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SINDICATO DOS SERVIDORES PÚBLICOS E AUTÁRQUICOS EM SÃO CAETANO DO SUL

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Academic year: 2021

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SINDICATO DOS SERVIDORES PÚBLICOS E AUTÁRQUICOS EM SÃO CAETANO DO SUL Rua Engenheiro Rebouças, 74 - Seio Caetano do Sul - SP Telefax: (11) 4226.1567 - e-mail: sindserv.scseterra.com.br

NOTA DO DEPTO. JURÍDICO SINDSERV-SCS:

INTERESSADOS:

Empregados Públicos da Administração Direta e Indireta da Municipalidade de São Caetano do Sul

ASSUNTO:

Consulta sobre a legalidade de exigência de indicação de "CID Classificação ou Código Internacional de Doenças" em atestados médicos e odontológicos, a fim de que sejam aceitos para justificativa de falta ao trabalho.

EMENTA:

Recentemente o Colendo Tribunal Superior do Trabalho, nos autos do Processo n° TST-RO-20238-58.2010.5.04.0000, cuja Relatoria coube à Eminente Ministra MARIA DE ASSIS CALSING, assentou o entendimento de que é extremamente abusiva a cláusula de convenção coletiva que exige a indicação do CID em atestado, entendimento com o qual comungamos e, entendemos, plenamente cabível em causas que envolvam direitos individuais, em razão do princípio constitucional da inviolabilidade à intimidade e à vida das pessoas.

Naqueles autos, assim restou justificado:

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A Constituição Federal elegeu a intimidade e a vida

privada como bens invioláveis. Trata-se, pois, de direito fundamental albergado no art. 5°, X, da Constituição

Federal.

A exigência de indicação expressa do CID nos atestados médicos vai de encontro à referida diretriz

constitucional, por se tratar de ingerência na vida privada do cidadão.

Nessa perspectiva, o médico não pode ser obrigado

a colocar o diagnóstico ou CID nos atestados médicos, porquanto tal decisão cabe ao paciente e não ao profissional

de saúde, conforme se depreende da legislação aplicável à espécie (Código de Ética Médica e as Resoluções do Conselho Federal de Medicina). Pode o médico, inclusive, responder por

crime de violação de segredo profissional, capitulado no art. .154 do Código Penal.

Se ao médico não é dado colocar o diagnóstico ou o

CID nos atestados que firmam, salvo em situações excepcionais, não se afigura possível tal exigência por parte da empresa, para fins de validar os atestados médicos a ela

apresentados.

Aliás, ressalte-se que o Ministério Público do Trabalho, nos autos em comento, assevera ser inadmissível a obrigação de identificação do CID para validade dos atestados médicos e odontológicos a ser entregues pelos trabalhadores ao empregador. Os argumentos do Ministério Público do Trabalho foram plenamente acolhidos pela Alta Corte de Justiça Trabalhista:...

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Sustenta o Recorrente (Ministério Público do

Trabalho) que a exigência do preenchimento do Código

Internacional de Doenças - CID vai de encontro à garantia de

inviolabilidade da intimidade e da vida privada das pessoas, prevista no art. S.'', X, da Constituição Federal, além do que dispõe o art. 483, "c", 'V" e "e", da CL T. Alega que tal

procedimento representa conduta ilícita, discriminatória e

abusiva, capaz de gerar situações humilhantes ou constrangedoras aos trabalhadores. Traz, para corroborar, Resoluções do Conselho Federal de Medicina (CFM), nas quais

está prescrita a necessidade de observância ao sigilo médico.

Sustenta que os direitos e garantias ali previstos são assegurados a todos os cidadãos, o que compreende, portanto, os trabalhadores, sob pena de ofensa ao princípio da

dignidade da pessoa humana do empregado.

A rigor da RESOLUÇÃO N° 1.605/2000, do CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, Publicada no D.O.U. 29/09/2000, Seção I, página 30, Retificação publicada no D.O.U. 31/01/2002, Seção I, página 103, temos:

O Conselho Federal de Medicina, no uso das atribuições

conferidas pela Lei n° 3.268, de 30 de setembro de 1957, regulamentada pelo Decreto n° 44.045, de 19 de julho de 1958, e

CONSIDERANDO o disposto no art. 154 do Código

Penal Brasileiro e no art. 66 da Lei das Contravenções Penais;

CONSIDERANDO a força de lei que possuem os artigos 11 e 102 do Código de Ética Médica, que vedam ao médico a

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revelação de fato de que venha a ter conhecimento em virtude da

profissão, salvo justa causa, dever legal ou autorização expressa do paciente,•

CONSIDERANDO que o sigilo médico é instituído em favor do paciente, o que encontra suporte na garantia insculpida no art. 5°, inciso X, da Constituição Federal,•

CONSIDERANDO que o "dever legal" se restringe à ocorrência de doenças de comunicação obrigatória, de acordo com o disposto no art. 269 do Código Penal, ou à ocorrência de crime

de ação penal pública incondicionada, cuja comunicaçõo não exponha o paciente a procedimento criminal conforme os incisos I

e II do art. 66 da Lei de Contravenções Penais,•

CONSIDERANDO que a lei penal só obriga a "comunicação'; o que mio implica a remessa da ficha ou

CONSIDERANDO que a ficha ou prontuário médico não inclui apenas o atendimento específico, mas toda a situação

médica do paciente, cuja revelação poderia fazer com que o mesmo sonegasse informações, prejudicando seu tratamento;

CONSIDERANDO a freqáente ocorrência de requisições de autoridades judiciais, policiais e do Ministério

Público relativamente a prontuários médicos e fichas médicas;

CONSIDERANDO que é ilegal a requisição judicial de documentos médicos quando há outros meios de obtenção da

informação necessária como prova•

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5 CONSIDERANDO o decidido em Sessifo Plenária de

15.9.00,

RESOLVE:

Art. 1° - O médico não pode, sem o consentimento do paciente, revelar o conteúdo do prontuário ou ficha médica. (GRIFAMOS).

Art. 2° - Nos casos do art. 269 do Código Penal, onde a comunicaçâ'o de doença é compulsória, o dever do médico restringe-se exclusivamente a comunicar tal fato à autoridade competente, sendo proibida a remessa do prontuário médico do paciente. (GRIFAMOS).

Art. 3° - Na investigaçâ'o da hipótese de cometimento

de crime o médico está impedido de revelar segredo que possa expor o paciente a processo criminal

Art. 4° - Se na instruçâO de processo criminal for

requisitada, por autoridade judiciária competente, a apresentaçõo do conteúdo do prontuário ou da ficha médica, o médico disponibilizard os documentos ao perito nomeado pelo juiz, para que neles seja realizada perícia restrita aos fatos em questionamen to.

Art. 5° - Se houver autorizaçáO expressa do paciente,

tanto na solicitaçifo como em documento diverso, o médico poderá encaminhar a ficha ou prontuário médico diretamente à autoridade requisitante.

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Art. 6 ° - O médico deverá fornecer cópia da ficha ou

do prontuário médico desde que solicitado pelo paciente ou requisitado pelos Cansemos Federal ou Regional de Medicina.

Art. 7° - Para sua defesa judicial, o médico poderá

apresentar a ficha ou prontuário médico à autoridade competente, solicitando que a matéria seja mantida em segredo de justiça.

Art. 8° - Nos casos mio previstos nesta resolução e

sempre que houver conflito no tocante à remessa ou não dos documentos à autoridade requisitante, o médico deverá consultar o Conselho de Medicina, onde mantém sua inscrição, quanto ao procedimento a ser adotado.

Art. 9° - Ficam revogadas as disposiçdes em contrário,

em especial a Resolução CFM n° 999/80.

Brasília-1)F, 15 de setembro de 2.000.

EDSON DE OLIVEIRA ANDRADE (Presidente)

RUBENS DOS SANTOS SILVA (Secretário-bera/)

Outras Resoluções pertinentes, tais como a RESOLUÇÃO N° 1.658/2000; a RESOLUÇÃO N° 1.665/2003; a RESOLUÇÃO N° 1.715/2004, mais as recentes alterações trazidas na RESOLUÇÃO N° 1.851/2008, publicada no D.O.U. de 18/08/2008, Seção 1, página 256, todas do CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, são taxativas no sentido de que o médico somente poderá estabelecer o diagnóstico, quando expressamente autorizado pelo paciente.

Veja abaixo a reprodução da Resolução supramencionada, n° 1.851/2008,

atentando-se ao que prevê, expressamente, o inciso II, do atrigo 3°:

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RESOLUÇÃO CFM n° 1.851/2008:

Altera o art. 3° da Resoluccio CFM n° 1.658, de 13 de fevereiro de 2002, que normatiza a emissão de atestados médicos e dá outras providências.

O CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, no uso das

atribuiçôés conferidas pela Lei n° 3.268, de 30 de setembro de 1957, regulamentada pelo Decreto n° 44.045, de 19 de julho de 1958, e a Lei n° 11.000, de 15 de dezembro de 2004, que altera a Lei n° 3.268/57 e

CONSIDERANDO que o médico assistente é o

profissional que acompanha o paciente em sua doença e evoluçâO e, quando necessário, emite o devido atestado ou relatório médicos e, a princípio, existem condicionantes a limitar a sua conduta quando o paciente necessita buscar benefícios, em especial, previdenciários;

CONSIDERANDO que o médico perito é o profissional

incumbido, por lei, de avaliar a condiçâO laborativa do examinado, para fins de enquadramento na situação legal pertinente, sendo que o motivo mais freqüente é a habilitaçõo a um benefício por incapacidade;

CONSIDERANDO o Parecer CFM n° 5/08, de 18 de

abril de 2008;

CONSIDERANDO, finalmente, o decidido na Sessiio

Plenária realizada em 14 de agosto de 2008,

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. Art. 1° O artigo 3° da Resolução CFM n° 1.658, de 13 de dezembro de 2002, passa a vigorar com a seguinte redação:

"Art. 3° Na elaboração do atestado médico, o médico assistente observará os seguintes procedimentos:

I - especificar o tempo concedido de dispensa à atividade, necessário para a recuperação do paciente;

II - estabelecer o diagnóstico, quando expressamente autorizado pelo paciente; (6RIFAM05).

III - registrar os dados de maneira legível;

IV - identificar-se como emissor, mediante assinatura e carimbo ou número de registro no Conselho Regional de Medicina.

Parágrafo único. Quando o atestado for solicitado pelo paciente ou seu representante legal para fins de perícia médica deverá observar:

I - o diagnóstico;

II - os resultados dos exames complementares; III - a conduta terapêutica;

IV - o prognóstico;

V - as conseqüências à saúde do paciente;

VI - o provável tempo de repouso estimado necessário para a sua recuperação, que complementarei o parecer fundamentado do médico perito, a quem cabe legalmente a decisão do benefício previdenciário, tais como: aposentadoria, invalidez definitiva, readaptaçdo;

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VII - registrar os dados de maneira legível;

VIII - identificar-se como emissor, mediante assinatura e carimbo ou número de registro no Conselho Regional de Medicina."

Art, 2° Esta resoluçffo entra em vigor na data de sua publicaçâ'o.

Brasília-DF, 14 de agosto de 2008

EDSON DE OLIVIERA ANDRADE (Presidente) LIVIA BARROS GARÇA-0 (Secretcíria-Geral)

CONCLUSÃO:

A exigência de apresentação de atestado médico constando o CID fere preceito constitucional que visa à inviolabilidade da honra e vida privada das pessoas, mais a ditames regidos por Resoluções da Ética Profissional-Médica.

Esta é a opinião conclusiva do Departamento Jurídico do Sindicato dos Servidores Públicos e Autárquicos em São Caetano do Sul — SINDSERV-SCS, representado pelos advogados que abaixo subscrevem,

atenciosamente,

São Caetano do Sul, 11 de novembro de 2015.

JOÃO FLAV O FONTANA

OAB/SP 355142 9

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