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Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União

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(1)

Controladoria-Geral da União

Ouvidoria-Geral da União

PARECER

Referência: 21900.000071/2015-23.

Assunto: Recurso contra resposta incorreta ao pedido de acesso à informação. Restrição de

acesso:

Sem restrição.

Ementa:

Agrotóxico: bula – informação incompleta: suposta contradição –

Tentativa de Franqueamento de Acesso; Pedido desproporcional

– Análise CGU: Acata-se a argumentação do recorrido;

pedido

desarrazoado visto que o recorrente já possui a documentação

solicitada; pedido desproporcional considerando a necessidade

de significativa mobilização de mão de obra para o

atendimento; Súmula nº 5 da CMRI – Não conhecimento –

Considerações da CGU: (1) Aprimorar a gestão documental para

que as informações sejam localizadas dentro do prazo

estabelecido em Lei; (2) Indicar a autoridade que tomou a

decisão em instância recursal; (3) Indicar a possibilidade de

recurso, prazo correlato e autoridade para a qual é dirigido; (4)

Garantir que a autoridade responsável por julgar o recurso de

segunda instância seja a autoridade máxima da instituição

pública; (5) Rever os fluxos internos com vistas a responder o

pedido de informação (e/ou) os recursos no prazo determinado

em Lei.

Órgão ou entidade recorrido (a):

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA.

Recorrente: K.G.A.B.

Senhor Ouvidor-Geral da União,

(2)

RELATÓRIO

Data

Teor

Pedido

03/02/20

15

Solicito cópia digital da bula do agrotóxico "Bravik 600 CE", número do registro: 13989, titular do registro: Action S.A. (última bula aprovada). (grifo meu)

Resposta Inicial

03/02/20

15

Informamos que o produto em questão foi cancelado através do Ato CGAA N° 11 de 22/03/2010 (DOU N° 56 de 24/03/2010).

Recurso à

Autoridade

Superior

03/02/20

15

Pedido não atendido!

Resposta do

Recurso à

Autoridade

Superior

12/02/20

15

O documento não está disponível no sistema Agrofit e, assim, considerando que o produto está cancelado há mais de 10 anos, o processo físico foi enviado ao arquivo morto, informo que o registro de agrotóxico foi totalmente paralisado e os servidores foram direcionados para atender este trabalho. Considerando o volume de processos a serem verificados para a localização do produto solicitado não temos como prever data para atendimento a esta demanda. (grifo meu)

Recurso à

Autoridade

Máxima

13/02/20

15

Pedido não atendido!

Resposta do

Recurso à

Autoridade

Máxima

17/03/20

15

Prezado Sr. K.,

Segue anexo o Relatório Técnico e rótulos de

aprovação do Produto Bravik 600 CE. Estes

são os documentos que temos, uma vez que

na época a legislação não exigia a aprovação

de bula.

Atenciosamente,

Serviço de Informação ao Cidadão - SIC/MAPA

Recurso à CGU

17/03/20

15

Pedido não atendido!

O produto em questão foi objeto da Resolução

da Diretoria Colegiada – RDC nº 10, de 22 de

fevereiro de 2008, da ANVISA com conteúdo

(3)

definido pela Lei 7.802 de 1989 e pelo

Decreto 4.074 de 2002.

Contradizem-se as informações do MAPA:

"Informamos que o produto em questão foi

cancelado através do Ato CGAA N° 11 de

22/03/2010 (DOU N° 56 de 24/03/2010)" e “...

considerando que o produto está cancelado a

mais de 10 anos...". (grifo meu)

É o relatório. Análise

2. Registre-se que o recurso foi apresentado à CGU tempestivamente e recebido na esteira do disposto no caput e §1º do art. 16 da Lei nº 12.527/2011 (Lei de Acesso à Informação, doravante LAI), bem como em respeito ao prazo de 10 (dez) dias previsto no art. 23 do Decreto nº 7.724/2012, in verbis:

Lei nº 12.527/2011

Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias se:

(...)

§ 1º O recurso previsto neste artigo somente poderá ser dirigido à Controladoria Geral da União depois de submetido à apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior àquela que exarou a decisão impugnada, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias.

Decreto nº 7.724/2012

Art. 23. Desprovido o recurso de que trata o parágrafo único do art. 21 ou infrutífera a reclamação de que trata o art. 22, poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à Controladoria-Geral da União, que deverá se manifestar no prazo de cinco dias, contado do recebimento do recurso.

3. Quanto ao cumprimento do art. 15 da LAI c/c o art. 21 do Decreto n.º 7.724/2012, observa-se que não consta da resposta que a autoridade que proferiu a decisão, em primeira instância, era a hierarquicamente superior à que adotou a decisão inicial, assim como também não consta que a autoridade que proferiu a decisão em segunda instância foi o dirigente máximo do Ministério. Ressalta-se que, conforme a justificativa da Súmula nº 5 da CMRI e em

(4)

respeito à segurança jurídica, o recorrido não poderá alegar a nulidade de tais decisões em proveito próprio.

4. Ao se ler o relatório, verifica-se que em duas ocasiões o recorrido não observou o prazo para responder ao recorrente: a resposta ao primeiro recurso foi apresentada no dia 12/02/2015 (e não até 09/02/2015) e a decisão sobre recurso de segunda instância foi forneci-da em 17/03/2015 (sendo o 23/02/2015 o prazo limite). Sublinha-se o fato de que o prazo para decidir sobre os recursos decorrentes de pedidos de acesso à informação difere daquele previsto para responder o pedido inicial. Aqui, aplicam-se os artigos 15 e 16 (até 20 dias em algumas hi-póteses com possibilidade de prorrogação por mais 10 dias mediante justificativa a ser encami-nhada ao recorrente), lá, o art. 21 (5 dias), todos do Decreto 7.724/2012. Destaca-se que o descumprimento de prazo por parte de um órgão ou entidade não é condição suficiente para conhecimento de um recurso pela CGU no âmbito de um processo em que se solicita uma informação. Isso porque, além das hipóteses previstas nos incisos I a IV do art. 16 da LAI, é neces -sária a caracterização da negativa de acesso descrita pelo caput daquele mesmo dispositivo que assim estabelece:

Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias se:

I - o acesso à informação não classificada como sigilosa for negado; (...)

IV - estiverem sendo descumpridos prazos ou outros procedimentos previstos nesta Lei. (grifo meu)

Dito isso, é importante verificar se houve negativa de acesso a informação pelo recorrido, a fim de que se possa opinar pelo conhecimento do recurso e, ato contínuo, analisar o seu mérito. 5. Embora seja contraditória (ou pouco clara) a parte da resposta que menciona a data do cancelamento do produto (fala-se que um ato de 2008 o cancelou e, a seguir, afirma-se que o cancelamento ocorreu há mais de dez anos), deve-se também considerar o seguinte esclarecimento apresentado:

informo que o registro de agrotóxico foi totalmente paralisado e os servidores foram direcionados para atender este trabalho. Considerando o volume de processos a serem verificados para a localização do produto solicitado não temos como prever data para atendimento a esta demanda. (grifo meu)

(5)

A CGU entende que são desproporcionais aquelas demandas cuja satisfação exige tal mobilização do quadro de servidores que possa resultar em comprometimento de atividade finalística. Tal aparenta ser o presente caso. Pontua-se que seria uma boa prática se o MAPA indicasse a possibilidade de o próprio cidadão pesquisar a informação de que necessita, medida que encontra amparo na Lei de Acesso à Informação:

Art. 11. (...).

§ 3o Sem prejuízo da segurança e da proteção das informações e do cumprimento da legislação aplicável, o órgão ou entidade poderá oferecer meios para que o próprio requerente possa pesquisar a informação de que necessitar. (grifo meu)

Considerando que a legislação facultou ao demandado a adoção de tal conduta, não se pode concluir que sua omissão nesse sentido caracteriza uma negativa de acesso por parte do MAPA.

6. Prosseguindo a análise sobre a possibilidade de conhecimento do recurso, é importante considerar a resposta apresentada ao recurso de 2ª instância:

Segue anexo o Relatório Técnico e rótulos de aprovação do Produto Bravik 600 CE. Estes são os documentos que temos, uma vez que na época a le-gislação não exigia a aprovação de bula. (grifo meu)

Neste momento, fica mais clara a tentativa de franquear a informação. Em relação à bula, o Ministério afirma não possuí-la, uma vez que a legislação anterior não exigia a aprovação de tal documento. Nesse contexto, dizer que não se possui um documento não é o mesmo que negar o acesso a esse, restando, assim, obstaculizado o conhecimento deste recurso pela CGU. 7. Além dessas constatações, verificou-se via e-SIC que o mesmo cidadão realizou à ANVISA pedido semelhante, que abaixo se transcreve:

NUP: 25820.000127/2015-91

Solicito cópias digitais das bulas com a parte sobre "saúde" dos agrotóxicos, produtos formulados e objetos da RDC 10 de 2008.

- Bravik 600 CE, número do registro: 13989 Titular do registro: Action S.A. (...)

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária assim o respondeu: Prezado Senhor,

(6)

Seguem os respectivos arquivos digitalizados. Cabe ressaltar que os referidos produtos tiveram seus registros cancelados pelo órgão federal registrante, de modo que suas bulas não possuem validade atual (...). (grifo meu)

Lendo-se os documentos anexados à resposta, localizou-se a bula do Bravik 600 CE cujo fragmento mostra-se a seguir:

Para a análise deste recurso, é destacável o fato de o senhor K.G.A.B. não ter recorrido da resposta apresentada pela ANVISA, sugerindo que aquela demanda foi atendida. Sendo assim, entende-se que ele obtém a bula que agora solicita ao MAPA. Considera-se desarrazoado (art. 13, II do Decreto 7724/2012) o pedido de acesso a documento que comprovadamente o cidadão possui, por se entender que o objeto da decisão é inútil nos seguintes termos do art. 52 da Lei 9784/99:

Art. 52. O órgão competente poderá declarar extinto o processo quando exaurida sua finalidade ou o objeto da decisão se tornar impossível, inútil ou prejudicado por fato superveniente.

Destaca-se que o não conhecimento deste recurso não impede o recorrido de oferecer meios para que o próprio requerente possa pesquisar nos arquivos do Ministério a informação que solicitou (art. 11, § 3º da LAI), medida recomendável caso sua adoção não comprometa o desempenho das atividades finalísticas do MAPA.

Conclusão

8. De todo o exposto, opina-se pelo não conhecimento do recurso, uma vez que, após pesquisa pelo recorrido - inclusive com a paralisação das demais atividades a fim de que a demanda fosse atendida – disponibilizaram-se os documentos que aquele Ministério afirmou possuir, não se confirmando, portanto, a negativa de acesso por parte do MAPA, condição sem a qual um recurso não será conhecido pela CGU (art. 16, caput da LAI). Ademais, considerando que o cidadão fez semelhante pedido à ANVISA (NUP: 25820.000127/2015-91) e que esta agência disponibilizou a bula via e-SIC, conclui-se que o recorrente já detém a informação que solicitou, razão pela qual este pedido de acesso seria desarrazoado.

(7)

9. Por fim, destaca-se que o recorrido descumpriu procedimentos básicos da Lei de Acesso à Informação. Nesse sentido, recomenda-se orientar a autoridade de monitoramento competente que reavalie os fluxos internos para assegurar a observância das normas relativas ao acesso à informação, de forma eficiente e adequada aos objetivos legais, em especial recomenda-se:

a)

Informar em suas respostas ao cidadão a autoridade/área que tomou a decisão, a possibilidade de recurso, o prazo para propor o recurso e a autoridade competente para apreciar o recurso;

b)

Observar os prazos indicados nos artigos 21 e 22 do Decreto 7.724/2012;

c)

Aprimorar a gestão documental para que as informações sejam localizadas dentro do prazo estabelecido em Lei;

d)

Verificar a possibilidade de oferecer os meios para que o próprio requerente possa pesquisar a informação de que necessitar (art. 11, § 3º da LAI).

ÍCARO DA SILVA TEIXEIRA Analista de Finanças e Controle

D E C I S Ã O

No exercício das atribuições a mim conferidas pela Portaria n. 1.567 da

Controladoria-Geral da União, de 22 de agosto de 2013, adoto, como

fundamento deste ato, o parecer acima, para decidir pelo não conhecimento do

recurso interposto, nos termos do art. 23 do Decreto 7.724/2012, no âmbito do

pedido de informação nº 21900.000071/2015-23, direcionado ao Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA.

(8)

Luis Henrique Fanan

Ouvidor-Geral da União

(9)

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

Controladoria-Geral da União

Folha de Assinaturas

Referência: PROCESSO nº 21900.000071/2015-23

Documento: PARECER nº 738 de 23/03/2015

Assunto: Recurso contra resposta incorreta ao pedido de acesso à informação.

Ouvidor

Assinado Digitalmente em 23/03/2015 GILBERTO WALLER JUNIOR

Signatário(s):

aprovo.

Relação de Despachos:

Assinado Digitalmente em 23/03/2015 Ouvidor

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