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FORMAÇÃO DE PROFESSORES: JOGOS NO ENSINO DE GEOCIÊNCIAS TEACHER FORMATION: GAMES IN THE TEACHING OF GEOSCIENCES

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V Simpósio Nacional de Ensino e História de Ciências da Terra

FORMAÇÃO DE PROFESSORES: JOGOS NO ENSINO DE GEOCIÊNCIAS

TEACHER

FORMATION:

GAMES

IN

THE

TEACHING

OF

GEOSCIENCES

THIARA V.BREDA,JEFFERSON DE L.PICANÇO

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS,DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS APLICADAS AO ENSINO,UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

R.JOÃO PANDIÁ CALÓGERAS,51CEP:13083-870,CAMPINAS/SP E-MAILS: THIARA_BREDA@YAHOO.COM.BR, JEFFPICANCO@IGE.UNICAMP.BR

Abstract From the creation of cartographic games like puzzle, memory game, dominoes, board game that has as a teaching strategy appreciation of the place, aims to contribute to a teaching of geography (specifically the Environmental Education and cartographic notions) more pleasant and efficient. Therefore, it is necessary that the teacher that will use the games should know all its stages, and their objectives and content. The teacher has the role of mediator during the game application. It his function directing activity, as well as pay attention to the problems that may occur as the value of competition among students. For this the purpose of this research is to create and give structure to materials and courses that have as their central theme the use of games in education. These materials in addition to addressing the theoretical contribution of games for education, also provides suggestions and procedures of the games, trying to spread this practice among teachers.

Keywords Geographic Games, Continuing Education, Literacy Cartographic; Environmental education

Resumo A partir da criação de jogos cartográficos como quebra cabeça, jogo da memória, dominós, jogo de tabuleiro que tem como estratégia didática a valorização do lugar, almeja-se contribuir para um ensino de Geografia (mais especificamente a Edu-cação Ambiental e noções cartográficas) mais prazeroso e eficiente. Para isso, é necessário que o educador que utilizará os jogos tenha claro todas as suas etapas, bem como seus objetivos e conteúdos. O professor tem o papel fundamental de mediador duran-te a aplicação do jogo. Cabe a ele direcionar a atividade, bem como ficar aduran-tento aos problemas que podem ocorrer como a valo-rização da competição entre os alunos. Para isso a proposta desta pesquisa é criar e estruturar materiais e cursos que tenham co-mo tema central o uso de jogos na educação Estes materiais além de abordarem a contribuição teórica dos jogos para o ensino, traz também sugestões e os procedimentos dos jogos, buscando disseminar essa prática entre os professores.

Palavras-chave Jogos Geográficos; Formação Continuada; Alfabetização Cartográfica; Educação ambiental. Linha temática Formação de Professores de Ciências

1. Introdução

O jogo esta presente na infância e permite o de-senvolvimento físico, cognitivo, afetivo e moral da criança de forma prazerosa e descontraída (PIAGET, 1964). No entanto, quando pensamos em atividades lúdicas na educação (formal ou não formal), a utili-zação dos jogos ainda é um desafio a ser trilhado. As atividades lúdicas devem ser desenvolvidas e/ou trabalhadas com cautela, de forma a contribuir efeti-vamente para o processo de ensino aprendizagem da criança, principalmente dentro do ambiente da escola ou quando visar trabalhar algum conteúdo escolar. Em essência, deve-se evitar que a atividade lúdica, pensada para contribuir com o aprendizado, possa se tornar um material que desperte uma competição extremamente negativa ou apenas uma atividade recreativa. A competição durante o jogo, pensado como um instrumento de aprendizagem deve ser sadia e natural do ser humano, em que o aluno bus-que superar seus desafios.

Devido a essas dificuldades e receios, as ativida-des lúdicas, neste caso, mas especificamente o jogo, tem um uso restrito, não sendo totalmente explorado na educação de Geociências, concordando com apon-tamentos feitos por Lopes (2007), que menciona a

existência de jogos no ensino da matemática, mas quando relacionado em Geociências, seu uso é redu-zido:

Jogos e outras atividades lúdicas como re-cursos de ensino podem influenciar de maneira positiva cinco fenômenos de a-prendizagem: cognição, socialização, afei-ção, motivação e criatividade. Embora e-xista maior número de estudos sobre a efi-ciência na utilização de jogos na educação em Matemática, verificamos que estudos acadêmicos em outras áreas do conheci-mento ainda são raros, sobretudo para o ensino de Ciências Naturais. Eles pratica-mente inexistem no campo das Geociên-cias e, mais especificamente, da Geologia (LOPES, 2007, p. 111).

Compartilhando integralmente com a opinião deste autor, o jogo na Educação em Geociências, seja focado em Geologia (área de estudo de Lopes) ou Geografia (enfoque deste artigo), pode despertar no aluno um interesse espontâneo. Este interesse facilita o processo de ensino-aprendizagem na sala de aula

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V Simpósio Nacional de Ensino e História de Ciências da Terra ou fora dela, podendo se constituir numa “opção divertida para o aprendizado” (LOPES, 2007, p. 46).

A introdução de atividades lúdicas na sala-de-aula, além de despertar a motivação, possui a capaci-dade adicional de desenvolver outros fenômenos diretamente relacionados com a aprendizagem: Cog-nição, Socialização, Afeição e Criatividade

[...] jogos didáticos geocientíficos se inse-rem como técnica de ensino inovadora e igualmente aplicável ao método centrado no aluno, pois por meio de jogos e outras atividades lúdicas os indivíduos desenvol-vem maior autonomia sobre seus atos e decisões. (LOPES, 2007, p. 49 – 50) (grifo nosso).

Buscando então atender as necessidades acima expostas, este artigo apresenta como principal objeti-vo a proposta de desenobjeti-volver e montar materi-ais/fascículos e cursos/palestras que permitam a di-vulgação das potencialidades dos jogos na educação (formal ou não formal). A proposta seria comparti-lhar com professores o uso de jogos como elemento gerador no ensino na abordagem das formas de re-presentações espaciais durante o ensino e prática pedagógica na sala de aula, indo além do tradicional trabalho com mapas.

2. Metodologia e Materiais

Os cursos e fascículos produzidos que tem como tema central “O uso de jogos no ensino de Geociên-cias” foram elaborados a partir de uma metodologia de uma oficina com a apresentação do conteúdo, explanação teórica, desenvolvimento das atividades e materiais didáticos e dinâmicas de grupo com os professores participantes. Os materiais (jogos) servi-rão de suporte para o professor como um elemento gerador nas suas aulas instigando o conhecimento do aluno, levando em consideração as particularidades do espaço local, tendo por meta sanar a defasagem dos livros didáticos disponíveis referentes ao estudo de cada lugar específico.

Espera-se que os cursos de formação continuada possam propiciar:

a) oportunidades para professores ampliarem seus conhecimentos e mantê-los constantemente atua-lizados diante de práticas alternativas para traba-lhar conteúdos da Geografia de forma diferencia-da;

b) contribuir para um estudo da paisagem, a partir das linguagens e representações cartográficas (mapas e sensoriamento remoto);

c) uma reflexão coletiva sobre o uso de jogos e suas possibilidades;

Para isso, é necessário, que durante os cursos ocorra uma interação entre os participantes, com estratégicas diversificadas e não apenas com aulas expositivas. Deve-se buscar praticas de interação,

dinâmicas de grupo e a construção de materiais alter-nativos para a aula, para que não se reproduza duran-te o curso aulas duran-tediosas e cansativas de “fala-escuta” (BELINTANE, 2003). Foram produzidos dois fascí-culos: “O uso de jogos nas aulas de Geografia” e “Construindo Jogos Geográficos” (disponíveis para

download em

http://olharesgeograficos.blogspot.com/). Ambas trazem um levantamento bibliográfico do jogo no processo ensino-aprendizagem, bem como a análise das suas potencialidades na educação (pontos positi-vos e negatipositi-vos) e sugestões de Jogos construídos a partir de orientações, procedimentos e metodologias alternativas para uma melhor interação com os fenô-menos observados na paisagem, que permitem traba-lhar conceitos de Educação Ambiental e desenvol-ver as Noções Básicas da Alfabetização Cartográ-fica, tais como visão oblíqua, vertical e horizontal; alfabeto cartográfico (ponto, linha e área); construção da noção de legenda; proporção; escala, lateralidade, referências e orientação espacial.

2.1 Sugestões de Jogos trabalhados nos fascículos Os jogos bem como suas dinâmicas sugeridas nos fascículos incluem Quebra-cabeças, dominós, Jogo da Memória e Jogo de Tabuleiro.

a) Jogo da memória

As peças construídas neste jogo tiveram suas imagens captadas pelo satélite do Google Earth©, com pontos do Município de Ourinhos. Assim, o aluno deverá encontrar os pares iguais nas cartas identificando-as.

Figura 1. Jogo da memória

b) Quebra-cabeças

A dinâmica deste jogo se processa com a monta-gem de duas fotografias aéreas, de uma mesma área do município de Ourinhos. Uma correspondente ao ano de 1972 e a outra de 2004. Após os alunos mon-tarem as fotos, eles deverão analisar as transforma-ções naquele espaço, como desmatamento da vegeta-ção e o crescimento da cidade. Com isto, pode-se relacionar qual foi a causa do desmatamento da mata atlântica e que desde a década de 1972 essa vegeta-ção já se encontrava devastada pelo homem. Outra análise a ser realizada, é sobre o desenvolvimento das redes de transporte aéreo (construção do aeroporto) e rodoviário (construção de rodovias).

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V Simpósio Nacional de Ensino e História de Ciências da Terra Figura 2. Quebra-cabeça

c) Dominós

Foram criados dois jogos de dominó, em que no primeiro, a sua dinâmica se realiza pelo encaixe entre uma pergunta e sua respectiva representação (ima-gem), buscando despertar no aluno a interpretação de paisagens e relacioná-las a um contexto. Já o segundo jogo, se dá com o encaixe entre uma imagem de satélite (visão vertical) e uma fotografia (visão obli-qua ou horizontal). Devido ao fato de trabalhar com imagens nas posições vertical, oblíqua e horizontal, espera-se que o aluno observe imagens por diversos ângulos, porém perceba que se referem ao mesmo objeto, e assim compreendam a construções de mapas uma vez que eles sentem dificuldade de interpretação por não estarem acostumados com a visão vertical.

Figura 3. Dominó I

Figura 04: Dominó II

d) Jogo de tabuleiro Conhecendo o Parque Ecológico

O tabuleiro do jogo consiste no mapa no Parque Municipal Ecológico “Bióloga Tânia Mara Netto Silva”. As trilhas são os caminhos que os jogadores

devem percorrer. Durante o percurso, os jogadores poderão parar em casas com pontos de interrogação. Quando isso ocorrer, o jogador anterior deverá ler a pergunta, que abrange temas sobre o parque (fauna e flora), bem como conceitos e noções de cartografia e dados impactantes sobre reciclagem. Com as cartas, esta atividade permite trabalhar conceitos cartográfi-cos relacionados aos recursos hídricartográfi-cos e conservação ambiental, história do Parque Ecológico e o desen-volvimento do município, conteúdos de ciências (fauna e flora). Já com o tabuleiro, pode-se desenvol-ver atividades de cálculos de escala e de transforma-ção de unidades, como também noções de localiza-ção, orientalocaliza-ção, pontos de referencia e distância utilizando a rosa dos ventos. Este também contribui para a interpretação de informações e a construção da noção de legenda.

Figura 5. Tabuleiro do Jogo Conhecendo o Parque Ecológico

Estes jogos tiveram como base o município de Ourinhos-SP, mas podem ser adaptados de acordo com a região que se desejar, pois são estruturados em programas computacionais livres e de fácil manuseio a partir de mapas, fotos aéreas e imagens de satélite (disponíveis gratuitamente na plataforma do Google Earth©). A educação ambiental prima pela construção de valores e pelo repensar nas atitudes individuais e coletivas, as quais são primeiramente materializadas no lugar. Neste aspecto, a confecção destes materi-ais, de forma artesanal tem como estratégia didá-tica em primeiro lugar a valorização do lugar. De maneira pragmática, estes materiais também podem ser usados para iniciar um conteúdo, ou mesmo finalizar um assunto.

2.2 Fascículos

O Fascículo I “Uso de jogos nas aulas de Geo-grafia” foca os aspectos teóricos e as contribuições práticas, trazendo apenas sugestões de jogos. Já o Fascículo II “Construindo Jogos Geográficos”, além da contribuição teórica, aborda os procedimentos para a confecção de jogos geográficos, com a descri-ção das etapas da construdescri-ção.

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V Simpósio Nacional de Ensino e História de Ciências da Terra Figura 02: Fascículo I

Figura 03: Fascículo II

3. Discussão e Considerações finais 3.1 Formação continuada de professores

A sociedade sempre se apresenta em contínua mu-dança, o que exige do professor uma sólida formação inicial e uma permanente atualização quanto ao ensi-no/aprendizagem para dialogar, em sala de aula, sobre essas mudanças. De igual forma, observa Mar-ques (1992 apud Araújo, 2008, p. 14) que o ensino é “um processo que não finaliza com a formação ini-cial. Ao contrário, impõe-se, como indispensável à formação continuada”.

É neste momento que se atribui importância quanto à formação continuada. Esta consiste em criar oportunidades para os docentes ampliarem seus co-nhecimentos, e assim mantê-los constantemente atua-lizados diante das inovações atuais, já que o

profes-sor não deve apenas reproduzir modelos descontex-tualizados, conforme discorre Araújo:

O professor não pode e nem deve ser repe-titivo dos mesmos métodos e formas de seus antecessores, porque assim, a escola em nada muda e continuará reproduzindo modelos descontextualizados de ensino, consequentemente, os alunos serão indis-ciplinados e desinteressados [...] A mu-dança configura-se por torna ou trazer os conteúdos para a realidade do aluno, fazer ponte entre o universal e o local, para que o aluno se sinta parte integrante da socie-dade favorecendo um ensino articulado pa-ra a vida social, profissional e pessoal (Ib-di., p.10).

Nessa perspectiva, o docente necessita continu-amente renovar suas práticas, conteúdos e postura crítica, de forma a promover um processo de ensino-aprendizagem coerente. Processo este, prejudicado pela dicotomia presente na forma do conteúdo do ensino da Geografia, quanto aos estudos da natureza, sociedade e espaço que, muitas vezes, dificultam a transposição didática.

Desse modo, é necessário chamar a atenção para alternativas que permitam ao professor aulas mais integradas aos conteúdos físicos e humanos, partindo de estudos do espaço local, da vivência do aluno, para posteriormente, integrá-los ao estudo global. Acredita-se com isso, que cursos de capacitação estruturados em um programa de formação continua-da juntamente com o Núcleo de Ensino continua-da UNESP de Ourinhos possam contribuir para o conhecimento do professor, não somente em relação aos elementos teóricos, mas também de metodologias inovadas e um espaço capaz de propiciar o diálogo, a reflexão, a discussão entre os professores.

Os cursos de formação continuada devem consi-derar integralmente três tipos de saberes dos profes-sores de Geografia: a experiência, o conhecimento específico da matéria e os saberes pedagógicos (VIEIRA, 2007, p. 133).

No entanto, para esse processo se efetivar, é ne-cessário um interesse pessoal por parte do professor, e não por imposição das Secretarias de Educação. O professor precisa sentir necessidade de buscar novos conhecimentos, novas leituras e novas discussões para promover uma renovação teórico-metodológica. Vieira, em sua tese de doutorado, realizou uma pes-quisa, em que revela:

[...] somente 2% dos professores que reali-zaram cursos de atualização o fizeram por iniciativa própria. Os demais professores entrevistados – 98% – freqüentaram algum curso de atualização por se tratar de uma convocação oficial da Diretoria de Ensino (VIEIRA, 2007, p. 139).

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V Simpósio Nacional de Ensino e História de Ciências da Terra Entre a minoria dos professores que de-monstra interesse em se atualizar estão os professores mais jovens em início da car-reira docente. Os professores com mais anos de experiência profissional se mos-tram desestimulados em investir no seu a-primoramento intelectual. O professor ain-da tem no livro didático seu principal refe-rencial teórico (Ibid., p. 185) (Grifo nos-so).

Cumpre assinalar que os livros didáticos não conseguem abordar o estudo do espaço local (orien-tação esta dos autores dos PCNs), pois, como são produtos comerciais voltados para o mercado nacio-nal, são estruturados com assuntos gerais que possam ser trabalhados por qualquer professor, em qualquer município. Com isso, estes livros deixam de lado os conteúdos peculiares de cada lugar em que a escola está inserida, não apresentando exemplos concretos. Fica, assim, a cargo do professor, organizar e abordar esses conteúdos específicos do seu município.

Os jogos que focam o município do aluno se tor-nam uma estratégia para se trabalhar estes conteúdos específicos do lugar apontados pelos PCNs de Geo-grafia.

Porém para alcançar os benefícios destes materi-ais, se faz necessário que eles sejam introduzidos na formação dos professores. Se usados de forma aleató-ria, o material pode tomar apenas um caráter de di-vertimento, perdendo sua eficiência como método didático.

O professor tem o papel fundamental de media-dor do jogo. Cabe a ele direcionar a atividade, bem como ficar atento aos problemas que podem por ventura ocorrer, como a valorização da competição entre os alunos. Não basta apenas que o educador conheça os potenciais do jogo, ou suas regras e di-nâmicas, mas sim ser reflexivo e buscar sempre, alem de trabalhar o conteúdo previsto para atividade, criar um ambiente saudável para o aprendizado.

Para Antunes a qualidade do ensino com jogos depende da maneira como as regras são colocadas e executadas, e é sobretudo pelo papel do educador que o jogo pode se tornar “uma ferramenta de reflexão e uma experiência vivenciada” (ANTUNES, 2003 p.55)

3.2 Contribuições dos jogos para a alfabetização cartográfica e educação ambiental

Experiências no Ensino Fundamental compro-vam que jogos que trabalham o espaço vivido podem contribuir para a alfabetização cartográfica, assim como para o processo de valorização de uma consci-ência ambiental nos alunos. No entanto, as atividades lúdicas ainda tem um longo caminho a ser percorrido, principalmente no que se refere a quebra do modelo tradicional de ensino “professor-lousa-livro didático” (BREDA, 2010).

O uso de jogos para o ensino-aprendizagem da Geografia em sala de aula, por permitirem uma inte-ração como sujeito e objeto vem de encontro com as propostas dos PCNs, principalmente no momento em que os autores discutem sobre a construção da lin-guagem cartográfica nos alunos, que devem conside-rar seus referenciais para se localizar e orientar, para criar ideias de distância, direção e orientação (BRASIL, 1998, p.53).

Os desenhos, as fotos, as maquetes, as plantas, os mapas, as imagens de satélites, as figuras, as tabelas, os jogos, enfim tudo aquilo que representa a linguagem visual continua sendo os materiais e produtos de trabalho que o professor deve utilizar nesta fase. Mas, para alcançar os objetivos da al-fabetização cartográfica, todos esses recur-sos devem ser examinados e os alunos de-vem encontrar significados, estimulando a busca de informações que as imagens con-têm. O objetivo do trabalho é desenvolver a capacidade de leitura, comunicação oral e representação simples do que está im-presso nas imagens, desenhos, plantas, maquetes, entre outros. O aluno precisa apreender os elementos básicos da repre-sentação gráfica/cartográfica para que pos-sa, efetivamente, ler o mapa (BRASIL, 1998, p. 77) (Grifo nosso).

Silva (2006) discute a questão do jogo para a al-fabetização cartográfica, e defende que as “noções e conceitos de lateralidades e localização do espaço não se constroem espontaneamente”, pressupondo então que se desenvolva as habilidades cognitivas de “descontração espacial, conservação de elementos e de reversibilidade do pensamento, dependendo do desenvolvimento cognitivo da criança” (SILVA, 2006 p. 137 e 138).

Já Almeida (2000), afirma que na fase da opera-ção concreta (escola de 1º grau – de 6/8 a 11/12 anos, aproximadamente) a criança começa a tomar consci-ência, e a incorporar conhecimentos sistematizados:

Nessa idade a criança começa a pensar in-teligentemente, com certa lógica [...]e a ter consciência de suas ações, discernindo o certo do errado. Nessa fase os jogos trans-forma-se em construções adaptadas, exi-gindo sempre mais o trabalho efetivo e participativo no processo de aprendiza-gem, que começa a sistematizar o conhe-cimento existente [...] A partir dos 7 anos, aproximadamente, a criança alcança um nível neurológico de maturação suficiente para permitir ao cérebro coordenar ao mesmo tempo inúmeras dimensões dos ob-jetos (larguras, forma, espaço, altura, mo-vimento) [...] O jogo não é uma atividade

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V Simpósio Nacional de Ensino e História de Ciências da Terra isolada de um grupo de pessoas formadas ao acaso: reflete experiências, valores da própria comunidade inserida (ALMEIDA, 2000, p. 51 e 53).

A partir destas considerações, acredita-se que nessa fase do conhecimento, possa trabalhar com os jogos voltados à Educação Ambiental (a partir do local de vivência), bem como as noções cartográfi-cas, visto que a criança nesta faixa etária começa a ter consciência de suas ações, e está em processo de adquirir a abstração do espaço como as noções de lateralidade.

A aplicação de jogos (BREDA 2010) evidencia muitos pontos positivos como os acima citados, prin-cipalmente quanto à participação dos alunos e de sua dedicação e esforço durante a atividade, comprovan-do seu caráter atrativo, visto que a criança “faz bem aquilo que faz com prazer” (CHATEAU, 1987, p.127). Este também é um dos principais motivadores e o que o que incentiva novas pesquisas e materiais nesta linha.

Devido à escassez deste material em sala, fica o questionamento se os professores estariam prepara-dos ou orientaprepara-dos para usar jogos de forma a explorar todos os seus benefícios. Faz-se necessário que o professor tenha contato com essas discussões e mate-riais para estimulá-los e orientá-los, visto que a apli-cação do jogo pelo educador deve ser moderada, ou seja, o educador não pode interferir intensamente durante o jogo, mas sim ser um guia para que a ativi-dade não perca seu caráter lúdico. O professor terá papel fundamental na preparação e avaliação final do jogo.

O objetivo do jogo deve ser planejado e passado antes para o aluno a fim de entusiasmá-lo. Deve-se deixar claro que o objetivo do jogo é diferente do objetivo da atividade, não sendo apenas a vitória, mas sim o objetivo pedagógico de trabalhar algum conteúdo, visto que o jogo em si não é um material didático, mas sim sua dinâmica que dependerá quase que exclusivamente do professor. O educador deve ter claro todas as etapas do jogo em que se enquadra o antes, durante e pós-atividade.

Para isso fica evidente a necessidade de materi-ais (impressos ou digitmateri-ais) para orientar os educado-res.

Referências Bibliográficas

ALMEIDA, P. N. de. Educação Lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. 10 ed. São Paulo: Loyola, 2000. 295 p.

ANTUNES, C. O jogo e a educação infantil:falar e dizer, olhar e ver, escutar e ouvir. Fascículo 15/Celso Antunes. Petropolis, RJ: Vozes, 2003. p. 87

ARAÚJO, R. A. Formação continuada dos professores de Geografia de Jaraguá do Sul:

Possibilidades e limites. 105 f. . Dissertação (Mestrado em Educação)- Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Curitiba, 2008.

BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais : Geografia /Secretaria de Educação Fundamental. . Brasília : MEC/SEF, 1998. 156 p.

BELINTANE, C. Formação Contínua na Área de Linguagem: continuidades e rupturas. In: CARVALHO, A. M. P. (Coord) Formação Continuada de Professores: uma releitura das áreas de conteúdo. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003. 17-38 p.

BREDA, T. V; ZACHARIAS, A. A. A utilização de jogos no ensino de geografia: um relato da experiência vivenciada na escola EMEF Jandira Lacerda Zanoni no município de Ourinhos-SP. In: Congresso de Iniciação Cientifica,

Anais 2010. Disponível em

http://prope.unesp.br/xxii_cic/busca.php.

BREDA, T. V; O olhar espacial e geográfico na leitura e percepção da paisagem municipal: contribuições das representações cartográficas e do trabalho de campo no estudo do lugar. 2 v. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado – Geografia) – Universidade Estadual Paulista, Campus Experimental de Ourinhos, 2010

CHATEAU, J. O jogo e a criança. Trad. Guido de Almeida. São Paulo: Summus Editorial, 1987. 139 p.

PIAGET, J. A formação do símbolo na criança - Imitação, jogo e Sonho Imagem e Representação. 3 ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1964 341 p.

LOPES, O. R. Jogo “ciclo das rochas”: um recurso lúdico para o ensino de geociências.Dissertação (Mestrado em Geociências)- Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2007.

SILVA, L. G. Jogos e situações-problema na construção das noções de lateralidade, referências e localização espacial. In: CASTELLAR, S. Educação geográfica: teorias e práticas docentes. São Paulo: Editora Contexto, 2006.

VIEIRA, N. R. As questões das Geografias do Ensino Superior e do Ensino Fundamental a partir da formação continuada do professor e das categorias lugar, paisagem, território e região: um estudo da Diretoria Regional de Ensino de Marília.. Tese (Doutorado em Geografia) Universidade Estadual Paulista, Presidente Prudente, 2007.

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