também é fundamental para que o gerenciamento de resíduos seja menos oneroso, já que a ação corretiva custa mais do que a preventiva.

Define-se coleta seletiva como a “coleta de resíduos sólidos previamente segregados conforme sua constituição ou composição” (BRASIL, 2010). É o meio que permite a separação dos resíduos gerados, para em seguida, terem sua destinação e disposição final de forma adequada.

Para o gerenciamento interno dos RSS no estabelecimento de saúde, a classificação adotada deve ser a indicada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) (BRASIL, 2004).

O acompanhamento do gerenciamento de resíduos deve acontecer desde a geração até a disposição final dos mesmos, por parte dos geradores e do responsável legal, nos termos da lei nº 6.938/1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências:

[...] de forma a atender aos requisitos ambientais e de saúde pública e saúde ocupacional, sem prejuízo de responsabilização solidária de todos aqueles, pessoas físicas e jurídicas que, direta ou indiretamente, causem ou possam causar degradação ambiental, em especial os transportadores e operadores das instalações de tratamento e disposição final (BRASIL, 1981).

De acordo com o Panorama de 2015 da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE),

para os RSS, entre 2014 e 2015, houve uma redução de 1,8% na quantidade total coletada pelos municípios, com reflexo direto no índice per capita, o qual apresentou recuo de 2,6%. Essa diminuição registrada pode ser atribuída a alguns fatores, como a recessão econômica do país e a reestruturação dos serviços prestados pelos

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municípios, que passaram a se desincumbir do atendimento a estabelecimentos privados, transferindo aos geradores a responsabilidade pela contratação da coleta e tratamento dos RSS gerados pelos mesmos (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE LIMPEZA PÚBLICA E RESÍDUOS ESPECIAIS, 2015).

No entanto, em 2015, cerca de 29,9% dos municípios brasileiros ainda destinaram seus Resíduos de Serviços de Saúde sem declarar o tratamento prévio dado aos mesmos, o que contraria a legislação vigente e apresenta riscos diretos aos trabalhadores, à saúde pública e ao meio ambiente (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE LIMPEZA PÚBLICA E RESÍDUOS ESPECIAIS, 2015). Essa condição também mostra a necessidade de se desenvolver políticas de educação ambiental no serviço de saúde.

A educação ambiental é um conjunto de processos nos quais o indivíduo toma consciência da importância da preservação ambiental para o bem de todos e passa a se sentir responsável pela transformação do meio em que vive, sendo fundamental para a formação de uma geração ambientalmente consciente (LEHN; DUTRA; VINHOLI, 2012).

De acordo com a Lei 9.795 de 1999, que define a Política Nacional de Educação Ambiental, a educação ambiental deve estar presente em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e informal.

As etapas de segregação e de acondicionamento são essenciais para o manejo adequado de resíduos, e esta só é possível com a colaboração e o comprometimento tanto dos profissionais de saúde quanto dos usuários do serviço (SCHNEIDER et al., 2004).

Observa-se a importância da inserção de matérias relacionadas aos resíduos sólidos dos serviços de saúde, abordando tanto a sustentabilidade quanto a segurança no trabalho no currículo dos profissionais de saúde, visando à minimização dos impactos negativos ao meio ambiente e do número de acidentes de trabalho envolvendo materiais perigosos provenientes de atividades da saúde e do manejo inadequado de resíduos (CORRÊA et al., 2005).

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3 MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA

A investigação científica, segundo Gil (1999), depende de um combinado de procedimentos intelectuais e técnicos para que sejam alcançados os métodos científicos, ou seja, o conjunto de processos ou operações mentais que se devem empregar na investigação (MORESI, 2003).

A metodologia científica é entendida como um conjunto de etapas ordenadamente dispostas que se deve vencer na investigação de um fenômeno (MORESI, 2003). De acordo com Lakatos e Marconi (2003), a utilização de métodos científicos não é da alçada exclusiva da ciência, mas não há ciência sem o emprego de métodos científicos.

Para Gil (2008), o método científico é o caminho para se atingir o conhecimento e a adoção de determinado método depende de muitos fatores, os principais são: natureza do objeto que se pretende pesquisar, recursos materiais disponíveis, nível de abrangência do estudo e, sobretudo, a inspiração filosófica do pesquisador.

Tendo em vista a importância da metodologia para se constatar a veracidade dos fatos e para a geração de conhecimento, o atual capítulo pretende apresentar as características metodológicas utilizadas na realização do presente trabalho, bem como de toda a forma de coleta de dados e sua análise para o alcance dos objetivos apresentados no ​Capítulo 1​, referente à ​Introdução​.

3.1 Tipo e descrição geral da pesquisa

A pesquisa pode ser definida como o processo formal e sistemático de desenvolvimento do método científico. A pesquisa social é, portanto, o processo que se utiliza da metodologia científica para a obtenção de novos conhecimentos no campo da realidade social (GIL, 2008). A realidade social é entendida como o conjunto de relacionamentos do homem com outros homens e com as instituições sociais do meio ao qual pertence.

Para a realização do presente trabalho, foi necessária a sua divisão em três etapas. A primeira etapa foi o desenvolvimento da revisão sistemática da literatura baseada no protocolo de Cronin, Ryan e Coughlan (2008), a respeito de estudos realizados em hospitais brasileiros, que podem ser encontrados na literatura com o objetivo de compreender quais são as técnicas

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desenvolvidas no processo de gerenciamento de resíduos de saúde no país, bem como sua viabilidade técnica e econômica.

A segunda etapa da elaboração da pesquisa foi o desenvolvimento de um estudo de caso que ocorreu por meio de entrevista com pautas, observação simples e análise documental em um hospital de grande porte do Distrito Federal. O processo estudado no hospital compreende desde o momento da geração de resíduos até a disposição final do rejeito e pode ser encontrado no ​APÊNDICE A​, referente ao fluxograma do gerenciamento de resíduos.

Por fim, foi elaborada uma pesquisa-ação visando à aplicação das boas práticas encontradas na literatura, no hospital em questão.

3.1.1 Natureza, tipo e forma de pesquisa

A natureza desta pesquisa pode ser classificada como aplicada, pois objetiva gerar conhecimentos novos úteis para aplicação prática e dirigidos à solução de problemas específicos, além de envolver verdades e interesses locais (SILVA; MENEZES, 2005).

O estudo de caso explicita a condição de especificidade existente na pesquisa, por se tratar de um contexto único de um hospital público. Dessa forma, os resultados apresentados no estudo de caso não expressam a realidade de outros setores e nem mesmo de outros hospitais, sejam eles públicos ou privados.

A revisão sistemática surge no sentido de reunir e filtrar informações sobre múltiplos casos, de realidades distintas e inúmeras combinações de variáveis. Esse tipo de revisão de literatura também tem o papel de organizar e gerar conhecimento, evitando a duplicidade de pesquisas e fazendo com que a ciência apresente avanços em potencial.

Do ponto de vista dos objetivos, compreende um estudo exploratório-descritivo. Exploratório por iniciar seu processo por meio da obtenção de conhecimento acumulado e sistematizado sobre logística reversa. Descritivo devido à observação sistemática das práticas desenvolvidas pelo hospital e à revisão da bibliografia existente sobre o tema, expondo assim, características de determinado fenômeno ou população, não tendo o compromisso de explicá-lo, mas dando base para a sua explicação. Esses dois tipos de pesquisa são as que habitualmente realizam os pesquisadores sociais preocupados com a atuação prática (GIL, 1991, p. 42).

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A forma desenvolvida na pesquisa é essencialmente qualitativa. Isso significa dizer que tratando-se da natureza dos dados, o processo e seu significado são os focos principais da abordagem (SILVA; MENEZES, 2001).

De acordo com Moresi (2003), a pesquisa qualitativa ajuda a identificar questões e entender por que elas são importantes. Esse tipo de pesquisa também apresenta um papel muito importante em situações que envolvem desenvolvimento e aperfeiçoamento de novas ideias, mostrando-se ideal para o desenvolvimento de pesquisas e projetos relacionados à geração de resíduos sólidos urbanos.

3.1.2 Procedimentos técnicos

Os procedimentos técnicos utilizados foram revisão sistemática e estudo de caso único em um hospital público do Distrito Federal.

A revisão sistemática é um estudo aprofundado sobre a literatura existente a respeito de dado assunto, e utiliza-se de dados secundários para se atingir tal finalidade. O protocolo utilizado para o desenvolvimento da revisão sistemática foi o de Cronin, Ryan e Coughlan (2008) e apresenta as seguintes etapas:

(I) formulação da questão de pesquisa;

(II) conjunto de critérios de inclusão e exclusão; (III) seleção e acesso da literatura;

(IV) avaliação da qualidade da literatura incluída na revisão; (V) análise, síntese e disseminação dos resultados.

A revisão sistemática é passível de reprodução, ou seja, ela possibilita que outra

pessoa possa reproduzi-la e consiga encontrar os mesmos resultados, atribuindo continuidade e qualidade à pesquisa científica (Cronin; Ryan; Coughlan, 2008).

A segunda etapa desenvolvida foi caracterizada por estudo de caso. De acordo com Schramm (1971, apud YIN, 2001, p. 31), o estudo de caso tem em sua essência o objetivo de esclarecer uma decisão ou um conjunto de decisões: o motivo pelo qual foram tomadas, como foram implementadas e quais resultados.

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O estudo de caso incorpora abordagens específicas à coleta e análise de dados, além disso é a estratégia escolhida ao se examinarem acontecimentos contemporâneos inseridos em um contexto da vida real, quando não se podem manipular comportamentos relevantes (YIN, 2014, p. 27).

No estudo de caso, foi realizado levantamento de dados a partir de uma entrevista por pautas, que apresenta certo grau de estruturação, se guiando por uma relação de pontos de interesse que o entrevistador vai explorando ao longo do curso (GIL, 2008).

Os instrumentos de pesquisa utilizados para a coleta de dados, ou seja, o que foi utilizado no desenvolvimento do estudo para a obtenção de informações que agregavam ao trabalho (RUDIO, 1986) foram entrevistas por pautas, observação simples e pesquisa documental em um hospital público de grande porte do Distrito Federal.

Em seguida, foi desenvolvida uma observação simples, na qual o pesquisador permanece alheio à situação que estuda, observando de maneira espontânea os fatos que aí ocorrem. Este procedimento vai além da simples constatação de fatos, pois exige um mínimo de controle na obtenção de dados (GIL, 2008).

A pesquisa documental foi realizada por meio de fontes primárias escritas do hospital, constituindo-se por arquivos públicos e particulares da sua gestão de riscos (LAKATOS; MARCONI, 2003).

Depois de revisar as práticas desenvolvidas no país e verificar a aplicabilidade dessas práticas no contexto estudado, surge a necessidade de sugerir mudanças para que exista maior similaridade entre a teoria e a prática do hospital. Por esse motivo, a terceira etapa desenvolvida foi a pesquisa-ação que supõe intervenção participativa na realidade social (MORESI, 2003). Dessa forma, foi desenvolvido um mapeamento de processos, que está no APÊNDICE A​ para conhecer melhor a realidade do hospital estudado.

3.2 Caracterização da organização

A organização estudada é um hospital público de grande porte situado em Brasília, Distrito Federal. Sua área possui aproximadamente 42 mil metros quadrados e o hospital é dividido em seis blocos interligados e sete pavimentos (SES-DF).

O hospital é referência no atendimento a vítimas de queimaduras, lábio leporino, portadores da síndrome de down, cirurgia bariátrica (GDF) e atende outras diversas

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especialidades, por isso, sua demanda é muito alta. No ano de 2016, uma média de 2.300 funcionários concursados trabalhavam, diariamente, no hospital, sem contar com os terceirizados, residentes, estagiários, entre outros.

A documentação, a entrevista e a observação referentes ao estudo de caso foram obtidas com o auxílio da responsável pelo gerenciamento de resíduos, que estava ligada ao gerenciamento de riscos em 2016 e 2017. Posteriormente foi desenvolvida uma análise de conteúdo, que de acordo com Bardin (2009) se caracteriza como um conjunto de técnicas que faz uso de procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nesta seção, foram apresentados os resultados obtidos a partir da revisão sistemática realizada, e dos procedimentos de coleta de dados no hospital, representados por entrevista, observação e análise documental. Busca-se discutir e analisar os resultados desses procedimentos a fim de estabelecer-se ligação entre a teoria e a prática da gestão de resíduos de saúde em hospitais públicos brasileiros.

4.1 Revisão sistemática

Na Revisão Sistemática, buscou-se verificar o que tem sido estudado e documentado no Brasil nas bases utilizadas à respeito da logística reversa e do gerenciamento de resíduos de saúde nos estabelecimentos de saúde brasileiros, sejam eles públicos ou particulares. Ao final da análise, é possível verificar a ordem cronológica dos artigos, um panorama aprofundado de cada um deles, a divisão deles em subgrupos por assunto, e as conclusões obtidas com a aplicação deste procedimento.

BUSCA I

Primeiramente, foi desenvolvida uma revisão sistemática em periódicos da CAPES. A partir da busca avançada, foram selecionados os seguintes critérios:

● qualquer local contém “logistica reversa” ​AND​ “hospital”; ● data de publicação: últimos 20 anos;

● tipo de material: artigos;

● idioma: qualquer idioma (entre inglês, espanhol e alemão). Resultados: 15

Filtro 1: periódicos revisados por pares Resultados: 13

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