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INTRODUÇÃO ANATOMIA DO SISTEMA DIGESTIVO

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Academic year: 2021

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INTRODUÇÃO

As obstruções gastrintestinais por corpos estranhos em cães ocorrem frequentemente devido aos seus hábitos alimentares indiscriminados (NELSON & COUTO, 2001). Segundo estudos, 80 a 90% dos objetos ingeridos passam sem complicações pelo trato alimentar, sendo eliminados pelas fezes (DELGADO et al. 2010), porém muitos objetos ingeridos podem impedir a passagem de alimentos e água ou ficarem aderidos no local ocasionando lesões graves como oclusões (NELSON & COUTO, 2001). Filhotes de cães apresentam propensão em ingerir objetos lineares como barbantes, cordas, panos, elásticos, fios, pedaços de brinquedos, os quais acabam ficando presos na região próxima ao piloro, enquanto o restante vai para o intestino através de movimentos peristálticos (BISTNER & FORD, 1997). O diagnóstico pode ser feito através de um exame clínico se o corpo estranho é palpável, mas geralmente é preciso fazer o exame radiológico. A ultra-sonografia e a endoscopia também são elucidativas em alguns casos (BISTNER & FORD, 1997).

ANATOMIA DO SISTEMA DIGESTIVO

O sistema digestório canino inicia-se pela boca onde, além da língua, há diferentes tipos de dentes (incisivos, caninos, pré-molares e molares). A comida ingerida pelo cão é envolvida pela saliva, produzida pelas glândulas salivares e depois é transportada através do esôfago ao estômago onde ocorre o processo da digestão. A comida será dissolvida no intestino delgado, com as seções duodeno e intestino vazio, através dos sucos de digestão provindos do fígado e do pâncreas. No intestino grosso termina o processo digestivo e as comidas não assimilados farão parte das fezes. (FERREIRA, 2007).

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Figura 1: Sistema digestório canino Fonte: (FERREIRA, 2007)

SINAIS CLÍNICOS

Corpos estranhos encontrados no estômago e intestino provocam vários sintomas clínicos como: vômitos freqüentes, dor, abdômen dilatado, regurgitação, dispnéia, inquietação e letargia, obstrução, colapso da porção distal ao local obstruído, variados graus de erosões, úlceras e rupturas gástricas ou intestinais (DELGADO et al., 2010; NELSON & COUTO, 2001; JONES et al., 1992). Muitas vezes é possível sentir uma massa durante a palpação abdominal (SLATTER, 2003).

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico de corpo estranho é feito através de um bom exame clínico, percebendo se a massa é palpável ou não, exame radiológico, ultrassonografia e endoscopia (BISTNER & FORD, 1997). Quando se utiliza radiografias simples é possível observar a presença de objetos radiopacos nas porções distintas do trato digestório enquanto que em radiografias com a utilização de contrastes verifica-se a presença de objetos radiotransparentes (BRESCIANI et al., 1999).

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TRATAMENTO

Quando há presença de objetos estranhos pontiagudos ou linear estiver causando obstrução gástrica ou intestinal a opção cirúrgica é o método de escolha para remoção dos mesmos (SHUNK, 1990; JONES et al., 1992), devido ao risco de lesão iatrogênica (SLATTER, 2003).

Antes da realização do processo cirúrgico, o animal deve passar por correções metabólicas ácido-básicas e suspensão da alimentação por um período de 12 horas. Após a cirurgia, o animal deve permanecer somente com fluido terapia e o jejum hídrico e alimentar deve ser mantido por um período de 24 horas (FOSSUM, 2005).

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1. RELATO DE CASO

1.1 Anamnese

No dia 22 de outubro de 2013, foi internado na Clínica Veterinária Essencial Vet, um animal da espécie canina, raça Boxer, sexo masculino, com 11 meses de idade e peso de 20 Kg. Segundo relatos do proprietário, o animal estava apático havia 2 dias.

1.2 Exame Físico

Durante o exame físico foi possível observar mucosas congestas, hipotermia, desidratação, auscultação cardiopulmonar sem alterações, sensibilidade abdominal evidente. O animal apresentava-se apático, sendo relatados emagrecimento progressivo, dor abdominal e vômitos frequentes, e a suspeita de ingestão de corpo estranho.

1.3 Diagnóstico

Frente aos achados de exame físico, recorreu-se a exames complementares (hemograma), o qual apresentou alterações em leucócitos totais aumentados, neutrófilos segmentados aumentados, neutrófilos bastonetes aumentados. Nas radiografias simples e contrastadas não houve evidencia de corpo estranho, provavelmente devido ao tempo insuficiente para realização e leitura do exame após a aplicação do contraste. Na ultrassonografia pode-se notar a visão de alças “plissadas” que sugerem a presença de corpo estranho linear obstruindo a luz intestinal. A imagem “plissada” ocorre devido a movimentação peristáltica empurrando o conteúdo distalmente, o que não ocorre devido a obstrução pelo corpo estranho, fazendo com que a parede intestinal apresente um aspecto ondulado durante o exame. Com as observações complementares sugeriu-se a laparotomia exploratória.

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Figura 2: Hemograma Fonte: O autor

Figura 3: Ultrasson com imagem de alças plissadas Fonte: O autor

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Figura 4: Ultrassom com imagem de alças plissadas Fonte: O autor

1.4 Tratamento

Após encaminhamento ao centro cirúrgico, com o animal já preparado de acordo com os procedimentos de assepsia, procedeu-se a realização do seguinte protocolo anestésico:

a) MPA: Tramadol (3mg/ kg / iv) e Midazolam (2,5mg/ kg / iv). b) Indução: Propofol (5mg/ kg / iv)

c) Trans-operatório: Fentanil (5mg/ kg / iv) d) Inalatório: isoflurano.

Com o animal posicionado em decúbito dorsal, procedeu-se a celíotomia ampla, xifo-púbica, observando-se líquido purulento livre na cavidade e alças intestinais “plissadas” com conteúdo rígido dentro do estômago. Utilizam-se afastadores de Balfour para retrair a parede abdominal a fim de aumentar a exposição da cavidade, procede-se a inspeção visual da cavidade segundo BOJRAB et al.1996. Depois de constatar que havia conteúdo estomacal o cirurgião optou por fazer uma gastrotomia.

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Com o auxílio de suturas de fixação no estomago realizou – se incisão gástrica em uma área com pouca vascularização na fase ventral do estomago, entre a curvatura maior e menor cuidando para que a incisão não esteja próxima do piloro ou o fechamento da incisão poderá fazer com que a quantidade excessiva de tecido se inverta no lúmen gástrico, resultando em obstrução de escoamento. A retirada do corpo estranho seguiu-se com a tração da corda que se estendia desde o interior do estomago até intestino. Também pode-se notar que na porção inicial do intestino (duodeno) havia uma ruptura parcial na alça, sendo encontrado mais um metro de corda.

Após ter inspecionado a cavidade e isolado o estomago do conteúdo abdominal com um campo operatório estéril, a parede do estomago foi fechada com material de sutura absorvível 2-0 (ex: vicril, ácido poliglicólico) em um padrão seromuscular inversor de duas camadas. Na primeira camada, incluindo a serosa, camada muscular e submucosa, usando padrão continuo simples e, depois, uma segunda camada com um padrão de Cushing, incluindo as camadas serosa e muscular. Antes do fechamento, a cavidade abdominal foi lavada com solução fisiológica aquecida, os instrumentos e luvas contaminadas por conteúdo gástrico foram substituídos por materiais esterilizados.

O protocolo de internamento foi composto de Ranitidina 2mg/Kg, Tramadol 4mg/Kg, Enrofloxacina 10% 5mg/Kg e Meloxican 1mg/Kg. Foi imposto jejum hídrico e alimentar durante 48 horas e depois desse período o animal começou ingerir pequenas porções líquidas e pastosas. O animal veio a óbito devido a uma peritonite difusa.

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Figura 5: Liquido com pus livre na cavidade Fonte: O autor

Figura 6: Gastrotomia Fonte: O autor

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Figura 7: Retirando o material encontrado no estomago Fonte: O autor

Figura 8: Corda retirada do estomago Fonte: O autor

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Figura 9: Ruptura parcial na alça Fonte: O autor

Figura 10: Corda sendo retirada da ruptura parcial da alça Fonte: O autor

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CONCLUSÃO

O diagnóstico é feito através do exame físico, sinais clínicos e de radiografias simples, as quais permitem evidenciar a presença de corpos estranhos radiopacos, em porções variadas do trato digestório, como também, imagens obtidas com administração oral de contrastes positivos para o diagnóstico de corpos estranhos radiotransparentes.

As indicações mais comuns para gastrotomia são a remoção de corpos estranhos gástricos em cães. Caso seja disponível uma endoscopia, prefere-se uma remoção de um corpo estranho com o dispositivo de captura apropriado, quando possível (FOSSUM et al., 2005).

Antes da cirurgia, devem-se avaliar os desequilíbrios hídrico, eletrolítico e acidobásico, pois um choque hipovolêmico pode se encontrar presente secundariamente a perdas de fluidos ou a redução do consumo alimentar (BOJRAB et al.1996).

Corpos estranhos lineares (fios, faixas de pano) normalmente ficam retidos na cavidade gástrica (piloro), enquanto o restante consegue atingir o intestino através dos movimentos peristálticos. (BISTNER & FORD, 1997).

A técnica apresentada seguiu os padrões citados por FOSSUM et al., 2005, obtendo resultado satisfatório. Porém devido a uma peritonite anterior pelo rompimento da alça intestinal, o animal veio a óbito.

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REFERÊNCIAS

BISTNER, S.I.; FORD, R.B. Hematologia: Interpretação de Achados Laboratoriais. In. Manual de Procedimentos Veterinários e Tratamento de Emergências. Rocca, 6a. Ed., São Paulo, 1997, 611-655.

BOJRAB, M. Joseph et al. TÉCNICAS ATUAIS EM CIRURGIA DE PEQUENOS ANIMAIS. 3.ed. Terceira São Paulo: Roca, 1996.

BRESCIANI, K. D. S. et al. CORPOS ESTRANHOS GASTRINTESTINAIS EM CÃO: RELATO DE CASO INCOMUM. São Paulo: Ars Veterinaria, 1999. Disponível em: <http://www.arsveterinaria.org.br/arquivo/1999/v.15,%20n.3,%201999/160-163.pdf>. Acesso em: 03 nov. 2011.

DELGADO, Vanessa Marques Ferreira et al. RUPTURA DO INTESTINO DELGADO POR INGESTÃO DE CORPO ESTRANHO LINEAR: RELATO DE CASO.

Pernambuco: Universidade Federal Rural de Pernamuco, 2010. Disponível em:

<http://www.sigeventos.com.br/jepex/inscricao/resumos/0001/R0543-2.PDF>. Acesso em: 31 out. 11.

FERREIRA, Eliane; TOLEDO, Miriam. FERRAMENTA DIDÁTICA PARA O ENSINO DO APARELHO. 7. ed. Garça: Revista Científica Eletônica De Psicologia, 2007. 7 p.

FOSSUN, THERESA. W. Cirurgia de pequenos animais. São Paulo, 2° edição, ed.roca, 1100 p, 2005.

FOSSUM, Theresa Welch et al. CIRURGIA DE PEQUENOS ANIMAIS. Segunda São Paulo: Roca, 2005. 715 p.

JONES, J.C., BAIRD, D.K., HUDSON, J.A. What is your diagnosis? Journal of the American Veterinary Medical Association. v. 200, n. 7, p. 1011-1012, 1992.

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NELSON, R. W.; COUTO, C. G. Urolitíase canina. In: NELSON, R. W.; COUTO, C. G. Medicina Interna de Pequenos Animais. 2ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2001. p.506-15.

SLATTER, D. Textbook of small animal surgery.3.ed.Philadelphia: Saunders, 2003. V.2, 2713p.

SHUNK, C.M. Esophagus. Removal of esophageal foreignbodies. In: BOJRAB, M.J. Current techniques in smallanimal surgery. Philadelphia, Lea & Febiger, 1990.Cap. 13. p. 201- 205.

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