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Internacionalização de empresas da fashion industry e vantagem competitiva

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Academic year: 2021

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Internacionalização de empresas da fashion industry e

vantagem competitiva

M F Krinke1, B C Frisoni2 e D E Floriani3

Resumo

O presenta artigo aborda a internacionalização da fashion industry e tem como objetivo compreender como a internacionalização se torna um diferencial competitivo para essas empresas. Para tal, é necessário discorrer sobre o nível de internacionalização e vantagem competitiva; apresentar o processo de internacionalização das empresas da fashion industry investigadas e identificar capacidades desenvolvidas pelas empresas que contribuem para que as mesmas obtenham um diferencial competitivo em relação aos seus concorrentes. A pesquisa desenvolvida de cunho qualitativo, de natureza exploratória descritiva, se deu por meio de estudos de caso múltiplos, com três empresas brasileiras, no segmento de camisaria, fitness e moda praia. Como resultado é possível afirmar que o nível de envolvimento em mercados internacionais suscita o desenvolvimento de certas capacidades que irão se configurar em um diferencial competitivo para a mesma.

Introdução

Na competitividade dos mercados globais, a internacionalização figura para as empresas como uma alternativa para diversificar o mercado de atuação, adquirir know how, ampliar o networking e melhorar e posicionar a imagem da marca. Ao se internacionalizar, a empresa apresenta um movimento crescente de envolvimento em operações fora de seu país de origem rumo aos mercados globais.

O cenário da fashion industry se caracteriza como um mercado altamente instável, marcado pela concorrência acirrada, em decorrência do excesso de oferta de produtos à disposição do consumidor e pelo curto ciclo de vida desses produtos. Porém, a fashion industry é apontada como uma indústria próspera por ser diversificada e flexível o suficiente para satisfazer o desejo de qualquer consumidor [1].

O processo de internacionalização de empresas da fashion industry, na maioria das vezes se restringe a um desdobramento das atividades exportadoras. Em contraponto, nas últimas décadas, o Brasil, enquanto um mercado alvo em potencial tem sido foco de expansão de grandes marcas internacionais. Portanto, se questiona de que forma a internacionalização se torna um diferencial competitivo para empresas da fashion industry brasileiras? Para responder a questão de pesquisa é necessário compreender como a internacionalização contribui na geração de vantagem competitiva para empresas da fashion industry. Para tal, é necessário apresentar o processo de internacionalização das empresas investigadas e identificar competências desenvolvidas por meio da internacionalização. Metodologia

1 Mônica Facchini Krinke. Mestranda do Programa de Mestrado Profissional em Administração – Gestão,

Internacionalização e Logística da Universidade do Vale do Itajaí. monica.krinke@univali.br

2

Profa. Msc Bianka Cappucci. Coordenadora do Curso de Design de Moda da Universidade do Vale do Itajaí. bianka.frisoni@univali.br

3

Profa. Dra. Dinorá Eliete Floriani. Coordenadora do Mestrado Profissional em Administração – Gestão, Internacionalização e Logística da Universidade do Vale do Itajaí.

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A presente pesquisa é de concepção interpretativa, de natureza exploratória descritiva. Este estudo descreve a situação de empresas da fashion industry frente ao processo de internacionalização e sua relação com a vantagem competitiva. A presente pesquisa desenvolveu-se por meio de estudos de caso múltiplos, com três empresas brasileiras, no segmento da fashion industry, radicadas em Santa Catarina, sendo, uma empresa de camisaria masculina e feminina, uma empresa de fitness e uma de moda praia. A escolha das empresas selecionadas para a pesquisa se deu com base nos critérios: modo de entrada em mercados internacionais; atuação em segmentos diversos na fashion industry e a relevância da empresa no segmento, e por fim, a diferença entre o porte das empresas. As técnicas utilizadas na coleta de dados primários e secundários utilizados foram entrevistas semiestruturadas, investigação bibliográfica, e a observação in loco. Para a análise e interpretação dos dados foi utilizada a técnica de análise de conteúdo.

Internacionalização de Empresas

No que tange a conceituação, a internacionalização de uma empresa acontece quando ela passa a comercializar ou tem seus bens representados em mercados externos, ou seja, a empresa apresenta um movimento crescente em operações fora do seu país de origem [2]. O envolvimento da empresa no mercado externo pode contemplar desde operações simples, como exportação indireta, até operações complexas que envolvam mais comprometimento de recursos, como a instalação de subsidiárias no exterior.

A exportação é o modo de entrada mais usual, corresponde a comercialização de produtos e/ou serviços em países diferentes do país onde são fabricados. Esse modo de entrada é motivado pelos baixos custos de entrada e a possibilidade de adquirir experiência e aprendizado de mercado correndo menos riscos. Entretanto, a exportação envolve riscos menores se comparados a outros modos de entrada, mas apresenta a desvantagem na limitação da comercialização dos produtos e, principalmente, representa perda para a empresa no que tange à criação de valor e a experiência internacional [3].

Cavusgil considera três diferentes níveis de envolvimento de empresas na classificação de modos de entrada, o envolvimento experimental; envolvimento ativo e envolvimento comprometido. O envolvimento experimental é resultante de uma gestão empresarial que apresenta pouco comprometimento com o mercado externo. A internacionalização é tratada de forma passiva pela empresa ficando restrita a um movimento de resposta a uma demanda existente, por meio da exportação, uma vez que a internacionalização não é prioridade da empresa [4].

O envolvimento ativo ocorre quando a empresa reconhece a importância e a contribuição dos negócios internacionais para o crescimento da empresa e assim, se dispõe a um envolvimento de longo prazo. Nesse caso, os produtos são direcionados para atender demandas específicas dos clientes estrangeiros e as políticas de preço são revisadas para garantir uma penetração efetiva nos mercados externos. Portanto, a exportação não é mais considerada uma estratégia insignificante, pois ocorre de forma regular e sistemática [4].

Por sua vez, o envolvimento comprometido é o estágio mais avançado no processo de internacionalização. Nesse estágio a empresa vislumbra oportunidades de negócios em todo o mercado global, não se restringindo somente a mercados tradicionais e envolve outros tipos de investimentos internacionais, tais como, investimento direto no exterior (IDE), com instalações de produção no exterior, subsidiárias e acordos de abastecimento em todos os mercados e assim por diante [4].

Vantagem Competitiva

Em muitos momentos das discussões sobre vantagem competitiva, aparece atrelada ao conceito de valor criado pela empresa. Para Barney (1991, p.102) “uma firma possui vantagem

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competitiva quando implementa uma estratégia de criação de valor que não pode ser simultaneamente implementada por qualquer outro competidor corrente ou potencial” [5].

O valor da empresa pode ser atrelado a dimensões como: seleção de produtos, preço, marca, serviços com valor agregado, relacionamentos e experiências, ou ainda, a escolha do ponto de venda, layout das lojas e reconhecimento da marca como dimensões que favorecem a percepção de valor do produto [6].

O valor de um produto da fashion industry não é definido apenas por sua qualidade técnica, mas, sobretudo pelos valores imateriais, estéticos e de significado, que são atribuídos primeiramente pela empresa e depois pelo consumidor. O valor intangível dos produtos da fashion industry atualmente é caracterizado não somente pela marca, mas igualmente pela sustentabilidade ambiental, responsabilidade social, origens da empresa e pontos de venda [7].

Diante de uma maior valorização de aspectos intangíveis nos produtos da fashion industry, a marca, se constitui como um diferencial na estratégia comercial da empresa, ao transmitir valor ao consumidor, imprimindo maior valor e status ao produto [8]. Nesse sentido, o valor de determinadas marcas da fashion industry podem influenciar na escolha do consumidor por determinado produto, em detrimentos de outro de marcas diferentes. Portanto, o bom desempenho de uma empresa da fashion

industry em mercados internacionais reside em decisões complexas que devem equilibrar aspectos não

só criativos, mas também de produção, distribuição e comunicação na busca de um compromisso contínuo [7].

Discussão e conclusões

Em relação ao nível de envolvimento das empresas nos mercados internacionais é possível inferir que as empresas investigadas se enquadram no nível de envolvimento experimental e ativo [4]. A empresa do segmento moda praia apresenta um envolvimento experimental, no qual a internacionalização é tratada de forma secundária, ou seja, não é prioridade da empresa. As experiências da empresa, no mercado externo se restringem ao atendimento à solicitação de clientes estrangeiros e não a uma estratégia de internacionalização propriamente dita.

Já o envolvimento no mercado internacional das empresas do segmento de camisaria e fitness, podem ser considerados como ativo [4]. O envolvimento ativo compreende a preocupação da empresa quanto ao desenvolvimento de produtos que atendam a demanda do consumidor internacional, o que é perceptível tanto na empresa de camisaria, quanto da empresa do segmento fitness. O crescente envolvimento em mercados internacionais requer da empresa o desenvolvimento de novas capacidades, bem como, o aprimoramento das capacidades já existentes, frente às exigências do mercado global [9].

Na empresa de fitness o envolvimento ativo pode ser observado a partir da mudança na percepção dos tomadores de decisão da empresa, que passaram a reconhecer a importância e a contribuição das operações internacionais no alcance das metas corporativas, deixando, portanto, de tratar a internacionalização como um processo a margem nas prioridades da empresa [10]. Porém, apesar dos avanços obtidos, a condução do processo de internacionalização desta empresa requer, ainda, um maior alinhamento estratégico, uma vez que a empresa tem a postura de primeiro agir para depois planejar de que forma dará conta de determinada ação.

Em relação às capacidades desenvolvidas a partir do processo de internacionalização das empresas investigadas, este estudo aponta a capacidade de formar alianças, agregar qualidade e design aos produtos e a exploração da capacidade de comunicação como as principais capacidades desenvolvidas

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pelas empresas do segmento de camisaria e fitness. Essas capacidades se constituem em um diferencial competitivo dessas empresas em relação aos seus concorrentes.

Estar presente no mercado internacional e dividir esse mercado com as grandes marcas internacionais de moda agrega valor para a empresa, uma vez que confere status de prestígio e credibilidade, o que não só aumenta a visibilidade da marca, mas faz com que a empresa atinja um patamar superior quando comparada a outras marcas, tornando-se, portanto, mais competitiva [11].

A absorção do conhecimento por meio da trajetória e da vivência dos indivíduos que participam do processo de internacionalização da empresa resulta na aprendizagem experiencial que irá impactar na exploração de oportunidades internas e externas de forma dinâmica e cíclica [12]. Da mesma forma, a expansão internacional possibilitou que as experiências adquiridas pelas empresas em alguns mercados pudessem ser replicadas ou adequadas a outros, considerando as especificidades do ambiente e a reconfiguração de recursos existentes [13], incluindo a estratégia de repensar algumas ações de internacionalização.

A internacionalização das empresas do segmento de camisaria e fitness se constituem em vantagem competitiva para as mesmas e advém de um conjunto de recursos internos e externos que foram se reconfigurando ao longo da trajetória da empresa, por meio da aquisição de conhecimento e da adaptação ao cenário internacional.

Referências

[1] ČIARNIENĖ, Ramunė; VIENAŽINDIENĖ, Milita. Management of Contemporary Fashion Industry: Characteristics and Challenges. Procedia-Social and Behavioral Sciences, v. 156, p. 63-68, 2014.

[2] CAVUSGIL, S. Tamer; KNIGHT, Gary; RIESENBERGER, John R. Negócios Internacionais: Estratégia, Gestão e Novas Realidades. São Paulo: Pearson, 2010.

[3] COELHO, José Elisiário Moura Neto. Estratégia de internacionalização da Grande Porto: Seleção, Modos de Entrada e Marketing-Mix na Abordagem dos Mercados Internacionais. 2013. Tese de Doutorado. Instituto Politécnico do Porto. Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto.

[4] CAVUSGIL, S. Tamer. Differences Among Exporting Firms Based on Their Degree of Internationalization. Journal of Business Research, v. 12, n. 2, p. 195-208, 1984.

[5] BARNEY, Jay. Firm resources and sustained competitive advantage. Journal of Management, v. 7, n. 1, p. 99-120, 1991.

[6] DODDS, William B.; MONROE, Kent B.; GREWAL, Dhruv. Effects of price, brand, and store information on buyers' product evaluations. Journal of marketing research, p. 307-319, 1991.

[7] CIETTA, Enrico. A economia da moda. Estação das Letras e Cores, 2017.

[8] AAKER, David A. Construindo marcas fortes. Bookman Editora, 2009.

[9] PRANGE, Christiane; VERDIER, Sylvie. Dynamic Capabilities, Internationalization Processes and Performance. Journal of World Business, v. 46, n. 1, p. 126-133, 2011.

[10] MOORE, Christopher M.; FERNIE, John; BURT, Steve. Brands Without Boundaries-the Internationalization of the Designer Retailer's Brand. European Journal of Marketing, v. 34, n. 8, p. 919-937, 2000.

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[11] RESENDE, Carmen Lúcia et al. Internacionalização da Marca: Pouco Relevante ou Fator de Agregação de Valor? Um Estudo de Caso no Segmento de Moda de Luxo. Base, , v. 8, n. 2, 2011. [12] JURKSIENE, Lolita; PUNDZIENE, Asta. The Relationship Between Dynamic Capabilities and firm Competitive Advantage: The Mediating Role of Organizational Ambidexterity. European Business Review, v. 28, n. 4, 2016.

[13] TEECE, David J. The Foundations of Enterprise Performance: Dynamic and Ordinary Capabilities in an (Economic) Theory of Firms. The Academy of Management Perspectives, v. 28, n. 4, p. 328-352, 2014.

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