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O CENTRO DE DOCUMENTAÇAO E MEMÓRIA: DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS DO JUIZADO DE MALLET-PR

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Academic year: 2021

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O CENTRO DE DOCUMENTAÇAO E MEMÓRIA: DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS DO JUIZADO DE MALLET-PR

Área Temática: Cultura

Ana Paula Wagner (Coordenadora da Ação de Extensão) Ana Paula Wagner1 Júlio César Franco2 Palavras-chave: CEDOC, processos judiciários, descrição, Mallet

Resumo: Este trabalho tratará da importância da descrição dos processos crimes de Mallet-PR e a atenção que deve ter por se tratar de um documento histórico de diversos períodos. Serão analisados especificamente os anos 1913 à 1940, dando ênfase na compreensão dos códigos penais brasileiros vigentes para uma descrição mais eficaz para o pesquisador. Este trabalho que é realizado no Centro de Documentação e Memória de Irati visa entender os processos e as épocas possibilitando estudos futuro para quem se interessa na área. Também é posto o papel de quem se responsabiliza por descrever documentos deste porte tendo a consciência do trabalho fundamental que exerce e o que isso irá contribuir para o futuro.

Introdução: O Centro de Documentação e o Mnemósine

O Centro de Documentação e Memória de Irati, localizado na Universidade Estadual do Centro-Oeste, campus Irati-PR, contém acervos de natureza pública e privada doados por pessoas da comunidade acadêmica e externa, prefeituras, comarcas, instituições. No CEDOC/I existe o projeto de extensão Mnemosine. O Mnemosine tem esse nome por conta da mitologia grega na qual Mnemosine era filha de Urano (céu) e Gaia (terra) e esta deusa representava o conhecimento do passado, presente e futuro. O projeto tem como objetivo a capacitação de pessoas para gestão de documentos de valor histórico, preservando assim com a higienização, organização, armazenamento, digitalização e catalogação, podendo por fim disponibilizar os documentos para consulta (BLOG CEDOC/I, 2014).

Na História do Brasil, como qualquer outro país, tem mudanças em suas leis, códigos, e politicas que mudam em função de determinados contextos políticos vigentes. Neste texto, será tratado o Código Penal Brasileiro, e para isso foram utilizados como fonte os processos do Juizado de Mallet (PB003, 1913-2000) de 1913 à 1940, cidade situada no Sudeste no estado do Paraná, que faz divisa com

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Doutora. Docente do Departamento de História da UNICENTRO, campus de Irati. Email: anapwagner@gmail.com

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União da Vitória, Rio Azul e outras cidades, para analisar os períodos de mudança dos códigos penais e sua utilização nos processos.

Ao fazer a descrição dos processos foram notadas mudanças nos artigos do Código Penal Brasileiro que não eram iguais à sentença que continha no processo, e isso nos levou a buscar respostas. Ao procurar os códigos penais do Brasil, com o foco em saber qual estava em vigor nos processos já citados, encontramos o Código Penal da República (Decreto lei 847/1890) decretado por Manoel Deodoro da Fonseca chefe do Governo Provisório da República. Este código foi revisado em 1932, com um decreto de lei (Decreto-lei 22.213/1932) no governo de Getúlio Vargas que consolida as leis penais, com qual não seriam alteradas as do Código Penal em vigor, apenas pelas ineficiências em algumas penas e pelo número grande de lei avulsas que já haviam modificado. Nesse sentido, foi feito este decreto de lei para consolidar o código. Com a consolidação, a obra foi nomeada de Código Penal Brasileiro:

Art.1º Fica aprovado e adotado, como Consolidação das Leis Penais o

trabalho do Sr. desembargador Vicente Piragibe, publicado sob o título Código Penal Brasileiro, completado com as leis modificadoras em vigor, que a este acompanha, subscrito pelo ministro da Justiça. Paragrafo único. A Consolidação, assim aprovada e adotada, não revogará dispositivo algum da legislação penal em vigor, no caso de incompatibilidade entre os textos respectivos. (Decreto 22.213/1932)

Em 1940 é aprovado o novo Código Penal Brasileiro (Decreto-lei 2.848/1940), este que posteriormente é alterado, tendo seus artigos penais renumerados. Este Código Penal foi o mais modificado. Em 1969 foi alterado pela lei no 1001, que implantou o Código Penal Militar (Decreto-lei 1.001/1969), mas não só por essa lei, o Código Penal Brasileiro sofreu inúmeras mudanças durante o período da ditadura civil militar. Apenas em 1984 o Código Penal Brasileiro (Lei 7.209/1984) é revisto e consolidado o código que é atualmente usado.

Iremos nesta comunicação trabalhar com o Código Penal da República (1890- 1932), a consolidação do Código Penal Brasileiro (1932-1940) e Código Penal Brasileiro (1940-1969) e suas mudanças nos processos crime de Mallet-PR, tanto nas sentenças e na aplicação de cada artigo, assim como as mudanças constatadas nos decretos e como isto interfere na descrição dos processos.

Metodologia: A atenção ao descrever os processos

Os artigos nos códigos penais são diferentes, tendo constatado isto no processo “Inquérito 14/1927” (PB003.1/6.1, 1927) no qual o réu foi enquadrado nos artigos 270 combinado com o artigo 271, que pelo Código Penal da República seria “rapto e sedução”, na qual a pena foi reduzida “Si o rapto, sem ter atentado contra o pudor e honestidade da raptada, restituir-lhe a liberdade, reconduzindo-a á casa donde a tirou, ou colocando-a em logar seguro e á disposição da família...” (Decreto-lei 847/1890, Art.o 270 e 271). No Código Penal de 1940-atual esse artigo seria

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“Corromper ou poluir a água potável, de uso comum ou particular...” (Decreto- lei 2.848/1940, Art.o 270 e 271). Este é um exemplo de que para descrever um documento é preciso estar atento no período em que se encontra para não cometer anacronismos.

Analisando este e outros processos durante as atividades de descrição desses documentos é notável que a utilização do nome “Código Penal da República” perpassou 1932. A partir de 1933 começa a ser usado o “Código Penal Brasileiro” em vários processos. Porém, ainda em 1933, em alguns casos, nota-se a utilização do nome anterior. Nos primeiros anos da década de 30 não é muito evidente isso nos processos, pois em suma são inquéritos em que não se enquadram artigos penais.

Resultados e discussão

Para realizar uma descrição é necessário uma certa responsabilidade pois ao analisar o documento será extraído dele informações que o definem. No caso da descrição dos processos um dos pontos que é utilizado para descrevê-lo é a autuação, onde consta o artigo do código penal em que o réu foi enquadrado e quando ocorreu o crime, ao exemplo da tabela abaixo que é utilizada no CEDOC/I.

Código de Referência BR.PRUNICENTRO.(fundo).(série)/(nº do processo) (localização)

Título (título do processo enviado pela comarca ) Data(s) (data de abertura e arquivamento do processo) Dimensão e suporte Ms.(manuscrito) Dat. (datilografado) (no de folhas) Nível de descrição Processo

Âmbito e conteúdo (artigo em que o réu foi enquadrado) Pontos de acesso Nome (réu) (vítima) (outros) Lugar (cidade)

Assunto (crime) (fundo.série/nº do processo.localização)

Nesta tabela estão as informações que são necessárias para a descrição. Na parte “âmbito e conteúdo” é colocada a sentença, dentro dos artigos do código penal. Se a pessoa responsável pela descrição não tiver o conhecimento do código vigente comprometerá as informações sobre o assunto e a sentença, alterando o processo e sua gravidade.

O trabalho para esta descrição exige tempo e concentração para formular um conteúdo descritivo eficaz para o pesquisador, com informações mais objetivas.

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Assim, quem irá trabalhar com estes documentos saberá qual deseja analisar, sem ter que verificar o conjunto do fundo.

Considerações finais

No livro Autos da Memória: a história brasileira no Arquivo da Justiça Federal (SAMPAIO; BRANCO; LONGHI, 2006) é tratado sobre os arquivos do Supremo Tribunal Federal e a importância da preservação da memória nos processos, sendo um dos pontos a descrição dos arquivos para controle e facilidade para os pesquisadores.

A história constitui uma evolução contínua, onde as transformações e modificações do mundo estão inseridas diretamente nos arquivos e no tratamento da informação. O que existe hoje tem sua origem em um passado, e o futuro dependerá do que existe atualmente, sendo os arquivos por sua própria natureza o elo que une o passado ao presente e o presente ao futuro. (BITTENCOURT; MENEZES, 2006. p.55)

Esta tarefa de descrever os processos desencadeia uma preservação da memória que está em cada um destes processos, pois uma vez descrito possibilita a interação mais efetiva com o documento.

Recolher informações para isso é um papel fundamental e cabe ao responsável pela descrição dar o primeiro passo para as pesquisas ao procurar por estas informações sempre estando atento ao período em que se passa o documento para, como dito anteriormente, não cometer anacronismos que irão comprometer a descrição.

Referências:

BITTENCOURT, Solange B.; MENEZES, Rosângela Maria G. L.. Tratamento da Informação da Memória Judiciária. In. Autos da Memória: a historia brasileira no Arquivo da Justiça Federal. Rio de Janeiro: Gráfica da Justiça Federal da 2a Região, 2006.

BRASIL. Decreto-lei n.° 1.001 de 21 de outubro de 1969. Código Penal Militar.

www.planalto.gov.br.

_______Decreto-lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal.

www.planalto.gov.br. .

_______Decreto-lei nº 22.213 de 14 de dezembro de 1932. Aprova a Consolidação das Leis Penais, de autoria do Sr. Desembargador Vicente Piragibe.

www.legis.senado.gov.br. .

_______Decreto-lei n.o 847 de 11 de outubro de 1890. Promulga o Código Penal.

www.legis.senado.gov.br.

_______Redação dada pela Lei no 7.209, de 11 de julho 1984. Código Penal.

www.planalto.gov.br.

BLOG CEDOC/I. Wordpress Blog, 2014. Web:

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Fundo e coleção pública: PB003 – Juizado de Mallet (1913-2000) – Vara Criminal e Anexos. Centro de Documentação e Memória. Unicentro campus Irati.

SAMPAIO, Maria P. F.; BRANCO, Maria S.; LONGHI, Patricia. Autos da Memória: a historia brasileira no Arquivo da Justiça Federal. Rio de Jane iro: Gráfica da Justiça Federal da 2a Região, 2006.

Referências

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