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ESTILO DE LIDERANÇA DE TÉCNICOS DE FUTEBOL TECHNICAL LEADERSHIP STYLE IN SOCCER

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Recebido em: 11/7/2011 Emitido parece em: 15/7/2011 Artigo original

ESTILO DE LIDERANÇA DE TÉCNICOS DE FUTEBOL

Vinicius Barroso Hirota1; Luiz Fernando Benevides Silva2; Ademir De Marco3; Carlos Eduardo Lopes Verardi4

RESUMO

Os fatores psicológicos vêm ganhando cada vez mais espaço no âmbito esportivo, é notório o aumento do número de profissionais da área da psicologia inseridos no contexto esportivo. Buscando a melhor compreensão sobre as manifestações de liderança no futebol entre os técnicos das diferentes categorias este estudo teve como objetivos verificar se existe um estilo de liderança preferencial entre os técnicos de futebol e se existe diferença entre o estilo de liderança ideal e real destacado pelos mesmos. Como procedimento metodológico foi adotado a Pesquisa Descritiva (CERVO e BERVIAN, 2004) contando com a aplicação da Escala de Liderança Revisada para o Esporte (ELRE), versões perfil ideal e real, com a participação de vinte técnicos de futebol de campo (n= 20), que atuam em equipes masculinas, na cidade de São Bernardo do Campo – SP. O tratamento dos dados incluiu o cálculo do Coeficiente Alfa de Cronbach para verificar a fidedignidade da escala, e a média dos resultados contando com a aplicação do software SPSS versão 17.0 for Windows. Do total dos participantes 30% possuem a graduação em Educação Física e estão inseridos no futebol a 8 anos, em média, em diferentes funções. Os resultados apontaram o predomínio do modelo de decisão autocrático, contando com um resultado de Alfa de 0.87 no perfil ideal e de Alfa 0.86 no perfil real. Assim, a escala apresenta-se estável e fidedigna. As conclusões deste estudo sugerem que o modelo de decisão autocrático não apresentou diferenças significativas comparadas ao modelo democrático de decisão. Em relação à interação do técnico com o grupo, o modelo situacional se destacou na pesquisa demonstrando que os técnicos consideram os fatores situacionais em suas relações de trabalho.

Palavras-chave: Futebol, estilo de liderança, técnicos.

TECHNICAL LEADERSHIP STYLE IN SOCCER

ABSTRACT

Psychological factors are gaining more space in sports, and increasingly common related professional psychology are inserted in the sporting context. Seeking a better understanding of the manifestations of leadership in football between technicians of different categories this study aimed to verify whether there is a preferred style of leadership among the football coaches and if there are differences between the leadership style ideal and real seconded by same. The methodology used the Search Specification (CERVO and BERVIAN, 2004) relying on the implementation of the Revised Leadership Scale for Sport (ELRE), ideal and real versions Profile, With the participation of twenty football coaches in the field (n = 20), working in teams of males in the City of São Bernardo do Campo - SP, and to process the data we calculated the Cronbach alpha to verify the reliability of the scale, and the average of the results relying on the software application SPSS version 17.0 for Windows. Of the total participants 30% have a degree in Physical Education and are inserted in the football an average of 8 years in different roles and the prevalence of autocratic decision-making model, with an alpha of 0.87 results in the ideal profile and the actual profile of alpha 0.86 , So the scale is stable and reliable. We conclude that the model of autocratic decision not differ very significantly compared to the model of democratic decision. Regarding the interaction with the group of technicians the situational model is highlighted in research showing that technicians take into account situational factors.

Keywords: Soccer, leadership style, technicians. INTRODUÇÃO

O futebol um dos esportes mais atrativos do mundo cresce em popularidade cada vez mais, se tornando um grande fenômeno cultural. Um dos fatores de influência é sua exposição na mídia que

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amplia sua difusão e divulgação estratégia esta que ocorre não apenas nos jogos, mas também com produtos relacionados ao esporte pela influência do marketing esportivo.

Os altos valores financeiros investidos no esporte impressionam a todos, números que não são restritos apenas ao futebol profissional, mas também ao amador e principalmente na iniciação demonstrando todo poder de influência do futebol também entre as crianças. Este fenômeno ocorre não apenas em nível nacional, mas mundial basta verificar os campeonatos mundiais de futebol nas suas diversas categorias (sub-15, sub-17, sub19), por exemplo.

Paz e Hass (2009) salientam que o futebol esta em posição de destaque devido a sua importância social e econômica e pelo fato de envolver vultuosas somas em investimentos, acarreta também exagerado nível de cobrança nas equipes de alto rendimento. No futebol profissional os clubes têm uma intensa busca para um fator de desequilíbrio a favor de suas equipes. Com isso a tecnologia e os profissionais que estão ligados a ela e a ciência vem ganhando cada vez mais espaço, em todos os segmentos esportivos e no futebol isso não é diferente.

Para que o um time consiga resultados satisfatórios é relevante a preparação de um atleta que deve ser composta por alguns fatores: físico, técnico, tático e psicológico. Ainda assim que essas quatro vertentes sejam destacadas pela sua importância, não devem ser desconsideradas suas particularidades (OLIVEIRA et al., 2004).

Hirota et al., (2010) relatam que este esporte e o meio podem determinantes para o surgimento do estresse, pois devido as condições internas (por exemplo a motivação) e as externas (a torcida ou a cobrança do técnico) que envolvem uma pessoa, diversos fatores advindos do meio no qual o indivíduo está inserido, podem representar estímulos potenciais geradores de estresse.

Nesse futebol que fica mais dinâmico e competitivo, o técnico deve utilizar todos os subsídios possíveis para conseguir os melhores resultados. Com isso ele (técnico) ganhou mais importância e espaço, sendo um elemento de destaque nos times (COSTA, 2005). O comando sobre a equipe é outro ponto que deve ser frisado, algo complexo, pois se trata de um grupo com um número elevado de atletas.

As equipes vencedoras vêm atribuindo aspectos como: força do grupo, superação e união, fatores que aparecem em momentos de maior dificuldade (OLIVEIRA et al., 2004). Demonstrando assim, o poder do aspecto psicológico que vem se transformando em um fator preponderante em momentos decisivos dentro de campo. O poder de recuperação, confiança, motivação, determinação são alguns fatores que os técnicos usufruem para obter êxito.

A relação entre o esporte e a psicologia é algo que existe há muito tempo. Segundo Franco (2004) essa ligação entre essas duas áreas puderam ser detectadas em meados de 1896, quando o alemão Karl Gross, já fazia uma alusão há aspectos emocionais que surgem nos jogos como treino para vida diária.

No Brasil a psicologia esportiva teve seu inicio no futebol na década de 50, com o psicólogo João Carvalhaes no São Paulo Futebol Clube e na seleção campeã de 62 (RUBIO, 2003).

Aspectos como liderança com o apoio e orientação de psicólogo é ainda muito pouco utilizado no esporte. Mesmo com a relevância e os resultados que essa ciência proporciona ao esporte.

Perante a importância dos aspectos como motivação e união, a influência de um líder torna-se fundamental na construção de um atleta e de uma equipe vencedora. Nesse papel de líder do grupo está o técnico, que é elemento de grande importância (PAZ e HASS, 2009). Esse perfil de liderança irá ter um papel de valor em qualquer equipe independentemente da idade dos atletas em questão.

Quando o grupo de atletas é formado por crianças ou adolescentes o professor (técnico) é a referência do aluno, constitui o modelo no qual este se espelha. Assim, o perfil de liderança adotado é capaz de influenciar na formação do individuo e na sua prática esportiva.

A liderança é necessária e está presente em todos os grupos e tipos de organização humana, principalmente nas empresas, em cada um de seus departamentos. No esporte verificamos o mesmo processo, seja como técnico, dirigente ou atleta em uma equipe. Numa modalidade individual, isto é, ela é importante em todas as funções onde o líder precisa conhecer a natureza humana e saber conduzir as pessoas (COSTA, 2005).

No âmbito da psicologia, a liderança sempre foi um tema controvertido quando esta ciência é aplicada ao esporte, pois os estudos da área investigam sobre as metodologias possíveis para aplicação

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dos métodos de liderança em suas variadas situações. Por outro lado no contexto da equipe escolar, também fica claro a importância do estilo de liderança do professor como um fator significativo na atuação dos alunos. A liderança é caracterizada de várias formas na literatura.

Jesuíno (1993 apud SAMULSKI, 2002) ressalta a prática da liderança como a intenção do poder de influência. Barrow (1997 apud WEINBERG e GOULD, 2001) afirmam que a liderança poderia ser considerada de forma genérica como um seguimento comportamental de influenciar indivíduos e grupos na direção de objetivos estabelecidos.

A liderança é um fator visto como algo de influência para conseguir determinada meta ou objetivo, assim pode ser considerada como processo interpessoal de onde é necessária uma grande interação, estando diretamente relacionada com a motivação dos atletas (COSTA et al., 2006).

A liderança consiste numa aptidão de qualidades e competências como influência interpessoal, capacidade de comunicação, características individuais que ajudam o grupo a atingir metas e reduzir dúvidas, favorecendo assim a probabilidade de escolha a fim de atingir as necessidades de seus discípulos. Exercendo um poder sobre um indivíduo ou grupo de indivíduos no esforço para a realização de objetivos individuais, do grupo e da organização.

Pode se destacar pontos em comum entre os autores como poder de influência, metas e relações pessoais. A análise da literatura nos permite destacar dois estilos de liderança que são predominantes entre os treinadores, o autocrático e o democrático dois estilos completamente antagônicos.

Liderança autoritária é restrita na competência na determinação das metas a serem alcançadas pelo grupo, promovendo total exclusão dos liderados quanto à participação desses em qualquer tipo de opinião e fixação dos objetivos. Por outro lado, o líder democrático tem preocupação na distribuição de responsabilidades, incentivando os processos de interação de todos os membros do grupo (SAMULSKI, 2002).

O líder determina providências e técnicas para a execução das tarefas, cada uma por vez, na medida em que se tornam necessárias e de modo imprevisível para o grupo (COSTA, 2005). Por esse motivo o conhecimento que o líder deve ter não apenas do grupo, mas de si próprio, também é importante.

O líder democrático já tem como peculiar, a distribuição de responsabilidade, dessa forma incentivando a participação de todos os membros da equipe (SAMULSKI, 2002). Visão muito próxima de Weinberg e Gould (2001, p.220) afirmam que “o técnico grupal ou democrático, tem como característica

resolver o problema em conjunto com os jogadores de forma em que o treinador não influencie na decisão”.

Eberspächer (1982 apud SAMULSKI, 2002) acredita que o líder democrático incentiva a equipe, expondo os problemas por meio de discussão, demonstrando possíveis soluções para os problemas.

Em estudos realizados por Simões et al., (2007) no basquete, foi possível visualizar que o estilo democrático é quase inexistente nessa área de atuação. No referido estudo o estilo autoritário é predominante em times de basquete de ambos os sexos e em escolares.

Sonoo et al., (2008) ressalva nas equipes o estilo de liderança dos técnicos e o autocrático, já nos esportes individuais o estilo democrático predomina. No Campeonato Brasileiro o estilo de liderança que dominava era autocrático (COSTA e SAMULSKI, 2006).

Na literatura pode se detectar que o traço de liderança pode ter uma ligação direta com a personalidade. Leitão (1999 apud SAMULSKI, 2002) afirma que liderança e personalidade estão ligadas. O modo de liderança é algo característico é peculiar de cada professor ou técnico (SIMÕES et al., 2007). Weinberg e Gould (2001) têm uma opinião diferente e acreditam que os líderes têm uma variedade de traços de personalidade. Não há traços específicos que tornem um líder bem-sucedido. Mas na sua maioria tem algumas características: integridade, flexibilidade, lealdade, confiança, responsabilidade, franqueza, preparação, desenvoltura, autodisciplina e paciência.

Rocha e Cavalli (2006) afirmam que para ser um líder efetivo são necessários tanto de suas ações como da percepção de seus liderados. Para Simões et al., (2007) comando da equipe é tão importante que é por intermédio dele que a equipe irá basear seu comportamento. Aspectos como a liderança com o apoio e orientação de psicólogo é ainda muito pouco utilizado no esporte.

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O técnico de futebol é um cargo cada vez mais valorizado. Pois trata se de um profissional que sofre extremas pressões de todos os lados como: dirigentes, mídia, torcedores e até de seus jogadores Becker Jr. (2000 apud COSTA e SAMULSKI, 2006). Para auxiliar o treinador as grandes equipes, formam comissões técnicas com profissionais especializados em diversas áreas, com fisiologistas, médicos, fisioterapeutas, preparador físico e auxiliar técnico (REIS e CAPINUSSÚ, 2004).

Carraveta (2001 apud OLIVEIRA et al., 2004) afirma que treinador é o especialista com maior proximidade com os jogadores, exerce influência na atuação dos mesmos, por vezes é técnico, educador, estrategista, conselheiro e líder. Franco (2000 apud OLIVEIRA et al., 2004) também destaca a função de líder para conduzir as relações de sua equipe.

Rubio (2003) acredita que o treinador de futebol tem o papel de treinar e é visto com a imagem de poder e autoridade formal para escalar, trocar, retirar e afastar. Já Silva et al., (2008) ressaltam que o treinador tem o papel de orientar, ensinar, comandar enfim liderar. Afirmação que assemelha com a ideia de Samulski (2002 apud SILVA et al., 2008) onde o treinador deve saber adaptar se de forma rápida de acordo com a situação.

A utilização da psicologia esportiva no futebol não é algo muito comum no futebol brasileiro. Mas é sempre lembrada quando o clube se encontra em momento difícil (COIMBRA et al., 2008). Como se esse profissional pudesse resolver todos os problemas da equipe.

Quase todos os treinadores enfatizam a importância do trabalho realizado por um psicólogo em sua comissão, porém acredita que esses profissionais não têm conhecimento na área esportiva (COIMBRA et al., 2008).

A liderança é um fator relacionado à psicologia, sendo essa uma das áreas da psicologia que vem ganhando espaço, não apenas no futebol, mas no esporte em geral. Cada vez mais técnicos á utilizam para apresentar melhores resultados.

Felipão é um técnico que acabou se tornado um símbolo de “técnico psicólogo”. Seu estilo de liderança também é um fator que deve ser enfatizado, assim como simplicidade e metodologia utilizada (DRUBSCKY, 2003).

O treinamento psicológico é realizado em sua maioria, sem a utilização do embasamento teórico e sem ser da maneira mais adequada (COIMBRA et al., 2008). Esse é um dos fatores que dificulta aceitação da psicologia esportiva nos times de futebol.

Serpa (2002 apud SONOO et al., 2008) afirma que o desenvolvimento da psicologia, faz com que ocorra uma evolução no estudo do treinador como personagem principal no processo de treino desportivo.

OBJETIVO

O presente estudo teve como objetivos, verificar se existe um de estilo de liderança preferencial entre os técnicos de futebol e se existe diferença entre o estilo de liderança ideal e real destacado pelos mesmos.

METODOLOGIA

Este estudo consistiu numa Pesquisa Descritiva, já que esta observa, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los (CERVO e BERVIAN, 2004).

Contamos com a participação de vinte técnicos de futebol de campo (n: 20), que atuam em equipes masculinas, na Cidade de São Bernardo do Campo, estado de São Paulo, que estão acerca de 6 anos e 5 meses no atual cargo, onde 30% possuem a graduação em Educação Física e estão inseridos no futebol num período de 8 anos, em média, tendo desenvolvido diferentes funções.

Os profissionais analisados são formados ou provisionados, possuindo registro no Conselho Regional de Educação Física – CREF/SP.

O instrumento utilizado foi a Escala de Liderança Revisada para o Esporte (ELRE) (COSTA e SAMULSKI, 2006). Esta Escala (ELRE) contém 60 itens distribuídos em 06 dimensões: Comportamento Democrático ou DEM (12 itens), Comportamento de Suporte Social ou SS (08 itens), Comportamento de Reforço Positivo ou REF (12 itens), Comportamento de Treino-Instrução ou TI (10 itens),

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Comportamento Autocrático ou AUT (08 itens) e Comportamento de Consideração Situacional ou SIT (10 itens).

As dimensões que os grupos de perguntas abrangem apresentam-se da seguinte forma: Treino-Instrução (TI), Suporte Social (SS), Reforço (RF), Democrático (DEM) e, Autocrático (AUT).

Portanto, o documento preenchido pelos treinadores foi composto de duas partes. A primeira parte do documento continha um questionário de identificação no qual foram inseridos os dados profissionais e a experiência do treinador na modalidade. Na segunda parte, os treinadores responderam o questionário com a ELRE versão auto percepção que visa identificar, na visão do treinador, alguns fatores do seu perfil real de liderança.

A partir dos resultados obtidos pela aplicação dos questionários, foi realizada a análise dos dados com o cálculo do Coeficiente Alfa de Cronbach a fim de verificar a validade e fidedignidade da escala e a média total do grupo analisado; foram utilizados os recursos do software SPSS – DATA EDITOR, versão 18.0 for Windows para a realização de todas as análises estatísticas.

Todas as exigências referentes aos preceitos da ética em pesquisa foram consideradas, como a assinatura dos termos de consentimentos das instituições envolvidas nas coletas de dados, e o termo de consentimento livre e esclarecido para os voluntários desta pesquisa. Os participantes cuja idade era inferior a 18 anos, apresentaram o documento devidamente assinado pelos pais ou responsáveis.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em termos da confiabilidade geral dos instrumentos, os resultados apresentam um índice Alpha

de Cronbach de α=0.86 da ELRE utilizadas neste estudo. No perfil ideal obtivemos Alfa de 0.87 e no

perfil real Alfa de 0.86, sendo assim a escala apresenta-se estável e fidedigna.

Os 20 técnicos que participaram da amostra todos apresentavam algum envolvimento anterior com o futebol antes de ser técnico. Podemos identificar no gráfico 2 que 17 dos indivíduos já tiveram participação no esporte como preparador físico, 7 dos indivíduos tiveram vivência como atletas de alto nível, dessa forma esses viveram o outro papel, ou seja, a de liderados. Apenas 01 dos indivíduos foi treinador de goleiros, outro dado é que nenhum dos indivíduos teve a experiência em uma função diretiva dentro dos clubes.

A partir dos dados desta amostra é possível verificar que em sua maioria os técnicos já tinham exercido a função de líder no futebol, entretanto essa liderança foi desenvolvida durante uma função diferente do treinador, mas sim como preparador físico e treinador de goleiro e, possivelmente como jogador. Entretanto esta liderança exercida apresenta grande diferença decorrente da sua função.

Gráfico 1. Formas de Envolvimento dos Técnicos com a Modalidade.

Outro fator relevante é a experiência da função em outras categorias como pode ser visto no gráfico 2, a maioria dos técnicos apresentavam experiência prévia em atuações junto às categorias inferiores como fraldinha, pré-mirim, mirim e pré-infantil em categorias superiores como infantil, juvenil e júnior.

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Gráfico 02. Experiência Profissional dos Técnicos de Futebol.

A tabela 1 representa o nível de auto percepção, ou seja, como os técnicos acreditam desenvolver o seu estilo de liderança.

Tabela 1. Média e Desvio Padrão das dimensões estabelecidas pela Escala ELRE frente a Auto

Percepção dos Técnicos.

DIMENSÕES MÉDIA DESVIO P.

Autocrática 3,33 +0,98 Democrática 2,59 +0,60 Treino instrução 4,32 +0.45 Reforço 4,12 +0,56 Situacional 4,45 +0,33 Suporte social 3,98 +0,98

Quanto ao estilo de decisão o predominante entre os técnicos é o autocrático apresentando o valor de 3,33, já o democrático apresentou o valor de 2,59, dessa forma não existindo diferença significativa. O que demonstra que os técnicos querem uma participação mais efetiva dos jogadores nas decisões da equipe.

Na questão da interação com o grupo, o situacional apresenta o valor de 4,45 o mais expressivo. Dessa forma significa que os técnicos consideram alguns fatores como estágio, maturação, metas, níveis de habilidade e ambiente. Foi possível verificar que na dimensão “treino instrução” também apresentou um alto valor 4,32 o que significa que os técnicos levam em consideração a aquisição de novas habilidades técnicas e táticas da modalidade de forma que (o técnico) poderá estruturar e coordenar melhor as atividades para que se consiga formar uma boa base para o futuro.

A dimensão “reforço” também atingiu um valor relevante de 4,12, o que representa que os técnicos acreditam mostrar-se como encorajador dos alunos quando eles cometem erros, reconhecendo e recompensando os bons desempenhos.

Fiedler (1969 apud SAMULSKI, 2002) conclui que os dois estilos apresentam bons resultados em determinadas situações, assim não é possível estabelecer que um estilo seja mais efetivo do que o outro.

Rocha e Cavalli (2006) confirmam esta ideia e destacam que as diferentes formas de liderança dos técnicos não apresentaram influência no desempenho das equipes avaliadas em estudos.

Nas pesquisas realizadas por Simões et al., (2007), com o basquetebol foi possível visualizar que o estilo democrático é quase inexistente nessa área de atuação. Neste estudo o estilo autoritário é predominante em times de basquetebol, de ambos os sexos e em escolares.

Nos estudos realizados por Sonoo et al., (2008) é ressalvado nas equipes o estilo de liderança dos técnicos, destacando-se o autocrático, já nos esportes individuais o estilo democrático predomina.

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No Campeonato Brasileiro de Futebol o estilo de liderança que dominava era autocrático (COSTA e SAMULSKI, 2006).

Tabela 2: Média e Desvio Padrão das dimensões estabelecidas pela Escala ELRE frente ao “Perfil

Ideal” dos Técnicos de Futebol.

DIMENSÕES MÉDIA DESVIO P.

Autocrática 3,27 +0,76 Democrática 2,9 +0,34 Treino instrução 4,78 +1,12 Reforço 4,56 +0,63 Situacional 4,33 +0,54 Suporte social 3,16 +0,87

Quanto ao estilo de decisão o predominante ideal entre os técnicos é o autocrático apresentando o valor de 3,27 já o democrático apresentou o valor de 2,9, com a diferença não sendo considerada significativa. Outro dado importante é que essa diferença entre o estilo autocrático para o democrático é menor no gráfico 6, dado este que pode indicar que a tendência de que os técnicos querem cada vez mais participação dos jogadores nas decisões de temas pertinentes à equipe.

Em relação à interação entre técnico/atleta o estilo visto como mais adequado é o “treino instrução com valor de 4,78 e demonstrando que os técnicos visam ter uma mudança de modelo já que na “auto percepção” apresentou o domínio do estilo “situacional”. O estilo “treino instrução” foi seguido pelo “reforço” com 4,56, resultados estes que podem indicar o poder de confiança do técnico sobre o atleta.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados obtidos no presente estudo por meio da análise da Escala de Liderança Revisada para o Esporte – ELRE - versão auto percepção, demonstrou que o perfil de liderança dos técnicos nas categorias fraldinha, pré-mirim, mirim, pré-infantil, infantil, juvenil e júnior tem como base no estilo de decisão o modelo autocrático, estes resultados são corroborados por outras pesquisas. Entretanto o modelo de decisão autocrático não apresentou diferenças significativas quando comparado ao modelo democrático de decisão. Estes dados nos permitem inferir que os técnicos preferem jogadores mais participativos inseridos nas suas equipes, para que estes consigam entendê-los e com isto atinjam melhores resultados de maneira crescente.

Ao tratar do perfil ideal, a diferença entre os estilos de decisão, os valores também apresentaram o predomínio do estilo autocrático sobre o democrático.

Em relação à interação dos técnicos com o grupo, o modelo situacional se destacou na pesquisa demonstrando que, os técnicos normalmente consideram fatores situacionais como: tempo, indivíduo, ambiente, equipe e o jogo. Dessa forma preocupam-se com a peculiaridade de cada individuo do grupo e suas características como aspectos táticos, determinação para manter o posicionamento correto na partida, níveis de habilidade e estágios de maturação.

Outro modelo de interação que apresentou um valor relevante na pesquisa foi o estilo “treino instrução”, o que indica que os técnicos participantes do estudo realizam treinos mais exigentes, objetivando a aquisição das técnicas e táticas da modalidade. Diante dos resultados obtidos nesta pesquisa é possível inferir que o modelo que mais se destacou na auto percepção e no perfil ideal dos técnicos foi o treino instrução que é alavancado pelos fortes treinamentos, independentemente da categoria dos atletas.

REFERÊNCIAS

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WEINBERG, S. R.; GOULD, D.. Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício. Porto Alegre: Artmed, 2001.

1

Docente Universidade Presbiteriana Mackenzie – CCBS - Curso de Educação Física;

2

Bacharel em Educação Física pela Universidade Presbiteriana Mackenzie;

3

Professor e Pesquisador da Faculdade de Educação Física da UNICAM

4

Professor Assistente Doutor da Universidade Estadual Paulista (UNESP) Faculdade de Ciências, Departamento de Educação Física, Campus Bauru.

Av. Mackenzie, 905 Barueri/ SP 06460-130.

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