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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE NÚCLEO DE GESTÃO ADMINISTRAÇÃO RAÍ DUARTE FALCÃO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE

NÚCLEO DE GESTÃO

ADMINISTRAÇÃO

RAÍ DUARTE FALCÃO

A LOGÍSTICA REVERSA DO LIXO: UM ESTUDO DE CASO NA CIDADE

DE SAIRÉ

CARUARU

2014

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CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE

NÚCLEO DE GESTÃO

ADMINISTRAÇÃO

RAÍ DUARTE FALCÃO

A LOGÍSTICA REVERSA DO LIXO: UM ESTUDO DE CASO NA CIDADE

DE SAIRÉ

Trabalho apresentado à Coordenação do Curso de Graduação em Administração, da Universidade Federal de Pernambuco, Centro Acadêmico do Agreste, como requisito parcial para aprovação na disciplina Trabalho de Conclusão de Curso.

Orientador: Prof. Mário Rodrigues dos Anjos Neto

CARUARU

2014

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Catalogação na fonte:

Bibliotecária - Simone Xavier CRB4 - 1242

F178l Falcão, Raí Duarte.

A logística reversa do lixo: um estudo de caso na cidade de Sairé. / Raí Duarte Falcão. - Caruaru: O Autor, 2014.

69f.; il.; 30 cm.

Orientador: Mário Rodrigues dos anjos Neto

Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) – Universidade Federal de Pernambuco, CAA, Administração, 2014.

Inclui referências bibliográficas

1. Logística reversa. 2. Sustentabilidade – Sairé (PE). I. Anjos Neto, Mario Rodrigues dos. (Orientador). II. Título.

658 CDD (23. ed.) UFPE (CAA 2014-84)

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RAÍ DUARTE FALCÃO

A LOGÍSTICA REVERSA DO LIXO: UM ESTUDO DE CASO NA CIDADE

DE SAIRÉ

Este trabalho foi julgado adequado e aprovado para a obtenção do título de graduação em Administração da Universidade Federal de Pernambuco - Centro Acadêmico do Agreste

Caruaru, 15 de Agosto de 2014

_____________________________________ Prof. M.Sc. Cláudio Montenegro Coordenador do Curso de Administração

BANCA EXAMINADORA:

_____________________________________

Prof. M.Sc. Mário Rodrigues dos Anjos Neto

Universidade Federal de Pernambuco - Centro Acadêmico do Agreste

Orientador

_____________________________________ Prof. M.Sc. ou Dr.

Universidade Federal de Pernambuco - Centro Acadêmico do Agreste

Banca

_____________________________________ Prof. M.Sc. ou Dr.

Universidade Federal de Pernambuco - Centro Acadêmico do Agreste

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho com grande orgulho primeiramente a Deus, que me deu forças para chegar até esse momento, minha família, minha noiva e em especial aos meus avós Roque e Neuza.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha família por sempre me ajudar quando mais precisei, pelo apoio e confiança, para que eu conseguisse alcançar mais esta importante etapa da minha vida.

À minha noiva Glayce Freitas, pela ajuda, paciência, incentivo, e motivação, passando várias madrugadas dedicando boa parte do seu tempo livre, para realizar pesquisas importantes para o desenvolvimento deste trabalho.

Aos meus pais que são os responsáveis por proporcionar-me oportunidades de ter uma educação de qualidade, fazendo muitas vezes o possível e o impossível.

Aos meus avós que tanto sonharam e sempre acreditaram que eu chegaria nesse momento, para no fim comemorarmos juntos essa alegria, mais infelizmente, o destino não nos permitiu isso, mas sei que ao lado de Deus nesse momento, eles estão orgulhosos de mim.

Aos amigos da Universidade, por ter vividos momentos difíceis, mas que no final de tudo sempre terminavam em momentos felizes.

Agradeço aos professores, pela dedicação e pelo esforço em passar seus conhecimentos durante essa longa jornada em que estive na instituição, em especial ao professor e grande amigo Mário dos Anjos, que com muita dedicação e sabedoria, orientou-me durante todo o processo de desenvolviorientou-mento do trabalho, ter acreditado que em mim em momentos tão conturbados, pessoas assim nos mostram que o impossível pode sim ser alcançado.

Agradeço a Prefeitura Municipal de Sairé pelo total apoio, cedendo esta oportunidade para a construção deste trabalho.

(7)

RESUMO

O crescimento acelerado da população, industrialização e a mudança no estilo de vida das pessoas têm se tornado fatores determinantes para o aumento de Resíduos Sólidos Urbanos gerados diariamente pela sociedade. A não destinação correta pode causar impactos significativos ao meio ambiente e a qualidade de vida da população. Deste modo, o presente estudo visou analisar e avaliar o processo de Logística Reversa do lixo implantado no município de Sairé, que teve como objeto de estudo a Usina de Tratamento e Compostagem, tendo como referência, a percepção e posicionamento dos gestores e moradores sobre este processo. De início é exposto o âmbito teórico que relata os assuntos necessários para o entendimento do trabalho, como conceitos de Logística, o processo de Logística Reversa e Sustentabilidade. A pesquisa e a análise de dados foram realizadas no mês de junho de 2014 e obteve a validação de quatro roteiros de entrevista, que abordaram questões de compreensão da logística reversa, benefícios, colaboração para as organizações, descrição do processo de Logística Reversa do lixo, pontos fortes, fracos e sugestões. Com base na conclusão, é possível analisar que os resultados obtidos foram relevantes, verificando-se assim que este sistema é satisfatório e atende as necessidades e expectativas da população de Sairé.

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ABSTRACT

The rapid population growing, industrialization and the changing on the lifestyle of the people have been becoming determinates factors to the increasing of the solid waste generated daily by society. The failure on the correct destination may cause considerables negatives impacts to the environment and quality of life of the population. Thus, the present study aimed to analyze and evaluate the process of reverse logistics of the garbage of the city of Sairé, it that had as object of study the Composting Treatment Plant, it that had as reference, the perception and positioning of managers and residents about this process. At first is exposed the theoretical framework that describes the necessaries issues to the understanding of the work, such as concepts of logistics, the process of the reverse logistics and sustainability. The research and data analysis were performed in June 2014 and got the validation of four interview scripts, that debate issues of understanding of reverse logistics, benefits, collaboration to the organizations, description of the process of the reverse logistics of the garbage, strengths, weaknesses and suggestions. Based on the conclusion, is possible analyze that the results were similar, verifying then that this system is satisfactory and attain the expectations of the population of the city of Sairé.

Key-Words: Reverse Logistic, Sustainability.

(9)

Figura 1 - Mapa do município de sairé ... 20

Figura 2 - Mapa do município de sairé – Praça Rosa Paixão dos Santos. ... 21

Figura 3 - Unidade de tratamento e compostagem de sairé ... 21

Figura 4 - Processo de Triagem do lixo - UTC ... 21

Figura 5 - Processo de Compostagem do lixo orgânico – UTC ... 22

Figura 6 - Aterro Sanitário – Destinação final do lixo – UTC ... 22

Figura 7 - Representação Esquemática dos Processos de Logística Direta e Reversa ... 25

Figura 8 - Ciclo de vida de um produto ... 27

Figura 9 - Logística Reversa – Área de Atuação e Etapas reversas ... 28

Figura 10 - Exemplos de ciclo reverso aberto ... 32

Figura 11 - Exemplos de canais reversos de ciclo fechado ... 32

Figura 12 - Canais de distribuição diretos e reversos ... 33

Figura 13 - As dimensões da sustentabilidade ... 37

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Quantidade de resíduos sólidos gerados... 14 Quadro 2 - Prioridades da logística reversa (gestor da secretaria de agricultura, meio ambiente e desenvolvimento econômico, gerente de produção e operações e moradores). ... 45 Quadro 3 - Questões desenvolvidas para que o Secretário de Agricultura, Meio ambiente e Desenvolvimento Econômico, Gerente de Produção e Operações da UTC e moradores pudessem comentar sobre os aspectos centrais da Logística Reversa e do processo de tratamento do lixo na cidade de Sairé. ... 45 Quadro 4 - Compreensão sobre o conceito de Logística Reversa ... 48 Quadro 5 - Compreensão dos benefícios da Logística Reversa ... 51 Quadro 6 - Percepção da colaboração da Logística Reversa para com os objetivos das organizações ... 52 Quadro 7 - Compreensão sobre o processo de tratamento do lixo ... 54 Quadro 8 - Compreensão dos pontos fortes sobre o processo da Logística Reversa do lixo ... 56 Quadro 9 - Compreensão dos pontos fracos sobre o processo da Logística Reversa do lixo .. 58 Quadro 10 -Percepção das sugestões para melhorar o processo da Logística Reversa do lixo.61

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas e Técnicas

ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais C.L.M – Council of Logistics Management

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística RSU – Resíduos Sólidos Urbanos

TBL – Triple Bottom Line

UFPE – Universidade Federal de Pernambuco. UTC – Unidade de Tratamento e Compostagem

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO À PESQUISA

1.1 - PROBLEMATIZAÇÃO ... 12 1.2 - JUSTIFICATIVA ... 16 1.3 - PERGUNTA DE PESQUISA ... 17 1.4 - OBJETIVOS ... 17 1.5 – ORGANIZAÇÃO DA MANOGRAFIA ... 18

2. CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO

2.1 - INTRODUÇÃO ... 19 2.2 - MUNICÍPIO DE SAIRÉ ... 19

2.2.1 - Histórico e Aspectos Gerais ... 19

3. REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 - INTRODUÇÃO ... 23

3.2 - LOGÍSTICA REVERSA ... 23

3.2.1 - Aspectos da implantação da Logística Reversa ... 25

3.2.2 - Logística Reversa e o ciclo de vida dos produtos ... 27

3.2.3 - Logística Reversa do pós-consumo ... 29

3.2.4 - Logística Reversa do pós-venda ... 33

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4. METODOLOGIA

4.1 - INTRODUÇÃO ... 40

4.2 - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ... 40

4.2.1 - Ambiente de coleta de dados ... 42

4.2.2 - Questão central ... 42

4.2.3 - Categorias de entrevistados ... 42

4.2.4 - Análise de conteúdo ... 43

4.2.5 - Domínios, significados e questões (roteiros) das entrevistas semiestruturadas ... 45

4.2.6 – Roteiro de Entrevista ... 46

5. ANÁLISE DOS DADOS

5.1 - ANÁLISE DOS DADOS ... 48

6. CONCLUSÕES

6.1 - INTRODUÇÃO ... 64

6.2 - CONCLUSÕES E IMPLICAÇÕES GERENCIAIS ... 64

6.3 - LIMITAÇÕES DO ESTUDO ... 66

6.4 - SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS ... 66

REFERÊNCIAS ... 67

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CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO

Neste capítulo são apresentados a problematização, os motivos que corroboram a realização da pesquisa, assim como a pergunta e os objetivos que nortearam o desenvolvimento do estudo. Finalmente, a forma como o trabalho encontra-se organizado.

1.1 PROBLEMATIZAÇÃO

Nos últimos anos, a rápida transformação que vem ocorrendo no mundo, principalmente as quais se configuram nos níveis: social, econômico, empresarial, tecnológico, científico e ambiental, vem preocupando cada vez mais, ambientalistas, governantes, empresas, organizações não governamentais e a sociedade em geral, com os diversos aspectos do equilíbrio ecológico. “Muitas pesquisas de opinião pública têm sido elaboradas para comprovar essa maior conscientização, e são inúmeros os exemplos que evidenciam o aumento da sensibilidade ecológica na sociedade atual” (LEITE, 2009, p.21).

Esse novo cenário do mercado globalizado têm pressionado as organizações sendo elas privadas ou públicas, a realizarem mudanças no seu modelo de gestão, adotando novas estratégias, para se adaptarem as novas exigências do mercado. No entanto, com o crescimento acelerado do setor de serviços, principalmente motivado pelo aumento do poder de compra do consumidor, este cada vez mais exigente, direcionou as organizações à se concentrarem diretamente com o processo tradicional da logística, mais conhecido como fluxo direto ou Logística direta. Segundo Clm (1993) apud Ballou (2006, p.27), “Logística é o processo de planejamento, implantação e controle do fluxo eficiente e eficaz de mercadorias, serviços e das informações relativas desde o ponto de origem até o ponto de consumo com o propósito de atender as exigências dos clientes”.

De acordo com Dornier(2000) et al. Apud Leite (2009, p. 16 ):

Logística é a gestão de fluxos entre funções de negócios. A definição atual de logística engloba maior amplitude de fluxos que no passado. Tradicionalmente as companhias incluíam a simples entrada de matérias-primas ou fluxo de saída de produtos acabados em sua definição de logística. Hoje, no entanto, essa definição expandiu-se e inclui todas as formas de movimentos de produtos e informações[...].

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Em outras palavras, Logística é uma área da administração responsável pelo planejamento das atividades relacionadas ao armazenamento, circulação e distribuição de produtos, integrados à gestão dos fluxos físicos e informacionais, partindo do seu local de origem até o consumidor final.

Entretanto, esta definição tradicional sobre a logística, vem passando por constante processo de evolução nos últimos anos. Os novos hábitos de consumo da sociedade têm impulsionado as empresas, que na ânsia por se manterem vivas no mercado competitivo, lançam frequentemente os mais variados tipos de produtos para satisfazer diferentes segmentos de mercado. Para Bowersox e Closs (2001, p.19) “o objetivo da logística é tornar disponíveis produtos e serviços no local onde são necessários, no momento em que são desejados”.

Por outro lado, como consequência, os produtos lançados são produzidos com materiais de baixa qualidade e pouca durabilidade, criando um alto nível de obsolescência, e redução do ciclo de vida útil e mercadológica dos produtos, além de ocasionar no consumo descontrolado, com altos níveis de descartabilidade, acumulando resíduos que diariamente são lançados no meio ambiente. Deste modo, a logística deixa de limitar-se apenas ao movimento do fluxo direto (do ponto de origem até o ponto de consumo), para ampliar sua atuação para uma nova área da logística moderna, o fluxo reverso da cadeia de suprimentos.

O acúmulo dos produtos descartados na natureza vem causando preocupação as organizações, governantes e sociedade com a questão ambiental. Segundo Krikke (2001) apud Garcia (2006), as legislações ambientais tornaram-se mais severas com o passar do tempo, atribuindo a responsabilidade às empresas pela completa gestão do ciclo de vida dos seus produtos, reduzindo os danos causados ao ambiente não apenas dos processos, como também aqueles gerados pela ação do descarte. Sendo assim, as organizações começam então a utilizar a logística reversa, na tentativa de satisfazer as exigências por parte dos clientes e das legislações. Segundo Leite (2009), a logística reversa é a gestão do planejamento, execução e controle dos produtos retornados por meio de canais de distribuição reversos, seja eles de pós-consumo e de pós-venda, agregando valores aos produtos de forma ecológica, econômica e legal.

O Governo federal visando o enfrentamento dos principais problemas ambientais, sociais e econômicos decorrentes do manejo inadequado dos resíduos sólidos, instituiu a Lei nº 12.305/10 que prevê a prevenção e a redução na geração de resíduos, tendo como proposta

(16)

a prática de hábitos de consumo sustentável e um conjunto de instrumentos para propiciar o aumento da reciclagem e da reutilização dos resíduos sólidos (aquilo que tem valor econômico e pode ser reciclado ou reaproveitado) e a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos (aquilo que não pode ser reciclado ou reutilizado).

De acordo com a LEI Nº 12.305, DE 2 DE AGOSTO DE 2010, cap. II, art.3º inciso XVI, define-se resíduos sólidos como:

[...] material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível[...].

O destino incorreto dado a esses resíduos têm causado várias consequências. Pois, existem produtos que podem demorar algumas semanas ou muitos anos para se decompor, causando um crescente aumento da poluição no meio ambiente e uma série de danos à saúde da população, pois além do mau cheiro, podem transmitir doenças graves e comprometer a qualidade de vida das pessoas e de outras espécies.

Estes diversos problemas relacionados à disposição dos resíduos sólidos gerados pela sociedade vem sendo enfrentados nos últimos tempos pela maioria das cidades brasileiras, de acordo com as pesquisas realizadas pela ABRELPE (2012), o quadro 1.1 a seguir, apresenta a quantidade de resíduos sólidos urbanos gerados por dia nas regiões brasileiras:

Quadro 1: Quantidade de resíduos sólidos gerados Fonte: Adaptado da ABRELPE (2014)

(17)

Os dados apresentados revelam um aumento inferior a meio ponto percentual no índice de geração per capita de RSU e um acréscimo de 1,3% na quantidade total gerada. O acréscimo verificado na quantidade total gerada supera o crescimento da população urbana no mesmo período, que foi cerca de 0,9%. (ABRELPE, 2012).

Além disso, as dificuldades financeiras quanto às fragilidades da gestão, são circunstâncias que contribuem ainda mais para que estes problemas se agravem. Desta forma, o problema de pesquisa surgiu através da percepção do poder público municipal de Sairé, cidade do Agreste Pernambucano, onde foi verificado que as organizações e residências tem gerado uma grande quantidade de lixo diariamente, chegando a produzir seis toneladas por dia. A capacidade de armazenamento dos lixões para comportar o que é coletado no município chegou ao limite. Além da poluição, contaminação e toxidades do solo e água, causados pelo depósito incorreto dos resíduos urbanos nas ruas, encostas, terrenos baldios e rios tem acarretado graves desequilíbrios ao meio ambiente e afetado as condições de saúde e bem-estar dos habitantes (GLOBO.COM, 2014).

Com base nessa situação, a município de Sairé ficou conhecido nacionalmente por estar solucionando este problema que vem afetando a população local. Com parceira com a Universidade de Viçosa, em Minas gerais, criou um projeto piloto que realiza o tratamento dos resíduos sólidos urbanos através de uma Unidade de Triagem e Compostagem - UTC, responsável pela separação do lixo, reaproveitamento, reciclagem e disposição final adequada. Além de contar com o programa “Sairé Cidade Saudável”, que tem como objetivo mudar o hábito da comunidade, descartando o lixo em locais apropriados. A partir dessa situação, surgiu o interesse de averiguar como gestores e moradores avaliam o processo de Logística Reversa do lixo no município.

Nesse cenário, o poder público municipal deve analisar os aspectos considerados relevantes reivindicados pelos gestores e moradores, a fim de propor melhorias do projeto e serviços prestados à comunidade.

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1.2 JUSTIFICATIVA

O tema Logística Reversa é essencial para o desenvolvimento social, econômico e ambiental de uma organização pública ou privada, pois através dos seus sistemas logísticos, geram diversos resultados positivos. Consequentemente, isso induz as pessoas a praticarem mudanças nos hábitos de consumo, no qual passam a exigir produtos que não venham a prejudicar a natureza. Além da geração de mão-de-obra, da redução dos custos de produção e do desempenho das atividades logísticas, conforme determina as instituições governamentais, que zelam por um meio ambiente mais preservado, e possibilitam às organizações um diferencial competitivo no mercado (RAZZOLINI FILHO; BERTÉ, 2013).

Este tema tem conquistado importante espaço na estratégia competitiva das organizações, exatamente por desenvolver estes aspectos. Para Bronoski (2003) apud Razzolini Filho e Berté (2013) “a logística reversa se aplica tanto como um fator de redução de custos na cadeia produtiva e como um meio de preservação ambiental”, pois as organizações que adotam esta estratégia desenvolvem atividades com foco no melhor reaproveitamento dos produtos, combinando tanto os interesses organizacionais, ao possibilitar a minimização dos custos de produção e consequentemente ganhos monetários, quanto os interesses socioambientais, ao proporcionar menor degradação ecológica.

Para implantar este tipo de sistema logístico reverso que tem com uma das vantagens a preservação pelo meio ambiente, faz-se necessário atender ao que determina a Constituição Federal do Brasil de 1988 (BRASIL, 1988) “cabe ao poder público municipal o trabalho de zelar pela limpeza urbana e pela coleta e destinação final do lixo. Com o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, esse poder é obrigado a realizar planos para o gerenciamento municipal de resíduos, envolvendo o governo local, as empresas e a população em geral” (BRASIL, 2010). O dever das prefeituras ganha um fundamento mais consistente com princípios e diretrizes, dentro de um conjunto de responsabilidades que tem o potencial de mudar o cenário do lixo no Brasil. É o que determina a Lei nº 12.305/10 da Política Nacional de Resíduos Sólidos art. 4º que:

[...] reúne o conjunto de princípios, objetivos, instrumentos, diretrizes, metas e ações adotados pelo Governo Federal, isoladamente ou em regime de cooperação com Estados, Distrito Federal, Municípios ou particulares, com vistas à gestão integrada e ao gerenciamento ambientalmente adequado dos resíduos sólidos[...].

Por esta razão, a escolha do tema da presente pesquisa deve-se ao potencial que a logística reversa tem desempenhado através do projeto piloto de tratamento do lixo,

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implantado no município de Sairé, que segue as exigências determinadas pela Política Nacional dos Resíduos Sólidos. O gerenciamento integrado das atividades inversas da logística tem como objetivo o destino adequado para o lixo, conforme cita a Lei nº 12.305/10 inciso VIII, a disposição final ambientalmente adequada consiste na “distribuição ordenada de rejeitos em aterros, observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos” (BRASIL 2010). Proporcionando desta forma, melhorias na qualidade de vida, proteção à saúde pública e oportunidades de empregos e negócios para a sociedade.

Visando explanar tais considerações, este trabalho pretende atingir os objetivos propostos, com uma pesquisa empírica realizada na cidade de Sairé. Com a finalidade de analisar e avaliar como o processo de logística reversa do lixo está sendo percebido pelos gestores e moradores do município, buscando legitimar os resultados mediante a interação entre aspectos teóricos e o posicionamento dos gestores e moradores da referida cidade, frente aos elementos centrais da logística reversa.

A próxima seção apresenta a pergunta de pesquisa.

1.3 PERGUNTA DE PESQUISA

A partir do que foi exposto na problematização, a pergunta de pesquisa que norteou o desenvolvimento deste trabalho foi:

 Como os gestores municipais e moradores avaliam o processo de Logística Reversa do lixo realizado no município de Sairé?

1.4 OBJETIVOS

1.4.1 Objetivo Geral

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Avaliar a percepção dos gestores e moradores, sobre o processo de Logística Reversa do lixo realizado no município de Sairé.

1.4.2 Objetivos Específicos

Os objetivos específicos são:

o Descrever o processo de logística reversa do lixo na cidade de Sairé; o Identificar e analisar seus pontos fortes e fracos;

o Propor soluções gerenciais.

A próxima seção apresenta a organização da monografia.

1.5 ORGANIZAÇÃO DA MONOGRAFIA

O capítulo um, aborda a problematização do estudo, as razões que motivaram a realização da pesquisa, apresenta ainda a pergunta de pesquisa e os objetivos do trabalho.

O capítulo dois apresenta as informações do município de Sairé, seu histórico e cenário atual.

O capítulo dois apresenta as informações do município de Sairé, seu histórico e cenário atual.

O capítulo três apresenta os conceitos teóricos sobre o tema apresentado, que servem de melhor entendimento do problema e desenvolvimento do trabalho.

O Quarto capítulo apresenta a metodologia utilizada para realização da pesquisa, métodos utilizados e a forma de coleta e análise dos dados.

O capítulo cinco apresenta a análise do conjunto de dados coletados por meio da pesquisa de campo.

Por fim, o capítulo seis apresenta as conclusões, implicações do estudo, bem como limitações e sugestões para possíveis estudos que venham ser realizados.

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CAPÍTULO 2 – CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO

2.1 INTRODUÇÃO

Este capítulo apresenta o município de Sairé.

2.2 MUNICÍPIO DE SAIRÉ

2.2.1 Histórico e Aspectos Gerais

A descoberta do território onde hoje se localiza o município de Sairé, segundo os pesquisadores da história regional, surgiu em decorrência de fatores sociais espontâneos que aconteceram na época da posse do agrestino. Percebido a necessidade da abertura de um caminho que encurtasse as longas distâncias percorridas pelos tropeiros, dos sertões, passando por Ipojuca e Ipanema, realizando nessa travessia o conhecido roteiro chamado de “roteiro das boiadas" para atingir, assim, o sul e o litoral do estado (então Província de Pernambuco).

Diante deste importante fato, caçadores e tropeiros juntaram-se aos ricos fazendeiros da região e iniciaram a abertura de um novo caminho que, mais tarde, ligaria a povoação de São José dos Bezerros ao sul do estado, passando pela Vila Bonito, região que demandava ricos canaviais e engenhos de cana, a maior riqueza até então. Como o novo roteiro atravessava a zona de "mata rala", hoje conhecida por "caatinga", para depois, numa transição muito natural do Agreste com a Mata, foram descobertos novos caminhos nas florestas, que passaram logo a ser denominado pelos exploradores de "Boca da Mata", uma alusão à entrada pela mata adentro, exatamente onde hoje se localiza o município de Sairé.

Daí por diante foram chegando os primeiros povoadores com a finalidade de explorar as riquíssimas terras existentes na localidade e passaram a fundar as primeiras plantações que, naturalmente, foram à mandioca e a cana-de-açúcar e posteriormente o café e outras culturas agrícolas. Um desses povoadores foi o pioneiro Manoel Flamengo, rico proprietário e residente no sul do Estado, que, em 1859, chegou trazendo carta de posse tirada na Casa Grande de Freixeiras, para fazer a demarcação de um terreno de 20 alqueires de terras. Sua localização situada às margens direita e esquerda do referido caminho, desde o planalto conhecido por Boca da Mata até às margens direita do rio Serinhaém, que por sua vez,

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acredita-se que tenha dado origem ao próprio nome de SAIRÉ pela corruptela Siri-nha-ém em Sai-ra-é e, finalmente Sairé.

A Formação Administrativa do município deu início através da criação de um Distrito com denominação de São Miguel, cuja determinação, foi autorizada pela lei municipal nº 13, de 26 de janeiro de 1896, tornando o distrito subordinado ao município de Bezerros. Depois de algumas décadas chegando ao ano de 1933, uma nova divisão administrativa foi executada, determinando o distrito de São Miguel, figura do município de Bezerros, assim, permanecendo em divisões territoriais datadas de 31 de julho 1936 á 31 de julho 1937. Através do decreto-lei nº 952, criado em 31 de dezembro de 1943, o distrito de São Miguel, passou denominar-se de Sairé. No entanto, entrando em vigor no período de 1944 á 1948, o distrito de Sairé, antigo São Miguel, figura no Município de Bezerros, permanecendo como divisão territorial datada em 01 de julho de 1960.

Chegando, em fim, a sua maior conquista em 20 de dezembro de 1963, pela lei estadual n° 4.942, elevando a sua categoria á município de Sairé, desmembrando-se, portanto, do município de Bezerros, conseguindo desta forma alcançar a tão desejada autonomia. Atualmente a população do município está estimada em 10. 835 habitantes e possui uma área territorial de 189,365 km², e Densidade demográfica (hab/Km²) de 59,36. de acordo com o último Censo Populacional ( IBGE,2010).

Figura 1: Mapa do Município de Sairé Fonte: Google.

A figura abaixo apresenta a praça principal Rosa Paixão dos Santos localizada na entrada da cidade.

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Figura 2: Município de Sairé – Praça Rosa Paixão dos Santos

Fonte: Google.

Encontra-se a seguir a Unidade de Tratamento e Compostagem – UTC, para onde são encaminhados todo o lixo da cidade.

Figura 3: Unidade de Tratamento e Compostagem de Sairé

Fonte: Google.

Conforme representado abaixo, encontra-se o momento em que se realiza o processo de separação do lixo.

Figura 4: Processo de Triagem do lixo - UTC Fonte: Google.

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A figura a seguir mostra o método de Compostagem do lixo orgânico.

Figura 5: Processo de Compostagem do lixo orgânico - UTC

Fonte: Google.

Abaixo encontra-se representado o Aterro Sanitário, local destinado ao lixo final.

Figura 6: Aterro Sanitário – Destinação final do lixo - UTC Fonte: Google.

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CAPÍTULO 3 – REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 INTRODUÇÃO

Neste capítulo é desenvolvido o estudo bibliográfico referente à Logística Reversa do lixo, tema abordado neste trabalho.

3.2 LOGÍSTICA REVERSA

A preocupação com a questão ambiental e sustentável na busca constante para reduzir as agressões causadas à natureza tem levado a logística reversa a ser abordada com frequência de forma crescente tanto no âmbito nacional quanto internacional, despertando os interesses frequentes pelas organizações para esta nova área da logística moderna. Além de objetivar apenas a lucratividade, as organizações precisam atender outros interesses que vão além deste, concentrando suas atividades para a responsabilidade com o meio ambiente, atendendo ao máximo o que a Legislação Ambiental impõe.

Para Leite (2009, p. 15):

Nos ambientes globalizados e de alta competitividade em que vivemos, as empresas modernas reconhecem cada vez mais que, além da busca pelo lucro em suas transações, é necessário atender a uma variedade de interesses sociais, ambientais e governamentais, garantido seus negócios e sua lucratividade ao longo do tempo.

Com o passar do tempo, motivos econômicos demonstrados pelo aumento do consumo, competitividade e estratégias de marketing tornaram-se os maiores responsáveis pelo desenvolvimento da logística reversa, que nos últimos anos vem passando por um processo de evolução no seu conceito, sendo definida por alguns autores de forma sucinta, sendo citados por Leite (2009), da seguinte maneira:

• C.L.M. (1993): A Logística reversa é compreendida por um termo abrangente relativo às competências e ações envolvidas na administração de diminuição, deslocamento e destinação de resíduos de bens e acondicionamentos.

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• Stock (1998), no ponto de vista de logístico de negócios, a expressão se refere ao retorno de produtos, diminuição na origem, troca de materiais, reutilização de materiais, reciclagem, destinação de resíduos, modificação, conserto e reelaboração. • Rogers e Tibben-Lembke (1999) definem Logística Reversa como: Processo de

elaboração, execução e domínio da capacidade, do custo existente da movimentação de matérias-primas, estocagem de processamento, bens finalizados e as correspondentes informações, a partir do consumo até a origem, com o intuito de resgatar valor ou adaptar sua destinação.

• Para Dornier et al (2000): O sistema logístico atual compreende, entre os demais, os fluxos de regresso de elementos a serem consertados, de acondicionamentos e seus complementos, de bens vendidos tornados e consumidos a passarem pela etapa de reciclagem.

• Leite (2003): É o campo da logística de negócios que programa, executa e monitora o fluxo e as informações equivalentes, do regresso dos bens de consumo e pós-venda as etapas de negócios ou produtivas, através dos canais de distribuição reversos, acrescentando-lhes valor de várias maneiras, tais como ecológico, econômico, imagem corporativa, entre outros.

Em uma visão mais atual, Pereira et al (2012), definem que logística reversa é um dos ramos da logística empresarial que envolve a definição da logística tradicional, porém acrescentando um grupo de, atividades e ações relacionadas, desde a minimização de matérias-primas primárias até a disposição final correta dos bens, materiais e acondicionamentos com a sua decorrente reutilização, reciclagem e/ou geração de energia.

Por outro lado a Logística Reversa também é definida recentemente por Valle e Souza (2014, p. 19) como:

[...] o processo de planejamento, implantação e controle de fluxo de materiais, de produtos em processo, de produtos acabados e de informações relacionadas, desde o ponto de consumo até o ponto de origem, por meio de canais reversos. Tem como propósito recuperar valor ou garantir o descarte de forma apropriada. E para viabilizar todo esse processo, tornando-o atrativo e compensador, o fluxo necessita ser eficiente e de baixo custo.

(27)

Figura 7: Representação Esquemática dos Processos de Logística Direta e Reversa Fonte: adaptado de Lacerda (2002).

Desta forma como apresentado na Figura 7, a Logística Reversa percorre um caminho inverso dos canais de distribuição da Logística Direta, ao invés do produto seguir da fabricação até a entrega ao consumidor final, este se movimenta em sentido contrário, retornando para a cadeia de produção, por motivos de devolução pelos clientes, não conformidade detectada antes da venda ou fim de sua vida útil. Já aqueles que não foram aproveitados serão eliminados em lugares apropriados para o acúmulo de resíduos.

3.2.1 Aspectos da implantação da Logística Reversa

Segundo Leite (2009), ao longo do tempo o grande número de produtos lançados diariamente para satisfazer as mais variadas necessidades dos consumidores, tem resultado em uma crescente quantidade de produtos desprezados por vários motivos, tais como utilização total ou parcial, imperfeições ou devolução dentro da garantia na tentativa de recuperação.

Por estes motivos, muitas organizações sentem-se cada vez mais responsáveis pela destinação dos seus produtos no pós-consumo e pós-venda. Diante da globalização e competitividade as organizações reconhecem que os seus objetivos vão além da busca intensa pela lucratividade em suas operações, sendo necessário alcançar outros objetivos que vão além deste, atendendo assim a vários outros interesses ambientais, sociais e governamentais, garantindo desta forma seus negócios ao decorrer do tempo (LEITE, 2009).

(28)

Considerando estes objetivos, as organizações têm como alternativa buscar alcançá-los através da implantação da Logística Reversa, tendo como motivação os seguintes aspectos citados por Leite (2003) apud Xavier e Corrêa (2013):

- Os materiais ou componentes economicamente revalorizados; - O fornecimento de serviços aos consumidores finais ou clientes; - A preservação da imagem corporativa ou da marca; e

- O cumprimento às determinações legais.

Por outro lado, o processo de implantação da Logística Reversa não apresenta apenas aspectos motivadores, segundo Xavier e Corrêa (2013) também enfrentam vários desafios, tais como:

- Os custos relacionados ao retorno dos resíduos perigosos ou produtos pós-consumo;

- a localização fragmentada dos locais de descarte e unidades de triagem, prejudicando a eficiência da coleta e processamento dos materiais;

- a coleta de produtos pós-consumo que estão com sua qualidade comprometida, por estarem muitas vezes infectados com impurezas ou componentes residuais;

- a localização dos pontos de reciclagem como perspectiva de ajudar ou afetar no planejamento dos roteiros de coleta e entrega; e

- o aperfeiçoamento dos centros de reciclagem de acordo com cada tipo de material, de forma a garantir o foco das atividades desenvolvidas.

Os desafios citados acima evidenciam as dificuldades existentes no processo de implantação da Logística Reversa, entretanto, as organizações estão sendo cada vez mais conscientes sobre a importância da preservação do meio ambiente e do cumprimento dos interesses legais, sociais e econômicos para com a sociedade.

O sentido inverso da cadeia de produção da logística proporciona às organizações que a ela aderem uma nova perspectiva de negócios competitivos. Com o aumento do consumismo nos dias atuais e a crescente demanda de produtos sendo lançados no mercado, têm tornado os clientes mais exigentes, levando as organizações a se preocuparem com o ciclo de vida do produto. “Por traz do conceito de logística reversa está um conceito mais amplo

(29)

que é o do “ciclo de vida”. A vida de um produto, do ponto de vista logístico, não termina com sua entrega ao cliente” Lacerda (2002, p.2).

3.2.2 Logística Reversa e o ciclo de vida dos produtos

Segundo Valle e Souza (2014, p. 9), “O ciclo de vida de um produto pode ser entendido como o conjunto das fases que compõe esta história do produto”, conforme apresentadas na Figura 8. É importante destacar, que esse conceito difere do conceito do ciclo de vida de um produto no mercado abordado na área de Marketing, que se refere às fases de introdução do produto, crescimento, maturidade e declínio, Ballou (2006) apud Valle e Souza (2014).

Figura 8: Ciclo de vida de um produto Fonte: Adaptado de Valle e Souza (2014).

Para Xavier e Corrêa (2013), o ciclo de vida de um produto consiste no conjunto de etapas por onde o produto passa durante seu desenvolvimento. Cada etapa é importante para sua elaboração, desde a sua origem, na escolha dos recursos naturais, até a assistência prestada ao consumidor. Cada produto possui um tempo de utilidade limitada que varia de

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acordo com o tipo de produção, onde os produtos de grande porte possuem um ciclo de vida útil mais longo e lento, em virtude da maior quantidade de materiais utilizados, os de pequeno porte, tendem a um ciclo mais curto e rápido, devido a menor quantidade de material utilizado em sua composição.

Para que a reinserção do bem no ciclo de produção ocorra, faz-se necessário primeiramente realizar uma análise dos bens, com o objetivo de definir qual a fase do ciclo de vida útil que o produto se encontra, para então determinar o processo na qual deverá ser submetido, seja ele Pós-consumo e Pós-venda.

Figura 9: Logística Reversa – Área de Atuação e Etapas reversas

Fonte: Leite (2009).

Porém, é importante destacar que o ciclo de vida dos produtos, deve ser de responsabilidade compartilhada. É o que prevê o art. 30, da Lei nº 12.305/10 da Constituição federal.

Art. 30. É instituída a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, a ser implementada de forma individualizada e encadeada, abrangendo os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, os consumidores e os titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos, consoante as atribuições e procedimentos previstos nesta Seção (BRASIL,2010).

(31)

A distribuição da responsabilidade pelas etapas de vida dos bens envolve o processo produtivo, o Poder Público e toda a sociedade, onde todos se unem com o dever de dar o destino correto aos resíduos, com a finalidade de minimizar os impactos ambientais.

3.3 LOGÍSTICA REVERSA DO PÓS-CONSUMO

Os bens de consumo destinam-se a satisfazer as necessidades ilimitadas dos seres humanos, possuem ciclos de vida útil e são descartados pelos consumidores finais, de maneiras distintas, após desfrutá-los. Conforme Leite (2009, p. 38) “a vida útil de um bem é entendida como o tempo decorrido desde a sua produção original até o momento em que o primeiro possuidor se desembaraça dele”. Os bens produzidos e lançados no mercado que possuem um determinado tempo de vida útil para serem utilizados são classificados em três grandes categorias de bens, elencados por Leite (2009) da seguinte forma:

• Produtos duráveis: são determinados bens utilizados durante um tempo de vida útil que varia de alguns anos a algumas décadas. Exemplo: eletrodomésticos, eletroeletrônicos, máquinas e equipamentos industriais, automóveis, navios, construções civis de diversas naturezas, entre outros.

• Produtos semiduráveis: são bens que apresentam características duráveis ou descartáveis com tempo de vida útil média de alguns meses, raramente superior a dois anos, que vão se desgastando aos poucos. Exemplo: calçados, roupas, baterias de automóveis, baterias de celulares, óleos lubrificantes, computadores e seus periféricos, entre outros.

• Produtos descartáveis: são bens utilizados durante um determinado tempo de vida útil de algumas semanas, raramente superior a 6 meses. Ex: embalagens, brinquedos, materiais para escritório, suprimentos para computadores, artigos cirúrgicos, pilhas de equipamentos eletrônicos, fraldas, jornais, revistas, etc.

Um bem é chamado de pós-consumo quando é descartado pela sociedade. O momento do descarte pode variar de alguns dias a vários. As diferentes formas de processamento e comercialização, desde a sua coleta até a integração ao ciclo produtivo como matéria-prima secundária, são chamados canais de distribuição reversos de pós-consumo (RESENDE, 2004, p.23).

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Já para Guarnieri (2011, p. 55) “Logística reversa de pós-consumo pode ser vista como a área da logística reversa que trata dos bens no final de sua vida útil, dos bens usados com possibilidade de reutilização (embalagens) e os resíduos industriais”. A logística reversa de pós-consumo dá uma destinação correta aos produtos em desuso, com a possibilidade de serem recondicionados, reciclados ou reinseridos na linha de produção.

O canal reverso do pós-consumo trata os bens que são despachados pela sociedade em geral, os quais são destinados a aterros sanitários seguros ou retornam ao ciclo de produção através de um canal de distribuição específico. O canal de distribuição do pós-consumo, segundo Leite (2009) é composto por quatro subsistemas: reuso, desmanche, reciclagem e incineração.

O reuso é uma das etapas que compõe o canal de distribuição do pós-consumo, caracteriza-se a partir de bens que apresentam condições de uso e ainda exercem sua função de origem, mesmo após serem utilizados por diversos indivíduos até o término de sua vida útil, sem que haja reelaboração. Essa prática constitui o mercado de produtos usados, onde são negociados eletrodomésticos, produtos eletrônicos, equipamentos de informática entre outros, que podem ser passados de uma pessoa para outra, sendo desfrutados até o fim de sua vida útil.

Nesses casos, portanto, os canais reversos de ‘reuso’ são definidos como aqueles em que se tem a extensão do uso de um produto de pós-consumo ou de seu componente, com a mesma função para a qual foi originalmente concebido, ou seja, sem nenhum tipo de remanufatura (CLM, 1993, apud LEITE, 2009, p. 8).

Após esses produtos atingirem o fim de sua vida útil, não havendo mais possibilidade de serem reutilizados, são encaminhados ao processo de desmanche, método este, de reaproveitamento dos produtos de pós-consumo.

“Podemos definir ‘desmanche’ como um sistema de revalorização de um produto durável de pós-consumo que, após sua coleta, sofre um processo industrial de desmontagem no qual seus componentes em condições de uso ou de remanufatura são separados de partes ou materiais para os quais não existem condições de revalorização, mas que ainda são passíveis de reciclagem industrial” (LEITE, 2009, p.9).

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Nesta atividade os produtos descartados são desmanchados e passam por um processo de separação de peças, os materiais com possibilidade de uso ou remanufatura são encaminhados para serem remanufaturados na indústria de tal forma que possam ser utilizados na fabricação de novos produtos ou serem reaproveitadas e comercializadas no mercado de segunda mão, sem a necessidade de passar por reprocessamento industrial.

Remanufatura é quando os componentes provenientes do processo de desmanche industrial ou provenientes da substituição de peças durante a manutenção de bens duráveis passam por técnicas avançadas de engenharia de produção que promovem a sua reparação ou renovação, de modo que a qualidade dos produtos remanufaturados procura devolver o produto às suas especificações originais, afim de ser enviado ao mercado secundário ou a própria indústria (VALLE; SOUZA, 2014).

As peças que não possuem condições de serem recuperadas são direcionadas ao processo de reciclagem. Quando reciclados, os materiais que compõe os produtos descartados retornam para a cadeia de suprimentos, onde passam por um procedimento de transformação e revalorização, podendo ser utilizados como matéria-prima secundária para a constituição de novos produtos ou até mesmo reintroduzidos na fabricação de produtos da mesma natureza.

Para Razzolini Filho e Berté, (2013 p. 100):

Reciclagem é definida como a atividade de recuperação de matéria-prima para a fabricação de novos produtos. Também se denomina reciclagem o retorno da matéria-prima ao ciclo de produção, além de designar, genericamente, o conjunto de operações envolvidas para esse retorno.

O processo de reciclagem divide-se em duas categorias classificadas por Leite (2009) da seguinte maneira:

 Canais de distribuição reversos de ciclo aberto: são compostos por diversas fases caracterizadas pelo retorno de materiais constituintes dos produtos de pós-consumo: metais, plásticos, vidros, papéis, entre outros. Os materiais extraídos podem ser reintegrados ao ciclo produtivo e substitui matérias-primas novas na produção de diferentes tipos de produtos. A figura 10 apresenta exemplos do retorno ao ciclo produtivo de materiais constituintes extraídos de bens de pós-consumo.

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Figura 10: Exemplos de ciclo reverso aberto Fonte: Leite (2009).

 Canais de distribuição reversos de ciclo fechado: são compostos por diversas fases caracterizadas pelo retorno de materiais constituintes dos produtos de pós-consumo, onde os materiais provenientes de determinado produto descartado são seletivamente extraídos para produção de um novo produto semelhante ao de origem. Visando benefícios econômicos, tecnológicos, logísticos ou de outra ordem, todas as etapas da cadeia produtiva reversa são especializadas para a revalorização do material constituinte de determinado produto.

Figura 11: Exemplos de canais reversos de ciclo fechado Fonte: Leite (2009).

Entretanto, quando a reciclagem não for viável, os produtos, resíduos e materiais podem ser destinados a três tipos de disposição final: Os aterros sanitários, que são locais

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seguros onde os resíduos sólidos são enterrados entre as camadas, de tal maneira a minimizar a contaminação do solo (VALLE; SOUZA, 2014). Podendo ser também incinerados, “obtendo-se a revalorização pela queima e extração de sua energia residual” (LEITE, 2009, p.9) ou destinado a outro local considerado não seguro, onde são desprezados em rios, lagos, terrenos, causando riscos à população e ao meio ambiente (JARDIM et al, 2012).

A figura 12 apresenta os fluxos dos canais de distribuição direto e reverso do sistema logístico.

Figura 12: Canais de distribuição diretos e reversos Fonte: Leite (2009).

No esquema geral apresentado, a possibilidade de uma parcela desses produtos de pós-consumo ser dirigida a sistemas de destinação final seguros ou controlados, que não provocam poluição, ou não seguros, que provocam impactos maiores no meio ambiente (LEITE, 2009, p.8).

3.4 LOGÍSTICA REVERSA DO PÓS-VENDA

Atualmente as organizações para sobreviverem no mercado competitivo, têm direcionado suas estratégias para atender as necessidades e valores dos clientes adequando

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seus produtos e serviços, para que permita um relacionamento prolongado e a garantia de fidelização dos negócios. Desta forma, as empresas estão investindo na qualidade da prestação de serviços do pós-venda, visando obter um diferencial competitivo no mercado moderno.

Segundo (LEITE, 2009, p.187):

Denominamos logística reversa de pós-venda a área específica de atuação da logística reversa que se ocupa do planejamento, da operação e do controle do fluxo físico e das informações logística correspondentes de bens pós-venda, sem uso ou com pouco uso, que por diferentes motivos retornam pelos elos da cadeia de distribuição direta.

O término do ciclo de vida de um produto não encerra ao chegar ao consumidor final. Por diversos motivos os produtos retornam aos seus fornecedores, seja por garantias dadas pelos fabricantes, devolução por insatisfação do cliente, desistência da compra, falha no funcionamento, erro no pedido, entre outros. Por essa razão, várias empresas têm adotado um novo modelo de logística voltado para a solução deste problema, que além de criar um elo mais duradouro com seus clientes propondo uma solução mais eficiente para esse tipo de acontecimento, agregando valor ao produto, obtendo assim, uma vantagem competitiva de grande relevância no mercado global.

A Logística Reversa de pós-venda trata os bens industriais conhecidos como bens de pós-venda, conforme Zimermann e Graeml (2003) são produtos com pouco ou nenhum uso, que são devolvidos pelo consumidor final. Deste modo, a devolução dos bens é classificada por Leite (2009), em três importantes grupos:

• Garantia/Qualidade: são devoluções dos produtos por estarem danificados, expiração do seu prazo de validade e defeitos de funcionamento ou de fabricação, passando por uma reforma ou conserto que permite retorná-los para o mercado, agregando-lhes valor, são exemplos deste tipo, devolução e avarias.

• Comerciais: são devoluções de produtos que retornam ao ciclo de negócios por meio da redistribuição em outros canais de vendas, evidenciados sob duas perspectivas: retornos contratuais e retornos não contratuais.

(37)

 Retorno de produtos em consignação: Os produtos de venda em consignação são retornados quando o prazo contratual acordado termina, onde o cliente devolve as mercadorias restantes para o seu fornecedor.

 Retorno de embalagens retornáveis: É compreendido sob o enfoque logístico, em três tipos principais de embalagens, sob o ponto de vista logístico:

 Embalagens primárias ou de contenção: são embalagens que envolve e armazena o produto temporariamente a qual está em contato direto, como recipientes firmes e embalagens maleáveis, constituído por diversos tipos de materiais, tais como: vidro, alumínio, plástico, papel, entre outros.

 Embalagens secundárias: são embalagens destinadas para o armazenamento de uma ou mais embalagens primárias, adaptadas para a comercialização, transporte e distribuição dos produtos. Como por exemplo: caixas de papelão, os envoltórios de plástico retratáveis ou encolhíveis, entre outros. Em alguns casos, existem embalagens que podem não ser indicada para o transporte.

 Embalagens de unitização: são embalagens desenvolvidas especificamente para agrupar grande quantidade de embalagens secundárias, designadas à movimentação, depósito e transporte na distribuição dos produtos. São exemplos, paletes ou estrados, contêineres de transporte, racks especiais, caixas de diversos materiais, entre outros.

Já do ponto de vista logístico reverso, a melhor classificação para embalagens industriais e comerciais é referente ao seu tempo de vida útil, destacando-se embalagens descartáveis e as retornáveis (LEITE, 2009, p.193).

 Retorno de ajuste de estoques no canal: A devolução ou a liquidação de estoques dos bens de pós-venda por ajustes de estoques no canal normalmente envolve duas empresas, e os produtos desenvolvidos ou liquidados serão revalorizados por meio do envio, geralmente, ao mercado secundário, entendido como um mercado apropriado para esses casos.

Os principais motivos para esse retorno são: excesso de estoque no canal, baixa rotação do estoque, introdução de novos produtos (causando a descontinuidade do anterior), moda ou sazonalidade de produtos (LEITE,2009, p.195).

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• Substituição de Componentes: são devoluções que decorrem da reposição de peças de produtos duráveis e semiduráveis em consertos e reparos durante sua vida útil, remanufaturados quando tecnicamente possível e regressados ao mercado primário ou secundário, ou encaminhados à reciclagem ou para disposição final, na alternativa de reaproveitamento.

Quando devolvidos os produtos, seja por quaisquer motivos citados, essa área de atuação direciona suas atividades a proporcionar e operacionalizar o fluxo físico e as informações logísticas de bens de pós-venda, com o objetivo de acrescentar valor ao produto retornado. Dessa maneira, a organização minimiza futuros desgastes que possam vir a surgir com seus clientes ou parceiros, resultando consequentemente na confiabilidade e fidelização entre as duas partes interessadas no processo, sendo este, o ponto principal para garantir as próximas vendas, e seu diferencial competitivo.

3.5 LOGÍSTICA REVERSA E SUSTENTABILIDADE

Quando se fala em logística reversa, é impossível não relacionar com o tema sustentabilidade, já que a união desses assuntos pode fazer diferença para um futuro sustentável. É um desafio conseguir conciliar lucro, desenvolver trabalhos e serviços que sejam sustentáveis, porém, o mercado já exige às empresas que tratem tal assunto, com o valor que realmente se deve, tendo como foco o retorno para a origem e reaproveitamento de materiais, visando à contenção dos recursos naturais.

A concepção da sustentabilidade em décadas passadas era discutida por ambientalistas, governantes e a sociedade em geral, maneiras de desenvolver ações para a redução do impacto do meio ambiente, visando “um modelo de desenvolvimento que atendesse a necessidade da população presente, garantindo recursos naturais e boa qualidade de vida as gerações futuras” (ALENCASTRO, 2012, p.44).

No princípio esta concepção conforme Sachs (1993) apud Alencastro (2012) era compreendida em cinco dimensões:

• Social: Diminuir as diferenças sociais e considerar as necessidades essenciais pertinentes ao ser humano, como os bens materiais e não materiais de forma igualitária, solidária e digna.

(39)

• Ecológica: Minimizar a degradação ao utilizar os recursos naturais, conservando as origens dos recursos energéticos e naturais.

• Econômica: Utilizar modelo de gestão eficiente e eficaz na destinação dos recursos, aumentando a produtividade e realizando ações socialmente sustentáveis, que amenizam os impactos causados a natureza.

• Espacial: Nivelar a divisão dos registros dos indivíduos, impedindo o aumento acelerado da aglomeração geográfica de habitantes, gerando uma combinação entre cidade/campo.

• Cultural: Alternativas voltadas às especialidades de cada biossistema, cultura e espaço.

É importante ressaltar que além das dimensões estabelecidas acima, acrescenta-se também a dimensão da sustentabilidade política, que é a criação dos direitos e deveres dos cidadãos em seus vários aspectos, objetivando a participação das pessoas no desenvolvimento gradativo da sociedade. A Figura 13 demonstra as principais dimensões da sustentabilidade.

Figura 13: As dimensões da sustentabilidade Fonte: Adaptado de Alencastro (2012).

Mais recentemente Mawhinney, (2000) apud Pedroso e Zwicker (2007), definem sustentabilidade como uma nova ideia abrangente, que envolve diferentes significados e contextos específicos habitualmente associados às políticas governamentais, a gestão pública e empresarial, adotando novos hábitos sustentáveis que proporcione mudanças no comportamento dos seres humanos.

“Acima de tudo sustentabilidade tem como preocupação central o modo de produção, ou seja, quem produz, como produz, o que produz, porque produz e quais as consequências

(40)

dessa produção” (ALENCASTRO, 2012, p.45). Ela caminha na mesma velocidade que a Logística Reversa às empresas, considerando os valores atribuídos pela crescente conscientização ecológica dos consumidores e da sociedade em geral.

O conceito de sustentabilidade está diretamente relacionado ao conceito desenvolvimento sustentável, que ocorreu por meio de um processo histórico e que, ao longo do tempo, novos autores agregaram novas ideias a este tema que tem sido continuamente redefinido.

Para Wced (1987), apud Valle e Souza (2014):

Desenvolvimento sustentável é um novo tipo de desenvolvimento capaz de manter o progresso humano não apenas em alguns lugares e por alguns anos, mais em todo o planeta e até um futuro longínquo[...]. É aquele que atende as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades.

Atualmente o modelo mais utilizado é denominado de Triple Bottom Line (TBL ou 3BL), que representa o tripé da sustentabilidade. “Segundo este conceito, requisitos sociais, ambientais e econômicos das atividades produtivas devem ser geridos de forma integrada” Elkington (1997) apud Xavier e Corrêa (2013). O TBL é entendido como a interação dos 3 Ps (people, planet e profit), “pois se manifesta em três dimensões (gente ou capital humano, planeta ou capital natural e benefício econômico)” (ALENCASTRO, 2012, p.46).

A figura 14 apresenta o tripé da sustentabilidade e suas interações.

Figura 14 – O Triple Bottom Line e interações

Fonte: Adaptado de Xavier e Corrêa (2013).

(41)

De acordo com a proposta do TBL devem-se levar em consideração três aspectos: um meio ambiente socialmente justo, ecologicamente correto e economicamente viável. Essa interação entre os três aspectos resultam em diferentes dimensões da sustentabilidade. A ligação entre o aspecto econômico e social enfatiza o capital humano da organização, ao que diz respeito ao pagamento de salários justos, ambiente de trabalho adequado e um relacionamento agradável com a sociedade em geral. Enquanto a interseção entre o aspecto econômico e ambiental prioriza a realização de atividades ambientalmente e economicamente viáveis. E por fim, na relação entre o aspecto social e ambiental, são desenvolvidas ações sociais e ambientalmente toleráveis, visando à diminuição e compensação dos seus impactos ambientais negativos. A interação entre estes três aspectos do TBL resulta na definição da sustentabilidade num significado mais amplo.

Durante anos, as organizações tomavam suas decisões baseando-se diretamente em aspectos econômicos, ou seja, o foco usual das organizações era obter apenas lucratividade e vantagem competitiva no mercado, não levando em consideração os critérios que agregam também as esferas sociais e ambientais (XAVIER; CORRÊA, 2013).

Hoje em dia, a concepção de que o objetivo de uma empresa é apenas o lucro parece superada, pois questões como desenvolvimento econômico, social e ambiental passaram a ter grande relevância e os cidadãos começaram a exigir ações empresariais comprometidas com a ética e com a cidadania.

No entanto, as novas exigências do mercado têm induzido as empresas sendo elas privadas ou públicas, a se adequarem a um modelo de gestão integrada. O artigo 225, § 1°, inciso V, da Constituição Federal “determina que o Poder Público deve controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente”(BRASIL, 1988). Para atender a essas novas demandas, as organizações precisam oferecer produtos socialmente corretos e estabelecer um relacionamento ético com seus clientes, fornecedores e funcionários, bem como preocupar-se com as questões ambientais que venha a suprir as necessidades atuais da sociedade, como também contribuir para as gerações futuras.

O próximo capítulo apresenta os procedimentos metodológicos utilizados para operacionalizar a pesquisa.

(42)

CAPÍTULO 4 – METODOLOGIA

4.1 INTRODUÇÃO

Neste capítulo é apresentada a metodologia utilizada para analisar o problema de pesquisa.

4.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O Estudo de Caso busca representar os distintos e às vezes contraditórios entendimentos individuais presentes numa circunstância social, onde o pesquisador revela a sua própria avaliação sobre o assunto. Caracteriza-se pela especialidade de estudar algo individualmente, evidenciado, com interesse próprio, descritivo, procurando descrever a realidade de forma completa e profunda, enfatizando a interpretação contextualizada, para compreender melhor a manifestação geral de um problema, as ações, as percepções, os comportamentos e as intenções das pessoas que devem referir-se às situações particulares onde ocorrem a problemática determinada a que estão relacionadas. Os estudos de caso utilizam múltiplas fontes de informação, recorrendo, o pesquisador, a uma variedade de dados, colhidos em momentos diferentes, em várias situações e com diversos tipos de informantes tendo como pressuposto os diferentes aspectos da realidade, não existindo uma única que seja a mais adequada (MATIAS-PEREIRA, 2013).

As descrições do estudo de caso apresentam uma linguagem e um formato mais simples do que os outros relatórios de pesquisa, desse modo o mesmo caso pode ter formas diversas de relato, a depender do tipo de destinatário. Afirma o autor que o caso é construído durante o processo de estudo, utilizando como modelo as fases de desenvolvimento de estudo de caso: exploratória, sistemática em termos de coleta de dados e a análise e interpretação sistemática. Na fase exploratória é o primeiro passo de todo o trabalho, começa com um plano que vai tomando forma de maneira que o estudo vai desenvolvendo, onde determinados pontos podem ser reformulados ou até mesmo descartados, trata-se de uma fase essencial para a obtenção de uma definição mais precisa do objeto de estudo. O exame sistemático é a preparação do relatório, este momento é fundamental para unir as informações coletadas, bem

(43)

como avaliá-las, com o intuito de observar a importância do estudo (MATIAS-PEREIRA, 2013).

Para realizar este estudo qualitativo, foi escolhida uma abordagem exploratória

descritiva. A pesquisa exploratória compreende a pesquisa bibliográfica e entrevistas com

pessoas que possuem conhecimentos práticos sobre o problema de pesquisa. Visando possibilitar uma maior proximidade com o problema, com o propósito de torná-lo compreensível ou de construir situações (GIL 2009, apud MATIAS-PEREIRA 2012).

Para Margarida (2006, p.124), “as pesquisas descritivas os fatos são observados, registrados, analisados, classificados e interpretados, sem que o pesquisador interfira neles”, ou seja, demonstra que os fatos do mundo físico e humano são estudados, porém não são manipulados pelo pesquisador. Flick (2009) argumenta que o estudo de caso permite conhecer em profundidade aspectos importantes e características do fenômeno objeto de estudo permitindo assim ao pesquisador compreender melhor as organizações em análise. Inicialmente foi realizado um levantamento bibliográfico do tipo Desk Research, com o objetivo de identificar e compreender aspectos referentes ao processo de Logística Reversa do lixo.

O estudo é considerado de coorte seccional simples (transversal) tendo em vista que a coleta de dados ocorreu em um único momento para cada sujeito entrevistado. Este método deve-se a limitação do tempo para realização do trabalho monográfico (um semestre letivo). Elaborou-se como instrumento de coleta de dados, um roteiro de entrevistas semiestruturadas. Este procedimento permite a intervenção do pesquisador durante a coleta de dados, se julgar necessário respostas mais completas (MCDANIEL E GATES, 2003).

Esta pesquisa tem como objetivo avaliar o processo de Logística Reversa do lixo na cidade de Sairé, por isto, as perguntas levam os pesquisados a explanar seu entendimento, sua percepção e sua postura diante da realidade. Dessa forma, participaram dessa pesquisa o Secretário de Agricultura, Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico, o Gerente de Produção e Operações, um estudante e um motorista. Ao mesmo tempo em que a necessidade dos entrevistados em expressar sua experiência, insatisfação e desejos foram respeitados na coleta de dados, o que gerou entrevistas longas com sugestões de melhorias que beneficiam o município de Sairé.

(44)

4.2.1 Ambiente de coleta de dados

A coleta de dados realizada durante o mês de Junho de 2014 nas organizações estudadas ocorreu em locais diferentes no município de Sairé, localizada no Agreste do estado de Pernambuco. Primeiramente foi na Secretaria da Agricultura, Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico, depois na Usina de Tratamento e Compostagem e por último os moradores. Inicialmente, agendou-se as entrevistas semiestruturas realizadas em ambientes e horários escolhidos pelos entrevistados após um diálogo, apresentação da pesquisa e sua finalidade. Em seguida, foi realizada a entrevista.

4.2.2 Questão central

A questão principal destes estudos de casos é:

• Como os gestores e moradores avaliam o processo de Logística Reversa do lixo realizado no município de Sairé?

As questões secundárias são:

• Como os gestores e moradores compreendem a Logística Reversa e seus benefícios? • Como os gestores e moradores analisam os pontos fortes e fracos da Logística Reversa

do lixo na cidade de Sairé?

• Quais sugestões os gestores e moradores indicam para melhoria do processo de Logística Reversa do lixo?

A seção abaixo apresenta as categorias dos respondentes participantes da entrevista.

4.2.3 Categorias de entrevistados

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