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Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT Comissão Técnica Nacional de Biossegurança - CTNBio Secretaria Executiva

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Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT

Comissão Técnica Nacional de Biossegurança - CTNBio

Secretaria Executiva

PARECER TÉCNICO Nº 1757/2009 Processo nº: 01200.005322/2006-55

Requerente: Dow AgroSciences Industrial Ltda CNPJ: 47.180.625/0001-46

Endereço: Rua Alexandre Dumas 1671 -1º andar Ala A -CEP: 04717-903 - São Paulo -SP Assunto: Liberação Comercial de algodão geneticamente modificado

Extrato Prévio: nº 749/2006, publicado em 29/09/2006

Reunião: 121ª Reunião Ordinária, ocorrida em 19 de março de 2009 Decisão: DEFERIDO

A CTNBio, após apreciação do pedido de Parecer Técnico para liberação comercial de algodão geneticamente modificado resistente a insetos e tolerante ao herbicida glufosinato de amônio, bem como de todas as progênies provenientes do evento de transformação 281-24-236/3006-210-23 e suas derivadas de cruzamento de linhagens e populações não transgênicas de algodão com linhagens portadoras do evento 281-24-236/3006-210-23, concluiu pelo seu DEFERIMENTO nos termos deste parecer técnico.

A Dow AgroSciences Industrial Ltda., solicitou à CTNBio parecer técnico relativo à biossegurança do algodão (Gossypium hirsutum) geneticamente modificado resistente a insetos e tolerante ao herbicida glufosinato de amônio, designado Algodão Widestrike, para efeito de sua liberação ao livre registro, uso no meio ambiente, consumo humano ou animal, comércio ou uso industrial e qualquer outro uso e atividade relacionada a esse OGM, ou linhagens ou cultivares derivadas deste, assim como os subprodutos obtidos, respeitadas as demais legislações e exigências aplicáveis a qualquer utilização das espécies cultivadas do gênero Gossypium vigentes no país. O Algodão WideStrike foi obtido por retrocruzamentos (“piramidados”) entre os eventos 281-24-236, contendo o gene sintético cry1F, que codifica para a Protoxina sintética Cry1F e o evento 3006-210-23 contendo o gene sintético cry1Ac, que codifica a Protoxina sintética Cry1Ac. Ambas são proteínas inseticidas cristalizadas também referidas como delta-endotoxinas, obtidas de Bacillus thuringiensis var aizawai cepa PS811 e de Bacillus thuringiensis var. kurstaki cepa HD73, respectivamente. Além de resistência a inseto pela ação dos genes cry1F e cry1Ac, o evento WideStrike também apresenta resistência ao herbicida glufosinato de amônio devido a presença de duas cópias do gene pat, que codifica a enzima fosfinotricina acetiltransferase (PAT). O gene pat é uma versão sintética baseada no gene pat natural de Streptomyces viridochromogenes, uma bactéria não patogênica encontrada no solo. A inclusão do gene pat possibilita a seleção de plantas de transformados bem sucedidos que expressam as proteinas Cry1F e Cry1Ac de Bacillus thuringiensis. A proteina PAT não confere atividade pesticida, e não há efeito adverso conhecido ao ambiente ou ao homem, como toxicidade ou alergenicidade. O objetivo agronômico do evento é o de controlar pragas do algodão: Heliothis

virescens, Helicoperva zea, Spodoptera frugiperda, Alabama argillacea, Pectinophora gossypiella, Spodoptera exigua, Spodoptera eridania, Pseudoplusia includens, Trichoplusia ni. Os eventos Cry1F 281-24-236 e Cry1Ac 3006-210-23 foram obtidos através da transformação por Agrobacterium

tumefaciens do cultivar de algodão ‘Germain’s Acala GC510’ (Gossypium hirsutum L.). Cada evento

foi posteriormente retrocruzando com o genótipo PSC355 (Phytogen Seed Company). As primeiras gerações (F1) desses cruzamentos de cada evento foi retrocruzada por três gerações adicionais para PSC355, para criar uma linhagem BC3F1 de cada evento. As duas linhagens transgênicas BC3F1 foram cruzadas para obter a linhagem de algodão piramidada Cry1F/Cry1Ac que finalmente foi usada no produto comercial final. A fonte dos genes cry1F e cry1Ac é a bacteria Bacillus

thuringiensis (B.t. subspécies aizawai e kurstaki, respectivamente). As delta-endotoxinas, inseticidas

Bt expressas na planta de algodão, são clivadas proteoliticamente no intestino alcalino dos insetos lepidópteros, resultando numa forma inseticida ativa. A proteína inseticida ativa interage com uma molécula receptora presente somente nas células do epitélio do intestino médio dos insetos suscetíveis, gerando poros nas membranas das células. O processo causa distúrbio no equilíbrio

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celular promovendo a diálise das células do intestino dos insetos levando-os a morte (53). Estudos recentes, entretanto, identificaram que o que pode estar ocorrendo na verdade para causar a morte dos insetos é que a presença de poros no epitélio intestinal dos insetos promove a passagem de bactérias presentes no intestino médio para a hemolinfa levando o inseto à morte por infecção generalizada (24). Não há sítios de ligação para as delta-endotoxinas de B. thuringiensis na superfície das células intestinais de mamíferos, portanto, os animais domésticos e o homem não são suscetíveis a essas proteínas. Numerosos experimentos experimentando proteínas Bt demonstram a ausência de toxicidade ao homem e aos animais vertebrados, ausência de efeitos adversos a organismos não-alvo e ao ambiente. Os eventos piramidados de algodão 281-24-236/3006-210-23 foram testados a campo em 1999, 2000, 2001 e 2002, sendo avaliados ate hoje nas principais regiões de cultivo de algodão nos Estados Unidos, Costa Rica, Argentina, Austrália, México, Espanha e China. Experimento no Brasil foi conduzido na safra de 2005/6. Dados e informações relacionadas com as características agronômicas, resistência a pragas e doenças foram coletados durante esses testes. Tais relatos informam que os eventos 281-24-236/3006-210-23 não exibem propriedades patogênicas às plantas e improvável que prejudiquem outros insetos que são benéficos à agricultura. Não se tem evidência ou indicação de que as proteínas Cry1F e Cry1Ac de Bt aumentem o potencial do algodoeiro transformado atuar como planta invasora, uma vez que sua fenologia, morfologia, além de vários outros aspectos agronômicos não foram alterados. Portanto, segundo os resultados obtidos e apresentados no relatório de Biossegurança do Algodão, é improvável que os eventos de algodão 281-24-236/3006-210-23 se tornem plantas daninhas da agricultura ou se tornem invasoras de habitats naturais; se cruzem com parentes silvestres ou criem descendentes híbridos que possam se tornar ervas daninhas ou invasoras, apesar da compatibilidade genética entre estas espécies. É improvável também que se tornem uma praga vegetal; tenham efeito adverso sobre espécies não-alvo, incluindo o homem ou que tenham qualquer efeito sobre a biodiversidade. Em resumo, o foco desta petição são os eventos de transformação 281-24-236 e 3006-210-23, que se encontram combinados por retrocruzamento (melhoramento convencional). Cultivares de algodão contendo Cry1F e Cry1Ac serão comercializados com os eventos piramidados 281-24-236/3006-210-23. A liberação do produto piramidado 281-24-236/3006-210-23 juntamente com as práticas de manejo de resistência a insetos, reduzirão a pressão de seleção para desenvolvimento de resistência a inseticidas e ajudarão a manter um controle efetivo de Lepidópteros. Diante do exposto, a liberação comercial do Algodão Widestrike não é potencialmente causadora de dano à saúde humana e animal, nem de significativa degradação do meio ambiente. Conforme estabelecido no art. 1º da Lei 11.460, de 21 de março de 2007, “ficam vedados a pesquisa e o cultivo de organismos geneticamente modificados nas terras indígenas e áreas de unidades de conservação”. No âmbito das competências do art. 14 da Lei 11.105/05, a CTNBio considerou que o pedido atende às normas e à legislação pertinente que visam garantir a biossegurança do meio ambiente, agricultura, saúde humana e animal. Conforme o Anexo I da Resolução Normativa nº 5, de 12 de março de 2008, a requerente terá o prazo de 30 (trinta dias) a partir da publicação deste Parecer Técnico, para adequar sua proposta de plano de monitoramento pós-liberação comercial.

PARECERTÉCNICODACTNBIO I. Identificação do OGM

Designação do OGM: Algodão Widestrike Evento 281-24-236/3006-210-23 Requerente: Dow AgroSciences Industrial Ltda

Espécie: Gossypium hirsutum L.

Característica Inserida: Resistência a insetos [genes cryIAc e Cry1F] e ao Herbicida Glufosinato de Amônia [gene pat]

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Método de introdução da característica: Transformação mediada por Agrobacterium

Uso proposto: produção de fibras para a indústria têxtil e grãos para consumo humano e animal do OGM e seus derivados

II. Informações Gerais

O algodão pertence ao gênero Gossypium, Tribo Gossypieae, Família Malvaceae, ordem Malvales (62, 136). Esse gênero subdivide-se em quatro subgêneros (Gossypium, Sturtia, Houzingenia e Karpas), que, por sua vez, se subdividem em nove seções e várias subseções (61).

Os centros de origem da G. hirsutum encontram-se no México e na Guatemala, enquanto os da G.

barbadense, no Peru e na Bolívia (173). As espécies alotetraplóides possuem no seu genoma a combinação de genomas de duas espécies diplóides distintas (136).

Dois tipos de algodoeiro são predominantemente cultivados no Brasil: o convencional e o algodoeiro geneticamente modificado resistente a lagartas. Estes algodoeiros são os responsáveis por praticamente todo o algodão produzido no país. Além destes, três outros algodoeiros com características genéticas ou ecológicas especiais são cultivados: o algodoeiro de fibra naturalmente colorida, o algodoeiro orgânico e o algodoeiro agroecológico. O algodoeiro colorido concentra-se, quase exclusivamente, no estado da Paraíba, sendo a área plantada em 2007 de aproximadamente 300 hectares. A produção de algodão orgânico certificado é realizada no Paraná e na Paraíba, e a área cultivada em 2007 foi de 250 hectares. Lavouras de algodões agroecológicos foram cultivadas por 235 agricultores no bioma semi-árido de quatro estados da região Nordeste e produziram 42 toneladas (116).

As cadeias de algodoeiros especiais, convencionais e transgênicos têm convivido de modo satisfatório, sem que tenham sido divulgados relatos de problemas de coexistência. A área plantada com algodoeiro no Brasil na safra 2007/2008 foi cerca de um milhão e cem mil hectares, dos quais mais de 85% concentra-se no bioma Cerrado, particularmente nos estados do Mato Grosso, Bahia, Goiás e Mato Grosso do Sul. As demais lavouras estão presentes em outros estados do país, principalmente no Semi-Árido da região Nordeste, no Paraná, em Minas Gerais e em São Paulo (94). Os algodoeiros são plantas notáveis em seus aspectos utilitários, os quais incluem fibras fiáveis e sementes oleaginosas e protéicas usadas na alimentação animal e humana. Suas espécies foram melhoradas pelo homem desde a antiguidade, tanto no velho quanto no novo mundo. O algodão (Gossypium spp.) é uma planta domesticada pelo homem desde o ano 3000 a.C. é cultivada em todos os continentes. Sua principal utilização é a produção de fibras e alimentação, especialmente de animais.

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O algodoeiro (Gossypium hirsutum L.) é uma das quatro espécies cultivadas no mundo para a produção da fibra de algodão (147) e é explorada economicamente numa ampla faixa tropical e em algumas regiões subtropicais. A cultura de algodão no Brasil está entre as dez principais culturas agrícolas do Brasil e ocupa também o sexto lugar mundial em superfície cultivada.

As espécies de algodão cultivadas comercialmente no Brasil são Gossypium hirsutum e em menor área G. barbadense. G. hirsutum possui maior adaptabilidade, alta produtividade e é predominante no mundo. Sua fibra é utilizada na produção de fibra têxtil, de outros produtos não têxteis e é fonte de celulose industrial para diversos produtos. G. barbadense é importante pela qualidade e comprimento da fibra e é usado na produção de tecidos finos.

Entre as principais pragas do algodão no Brasil, destacam-se o curuquerê (Alabama argillacea), a lagarta-da-maçã (Heliothis virescens), a lagarta-rosada (Pectinophora gossypiella), a lagarta do cartucho do milho (Spodoptera frugiperda), o pulgão (Aphis gossypii), o percevejo rajado (Horcias

nobilellus) e o bicudo do algodoeiro (Anthonomus grandis). O controle dessas pragas tem sido

realizado principalmente com o uso de inseticidas. No Brasil, são consumidas anualmente mais de 10 toneladas de inseticidas somente na cultura do algodão, onerando os custos de produção em torno de US$ 190 milhões. O uso excessivo de inseticidas não-específicos leva a impactos ambientais negativos, como a redução severa da população de organismos benéficos e a potencialização do surgimento de pragas resistentes aos inseticidas convencionais.

O Algodão Widestrike visou obter plantas resistentes a insetos-praga pela introdução de dois genes provenientes da bactéria B. thuringiensis (Bt), ou seja, os genes cry1Ac (Bt subespécie Kurstaki) e

cry1F (Bt subespécie aizawai) que sintetizam endotoxinas contra, principalmente, lepidópteros. Além

disso, há a introdução do gene pat (enzima fosfinitrocina acetil-transferase) proveniente da bactéria

Streptomyces viridochromogenes. A enzima produzida é usada como marcador e dá resistência ao

glufosinato de amônio.

O uso da tecnologia Bt no Brasil poderá contribuir na redução do uso desses inseticidas e consequentemente, reduzir os impactos do uso desses agrotóxicos no meio-ambiente, na saúde humana e animal. Adicionalmente, a adoção de tecnologias que reduzam pulverizações de produtos químicos nas lavouras pode favorecer a obtenção de benefícios secundários. Estes benefícios são a redução de uso de matéria-prima na produção de agrotóxicos, a conservação de combustíveis utilizados para produzir, distribuir e aplicar tais agrotóxicos, e pela eliminação da necessidade de uso e descarte de embalagens de agrotóxicos.

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III. Descrição do OGM e Proteínas Expressas

O Algodão WideStrike foi obtido por retrocruzamentos (“piramidados”) entre os eventos 281-24-236, contendo o gene sintético cry1F, que codifica para a Protoxina sintética Cry1F e o evento 3006-210-23 contendo o gene sintético cry1Ac, que codifica a Protoxina sintética Cry1Ac. Ambas são proteínas inseticidas cristalizadas também referidas como delta-endotoxinas, obtidas de Bacillus thuringiensis var aizawai cepa PS811 e de Bacillus thuringiensis var. kurstaki cepa HD73, respectivamente. Além de resistência a inseto pela ação dos genes cry1F e cry1Ac, o evento WideStrike também apresenta resistência ao herbicida glufosinato de amônio devido a presença de duas cópias do gene pat, que codifica a enzima fosfinotricina acetiltransferase (PAT). O gene pat é uma versão sintética baseada no gene pat natural de Streptomyces viridochromogenes.

Os eventos Cry1F 281-24-236 e Cry1Ac 3006-210-23 foram obtidos através da transformação por

Agrobacterium tumefaciens do cultivar de algodão ‘Germain’s Acala GC510’ (Gossypium hirsutum L.).

Cada evento foi posteriormente retrocruzando com o genótipo PSC355 (Phytogen Seed Company). As primeiras gerações (F1) desses cruzamentos de cada evento foi retrocruzada por três gerações adicionais para PSC355, para criar uma linhagem BC3F1 de cada evento. As duas linhagens transgênicas BC3F1 foram cruzadas para obter a linhagem de algodão piramidada Cry1F/Cry1Ac que finalmente foi usada no produto comercial final.

A transformação foi feita por Agrobacterium tumefaciens utilizando os vetores binários pAGM281 e pMYC3006 cujos mapas e demais elementos gênicos são descritos pela requerente no processo. Os elementos genéticos da região T-DNA dos plasmídeos pAGM281 e pMYC3006 são descritos abaixo.

Plasmídio pAGM281

Elemento

Genético Tamanho (kbp)1 Local (bp) Detalhes

(4OCS)Δmas 2’ 0.61 (complementar) 7028-7636 Agrobacterium tumefaciens cepa LBA 4404 Promotor da manopina sintase de

pTi15955

cry1F(synpro) 3.45 (complementar) 3571-7017

Sintético, otimizado p/ plantas, versão comprimento total de Cry1F de B.t. var.

aizawai.

ORF25 poliA 0.73 2818-3544 Terminador bidirecional de Agrobacterium tumefaciens cepa LBA 4404.

pat 0.55 2259-2810

O gene sintético de resistência a glufosinato de amônio otimizado para plantas, baseado em uma seqüência do gene de fosfinotricina acetiltransferase de S. viridochromogenes .

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Ubi Zm1

1.99 260-2252 mays exon 1 (realçado não traduzido) e Promotor Zea mays promoter mais Zea

intron 1.

Plasmídio pMYC3006.

Elemento

Genético Tamanho (kbp)1 Local (bp) Detalhes

Ubi Zm1 1.99 6080-8072 (complementar)

Promotor de Zea mays mais exon1 de Zea mays exon1 (realçador não traduzido) e intron 1.

cry1Ac

(synpro) 3.47 2587-6057 (complementar) Versão sintética, otimizada p/ plantas, cadeia completa de Cry1Ac1 de B.t. var. kurstaki. ORF25 poliA 0.73 1835-2561 Terminador bidirecional de Agrobacterium

tumefaciens pTi15955 .

pat 0.55 1276-1827 O gene sintético de resistência a glufosinato otimizado para plantas, baseado numa seqüência gênica de fosfinotricina acetiltransferase de

Streptomyces viridochromogenes.

(4OCS)Δma s 2’

0.61 643-1251 Promotor da manopina sintase de pTi15955 (Barker et al.,1983, Plant Mol. Biol. 2, 335-350), incluindo 4 cópias do realçador da octopina sintase (OCS) de pTiAch5.

Para ambas as linhagens a transformação ocorreu utilizando segmentos de cotilédones de algodão isolados de plantas com 7-10 dias de germinação in vitro. Os segmentos foram co-cultivados com A.

tumefaciens desarmada (cepa LBA4404) contendo os plasmídios descritos acima. Após a

transformação, os segmentos foram transferidos para meio de indução de calo com o herbicida glufosinato de amônia. No meio de formação de calo foi também utilizado o antibiótico carbenicilina visando destruir Agrobacterium remanescentes.

A fonte dos genes cry1F e cry1Ac é a bacteria Bacillus thuringiensis (B.t. subspécies aizawai e

kurstaki, respectivamente). As delta-endotoxinas inseticidas Bt expressas na planta de algodão são

clivadas proteoliticamente no intestino alcalino dos insetos lepidópteros, resultando numa forma inseticida ativa. A proteína inseticida ativa interage com uma molécula receptora presente somente nas células do epitélio do intestino médio dos insetos suscetíveis, gerando poros nas membranas das células. O processo causa distúrbio no equilíbrio celular promovendo a diálise das células do intestino dos insetos levando-os a morte (53). Estudos recentes, entretanto, identificaram que o que pode estar ocorrendo na verdade para causar a morte dos insetos é que a presença de poros no epitélio intestinal dos insetos promove a passagem de bactérias presentes no intestino médio para a hemolinfa levando o inseto a morte por infecção generalizada (24). Não há sítios de ligação para as delta-endotoxinas de B. thuringiensis na superfície das células intestinais de mamíferos, portanto, os animais domésticos e o homem não são suscetíveis a essas proteínas.

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A análise molecular detalhada do algodão widestrike foi apresentada pela requerente onde são discutidos os resultados da caracterização do número de inserções por análise Southern blot; identificação das terminações 5’ e 3’ e regiões de borda do DNA inserido por clonagem e PCR; sequenciamento do DNA; e avaliação da presença ou ausência de outras transcrições de mRNA potenciais resultantes das sequências presentes na inserção.

A análise inicial Southern blot indicou que o algodão comercial widestrike contém uma única cópia do T-DNA do vetor binário pAGM281 juntamente com o T-DNA do vetor binário pMYC3006. O inserto de pMYC3006 contém uma cópia intacta do gene de resistência a insetos, cry1Ac juntamente com uma cópia intacta do marcador para seleção de peso molecular, gene pat, enquanto a inserção de pAGM281 contém uma cópia intacta do gene para resistência a insetos, cry1F, e uma cópia intacta do gene pat. Além disso, uma cópia do promotor UbiZm1 e uma cópia truncada (231 bp) do gene

pat foram identificadas adjacentes à borda 3’ T-DNA terminal. As análises de Southern blot também

sinalizam para a estabilidade genotípica dos insertos em diferentes gerações do evento piramidado ou das linhagens individualmente além de comprovar a ausência de genes de resistência a antibióticos ou sequências do backbone do vetor no algodão 281-24-236/3006-210-23. Os resultados atendem ao que era de se esperar tendo-se em vista o método de transformação utilizando A. tumefaciens, mesmo com a presença não planejada, mas aceitável de uma cópia truncada do gene pat junto ao inserto cry1F/pat. (108,109,194).

IV. Aspectos relacionados à Saúde Humana e dos Animais

O algodão transgênico resistente a insetos da ordem Lepidoptera evento 281-24-236/3006-210-23 contém sequências de DNA derivadas dos seguintes organismos: Bacillus thuringiensis,

Agrobacterium tumefaciens, Streptomyces viridochromogenes e Zea mays. Nenhum desses

organismos doadores é conhecido como fonte de toxinas para mamíferos ou como sendo alergênicos ao homem.

As proteínas Cry1F/Cry1Ac são delta-endotoxinas microbianas produzida pelo Bacillus thuringiensis (Bt). Estas toxinas vão agir no intestino de larvas de diferentes lagartas da ordem Lepdóptera, onde possuem receptores. Esta ligação vai impedir que estes insetos se alimentem. Homens e animais não apresentam estes receptores e, portanto, a principio, não são passiveis dos efeitos decorrentes desta ligação.

A proteína Cry1F é expressa em todas as partes da planta com exceção do néctar, farelo e óleo. A proteína Cry1Ac é expressa em todas as partes da planta com exceção do néctar, cascas, farelo e óleo. A proteína PAT é expressa em níveis muito baixos no evento 236 e no algodão 281-24-236/23, porém esta proteína raramente foi detectada nos tecidos do evento 3006-210-23.

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Análises de cinzas, gordura total, umidade, proteína, carboidratos, calorias, fibra bruta, fibra em detergente ácido e fibra em detergente neutro, no algodão modificado mostraram resultados semelhantes ao algodão controle, variando dentro dos valores da literatura. A análise de ácidos graxos no óleo de produtos processados de semente mostrou que não houve diferença entre o algodão convencional e os transgênicos. Quanto aos fatores anti-nutricionais, os teores de gossipol e dos ácidos graxos ciclopropenóides foram praticamente os mesmos entre o algodão controle e o modificado.

A proteína PAT é degradada pelo suco gástrico de animais e por suco gástrico artificial semelhante ao de seres humanos perdendo suas características físico-químicas. Assim não é esperado que a proteína possa ser absorvida íntegra, portanto sendo improvável que a mesma possa produzir efeitos adversos ou tóxicos. Como comentado acima, a proteína PAT é expressa em níveis muito baixos no evento 281-24-236 e no algodão 281-24-236/3006-210-23, esta proteína raramente foi detectada nos tecidos do evento 3006-210-23.

Referências sobre toxicidade aguda encontram-se descritas nos sítios da Agencia de Proteção Ambiental dos EUA (http://www.epa.gov/fedrgstr/EPA-PEST/1997/April/Day-11/p9373.htm) e no Diretório Geral de Proteção a Saúde e ao Consumidor da Comissão Européia (http://ec.europa.eu/food/fs/sc/oldcomm7/out02_en.html) que indicam ausência de toxicidade da proteína PAT.

Com relação às proteínas Cry1F e Cry1Ac, de acordo com a Agencia de Proteção Ambiental dos USA (http://www.epa.gov/ ) pode-se afirmar com uma certeza razoável que não há riscos para humanos frente à exposição a estas proteínas.

As considerações acima também se encontram no relatório de Biossegurança do Algodão, evento 281-24-236/3006-210-23, apresentado pela empresa Dow AgroSciences. Dados de toxicidade e alergenicidade deste mesmo evento foram submetidos e analisados pela Agencia de Proteção Ambiental dos EUA que considerou ambas as proteínas Cry1F e Cry1Ac, biopesticidas, inócuas para Saúde Humana e Animal.

Há que se mencionar que no Brasil, recentemente, a EMBRAPA lançou um larvicida para o mosquito da dengue, utilizando o Bacillus thuringiensis (FSP 06/04/08), para ser adicionado na água de consumo humano. Na divulgação foi afirmado: “O produto é totalmente seguro à saúde e ao meio ambiente. Se alguma criança beber um pouco de água com o larvicida, não há nenhum problema”. É importante ressaltar que a maior concentração das proteínas Cry está nas folhas do algodão e que no caroço, que é a parte com potencial de consumo pelo homem e pelos animais, ocorre em menor quantidade. No farelo de algodão não foi detectada nenhuma das proteínas inseridas (Cry1Ac, Cry1F e PAT). Caso sejam ingeridas pelos animais (farelo e caroço) e pelo homem (através da ingestão do óleo), as proteínas sofrerão uma rápida digestão no estômago, antes de estarem disponíveis para

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absorção. O farelo de algodão é destinado preferencialmente para os animais ruminantes em virtude da presença do gossipol, que é tóxico para os não ruminantes, não impedindo seu uso, mas restringindo a inclusão na dieta a níveis inferiores a 10%. Para ruminantes, o farelo é utilizado em quantidades maiores, mas boa parte é degradada no rúmen, e o restante digerido no estômago verdadeiro ou abomaso. Já para o homem, a principal ingestão se dá através do óleo, que possui níveis extremamente baixos de proteína (geralmente abaixo do limite de detecção) e caso dentre estas proteínas estejam as proteínas inseridas: Cry1F, Cry1Ac e PAT, as quantidades destas serão menores ainda. Este fato aliado à rápida digestão estomacal destas proteínas e à labilidade térmica acima de 75oC, faz com que seja extremamente improvável qualquer risco à saúde humana. Um outro fato que reduz grandemente a possibilidade de toxicidade, tanto para o homem, quanto para os animais, é a especificidade das proteínas Cry, que para agirem, ligam-se a receptores existentes apenas nos insetos-alvo.

A proteína PAT, que confere resistência ao glufosinato de amônio, foi obtida do Streptomyces

viridochromogenes, presente no solo, reconhecido como não patogênico ao homem ou aos animais.

Os testes realizados com a inclusão do farelo de algodão em rações de frangos de corte não mostraram qualquer efeito adverso no ganho de peso e na taxa de mortalidade. É interessante ressaltar que a taxa de conversão alimentar do farelo modificado foi melhor que as taxas dos controles, ou seja, as aves consumiram menor quantidade de ração para ganhar o mesmo peso. Um outro fato importante é que o teste teve início com aves recém nascidas, bastante sensíveis a qualquer tipo de adversidade e mesmo assim, a presença do algodão modificado na dieta não teve qualquer efeito negativo.

Em teste de toxidez aguda, realizado com camundongos CD1, foi fornecida uma dose de 2000 mg/kg de Cry1F e de Cry1Ac produzidas por via microbiana, não sendo notada nenhuma lesão patológica grave, tendo os animais inclusive ganhado peso.

Por ser tratar de proteínas, os riscos de efeitos alergênicos também foram avaliados. Alérgenos com origem em alimentos são normalmente resistentes ao calor, ácido e proteases, podem ser glicosilados e presentes em altas concentrações. As proteínas ensaiadas são prontamente digeridas pelo suco gástrico e não são glicosiladas e o aquecimento leva a perda de bioatividade. Experimentos feitos em animais não indicaram potencial alergênico.

Tanto o B. thuringiensis quanto o Streptomyces viridochromogenes, não apresentam antecedentes como fatores desencadeantes de alergias, e como ambos estão presentes no ambiente, principalmente no solo, eles podem ser ingeridos como contaminantes de alimentos, principalmente verduras, sem causarem efeitos adversos (não há relato na literatura). Os genes introduzidos nos organismos modificados não codificam alérgenos conhecidos e nem compartilham sequências imunologicamente significativas. A sequência dos aminoácidos das proteínas Cry1F, CryAc ou PAT,

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foram comparadas com dois bancos de dados utilizando o software da Genetics Computer Group e não foi identificada nenhuma sequência alergênica. Estes fatos aliados à pequena quantidade das proteínas modificadas presentes na dieta, à rápida digestão gástrica (um minuto para as proteínas Cry1F e Cry1Ac e menos de 30 segundos para a proteína PAT) e a termolabilidade tornam o risco de desencadeamento de reação alérgica praticamente inexistente.

A avaliação de segurança de alimentos derivados de organismos geneticamente modificados está completamente fundamentada no conceito de equivalência substancial. Essa doutrina surgiu e tem sido primordialmente discutida pela comunidade internacional dentro do contexto da avaliação de segurança de novos alimentos. Segundo ela, se um produto modificado geneticamente mantiver as mesmas características, composição, valores nutricionais e utilidade de um outro não modificado, não há motivo para segregá-lo dos demais chamados convencionais em razão da utilização de ferramentas da Biologia Molecular, pois na verdade são os mesmos produtos, obtidos apenas por diferentes métodos de produção.

De acordo com a doutrina da equivalência substancial, um alimento somente pode deixar de ser considerado equivalente a um outro quando uma avaliação científica descobrir uma característica como composição, valor nutricional, efeito nutricional ou utilidade que diferencia o produto de um alimento correspondente já existente.

Em geral, a avaliação necessária para a aprovação da comercialização desses produtos inclui a análise dos vetores de transformação, estrutura molecular do novo gene inserido, efeitos intencionais e não intencionais associados à sua expressão, composição química em macro e micro nutrientes bem como em compostos tóxicos e produtos secundários do metabolismo. Além disso, devem-se realizar ensaios biológicos (nutricionais e toxicológicos), análises químicas, ensaios in

silico (bioinformática) e ensaios bioquímicos e biológicos a fim de verificar o potencial alergênico da

proteína heteróloga.

O consumo de produtos de algodão pelo homem é bastante limitado. Sendo assim, haverá uma exposição insignificante às proteínas Cry1F, Cry1Ac e PAT na dieta humana. O produto alimentício predominante derivado do algodão na dieta é o óleo da semente, no qual o conteúdo proteico é nulo. Por outro lado, os animais podem consumir sementes, farelo, cascas ou subprodutos de algodão como parte de sua alimentação. Porém, a investigação dos respectivos produtos de expressão heteróloga mostrou que as proteínas recombinantes apresentaram as características moleculares e catalíticas previstas.

Em favor da segurança de PAT destaca-se o fato de que as acetil transferases (categoria da PAT) são muito comuns na natureza (encontradas em micróbios, plantas e animais) e sabidamente não são tóxicas ou alergênicas. Além disso, até o presente momento, não foram identificados potenciais sítios de glicosilação nem peptídeo sinal que poderiam resultar em transporte para o retículo

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endoplasmático, local onde poderia ocorrer uma potencial glicosilação. A PAT se degrada rapidamente em temperaturas elevadas. Dados sobre o seu comportamento em fluidos digestivos simulados e de sua toxidez oral aguda fizeram com que a EPA, em 1997, emitisse uma notificação final isentando a PAT da necessidade de se estabelecer um nível de tolerância em todas as

commodities não processadas quando usadas como proteção inerte incorporada à planta.

No que diz respeito às proteínas Bt, décadas de experimentos testando essas proteínas demonstram a ausência de toxidez ao homem e aos animais vertebrados e a ausência de efeitos adversos a organismos não alvo e ao ambiente. Além disso, formulações comerciais de B. thuringiensis contendo essas proteínas têm sido utilizadas no Brasil e em outros países para o controle de algumas pragas agrícolas há mais de 40 anos. Uma vez que essa bactéria é um microorganismo de solo, a exposição dos organismos vivos e do meio ambiente a essa bactéria ou a qualquer elemento extraído dela é um evento que ocorre abundantemente na natureza. Além disso, as proteínas Cry1F e Cry1Ac possuem ação bastante específica e atuam apenas por ingestão em algumas espécies da ordem Lepidoptera.

Também em favor da segurança das proteínas recombinantes, foram apresentados dados da caracterização completa de cada uma delas. Os mais significativos foram: a ausência de homologia dessas proteínas com toxinas e alergênicos conhecidos, uma pronunciada termolabilidade, rápida digestão em condições gástricas simuladas, ausência de glicosilação, ausência de toxidez aguda em roedores e ausência de efeitos adversos em frangos de corte alimentados com rações contendo as proteínas recombinantes. Além disso, todas as possíveis interações entre as proteínas Cry1F, Cry1Ac e PAT foram avaliadas a fim de estimar possíveis interações imprevisíveis que poderiam causar efeitos adversos ao homem e animais. Todos os resultados deram suporte às evidências iniciais de que o algodão piramidado é seguro sob o ponto de vista alimentar.

Os dados enviados pela requerente provaram que as proteínas heterólogas estão em baixíssimas quantidades nos mais variados tecidos, um excelente indicativo da segurança das proteínas recombinantes para seres humanos uma vez que elas são claramente distintas daquelas tipicamente apresentadas por proteínas alergênicas. Geralmente, proteínas alergênicas são proteínas de reserva de órgãos ou tecidos vegetais, proteínas relacionadas com patogenias ou estresses e, além disso, são proteínas abundantes, estando presentes em altos níveis nos tecidos vegetais.

Os experimentos também provaram que as plantas de algodão geneticamente modificado não apresentaram alterações morfológicas, fenológicas ou de arquitetura e que não houve efeito da inserção gênica na qualidade das fibras. Com exceção da tolerância aos insetos alvos ao longo da safra, as plantas do algodão geneticamente modificados demonstraram equivalência em todas as características fenotípicas e agronômicas analisadas em relação ao padrão demonstrado pela linhagem parental não transformada e por outras variedades utilizadas em produção comercial. A

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análise dos documentos apresentados permite concluir que o cultivo do algodão evento 281-24-236/3006-210-23 não causará alterações no solo e suas relações ecológicas e funcionais diferentes daquelas causadas pelas variedades convencionais.

Além disso, os estudos realizados não mostraram alterações nos principais componentes e nos antinutrientes naturais presentes no algodão. A segurança dos produtos alimentares do algodão transgênico foi determinada pela equivalência na composição de macro e micronutrientes em estudos de salubridade com animais. Concluiu-se que este produto, como componente de ração animal e as proteínas recombinantes expressas nos tecidos da planta se mostraram seguros e com valor nutritivo equivalente para o consumo humano e animal. As análises de qualidade e composição do caroço do algodão evento 281-24-236/3006-210-23 mostraram que as propriedades do algodão geneticamente modificado e suas frações processadas foram comparáveis às do algodão convencional.

Diante do exposto, tendo como base os dados apresentados pela requerente, bem como trabalhos independentes consultados na literatura e considerando os critérios internacionalmente aceitos no processo de análise de risco de matérias primas geneticamente modificadas, fundamentados no conceito da equivalência substancial, é possível concluir que o algodão evento 281-24-236/3006-210-23 é tão seguro para o consumo humano e animal quanto o seu equivalente convencional. V. Aspectos Ambientais

A agricultura moderna é uma atividade responsável por significativos impactos ambientais negativos (9, 42, 79, 155, 193) e, portanto, a avaliação de riscos de qualquer evento GM deve ser realizada em relação ao impacto que já é inerente à agricultura convencional (13, 46, 138). Assim, a análise da CTNBio objetivou avaliar se o impacto ambiental causado pelo Algodão Widestrike é significativamente superior ao causado pelas variedades convencionais considerando as práticas agrícolas associadas a cada sistema.

Todas as espécies do gênero Gossypium possuem flores perfeitas. A fecundação ocorre logo após a antese, podendo ocorrer autofecundação ou polinização cruzada ou ambas. O pólen do algodoeiro é relativamente grande, com 81 a 143 microns, viscoso (o que faz com que os grãos fiquem aderidos uns aos outros), com formato esférico, recoberto por grande quantidade de espículas, não sendo, praticamente, transportado pelo vento (145). No campo, sua viabilidade se estende até o final da tarde, mas pode durar até 24 horas se armazenado em temperaturas de 2 a 3oC (27). Para que haja fecundação cruzada é necessária a presença de insetos polinizadores, principalmente da família

Hymenopterae (29, 149, 150, 164). A taxa de cruzamento observada entre lavouras de algodoeiro é relativamente baixa, com valores que permitem classificá-la como uma espécie parcialmente autógama ou de sistema de reprodução misto.

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Alguns autores sugerem que o fluxo gênico de plantas GM para genótipos silvestres pode resultar em redução de biodiversidade. No entanto, a redução de variabilidade genética é decorrente do fenômeno de introgressão gênica que é um processo bem mais complexo do que a simples hibridação (46, 49, 80, 175). Para haver introgressão, é necessário que ocorra hibridação e posteriormente uma série de retro-cruzamentos de forma que um gene seja incorporado permanentemente em um novo genoma (80, 81).

Foram realizados estudos de ecotoxidez (Cry1F e Cry1Ac) em invertebrados do solo e os resultados demonstraram que a proteína Cry1F ou Cry1Ac derivada por via microbiana, pura ou em combinação com a proteína Cry1Ac ou Cry1F, não mostrou toxidez a minhocas (Eisenia foetida). Conduziu-se também um estudo de laboratório para determinar os efeitos crônicos da proteína Cry1F na sobrevivência e reprodução do invertebrado collembola do solo (Folsomia candida) que tem um papel importante nos ecossistemas do solo devido a que sua alimentação provém de material vegetal em decomposição, usando Cry1F derivada por via microbiana acrescentada a fermento de cervejaria, alimento padrão de collembola (192). A concentração testada foi de 709 mg de proteína Cry1F por Kg de dieta ou 702 mg de proteína Cry1F por Kg de dieta em combinação com a proteína Cry1Ac. Não houve efeito observável com a exposição à proteína Cry1F na dieta. Com a proteína Cry1Ac foi conduzido um estudo em laboratório para determinar os efeitos crônicos dessa proteína por via microbiana acrescentada a fermento de cervejaria, alimento padrão de collembola (192). A proteína Cry1Ac não causou efeitos significativos à sobrevivência e reprodução de adultos. Foram testados os efeitos das proteínas Cry em organismos aquáticos e não ocorreram efeitos adversos ao invertebrado aquático Daphnia magna. A toxidez aguda pela dieta com proteína Cry1F à truta arco-íris (Onchorynchus mykiss) foi determinada para peixes expostos por oito dias a uma dieta peletizada para trutas tipo comercial contendo 10% de farelo preparado com algodão expressando as proteínas Cry1F e Cry1Ac (128). Isso produziu uma dieta contendo uma dosagem inicial de 0,209 g de Cry1F por g de alimento em combinação com a proteína Cry1Ac. A dieta controle consistiu da mesma dieta comercial para peixes preparada com farelo de algodão não transgênico. Nenhuma mortalidade de peixes ou efeitos sub-letais foram observados quer para a dieta controle quer para o tratamento com OGM. A toxidez aguda pela dieta com proteína Cry1Ac à trutra arco-íris (Onchorynchus mykiss) foi determinada para indivvíduos expostos por oito dias a uma dieta peletizada para trutas tipo comercial contendo 10% de farelo preparado com algodão expressando as proteínas Cry1F e Cry1Ac (128). Isso produziu uma dieta contendo uma dosagem inicial de 0,118 g de Cry1Ac por g de alimento em combinação com a proteína Cry1Ac. A dieta controle consistiu da mesma dieta comercial para peixes preparada com farelo de algodão não transgênico. Nenhuma mortalidade de peixes ou efeitos sub-letais foram observados quer para a dieta controle quer para o tratamento com OGM.

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Com relação aos artrópodes não-alvo não foram observados efeitos na sobrevivência média de abelhas expostas a 2 mg de pólen do evento expressando Cry1F ou 1,98 μg/ml de proteína Cry1F em combinação com a proteína Cry1Ac (124). A CL50 em dieta para larvas de crispa (Chryosperia

carnea) expostas à proteína Cry1F pura ou em combinação com a proteína Cry1Ac, foi investigada

em uma série de estudos com a proteína microbiana administrada em uma dieta de ovos de mariposa (165). Não houve efeito de Cry1F a 5,2 μg/g em combinação com Cry1Ac. O teste com apenas Cry1F também não mostrou efeito. A toxidez para larvas de crispo não é considerada ecologicamente relevante para a avaliação de risco do algodão evento 281-24-236, uma vez que a exposição, caso ocorra, será indireta e resultados de censos de campo não mostram impacto da proteína Cry1F (125). Himenópteros parasitas (Nasonia vitripennis) foram expostos a uma única concentração limite da proteína Cry1F, pura e em combinação com a proteína Cry1Ac, em água com açúcar por 10 dias. Não houve diferenças significativas em mortalidade entre os grupos de tratamento e um controle negativo de água com açúcar no dia 9, que foi o último dia de observação antes do aumento da mortalidade além do critério estabelecido no protocolo para o controle negativo (20%). O mesmo resultado ocorreu com a proteína Cry1Ac, pura e em combinação com a proteína Cry1F. Joaninhas adultas (Hippodamia convergens) não foram afetadas quando expostas à proteína Cry1F ou Cry1Ac expressa por via microbiana, pura ou combinada com a proteína Cry1Ac ou Cry1F.

Organismos não-alvo podem ser expostos à proteína Cry1F expressa no evento 281-24-236 por vias diretas ou indiretas. As estimativas de exposição para organismos alimentando-se diretamente de tecidos do algodão que expressam a proteína Cry1F são baseadas no limite superior de expressão no tecido vegetal específico que o organismo não-alvo em questão possa ser exposto através de ingestão direta. As estimativas do limite superior (LSEE) representam 90% do limite superior da expressão relatada (200). Exposições indiretas representam exposições inadvertidas à proteína Cry1F através do solo, pólen sobre tecidos da planta hospedeira, ou interações multitróficas. Essas exposições são expressas como Concentrações Ambientais Estimadas (CAE) e são calculadas de maneira conservadora usando as estimativas superiores para os parâmetros componentes.

A alimentação direta em plantas ou partes de plantas constituem as vias primárias de exposição de organismos à proteína Cry1F expressa no evento 281-24-236 e da proteína Cry1Ac expressa no evento 3006-210-23. As partes de plantas sujeitas à alimentação são predominantemente folhas, raízes, caules e pólen, e possivelmente o néctar. Os organismos que se alimentam diretamente do algodão como fonte primária de alimento dentro de agroecossistemas são caracterizados como pragas de vegetais e não são objetos desta avaliação. Os organismos incidentemente expostos a resíduos de plantas ou organismos que consomem plantas de algodão ou partes de plantas como fonte de alimento ocasional ou suplementar são tidos como organismos não-alvo que necessitam

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consideração nesta avaliação de exposição. A exposição secundária a resíduos da proteína por interações tri-tróficas pode ocorrer para predadores ou parasitas de organismos que se alimentam de plantas. Resíduos que ocorrem nas matrizes do solo ou da água podem constituir em via de exposição adicional secundária à proteína Cry1F e à proteína Cry1Ac. A ausência de efeitos em testes de ecotoxidez em organismos não-alvo mostram largas margens de segurança relativas às concentrações ambientais de exposição projetadas, de maneira conservadora e essas observações são corroboradas com monitoramento de campo da abundância de espécies (125). As vias de exposição aqui postuladas, portanto, são relevantes apenas para a caracterização da exposição e risco para a taxa de Lepidoptera potencialmente susceptíveis.

As condições favoráveis à degradação das proteínas Cry1F e Cry1Ac no solo foram descritas em estudos onde as proteínas Cry1F e Cry1Ac derivada de plantas ou derivada por via microbiana foi misturada no solo, incubada sob condições padrão de laboratório, e então amostrada para bio-ensaio em vários intervalos de tempo (84). Bio-ensaios com insetos foram conduzidos para medir a degradação das proteínas, como perda da atividade biológica pela aplicação de misturas de água-agar em amostras de solo colocadas sobre dietas artificiais e deixando as lágua-agartas neonatas do bromo do fumo (Heliothis virescens) se alimentarem desse meio preparado. Baseado nos resultados do bio-ensaio (GI50) para o solo acrescentado da Cry1F, derivado por via microbiana, a meia vida foi de 1,3 dias sob condições de laboratório, indicando uma rápida taxa de decomposição no solo. Essa rápida decomposição foi confirmada em tecido liofilizado de algodão contendo a proteína Cry1F em combinação com a proteína Cry1Ac, onde a meia vida da bio-atividade foi inferior a um dia. Bio-ensaios com a proteína Cry1F truncada também mostraram uma meia vida no solo de menos de 1 dia (85). A proteína microbiana Cry1Ac não se decompôs quando aplicada em solo não viável a microrganismos (84), mas a rápida decomposição ocorreu quando o tecido de folha de algodão liofilizado do algodão 281-24-236/3006-210-23, contendo as proteínas Cry1F e Cr1Ac foi aplicado a um solo viável (84). Esses resultados são consistentes com a degradação da proteína Cry1Ac em solo mediada por microrganismos. Baseado nos resultados do bio-ensaio (GI50), em solo acrescido de tecido de algodão liofilizado, a meia-vida das proteínas inseticidas cristalizadas Cry1F/Cry1Ac foi de 1,3 dias sob condições de laboratório, indicando uma rápida taxa de decomposição no solo.

Um solo representativo do agro-ecossistema do algodão foi examinado em um estudo de laboratório. A decomposição da proteína foi muito rápida e foi consistente com que foi visto para outras proteínas Bt em uma linhagem de solos (86, 87). O estudo submetido demonstra a habilidade dos micróbios do solo em rapidamente efetuar a degradação das proteínas Bt em estudo. Adicionalmente, estudos de campo abrangendo múltiplos locais e uma linhagem de solos foram planejados para focalizar a acumulação potencial das proteínas Cry1F e Cry1Ac expressas no

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algodão 281-24-236/3006-210-23. Um relato publicado em um desses de campo múltiplos encontrou não acumulação (83) e serviu de modelo para o estudo conduzido no algodão 3006-210-23/281-24-236.

O algodão Bt quando comparado com o algodão convencional com inseticidas, não afetou as populações de artrópodes coletados nas armadilhas de solo (pitfall), bandeja amarela e cartão adesivo amarelo. Os principais artrópodes coletados nestas armadilhas foram os fitófagos Euxesta sp., Chaetopsis sp., Cecidomydae, Liriomyza sp., Aphis sp., e tripes da família Thripidae; os predadores Dolichopodidae sp, os parasitóides Aphididae, Aphidius sp. e Encyrtidae; e os decompositores Phora sp., e Sarcophagidae. O Algodão Bt não afetou a ocorrência de artrópodes predadores nas plantas, dentre as quais podemos citar os percevejos: Orius sp., Nabis sp., Geocoris sp. e Zelus sp., as joaninhas Cycloneda sanguinea, Scymnus sp., Hyppodamia convergens e

Stetorus sp., as aranhas Chiracantum sp., Oxyopes sp., Phidippus sp., Misumenopsis sp., e Latrodectus sp., o crisopideo Ceraeochrysa sp., a tesourinha Doru luteipes e o sirfídeo Toxomerus dispar. Os parasitóides hymenopteros capturados em bandejas amarelas não foram abundantes em

nenhum dos tratamentos, perfazendo um total de 3% dos insetos coletados. As conclusões foram que:

- o algodão Bt não causou impacto negativo sobre as populações de artrópodes no solo. - o algodão Bt quando comparado com o algodão convencional com inseticidas, não afetou a

população de artrópodes coletados nas armadilhas de solo (pitfall), bandeja amarela e cartão adesivo.

- o algodão Bt não prejudicou a ocorrência de artrópodes predadores na plantas.

O algodão é predominantemente uma cultura de autofecundação com alguma polinização cruzada por mamangavas, abelhas Melissodes, e abelhas melíferas; insetos lepidópteros não são polinizadores do algodão cultivado (129). Como consequência, a exposição ambiental de lepidópteros sensíveis ao pólen do algodão seria indireta, através de contaminação de suas fontes de alimentos, como espécies daninhas. A exposição indireta ao pólen do algodão foi considerada não significativa. A exposição incidental de uma borboleta ou mariposa não-alvo, no estágio larval sensível à Cry1F pode ocorrer se o pólen do algodão 281-24-236 estiver presente em plantas hospedeiras e for consumido. Em estudo nos EUA, a exposição indireta de uma larva de lepidóptero não-alvo hipotético sensível ao pólen de algodão foi insignificante, como demonstrado no caso da borboleta monarca se alimentando em Leiteiro, como um exemplo de uma espécie de lepidóptero não-alvo ocorrendo em plantas hospedeiras dentro ou perto de campos de algodão. A probabilidade de exposição é remota devido ao não significativo fluxo de pólen do algodão; há, portanto, um risco

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insignificante para borboletas ou mariposas não-alvo presentes em campos do algodão do evento 281-24-236. A borboleta Monarca foi simplesmente usada como uma espécie modelo para as finalidades desta avaliação, uma vez que seria minimamente exposta ao pólen do evento 281-24-236, pois sua migração de primavera através das regiões de cultivo de algodão ocorre antes do florescimento das lavouras. A exposição incidental de uma borboleta ou mariposa não-alvo, no estágio larval sensível à Cry1Ac pode ocorrer se o pólen do algodão 3006-210-23 estiver presente em plantas hospedeiras e for consumido. A exposição indireta de uma larva de lepidóptero não-alvo sensível ao pólen de algodão é insignificante. A probabilidade de exposição é remota devido a insignificante dispersão do pólen de algodão. A borboleta Monarca foi usada como uma espécie modelo para as finalidades desta avaliação.

As consequências do cultivo do algodão expressando as proteínas Cry1F e Cry1Ac sobre insetos benéficos foram consideradas por Wolt (2002) (206). Mais de 300 espécies diferentes de insetos benéficos são conhecidos habitando os campos de algodão. Artrópodes comuns, predadores e parasitas nos campos de algodão são representantes de ordens que não são sensíveis às proteínas Cry1. Além disso, esses organismos benéficos são predominantemente predadores e parasitas, e somente em poucos exemplos consomem produtos vegetais (pólen e néctar), e nesses casos o consumo é feito por adultos num estágio de vida quando estas espécies não são sensíveis. Os riscos diretos aos insetos benéficos, portanto, da exposição à proteína Cry1F expressa no algodão do evento 281-24-236 e à proteína Cry1Ac expressa no algodão do evento 3006-210-23, são praticamente desprezíveis. O risco indireto às proteínas Cry1F e Cry1Ac através da alimentação tritrófica com insetos hospedeiros/presa também é não significativo, devido aos baixos níveis de exposição esperados em comparação com níveis de efeitos mostrados com os testes realizados. As margens de segurança apresentadas em estudos de risco são bastante conservadoras, uma vez que são baseadas em níveis de expressão das proteínas na planta, enquanto a exposição secundária seria muito reduzida em alimentação tritrófica.

Baseando-se na análise apresentada, não há preocupações ecologicamente relevantes com o cultivo do algodão 281-24-236/3006-210-23 expressando as proteínas Cry1F e Cry1Ac. Seletividade, vias de exposição e concentrações de exposição restringem os riscos potenciais a insetos lepidópteros diretamente expostos aos resíduos do evento 281-24-236/3006-210-23. Para essa taxa, a probabilidade de uma consequência ambiental adversa é insignificante, como mostrado pelo teste de toxidez de organismos não-alvo, que indicam concentrações com nenhum efeito em doses muito acima das concentrações de exposição ambiental projetada de maneira conservadora. A abundância no campo corrobora a ausência de risco às taxas características nos agroecossistemas de algodão. A experiência com o plantio comercial em outros países corrobora estes resultados experimentais. Nenhum efeito adverso ambiental foi detectado associado a este produto.

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VI. Restrições ao uso do OGM e seus derivados

Pareceres técnicos referentes ao desempenho agronômico concluíram que há equivalência entre plantas transgênicas e convencionais. Assim, as informações indicam que as plantas transgênicas não diferem fundamentalmente dos genótipos de algodão não transformado, à exceção da resistência a insetos. Adicionalmente, não há evidência de reações adversas ao uso do Algodão Widestrike evento 281-24-236/3006-210-23. Por essas razões, não existem restrições ao uso deste algodão ou de seus derivados seja para alimentação humana ou de animais.

Conforme estabelecido no art. 1º da Lei 11.460, de 21 de março de 2007, “ficam vedados a

pesquisa e o cultivo de organismos geneticamente modificados nas terras indígenas e áreas de unidades de conservação”.

VII. Considerações sobre particularidades das diferentes regiões do País (subsídios aos órgãos de fiscalização):

A tecnologia Widestrike evento 281-24-236/3006-210-23 mostrou-se passível de ser utilizada sob todas as práticas agrícolas comumente utilizadas nas diversas regiões e condições, seja disponibilidade de insumos, mão-de-obra, dentre outros, utilizados na cultura do algodão.

Não existem variedades crioulas de algodoeiros e as cadeias de algodoeiros especiais, convencionais e transgênicos têm convivido de modo satisfatório, sem que tenham sido divulgados relatos de problemas de coexistência.

VIII. Conclusão Considerando que:

1. O Algodão evento 281-24-236/3006-210-23 é tão seguro para o consumo humano e animal quanto o seu equivalente convencional.

2. Todas as possíveis interações entre as proteínas Cry1F, Cry1Ac e PAT foram avaliadas a fim de estimar possíveis interações imprevisíveis que poderiam causar efeitos adversos ao homem e animais e todos os resultados deram suporte às evidências iniciais de que o algodão piramidado é seguro sob o ponto de vista alimentar.

3. O Algodão evento 281-24-236/3006-210-23 contribui na redução do uso de inseticidas e consequentemente, reduz os impactos do uso desses agrotóxicos no meio ambiente, na saúde humana e animal.

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4. O uso de tecnologia como o algodão Bt resistentes a insetos pode impactar positivamente a preservação de populações de organismos não-alvo e insetos benéficos facilitando o manejo integrado de pragas da lavoura.

5. O cultivo do algodão evento 281-24-236/3006-210-23 não causará alterações no solo e suas relações ecológicas e funcionais diferentes daquelas causadas pelas variedades convencionais; 6. As proteínas Cry1F e Cry1Ac possuem ação bastante específica e atuam apenas por ingestão em algumas espécies da ordem Lepidoptera.

7. A proteína PAT foi extensamente discutida pela CTNBio durante a analise para liberação comercial do milho Liberty Link, milho Bt 11 e algodão Liberty Link, onde conclui-se que ela não têm potencial tóxico ou alergênico conhecido e que a proteína PAT mostra-se de rápida digestão por enzimas (proteases) do sistema digestivo de animais, eliminando muito o potencial dessa proteína ser alergênica quando consumida.

8. Avaliações das proteínas Cry1F e PAT expressas no evento 281-24-236 e, Cry1Ac e PAT no evento 3006-210-23 não indicam potencial de alergenicidade em produtos alimentícios.

9. O evento produz apenas uma proteína tóxica para alguns insetos-praga do algodoeiro e não possui propriedades alergênicas aos mamíferos.

10. Organismos fonte das proteínas Cry1F e Cry1Ac, Bacillus thuringiensis, e PAT, Streptomyces

viridochromogenes não são reconhecidos como alergênicos.

11. Não há preocupações ecologicamente relevantes com o cultivo do algodão 281-24-236/3006-210-23 expressando as proteínas Cry1F e Cry1Ac, pois nenhum efeito adverso ambiental foi detectado associado a este produto.

12. O Algodão evento 281-24-236/3006-210-23 é nutricionalmente equivalente aos algodões convencionais.

13. A equivalência nutricional e produtiva do Algodão Widestrike foi comprovada em várias pesquisas realizadas nos Estados Unidos e anexadas a este processo.

14. A qualidade nutricional não foi alterada – cinzas, gordura total, umidade, proteína, carboidrato, calorias, fibra bruta, fibra em detergente ácido, fibra em detergente neutro, aminoácidos nas sementes e farelo, ácidos graxos nas sementes e no óleo das sementes, tocoferóis na fração óleo das sementes, antinutirientes nas folhas e botões florais e nas sementes, óleo e farelo.

15. É improvável que o algodão Widestrike evento 281-24-236/3006-210-23 se cruze com parentes silvestres ou gere descendentes híbridos que possam se tornar plantas daninhas à agricultura ou invasoras de habitats naturais.

16. E, finalmente, em função dos dados detalhados apresentados pela empresa solicitante, dos resultados obtidos em ensaios de controle e segurança do organismo geneticamente modificado em questão, dos elementos creditados aos autores de trabalhos científicos citados e da inexistência de

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fatos contrários à segurança nutricional, toxicológica e alergência, por mais que tenham sido investigados:

A CTNBio considera que essa atividade não é potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente ou de agravos à saúde humana e animal. As restrições ao uso do OGM em análise e seus derivados estão condicionadas ao disposto na Resolução Normativa nº 03 e Resolução Normativa nº 04 da CTNBio.

Conforme o Anexo I da Resolução Normativa nº 5, de 12 de março de 2008, a requerente terá o prazo de 30 (trinta dias) a partir da publicação deste Parecer Técnico, para adequar sua proposta de plano de monitoramento pós-liberação comercial.

IX. Referências Bibliográficas

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