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EFETIVIDADE DOS EXERCÍCIOS RESISTIDOS NAS FUNÇÕES COGNITIVAS DE IDOSOS EFFECTIVENESS OF COGNITIVE FUNCTIONS IN RESISTANCE EXERCISES THE ELDERLY

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EFETIVIDADE DOS EXERCÍCIOS RESISTIDOS NAS FUNÇÕES COGNITIVAS DE

IDOSOS

Aline Olivia Ribeiro1, Luciano Camargo Moraes2, Milena Carrijo Dutra3, Guilherme Rodini Zaniboni1, Diego Roger Silva3, Michele Hessel2, Ivan Lima Schonman1.

RESUMO

Objetivo: comparar a capacidade cognitiva de idosos praticantes de exercícios resistidos (musculação), com idosos sedentários. Métodos: foram realizadas entrevistas individuais com os idosos sedentários e idosos ativos na musculação, através do Mini Exame do Estado Mental (MEEM), avaliando suas funções cognitivas especificas como: orientação temporal, orientação espacial, registro de palavras, atenção e cálculo, recordação de palavras, linguagem e capacidade construtiva visual. Participaram do estudo, 85 idosos voluntários entre 60 e 74 anos, 43 praticantes de musculação pelo menos 2 vezes na semana e 42 sedentários. Resultados: Em relação à idade, não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os grupos. O grupo ativo na musculação apresentou maior pontuação no MEEM quando comparado ao grupo sedentário. Conclusão: os idosos praticantes de musculação apresentaram maior capacidade cognitiva do que os idosos sedentários. Este resultado pode ser interpretado como possível benefício desta modalidade de exercício físico na capacidade cognitiva de indivíduos desta faixa etária; porém o grupo ativo apresentou maior nível de escolaridade, sugerindo a necessidade de mais estudos nessa área para tal comprovação.

Palavras-chave: Idosos. Capacidade Cognitiva. Musculação. Sedentarismo.

EFFECTIVENESS OF COGNITIVE FUNCTIONS IN RESISTANCE EXERCISES THE

ELDERLY

ABSTRACT

Objective: To compare the cognitive abilities of elderly individuals who practise resistance exercise (weight training) to the sedentary elderly. Methods: Individual interviews were conducted with elderly who lead a sedentary lifestyle and active elderly on weight training, using the Mini Mental State Examination (MMSE), assessing their specific cognitive functions such as time orientation, spatial awareness, word registration, attention and calculation, recall of words, language and visual constructive capacity. In the study, 85 volunteers aged between 60 and 74 years were interviewed, 43 people who regularly got some exercise, at least twice a week and 42 inactive people. Results: Regarding age, there were no statistically significant differences between groups. The active group had higher scores in the MMSE compared to the ones who have a sedentary lifestyle. Conclusion: The elderly on weight training showed greater cognitive capacity than the sedentary elderly. This result can be interpreted as a possible benefit of this modality of exercise on cognitive ability of individuals in this age group, however, the active group demonstrated a higher education level which suggests the necessity of further studies in this matter so that it can be proved.

Keywords: Elderly. Cognitive Capacity. Weight. Sedentary Lifestyle.

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INTRODUÇÃO

De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) a população brasileira envelhece em ritmo acelerado, estima-se que o número de idosos no Brasil em 2050, corresponderá a 22,71% da população total.

O processo de envelhecimento inicia desde a concepção, e é caracterizado por diversas alterações nos sistemas orgânicos (ZAWADSKI e Vagetti, 2007). Segundo Habiba e Caldas (2008) ocorrem falências progressivas da eficiência fisiológica e cognitiva do indivíduo. O idoso perde parte de suas funções intelectuais e motoras tornando-se dependente para a sobrevivência.

Para Antunes et al., (2006) o sedentarismo na população brasileira, especificamente nos indivíduos idosos, apresenta perigos para a saúde, como por exemplo, o surgimento de doenças crônico-degenerativas, transtorno de humor, diminuindo as funções fisiológicas e cognitivas.

Além dos benefícios físicos, a melhoria na função cognitiva tem sido um aspecto que tem ganhado popularidade. Ainda há controvérsia sobre o assunto, mas estudos têm mostrado que o exercício físico melhora a função cerebral, entende-se assim que pessoas fisicamente ativas apresentam menor risco de apresentarem desordens mentais em relação às sedentárias.

Porém, ainda são poucos os estudos que relacionam os exercícios resistidos com a possível eficácia nas funções cognitivas, ao contrário dos estudos com exercícios aeróbios (HURLEY et al., 1998 apud ANTUNES et al., 2006).

Uma função cognitiva com deficiência pode levar ao risco de quedas em idosos, pois essa função tem diretas relações sobre o controle postural, sendo assim, o treinamento de força é bastante pertinente para aperfeiçoar as funções neuromusculares de idosos, prevenindo a tendência de quedas que estes normalmente sofrem (SILVA e MATSUURA, 2002)

Através destas considerações que norteamos o problema da nossa pesquisa, avaliar a efetividade do exercício resistido na função cognitiva do idoso.

OBJETIVO

O presente estudo tem como objetivo comparar a capacidade cognitiva de idosos praticantes de exercícios resistidos (musculação), com idosos sedentários.

JUSTIFICATIVA

Por meio deste estudo observaremos se os exercícios resistidos na musculação auxiliam na manutenção e/ou melhora das capacidades cognitivas em idosos, sendo que estes apresentam declínio dessas funções decorrente da idade, ainda assim, a atual pesquisa tem o propósito de colaborar para que novos estudos sejam realizados sobre o assunto. Por fim, obter além de melhoras nas capacidades físicas, bons resultados nas capacidades cognitivas através da musculação.

IDOSOS – ENVELHECIMENTO

Segundo a Organização Mundial de Saúde as pessoas com idades de 45 a 59 anos são chamadas de pessoas com meia- idade, entre 60-74 anos são idosos, aqueles com entre 75 a 90 são chamados velhos, e acima de 90 anos muito velhos. (TERNES e ZABOT, 2004).

Tem se comentado muito sobre o aumento do envelhecimento populacional no Brasil. Entre as causas estão à diminuição na taxa de fecundidade, resultado das alterações sociais ocorridas a partir da década de 60 que afetaram o emprego, educação e o casamento das mulheres promovendo profundas alterações na pirâmide demográfica (DIAS, GURJÃO e MARUCCI, 2006).

O envelhecimento é um processo multidimensional com aspectos que se inter-relacionam. Entre os principais e mais importantes estão os fatores biológicos, psicológicos, sociais e de ajustamento a novas situações de vida (ARGIMON et al., 2004).

De acordo com Salvador (2005), Gonçalves e Gurjão (2007) envelhecer é um processo natural do ser humano e caracterizado pela redução das aptidões físicas, surgimento de doenças crônicas e declínio das capacidades funcionais e cognitivas.

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Ainda assim, Souza et al., (2007), em tarefas mais simples, os idosos levam cerca de 50% de tempo a mais que os adultos jovens, e quando as tarefas se tornam mais complexas, esse tempo dobra. Para Aguiar e Pinho (2007), a atividade física previne danos cerebrais e cognitivos que levam a este declínio, pois ocorrem mudanças em áreas específicas de funções cerebrais que são importantes para prevenir o déficit cognitivo e a memória de longo tempo durante o envelhecimento.

CAPACIDADES COGNITIVAS

A função cognitiva ou sistema funcional cognitivo podem ser entendidos também pelas fases do processo de informação, como vigilância, percepção, raciocínio, aprendizagem, memória, atenção, solução de problemas e também o funcionamento psicomotor (tempo de reação, tempo de movimento, velocidade de desempenho) (ANTUNES et al., 2006).

Para Souza et al., (2007), a mecânica cognitiva diz respeito à velocidade e à precisão dos processos elementares de informação sensorial, memória motora e visual, além de processos de discriminação, comparação e categorização.

O déficit no desempenho nas tarefas cognitivas é aumentado pela disfunção no centro executivo da memória operacional que atrapalha o desenvolvimento de estratégias para codificar materiais novos e busca de dados previamente armazenados (FICHMAN et al., 2005).

CAPACIDADE COGNITIVA EM IDOSOS

Para Habiba e Caldas (2008), o declínio da cognição com o decorrer dos anos consiste em lentidão leve, generalizada e perda de precisão, comparando indivíduos idosos com outros mais jovens. O prejuízo de tais capacidades cognitivas acontece por causa do envelhecimento normal ou de um estágio de passagem para as demências.

De acordo com Antunes et al., (2006), as razões que levam ao déficit cognitivo ao longo dos anos ainda não são muito claras, porém têm sido levantados alguns dos possíveis motivos: a redução da velocidade ao processar dados, prejuízos na atenção, déficit sensorial, perdas na função do lobo frontal e na função neurotransmissora, diminuição na capacidade de memória de trabalho, além da deterioração da circulação sanguínea central com o decorrer da idade.

Conforme Silva, Navarro e Campos (2007) a literatura têm demonstrado que existem outros fatores de risco relacionados ao declínio da memória além do fator idade, dentre eles: sedentarismo, baixo nível educacional, falta de prática recente de habilidades motoras e sensoriais, quadros de depressão e ansiedade. E ainda existe mais um prejuízo com a limitação das capacidades de atenção e memória destes indivíduos, a predisposição a quedas. A incidência de quedas em pessoas com distúrbio cognitivo chega a ser duas vezes maior (40 a 60%) do que numa população idosa com funcionamento normal das funções cognitivas (PERRACINI, 2000 apud SILVA e MATSUURA, 2002).

EXERCÍCIOS RESISTIDOS – MUSCULAÇÃO

Conforme Câmara, Santarém e Filho, (2008), os exercícios resistidos podem ser encontrados em estudos como igualdade de “treinamento com pesos”, “musculação”, “treinamento contra resistência”, e “treinamento de força”. Geralmente são utilizados para sua prática pesos livres como halteres, barras e anilhas e equipamentos. Todos os termos para exercícios resistidos descrevem a realização de contrações musculares contra alguma forma de resistência.

A aplicação de exercícios contra resistência tem sido bastante indicada para diferentes populações, principalmente para pessoas jovens ou idosas com ou sem doenças relacionadas. (FARIA e RODRIGUES, 2009).

Os exercícios resistidos melhoram a força, potência, resistência, flexibilidade e coordenação. A resistência é aumentada devido ao treino prolongado de esforços musculares intensos, a flexibilidade, porque aumenta os limites dos movimentos que são solicitados nas amplitudes articulares disponíveis e a coordenação é melhorada pelos exercícios serem amplos e lentos, estimulando terminações nervosas proprioceptoras, responsáveis pelo incremento no equilíbrio, precisão de movimentos e consciência corporal (SANTAREM, 2004, apud TERNES e ZABOT, 2004).

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Segundo Faria e Rodrigues (2009) praticar musculação também aumenta a densidade óssea, massa muscular, taxa metabólica, hormônios anabólicos, gasto calórico, VO2 máximo, limiar anaeróbio, HDL colesterol, sensibilidade á insulina e níveis de endorfinas e auxilia na redução de valores de tecido adiposo, sensibilidade adrenérgica, LDL e VLDL colesterol, triglicerídeos e níveis de cortisol.

BENEFÍCIOS DA MUSCULAÇÃO PARA IDOSOS

Para Dias, Gurjão e Marucci, 2006, a prática do treinamento com pesos para indivíduos idosos consiste numa impor tante ferramenta para a qualidade de vida dessa faixa etária, sendo que há a melhoria da aptidão física e da independência desses indivíduos. Segundo Farinatti e Silva (2007), os exercícios físicos são muitos benéficos na terceira idade, pois previnem deficiências físicas e psíquicas, quando realizados periodicamente.

Segundo Dias, Gurjão e Marucci, (2006), a musculação faz com que o indivíduo aumente sua massa muscular e consequentemente tenha mais força, reduzindo a incidência de quedas, comum em idoso devido ao declínio cognitivo que estes apresentam. Conforme Faria et al., (2003), qualquer alteração que prejudique o equilíbrio, a força muscular e a marcha do indivíduo idoso irão levar à disfunção.

Para Silva e Matsuura (2002), os exercícios resistidos aprimoram sua independência, melhorando a mobilidade e contrabalançando a fraqueza e a fragilidade muscular, podendo ser um método de prevenção por meio de diferentes mecanismos os quais incluem o fortalecimento dos músculos das pernas e costas, melhora dos reflexos, melhora da sinergia motora dos estímulos posturais, melhora da velocidade da marcha, incremento na flexibilidade, manutenção do peso corporal, melhora da mobilidade, diminuição do risco de doença cardiovascular.

Os motivos para esta melhora cognitiva são vários: o aumento do fluxo sanguíneo cerebral e, consequentemente, de oxigênio e outros substratos energéticos devido à melhor circulação e aumento nos níveis de neurotransmissores. Através também de substâncias liberadas na atividade física, que poderiam melhorar a consolidação de memória, podemos citar algumas delas: ÷-endorfina, as catecolaminas, a vasopressina e o ACTH. Heyn, Abreu e Ottenbacher, (2004) em análise, também encontraram expressivo aumento do desempenho físico e cognitivo e mudança positiva no comportamento de pessoas idosas com déficit cognitivo e demência com a prática de exercícios físicos (ANTUNES et al., 2006).

Porém existem poucos estudos sobre os efeitos benéficos dos exercícios resistidos nas funções cognitivas em idosos. Em um destes, Perring-Chiello et al., (1998) constatou que, após oito semanas de exercício resistido em 46 voluntários idosos, houve melhora no bem-estar psicológico, na ansiedade e no funcionamento cognitivo.

De acordo com Cassilhas et al., (2007) em estudo, observou-se que os exercícios resistidos de moderadas e altas intensidades com idosos, em aproximadamente 24 semanas, levaram a melhora da força muscular, ganho de massa magra, melhora no estado de humor e ansiedade. Além disso, seu estudo comprovou que ocorre melhor desempenho cognitivo em idosos submetidos a exercícios contra resistência devido ao melhor fluxo de sangue no cérebro, o que facilita o transporte de nutrientes e oxigênio, auxiliando na aprendizagem e memória, reduzindo a perfusão cerebral.

Para Liu-Ambrose e Donaldson (2009) a maioria dos estudos sobre intervenção de exercício e cognição tem se centrado no treinamento físico aeróbio. Mas outros tipos de treinamento físico, tais como treinamento contra resistência, podem também beneficiar a cognição. Segundo esse autor, três estudos recentes realizados, envolvendo treinamento com exercícios resistidos entre os idosos, comprovaram melhoras cognitivas.

O exercício físico orientado, realizado de forma regular, seja este aeróbio e/ou de força, além de levar a benefícios físicos, pode ser utilizado também como meio preventivo para retardar o déficit de memória em idosos, consequentemente, leva a melhor qualidade de vida desta população, para que ocorra o envelhecimento digno e independente (SILVA, NAVARRO e CAMPOS, 2007).

Assim, a musculação é uma atividade de grande valia para a prevenção da sarcopenia, minimizando as quedas e risco de fraturas em idosos. Para Guimarães e Farinatti (2005) uma baixa função cognitiva pode aumentar o risco de quedas, pois a maioria decorre em função de limitações fisiológicas de equilíbrio, força, ou tempo de reação.

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SEDENTARISMO EM IDOSOS

Segundo Matsudo, Matsudo e Neto, (2001), ocorrem uma diminuição do nível de atividade física com o aumento da idade cronológica, fazendo que o sedentarismo torne-se um fator de risco de morbidade e mortalidade. É essencial a prática regular de exercício físico para minimizar os efeitos negativos do envelhecimento.

Para Antunes et al., (2006), o sedentarismo geral, mais especificamente observado nos mais idosos, representa sérias ameaças, causando o transtorno de humor, piorando nível lipídico, glicêmico e da qualidade de sono gerando o crescimento dos quadros de ansiedade e depressão, diminuindo a autoestima, dentre outros piorando assim as funções fisiológicas e cognitivas do indivíduo.

Os exercícios físicos auxiliam não somente no campo físico-funcional e mental dos indivíduos, mas também na dimensão social, melhorando o desempenho funcional. (ZAITUNE et al., 2007).

Segundo Zaslaysky e Gus (2002), a prática regular de atividade física é importante para a prevenção do declínio funcional melhorando a condição cardiovascular; diminuindo a incidência de quedas, fraturas e prevenindo doenças.

Stuart-Hamilton (2002) citado por Argimon et al., (2004) salienta a relevância da prática de exercitar habilidades tanto físicas quanto mentais como uma forma de preservação dessas habilidades e também de renovação de habilidades supostamente perdidas ou em declínio.

Conforme Busse et al., (2008), os exercícios aeróbicos podem proporcionar vantagem no desempenho cognitivo de idosos sedentários e também prevenir casos de demência. De acordo com Zaslaysky e Gus (2002), a demência é crônica e progressiva, seu começo é caracterizado pela perda gradual da memória e perda de duas ou mais áreas de cognição. Esclarece-se assim que os idosos necessitam da atividade física, seja ela qual for, deixando a vida sedentária para alcançarem melhores condições físicas e mentais.

METODOLOGIA

A amostra foi composta por 85 idosos voluntários, de ambos os sexos, com idades de 60 a 74 anos. Um grupo era composto de 43 idosos praticantes de musculação (no mínimo 2 vezes por semana) (GI) e outro grupo de 42 idosos sedentários, denominado (GC). Os alunos ativos são idosos que já realizam atividades físicas em uma academia de musculação e foram convidados para o GI e os idosos sedentários foram voluntários vizinhos, avós de amigos, ou até mesmo cônjuges de algum voluntário ativo.

A média do tempo de prática de musculação dos indivíduos ativos foi de: 61 meses e a frequência semanal, em média 3 vezes por semana. E os sedentários não praticam nenhum tipo de exercício físico.

Após este contato os mesmo eram orientados a assinarem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

CRITÉRIOS DE INCLUSÃO: Idosos de 60 a 74 anos, sem problemas graves de audição e/ou visão, com idioma português, ser capaz de ouvir e entender o suficiente para participar do estudo e assinar o termo voluntário de consentimento.

CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO: Ter menos de 60 anos de idade ou mais de 74; declarar pessoalmente ou por meio de informante ser portador de deficiência visual e/ ou auditiva muito graves; ser portador de distúrbios cognitivos e/ou doenças mentais que impedissem o entendimento e execução dos procedimentos em teste; idioma materno outro que não o português; dificuldade de movimentar as mãos por doenças reumáticas ou neurológicas.

DESENHO DO ESTUDO

Estudo intervenção controlado com avaliador cego.

PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS

Para medir as capacidades cognitivas foram realizadas entrevistas individuais para os dois diferentes grupos de idosos (grupo 1: sedentários; grupo 2: ativos na musculação). A entrevista foi realizada através do

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Exame do Estado Mental (MEEM), avaliando as funções cognitivas dos dois grupos, este teste foi aplicado por um educador físico que desconhecia os participantes, bem como, o grupo que pertenciam.

MATERIAIS UTILIZADOS

Este estudo foi realizado através do Mini Exame do Estado Mental (MEEM) criado por Folstein et al.,(1975) apud Lourenço e Veras (2006).

Conforme Chaves (2006), o MEEM é um instrumento utilizado mundialmente, possuindo versões em diversas línguas e países. Já foi validado para a população brasileira, o mesmo fornece informações sobre diferentes parâmetros cognitivos, examinando orientação temporal e espacial, memória de curto prazo (imediata ou atenção), cálculo e habilidades de linguagem e viso espaciais.

O MEEM contém questões agrupadas em sete categorias, cada uma delas planejada com o objetivo de avaliar as funções cognitivas específicas, como a orientação temporal (5 pontos), orientação espacial (5 pontos), registro de três palavras (3 pontos), atenção e cálculo (5 pontos), recordação das três palavras (3 pontos), linguagem (8 pontos) e capacidade construtiva visual (1 ponto). O escore do MEEM pode variar de um mínimo de 0 ponto, o qual indica o maior grau de comprometimento cognitivo dos indivíduos, até um total máximo de 30 pontos, o qual, por sua vez, corresponde à melhor capacidade cognitiva (CHAVES, 2006).

Materiais utilizados: o Mini Exame do Estado Mental (MEEM) impresso, caneta, papel e relógio para as coletas de dados dos idosos voluntários.

ANÁLISE ESTATÍSTICA

Foi utilizado o software Excel versão 2003. Foi realizada uma análise descritiva com média, desvio padrão e comparação das médias pelo teste “t” de student para amostras independentes. O valor de “p” foi estabelecido em 0,05.

RESULTADOS

Tabela 1. Média e desvio padrão das características dos voluntários sedentários e ativos na musculação.

Variáveis Ativos Sedentários

Idade (anos) 65,456 + 4,978 64,833 + 4,184 Escolaridade (anos) 9,395 + 4,484 5,643 + 3,312 Pontuação no MEEM 27,767 + 1,770 25,571 + 3,101

Em relação à idade, não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os grupos ativo na musculação e sedentários (p < 0,05).

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O grupo ativo na musculação apresentou maior quantidade de anos de escolaridade do que o grupo sedentário (p< 0, 001).

Gráfico 2. Anos de escolaridade do grupo de idosos sedentários e do grupo de idosos ativos na musculação.

Quanto ao MEEM, o grupo ativo na musculação apresentou maior pontuação quando comparado ao grupo sedentário.

Gráfico 3. Pontuação no Mini Exame do Estado Mental (MEEM) do grupo de idosos sedentários e de idosos

ativos na musculação.

Separando os grupos por nível de formação escolar podemos perceber que:

Os ativos com acima de 5 anos de escolaridade obtiveram 27,89 pontos no MEEM e 11,96 anos de escolaridade em média. E os sedentários com acima de 5 anos de escolaridade obtiveram 27,83 pontos no MEEM e 8,61 anos de escolaridade em média. Não sendo observadas diferenças significativas na pontuação do MEEM.

Os ativos na musculação com até de 5 anos de escolaridade obtiveram 27,92 pontos no MEEM e 3,84 anos de escolaridade. Já os sedentários até 5 anos de escolaridade obtiveram 23,87 pontos no MEEM e 3,41 anos de escolaridade em média. Observando a melhor pontuação no MEEM significativa do grupo ativo na musculação quando escolaridade até 5 anos.

Concluindo assim que: os idosos com maior formação (acima de 5 anos de escolaridade) tanto ativos como sedentários apresentaram aproximadamente os mesmos resultados de pontos no MEEM. Já nos idosos com menor formação (até 5 anos de escolaridade) observamos que a pontuação dos ativos foi maior.

DISCUSSÃO

Podemos observar com este estudo que os idosos, no geral, sejam estes sedentários ou ativos, apresentam perda de atenção, dificuldade de memorização, e redução na velocidade de processar informações, o que está de acordo com (ANTUNES et al., 2006).

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De acordo com os resultados, percebemos que o grupo ativo na musculação conseguiu melhor pontuação que os sedentários, podendo sugerir que indivíduos ativos apresentam melhor desempenho cognitivo que os sedentários, visto que os exercícios físicos protegem a função cerebral dos indivíduos praticantes de exercícios físicos (FARINATTI e SILVA, 2007; COELHO et al., 2009; ANTUNES et al., 2006; STUART- HAMILTON, 2002).

Para Busse et al.,(2008), os exercícios aeróbicos podem proporcionar benefícios cognitivos em idosos sedentários, podendo prevenir a demência. Conforme Liu-Ambrose e Donaldson (2009), os benefícios dos exercícios aeróbios sobre a cognição têm sido mais estudados, mas ressalta que os exercícios resistidos também geram efeitos benéficos nas funções cognitivas.

Segundo Perring- Chiello et al., (1998), após oito semanas de exercícios resistidos com idosos, já se observam vantagens no bem - estar psicológico e funcionamento cognitivo. Cassilhas et al., (2007), percebeu que os exercícios resistidos de moderadas e altas intensidades com idosos, em aproximadamente 24 semanas, levam, além de benefícios físicos, melhora no estado de humor e ansiedade, ligados à cognição, pois os exercícios resistidos levam ao melhor fluxo de sangue no cérebro, o que facilita o transporte de nutrientes e oxigênio, auxiliando na aprendizagem e memória, reduzindo a perfusão cerebral.

Neste estudo, a maioria dos voluntários ativos são praticantes de musculação há mais de um ano, enquanto apenas um deles pratica por menos de um ano. Este fato pode ter levado estes indivíduos a apresentarem melhor resultado cognitivo no questionário do Mini Exame do Estado Mental (MEEM), que em 30 pontos, obtiveram em média 27,76 e os sedentários, em 30 pontos, obtiveram em média 25,57.

Porém, há fatores que podem influenciar na qualidade das funções cognitivas, além do fator sedentarismo. Estes são relacionadas ao ambiente externo, como nível sócio econômico e nível de escolaridade (ZAITUNE et al., 2007; SILVA, NAVARRO e CAMPOS 2007).

O tipo de conhecimento e de informação advindos da cultura, conhecimentos das ações humanas, que são adquiridos pelo processo de socialização do indivíduo, têm relação com a cognição.

Porém, quando analisamos separadamente os grupos por nível de formação, percebemos que o grupo ativo na musculação com até de 5 anos de escolaridade apresentou melhor desempenho no MEEM (27,92 pontos) com diferença significativa em para grupo sedentário (23,87 pontos). Podendo afirmar possível benefício da prática da musculação nas capacidades cognitivas para este grupo.

CONCLUSÃO

De acordo com este estudo, os idosos praticantes de musculação apresentaram maior capacidade cognitiva do que os idosos sedentários. Houve diferença na escolaridade geral dos dois grupos, podendo sugerir que o nível de formação tenha influenciado na melhor pontuação do grupo ativo. Mas no comparativo de idosos com até de 5 anos de escolaridade percebemos a melhor capacidade cognitiva significativa. Este resultado pode ser interpretado como uma tendência benéfica desta modalidade de exercício físico na capacidade cognitiva de indivíduos desta faixa etária. Não podemos afirmar que somente a musculação foi fator para o grupo dos ativos obterem melhor pontuação no MEEM, pois no geral, os ativos na musculação apresentaram também maior nível de formação que os sedentários; os ativos têm em média 9,63 anos de escolaridade e os sedentários 5,64 anos. Sugeri-se mais estudo nesta área, com uma amostragem maior e com mais variáveis controladas, neste caso, nível de escolaridade.

REFERÊNCIAS

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_________________________ 1 Universidade Gama Filho – UGF. 2 Universidade de São Paulo – USP.

3 Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP.

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Referências

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