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Ser No Ser - Teorema e Credo Da Vida Humana (AMORC, português)

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c p ü NOc r p

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J

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I

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J

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u l ^ l V

Teorema e Credo

da Vida Humana

(2)
(3)

SER NO SER

Teorema e Credo

da Vida Humana

(4)

SER NO SER

Teorem a e C red o da V id a H u m an a

Z a n e li R a m o s , F. R. C .

COORDENAgÁO E SUPERVISÁO

Charles Vega Parucker, F. R. C. Grande Mestre

BIBLIOTECA ROSACRUZ ORDEM ROSACRUZ, AiMORC GRANDE LOJA DA JURISDIQÁO DE

(5)

Ia Edigáo em Língua Portuguesa outubro 2004

ISBN - 85-317-0179-1

Todos os dircitos reservados pela ORDEM ROSACRUZ, AMORC GRANDE LOJA DA JURISDIQAO

DE LÍNGUA PORTUGUESA

Proibida a reprodugáo em parte ou no todo

Composto, revisado e impresso na Grande Loja da Jurisdigáo de Língua Portuguesa

Rúa N icaragua, 2620 - CEP 82515-260 Caixa Postal 4450 - CEP 82501-970

Curitiba / PR

Tel.: (0**41) 351-3000 - Fax: (0**41) 351-3065 www.amorc.org.br

(6)

A

Indice

Nota de Abertura ... 7 P refacio... 9 Introdugáo...11 P ró lo g o ...19 CAPÍTULO I O Teorema - E n un ciado ... 23 O Teorema - A n álise... 24

Natureza e Estrutura do Ser H u m an o ...30

Fungáo Existencial do Ser H um an o ... 37

CAPÍTULO II O Teorema - A n a lo g ía ...4 7 CAPÍTULO III O Teorema - Corolarios... 55

Relagáo Simplificada dos C orolarios...71

CAPÍTULO IV O Credo - E n u n ciad o ...73

O Credo — C om entarios... 74

No Tempo E tern o... 78

Um Ser Infinito e Vivo...81

Harmonizagáo C ósmica... 85 CAPÍTULO V O Emblema Rosacruz...H7 Capa do liv ro ... 89 Questóes Relevantes... 93 Em S u m a ...109 G lossário...113 Biblioteca R osacruz... 11 7

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Nota de Abertura

A parte principal deste livro está escrita num a linguagem de estilo filosófico e, por isto mesmo, sua leitura pode ser pesada ou difícil para quem náo esteja acostumado a essc estilo. Assim, redigi no final, a partir da página 109, sob o título Em

Suma, um texto em linguagem mais direta e simples,

cuja leitura pode auxiliar a do texto principal. Recomendo q ue vocé leia primeiro esse texto final, por paradoxal e esquisito que isto lhe pareja.

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Prefácio

Este livro é o registro de uma palestra que fiz no ámbito da Ordem Rosacruz, AMORC, apresentando o desfecho da busca que caracterizou precipuamente o sentido da minha vida e minha principal motivagáo e que resultou em minha afiliagáo a essa Antiga e Mística Ordem. Trata-se entáo de um depoimento. E a palavra busca se refere aqui ao empenho de encontrar a melhor idéia possível (no meu caso) sobre o complexo

Deas- U n i verso-Vi da.

O intuito é de ofereccr a compartilhamento, sem nenhum objetivo egocéntrico, a experiencia pessoal dessa busca fundam ental que realmente dá valor superior e sentido sublime á vida como ser humano no m undo. Estas características da referida busca e constatagóes preocupantes quanto ao estado atual da vida humana neste planeta — quanto á mentalidade do ser humano em geral, á poluigáo do nosso h á b ita t, ao so frim en to q u e as d iversas c u ltu ras ou sociedades impiedosamente impóem a muitas pessoas já a partir do seu nascimento - me levam a atribuir especial, forte e fundamental importancia a um esforgo de alcangarmos o grau possível de consenso naquela idéia sobre Deus, o Universo e a Vida.

E digo “grau possível” porque estou cónscio de que isto náo é possível a q u a lq u e r p razo p revisível de modo cabal (a p lic áv el a toda a humanidade) e por via meramente racional, dado que a humanidade está distribuida numa escala evolutiva, fato que torna cada pessoa apta ou náo a compreender e aceitar algum a idéia proposta para aquele consenso - aliás, só saber e determinar qual é a melhor id é ia ...

E acresce que a razáo, apesar de importante e útil como efetivamente é, náo é faculdade que por si só possa levar o ser humano á consciéncia mais profunda e sutil da verdade sobre a sua origem, a sua natureza e o sentido de sua existéncia e de sua vida no mundo.

Resta entáo o que fago com este livro: tentar contribuir para esse consenso num esforgo básico de propor aquela idéia sobre Deus, o

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Universo e a Vida, tal como pude apreendé-la; e nisto tentar contribuir também para desviar a hum anidade da rota de autodestruigáo (neste planeta) em que ela parece se encontrar em decorréncia das idéias que mantém sobre essa questáo fundamental e das atitudes e do comportamento que délas resultam.

Por outro lado, na consciencia daquele processo evolutivo e de minhas lim itag ó es, náo tenho a preten sáo de d esen cad ear a n ecessária modificagáo de idéia. Entendo que essa modificagáo é forzosamente o resultado evolutivo da própria experiencia da vida hum ana (ao longo de sucessivas encarnagóes), pela interagáo da psique de cada individuo com tudo aq u ilo com que ela entra em contato, consciente ou incons­ cientemente, deliberadam ente ou náo, gragas ao processo psicológico e cibernético de vivencia. Sei inclusive que, mesmo que a idéia que aqui proponho (e para a qual náo reclamo originalidade absoluta) fosse “a v erd ad eira”, seria com certeza idiossincrasicam en te rejeitada por inúmeras pessoas.

Náo obstante, entendo também — e tenho recebido disto a confirmagáo de testemunhos espontáneos - que a proposigáo de urna idéia diferente da que certa pessoa esteja mantendo pode atuar em seu caso particular como um toque modificador através da interagáo psíquica já referida. E, como estou convicto de que a idéia que aqui proponho á livre reflexáo de cada leitor pode ter sentido e efeito positivos naquela interagáo e n aq u e le processo evolutivo (in d iv id u a l e so cialm en te), sinto-m e justificado em apresentá-la á sua consideragáo. Oxalá venha eu a ter a alegria de saber que pelo menos em um ou alguns casos essa proposigáo tenha surtido o efeito desejado.

Aliás, reitero a nota da primeira página quanto á leitura antecipada que vocé deve fazer do texto intitulado Em Sum a, á página 109.

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Introdugáo

No desen rolar da busca a que me referí no inicio do Prefacio, apreendi o que assimilei como principios de pensamento, ou seja, fatores de acertó ou que aum entam a probabilidade de acertó no pensamento, corrigindo tendencias do modo natural de pensar que podem levar a equívoco ou erro. No intuito de reforjar o aproveitamento deste livro por parte do leitor que ainda nao tenha atentado para esses principios, passo a apresentá- los.

1. A titu d e M e d itativ a

No contexto deste livro, pensam ento é a atividade psíquica que se efetiva na ideagáo’, esta, por sua vez, consiste no evento da ocorréncia da idéia e no procedimento de seu desenvolvimento. A idéia pode ser adquirida por informagáo. mas, neste caso e estritamente, constitui conhecimento superficial, como algo apenas “agregado" á mente e passível de ser trabalhado intelectualmente. Na ideagáo que aqui se considera c é fundamental — como acentuado no texto principal do livro — idéia é ou se torna um elem ento da psique, algo constitutivo do seu

estado (m odo de e s ta r ), com urna e n e rg ia potencial em efeitos determinantes ou modificadores desse estado psíquico.

A idéia adquirida por informagáo pode se tornar um elemento assim numa psique em condigáo de interagir com ela de modo que resulte em assimilagáo. Mas a idéia mais valiosa e que deve ser fator ou resultado de modificagáo evolutiva da psique deve ser adquirida por meditando. Trata-se de ensejar a ideagáo por atitude mental passiva (iscnta de trabalho intelectual, de atividade mental em pensamento racional e sentimento) e receptiva. Essa atitude propicia inspirando, levando a psique a “se abrir" para influxos de inteligencia superiores e superara restrigáo de seus condicionamentos. Esse fenómeno psicológico de inspiragáo é aqui denominado translucidez e, o conhecimento por ele adquirido, metacogniqdo, como explicado adiante. Em suma, trata-se de “parar de pensar" para intuir.

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Portanto, o primeiro principio de pensamento (ou da “arte de pensar”) consiste cm que a pessoa assum a a atitude m editativa necessária á inspiragao. Inclusive pelo procedimento de transferir para o subcons­ ciente (“jogar para dentro”) a intengáo ou o desejo de intuir e aguardar confiantemente, ocupando-se em qualquer atividade, a conscientizagáo da intuigáo desejada.

2. Conciliagáo de E xtrem o s

Urna das tendencias do nosso modo natural e comum de pensar é a de extremismo. Vale dizer, de nos situarmos numa idéia extremada ou de saltarmos de urna idéia que nos é proposta para urna outra, esta extremada. A observagáo pessoal desta tendencia e a correspondente conscientizagáo da mesma devem levar a urna espécie de “vigilancia” da mente em sua atividade de pensar. Na prática é necessário, como método de trabalho intelectual, estar atento ao processo de ideagáo, de modo a sustar esse extremismo.

M ais do que isto, deve se tornar tam bém método de trabalho intelectual o ter sempre em mente aquilo que na instrugáo rosacruz é chamado de lei do triángulo. Resumidamente e no caso em questáo, trata-se de compor a melhor idéia (razoável e sabia) pela conjugagáo dos aspectos essenciais de duas idéias opostas. Por exemplo, como é tratado neste livro, entre a idéia de mundanismo (dedicagáo á vida material) e a de ascetismo (execragáo dos aspectos materiais da vida hum ana), compóe- se a idéia razoável e sábia numa atitude de vida efetiva no mundo mas voltada para objetivos sublimes - vida m ística, conforme definida neste livro.

(Evidentem ente, náo se trata de ir ao extremo de conciliar, por exemplo, bem e mal. Os opostos a considerar devem ser complementares - e náo absolutamente antagónicos - e o resultado de sua conjugagáo, como foi dito acima, deve ser razoável e sabio.)

3. Consciencia de Significado

Embora a expressáo que dá titulo a este ítem seja evidente, ela se refere a dois aspectos como principio de pensamento: primeiro ao fato propriamente de que o individuo esteja sempre consciente do significado

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das idéias que lhe ocorram, ñas palavras usadas para designá-las (com recurso a dicionário sempre que necessário e a despeito de seu uso corrente, que pode ser equivocado); segundo, á busca desse significado como recurso de “sondagem” (perscrutagáo) de uma idéia ou questáo, com o objetivo de resolvé-la — a questáo — ou conscientizá-la — a idéia - de maneira inequívoca. Aqui, o recurso ultrapassa a consulta a dicionário e necessita o uso do primeiro principio mencionado (atitude meditativa).

Por exemplo, na questáo ou idéia de que “todas as pessoas deveriam assim ilar e assumir a proposigáo do Teorema e Credo da Vida Humana feita neste livro, a fim de contribuírem efetivamente para que a sociedade se tornasse afinal judiciosa, equánim e e felicitante”, cabe sondar entre outros o significado da palavra sublinhada, com recu rso ao primeiro principio. Neste caso ocorre a compreensáo e conscientizagáo de que as pessoas que compóem a hum anidade sáo seres distribuidos numa escala evolutiva, de modo que a pretendida assimilagáo e assungáo daquele teorema nem sempre é possível (lamentavelmente, talvez o seja bem menos do que o desejado), abstragáo feita da possibilidade de equívoco nesse próprio teorema.

Em virtude d este principio, por todo este livro as palavras esp ecífica

e cuidadosamente escolhidas nos dois aspectos supracitados sáo sempre explicitamente definidas e “abuso” do emprego de sublinha, itálico e negrito. E um glossário com essas definigóes é posto á disposigáo do leitor no final do livro.

4. Liberdade de Ideagáo

Mesmo que o pensamento se inicie ou se d esen v o lv í a partir d e uma

idéia adquirida e por mais importante, notoria, respeitável que seja sua fonte, deve-se p ensar com lib erd ad e. p erso n alidade, de m an eira autónoma. Isto se deve a que o maior valor do pensamento náo está na aquisigáo de cultura e sim na alim entacáo do processo evolutivo da psique, inclusive pela propiciagáo da m etacognigüo. Portanto, deve-se questionar sempre e mesmo ousar duvidar. ainda que de si para si mesmo,

fora d e qualquer situaqao d e debate ou con ñ ito declarad o. E claro, porém, que isto excluí relativam ente a aquisigáo e o uso de conhecimento científico, erudito ou técnico, que implica estudo especializado.

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(Alias, espero que seja esta a atitude de qualquer leitor deste livro. Em meu livro anterior, O Espirito do Espago, chamei isso de “jogar lenha na fogueira”- o que interessa nao é a lenha em si, mas o calor e a luz que sua queim a proporciona.) Passo agora a um outro assunto preliminar.

Id é ia , A titu d e , C o m p o rtam en to

No Prefacio, fiz referencia á constatagáo de falta de consenso na hum anidade quanto á idéia de Deus, do Universo e da Vida (o que inclui a idéia do ser humano quanto á sua própria natureza e ao sentido de sua vida). E acentuei a importancia de se buscar esse consenso. A razáo disto assenta na relagáo de conseqüéncia entre estes tres fatos: idéia,

atitude e com portam ento. Com efeito, toda idéia, conforme aqui defino

idéia — simplificando, urna energia psíquica — tende a estabelecer urna atitude específica (predisposigáo psíquica em determinado sentido), a qual tende a condicionar um comportamento (agáo ou reagáo). Isto pode ser representado assim;

id é ia

-(Energia psíquica)

ATITUDE

(Predisposigáo)

I--- COMPORTAMENTO

+

(Agáo ou reagáo)

E evidente a sucessáo de idéia, atitude e com portam ento, representando a relagáo de conseqüéncia mencionada acima. A linha tracejada fechando o circuito sugere o fato de que o comportamento do individuo participa em sua vivencia, da qual pode resultíír influencia na idéia ou m odificado da mesma, e assim por diante. Tem-se entáo o ciclo psicológico pelo qual se desenrola a evolugáo da psique, o que vem reforgar a importancia de trabalharm os individualm ente a idéia referida no inicio do texto relativo a este tópico. Cabe ressaltar que esses trés fatos - idéia, atitude e comportamento — sáo também relativos á índole de cada individuo, em fungáo das características de sua psique no ponto ou grau de sua evolugáo.

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Na hum anidade, segue-se evidentemente a suma importancia do empenho coletivo na busca da consonancia de idéia que nos falta e que causa básicamente muitos de nossos problemas, conflitos e transtornos. Isto levanta o problema d e ...

Dissensáo Filosófica e Necessidade Psicológica

O adjetivo filo só fico significa relativo á Filosofía ou aos filósofos. Neste sentido, tem o caráter de um estudo especializado e académico, erudito, que escapa á experiencia da maioria das pessoas.

O adjetivo psicológico significa relativo ou pertencente á Psicología ou

concernente aos fa tos psíquicos, segundo a ciencia dos fen óm en os psíquicos e do com portam ento. Neste sentido e a rigor, tem também o caráter de um estudo especializado e académico, que escapa á experiencia da maioria das pessoas.

Entre parénteses, ambos estes estudos escapam a minha própria experiencia. Por isto mesmo passo a d th n u filo s o fa e psicología filo só fico

e psicológico, tais como estes termos sao empregados neste livro.

Filosofía — A idéia pessoal sobre Deus, o Universo e a Vida, e o decorrente modo de viver, com seus valores, gostos, interesses e objetivos - seja essa idéia conscientizada e deliberadamente expressa em palavras ou náo.

Filosófico - R elativo a filo so fía. tal como definida acim a. Vale acrescentar que, neste sentido, a filosofía de um dado individuo constituí precipuamente o seu modo de pensar, mesmo que a idéia básica desse pensamento náo esteja conscientizada.

Psicología — Modo pessoal de entender a própria psique em suas fungóes - independente de estudo - determinado e condicionado pelas características da psique pessoal e em fungáo da evolugáo da mesma. Também predisposigáo psíquica — atitu d e — para agáo e reagáo ou interagáo - comportamento - caracterizando a índole do individuo.

Psicológico - Tudo o que é relativo á psique, que se refere á sua atividade ou ao seu funcionamento.

Ora, dissensáo significa básicamente divergencia de opiniáo. ou seja, falta de consenso, de concordancia de idéia. Atentando entáo para a hum anidade como conjunto de individuos diferenciados entre si,

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percebem-se neste problema de dissensáo dois aspectos: o filo sófico e o

p s ico ló g ico, ambos ligados á índole e á evolugáo psíquica de cada individuo.

Entáo, se existem na hum anidade varias, ou muitas e diferentes filosofías, náo podem estar todas certas, náo podem ser todas verdadeiras! O melhor que se pode adm itir é que todas tenham um ou mais pontos de veracidade em comum (o que talvez náo seja verdadeiro.. Segue- se que nenhum a filosofía deve nem pode prevalecer universal e defini­ tivamente, por imposigáo. Mesmo admitindo por hipótese que uma das filosofías existentes fosse “a verdadeira”, a tentativa de sua ímposigáo iría necessariamente redundar e esbarrar em conflito psicológico dañoso a todos os individuos que náo pudessem ou náo quisessem aceitá-la. Dentre esses individuos, aqueles que fossem levados a duvidar de sua própria filosofía mas náo pudessem ainda compreender e adotar a “filosofía certa” seriam mais ou menos gravemente atetados de modo negativo e sofreriam disturbios psicológicos.

Em suma, por neeessidade psicológica, relativamente a equilibrio e b em -estar - e, em alg u n s casos, até m esm o a san id ad e m ental (normalidade psíquica) —é importante que cada individuo possa manter sua filosofía, rejeitan d o livrem ente q u a lq u e r outra que lhe seja apresentada, na m edida em que lhe desagrade ou o afete de modo perturbador e ameagador. Afinal, em matéria de evolugáo (mudanga progressiva para mais e melhor) náo é possível dar “saltos”.

Por outro lado, considerando -se a h u m an id ad e em geral e a neeessidade evolutiva dos individuos em particular, é importante que cada filosofía tida como “m elhor” - mais correta ou mais avangada na visáo de alguém - seja apresentada e proposta á livre considerado dos individuos em geral, no intuito de beneficiar e ajudar aqueles que estejam sendo interiormente premidos pela neeessidade psicológica de modificar sua filosofía num sentido evolutivo — que sejam buscadores. Ai está o espirito que motiva e rege a idéia deste livro. É válido e necessário discordar no aspecto filosófico da idéia de alguma pessoa (ou instituidlo), mas cumpre respeitar no aspecto psicológico seu direitoesua neeessidade de manter essa idéia. Náo cabe, portanto, discuti-la ou tentar converter a pessoa a uma outra idéia.

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Idealismo Versus Realismo

Aqui está mais um conflito de idéias por extremismo, que requer conciliagáo de opostos.

Com efeito, para o idealista, a postura realista é inferior porque lim itada c limitante, miope e esta gnante. Para ele, a atitude realista é tam b ém rep ro vável por ser co n fo rm ista, dado q ue ac e ita sem q u estio n am en to e em penho de m udanga as regras e os valores estabelecidos. O realista é tido como retrógrado e alheio ou prejudicial ao progresso. Real é aquilo que de fato existe concretamente e no presente, mas que nao é necessariamente bom e náo deve ser necessariamente definitivo, ao passo que ideal é aquilo que pode vir a existir concretamente, corrigindo os defeitos do real.

Para o realista, a postura idealista é reprovável e mesmo desprezível, justamente porque está “fora da realidade”; por conseguinte, é prejudicial á vida na realidade. que, em última análise, é o que necessariamente prevalece. O idealista é um “sonhador inútil" que em nada contribuí para o bem-estar real da humanidade. Ideal é aquilo que só existe na idéia, que é im aginário, ao passo que real é aquilo que existe de tato, cuja existencia é verdad eirá.

Para resolvermos esta pendencia pela conciliagáo destes dois opostos, temos de superar o “versus” e suprim ir o “ista”. No primeiro caso, precisamos claramente assumir a postura de conciliar os dois opostos, pela conjugagáo razoável dos aspectos essenciais de seus significados. No segundo, basta-nos atentar para o fato de que qualquer postura “ista” é ou tende a ser extremada, radical, intolerante c adversa ao salutar empenho de harm onía e avango.

No pensamento de um ideal, temos o aspecto e tato positivo de cogitarmos urna situagáo (e vida) futura que venha corrigir algo que na situagáo (e vida) atual náo seja bom ou náo esteja bem. No pensamento do real, temos o aspecto e fato positivo de atentarmos para a situagáo (e vida) atual de modo a náo tendermos a fugir psicológicamente para urna situagáo (e vida) futura que só exista na imaginagáo.

Fazemos a necessária conciliagáo combinando os aspectos c íatos

positivos de ambos os opostos: devenios viver realísticamente no presente o melhor possível, mas estudando e contemplando idealmente um futuro

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que melhore ainda mais esse presente. O real é o “solo firm e” e concreto em que podemos e precisamos caminhar, trabalhando para modificá-lo na dire^áo do ideal, que é o “farol” que guia nossa víagem nessa dire^áo.

Isto parece evidente e notorio, mas o fino é que tenho ouvido a respeito de pessoas que nutrem e sustentam idéias como as que compóem a tese deste livro a crítica maldosa e pejorativa de que elas sao “idealistas” no sentido de “sonhadoras” ou “voadoras”. A verdade, porém, é que elas estáo usando de sabedoria para cogitar um ideal que nortcie o esforgo de mudar o real para um real melhor e superior.

H á casos em que essa crítica tem caráter egocéntrico. As pessoas que a fazem estáo psicológicamente bem na realidade que vivem atualmente e temem a possível mudanza para um ideal que nao entendem e que, pelo que im aginam , viria privá-las de sua seguranza psicológica e de seus prazeres atuais. Nao há o que fazer nesses casos, mas, fora deles, pode-se por exemplo expor num livro como este um ideal que venha nortear a vida hum ana para urna realidade melhor e tendente a urna realiz a d o sublime.

Assim sendo, este livro expóe sim um ideal, porém, sem extremismo nem devaneio e na esperanza (pelo menos) de que ele contribua para a necessária o rien tad o da vida hum ana no sentido daquela realidade m elhor e tendente a urna re a liz a d o sublim e.

Isto posto, creio agora que “o cenário está pronto” para a apresentagáo do Teorema e Credo da Vida H um ana e passo a fazé-la a partir do prólogo, a seguir.

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Prólogo

No Prefacio, fiz referencia ao processo evolutivo que caracteriza o sentido e a fungáo da existencia e da vida do ser humano. Por definigáo, entáo, esse processo se desenrola em etapas — já que evolugáo é mudanga gradativa para um estado mais avangado. Uma dessas etapas é a que, na tradigáo mística, recebeu o nome de despertar.

A alegoria, aqui, assenta no fato constatado de que o ser humano é inicialm ente inconsciente de sua verdadeira e mais profunda natureza e da fungáo maior e final de sua vida no mundo. Específicamente, assume a esse respeito uma das idéias do contexto social e cultural (inclusive a fam ilia) em que recebe m aior influencia, principalm ente mas náo exclusivamente em seu período de formagáo. Chega entretanto uma etapa daquele processo evolutivo natural, interior e inconsciente, em que ele “estranha" a idéia assumida por essa influencia, o que marca o comego daquele despertar.

Vários eventos aparentemente fortuitos váo levando o individuo á conscientizagáo desse despertar, acabando por marcar este fenómeno ao longo de sua vida. Um desses eventos é a leitura “eventual" de algo relacionado com aquela questáo do sentido e da fungáo da existencia e da vida do ser humano. As vezes, essa leitura apenas apresenta e enfatiza a questáo; outras vezes, propóe além disso uma resposta para ela. No meu caso e como razáo parcial da escolha do título deste livro (Ser no Ser), há dois desses marcos de despertar que sáo interessantes como Prólogo, ainda m ais que um deles é um exccrto de uma pega de Shakespeare, H amlet, e prólogo é justamente uma cena introdutória numa pega dessa natureza. Passo entáo a apresentar este primeiro marco de despertar, no seguinte monólogo de Hamlet:

Ser ou nao ser; eis a questáo: Se é mais nobte sofrer m entalm ente Os aqoites de atroz fortuna,

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Ou a rm a rse contra um m ar de perturbagóes E, opondo-se a elas, findá-las. Morrer: dormir; Nada mais; e por um sono dizer que jindam os A angustia e os m il choques naturais

De que a carne é herdeira, é urna consumando A ser ardentem ente desejada. Morrer, dormir; Dormir, talvez sonhar; ah, ai está o problem a; Pois, nesse sono de morte, que sonhos poderáo vir? Qtiando tiverm os desvendado esse m ortal enigma, H averemos de ter descanso: há o respeito Que torna calamitosa essa vida tdo longa; Pois, quem suportaría os fla gelo s do tempo,

A iniqüidade do opressor, a insolencia do hom em orgulhoso, As afligóes do am or despiezado, a protelagdo da lei,

A injuria das obrigagoes, e o despiezo Que o paciente m érito sofre dos indignos, Quando a própria pessoa poderia sua vida cessar Com um m ero punhal? Quem suportaría fardos, (¡em endo e sitando ntima vida exaustiva.

Sendo porque o m edo de algo após a morte, Da regido desconhecida de cujasfronteiras Ncnhum viajante retorna, confunde a vontade, E nos faz antes suportar os males que tem os Que fu g ir para outros que deseonhecem os? Assim a consciencia nos torna todos covardes E assim, a tonalidade natural da re sol u gao E esm aecida p elo pálido matiz do pensamento, E em preendim entos de grande arroubo e importancia Com esta considerando seu desenrolar extraviam E perdem o nom e de a gao. Mas, tranqüiliza-te! Bela Ofélia! Ninfa, em tuas oragóes

Sejam todos os m eus pecados lembrados.

Este monólogo e famoso pelo menos em seu primeiro verso. Nele, Shakespeare - ou, considerada a controversia existente, Francis Bacon

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levanta a questáo mas náo propóe solugáo para ela, cxceto pela idcia de suicidio, logo “esm accida’pelo medo do desconhccido no estado post m ortem . Este tipo de marco de despertar como que alimenta o fogo da ansiedade de conhecermos afinal a razáo de ser da nossa existencia e da nossa vida; dá renovado ímpeto á busca e ai está sua importancia. Neste livro, o que fago é expor a solugáo que encontrei para o dilema apontado por Hamlet.

O utro m arco de d esp ertar, para m im , foi a le itu ra do livro

Spar\enbroke, de Charles Morgan, na juventude. Ao que me lembro, Sparkenbroke era o nome de urna familia rica da Inglaterra, que possuía urna mansáo numa enorme propriedade, na qual havia inclusive um túmulo da familia.

Certa vez, algum personagem do livro e membro da familia, muito jovem, passou a noite dentro do túmulo, vivendo entáo urna experiencia muito forte, relacionada com o enigma shakespeariano.

E, na lapide que ornava a entrada desse túmulo, lia-se a seguinte inscrigáo - conforme me lembro déla:

Algum m ortal em m eio a humana lida, Lamenta acaso quem aquí repousa?

Chora o ten próprio exilio e deixa a minha vidal Com a térra por m áe e o sono por esposa, O frio s ventos hibernáis, correi,

Que a primavera, aqui, tem ¡m ortal guarida. Quem bate? O rei.

Quem hesita? Um im bécil.

Aqui senti entáo um louvor, náo específicamente á morte, mas á vida como estado de ser superior á existéncia física no mundo. Daí á procura de um entendimento superior ao destes dois marcos de despertar — ainda que reforjada por eles — foi urna persistente continuaqáo da busca, alim entada aqui e ali por outros desses marcos, de diversas fontes.

Por conseguinte, a razáo de ser deste livro (como da palestra que o originou) assenta precipuamente no impulso solidario de compartilhar, m enos estas duas ex p erien cias em p articu lar e m ais o que cías

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representaram como marcos de despertar na saga da busca do sentido superior da nossa vida.

Com efeito, em última análise, estamos todos de fato “no mesmo barco”; o problema é que nao estamos “remando no mesmo sentido nem no mesmo ritmo”. O resultado é o freqüente extravio do barco, além de estarmos enfrentando o “mar de perturbaqoes” e sofrendo “a angustia e os choques na turáis de que a carne é herdeira”.

H A M U IT O T E M PO — desde nossos prim ordios — estam os “remando esse barco de modo caótico”. Por quanto tempo mais vamos

contin u ara “remá-Jo assim" ? P iorainda: por quanto tempo mais vamos poder continuar a fazé-lo?

Ai está justamente a importancia vital de buscarmos respostas para as questóes que afligem ou mesmo aturdem os “hamlets” e os “sparkenbrokes” existentes de fato nos buscadores já despertos, a fim de que possamos afinal “descansar desse mortal enigm a”.

E vale acrescentar e lembrar que o processo é evolutivo; tem muitas etapas e, neste prólogo, estamos abordando táo-somente a primeira: o despertar. Neste paira constantemente a questáo fundamental de Hamlet:

ser ou nao ser? E a resposta que proponho neste livro e já revelada no seu título é: ser no SER!

(24)

C

apítulo

I

O T

e o r e m a -

Enunciado

Em sentido absoluto, o nada é um absurdo.

Em esséncia, tu d o é um S er ú n ico, tra n scen d en te, etern o, in fin ito e vivo: o Ser.

No universo, tu d o - coisa, ser vivo ou fen ó m en o - é m an ifestagáo tem pora l e esp acial d e atributos d esse Ser E ssencial, m ediante atualizagáo das p oten cia lid a d es de sua natureza.

S om en te o Ser E ssencial é su b stan tivo em natureza. Todas as suas m a n ifesta goes, q u e co n stitu em o U niverso e a Vida, sáo v erb os.

O ser h u m a no é verbo. Emana d o Ser Essencial, efetiva- se n ele, para fu n g ó es da Vida d e le . A vida d o ser h u m a n o é p a rte da Vida d o Ser E ssencial e subsidiária a esta.

(25)

O

T e o r e m a-

Análise

* * *

Em sentido absoluto, o nada é um absurdo.

* * *

É absurdo aquilo que é contrário á razáo, que fe re o principio fundamental da lógica no empenho ou na tentativa de pensar a natureza da realidade.

Com efeito, é um contra-senso admitir-se a existéncia de algo que constitua inexisténcia absoluta. Nada só pode ter sentido relativo as facilidades de percepgáo e cognigáo do ser humano, limitadas como sao em sua natureza vinculada a condigóes de tempo e espago. Entáo:

* * *

Em esséncia, tudo é um Ser único, transcendente, eterno, inñnito e vivo: o Ser.

* * *

De fato, náo podem existir dois ou mais seres, pois, que haveria entre cíes? Nada? Logo,é válido,consoante com as leis da razáo, com a lógica, admitir-se o principio de que tudo é um único ser!

Isto pode ser adequadamente simbolizado por um círculo. Realmente, o círculo é urna figura geométrica que se caracteriza por um conjunto de pontos referidos a um centro, do qual partem raios iguais (como o que está indicado na figura) em todas as diregóes, abrangendo todos os pontos no ámbito do círculo. G ráficam ente, a circunferéncia

d elim ita o círculo no espago, porém, simbólicamente, por analogía, mesmo assim ele se mostra adequado para representar a idéia ora considerada de que tu d o tem esséncia e existéncia — portanto, origem. duragáo e fim - num único Ser (“dentro" dele).

Os pontos do círculo, como elementos de sua composigáo e de expressáo de suas

(26)

dos atributos do Ser Essencial c devem ser entendidos como “cintilantes”, já que tem cometo, duragáo e fim, na Vida Eterna e In finita do Ser Essencial.

Isto pode ser visualizado assim:

As figuras 2a a 2d devem ser vistas como representativas de diferentes graus de intensidade e diversificado da manifestagáo de atributos do Ser Essencial, desde seu estado primordial e subjacentc de potencialidade (figura 2a), sempre presente. Interessante considerar o fato sugestivo de que o estado potencial do Ser Essencial é aqui representado pela cor prcta do centro do círculo em todas as figuras, dado que o preto constituí ausencia de cor no sentido físico, aqui representando a transcendencia

(27)

Cada ponto desse círculo simbólico representa algum a coisa, algum

ser v iv o, ou algum fe n ó m e n o que podemos perceber, ou conhecer indiretamente, ou ainda algum a atualizagáo de potencialidade do Ser Essencial que transcenda nossas facilidades de percepgáo e cognigáo.

E esse Ser único é, em esséncia. necessariam ente transcendente,

metafísico; nao pode estar sujeito as limitagóes ou restrigóes de tempo e espago. De lato, se ele tivesse tido comego, no tempo e no espago, que teria havido antes dele? Nada? Se viesse a ter fim, no tempo e no espago, que haveria depois dele? Nada?

Assim, o Ser Essencial, por ser metafísico, nao tem duragáo no tempo nem extensáo no espago. E agora, sempre: eterno; está aq u i, sempre: é infinito. Isto o torna transcendente também por ser inacessível á razáo hum ana, as faculdades de percepgáo e cognigáo do ser humano.

O Ser Essencial é incognoscível em sua esséncia!

Nao obstante, esse Ser Essencial é vivo: realiza em atividade os

atributos de sua natureza; manifesta ou atualiza suas potencialidades, isto é, torna-as efetivas em agóes mediante energías, a varios níveis e em diversos

cam pos. P o ten cialid ad e é ju stam en te isto: poténcia ou poder de manifestar, o que requer, ao que se constata indiscutivelmente, energia,

aquilo que tem a potencialidade de produzir forga, o fator natural de atividade ou de oposigáo a atividade, de movimento ou de oposigáo a movimento.

Energia é o fator necessário de existéncia e vida.

E a energía primordial imánente ao Ser Essencial é diversificada em vários campos, consistindo cada um deles num ámbito de atividade de energia e manifestagáo (Vida do Ser). Assim:

* * *

No u n iverso, tu d o — coisa, s e r vivo o u fe n ó m e n o — é m a n ifesta gá o tem p o ra l e esp a cia l d e atrib u tos d e s s e S er E s s e n c i a lm ed ian te atu a liz a gá o das p o ten cia lid a d es d e sua natureza.

* * *

Portanto, criagáo é um absurdo!

(Ou a unicidade do Ser Essencial é falsa e o nada tem existéncia absoluta!).

(28)

Em sentido absoluto, nao há nem pode haver criagáo; somente m a n ife sta d o de atributos, atualizagáo de potencialidades, do Ser Essencial, nele próprio!

E tudo é meio; nada é Fim.

N ada tem ou pode ter finalidade em si mesmo. O universo de m anifestagoes do Ser E ssencial (ou, sim plificando, o U niverso) é composto de coisas, seres vivos e fenóm enos, O Ser Essencial e o Universo constituem a R ealidade, o conjunto de tudo o que existe. E:

Coisas sáo elementos da Realidade que náo manifestam fungóes biológicas (vida).

Seres vivos sáo elementos da Realidade que manifestam fungóes biológicas (reinos vegetal e anim al).

Fenómenos sáo elementos da Realidade (fotos, even tos) causados por relagóes (interagóes) e eventos (agóes), internos ñas coisas e nos seres e

ex tern o s e n tr e eles (forgas, m ovim entos, im p acto s). Podem ser perceptíveis ou náo pelo ser humano e compreensíveis ou náo para ele. Tais relagóes e eventos ocorrem necessariamente segundo leu naturais.

(Leis naturais sáo relagóes sistemáticas e irrevogáveis de cansa e efeito

ñas m anifestagoes de energías - por exemplo, a lei da gravidade.

Segue-se que o U niverso é um sistem a cib e rn ético, vale dizer, automático, autocontrolado e autodirecionado para um fim próprio da sua natureza mediante leis naturais cujo conjunto constituí a sua L ei. Este é o sentido, neste livro, da expressáo Lei do Universo ou, mais simplesmente, da referencia á Lei, que aqui náo tem conotagáo alguma de decreto.)

Exercício

Em qualquer situagáo de sua vida no mundo, sempre que lembrar, mantenha “nos bastidores” ou “no plano de fundo” da sua mente a consciencia dessa idéia fundamental de que tu d o éu m Ser único, essencial, transcendente esem pre onipresente e de que tudo (inclusive vocé mesmo) é manifestando tem poral e espacial, efemera, de sua potencialidade.

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É possível que assim vocé propicie um dia a ocorréncia dessa consciencia como um sentí m en tó di reto (maravilhoso!), em cognicáo intuitiva capaz de am p liar e aprofundar sua vida no mundo, situando- a no contexto sublim e da V ida do Ser Essencial no Universo. Esse sentimento poderá ser especialmente valioso em momentos ou períodos de crise, tensáo, angustia, tedio, etc.

Algumas situagóes seráo especialmente apropriadas para isso, como a de passear a sos e em silencio numa praia deserta ou num bosque, numa zona de mata, por exemplo. E importante que vocé tente entáo se colocar em atitude contemplativa, isto é, passiva, sem estar pensando ou analisando objetiva e racionalmente as coisas e os eventos ao seu redor e sem estar pensando algo passado, presente ou futuro.

Vocé poderá reconhecer aqueie sentimento intuitivo na consciencia sutil e espontánea de que por trás de tudo o que estivcr percebendo objetivamente estará urna PRESENLA transcendente e essencial, bem como de que tudo — seja coisa, ser vivo ou fen ó m en o — teve a mesraa origem que vocé e tem o mesmo sentido existencial que vocé, de ser fungao da natureza desse Ser Essencial, fenómeno na Vida dele. Isto será particularm ente significativo em situagóes que incluam outras pessoas.

E esse sentimento há de ser fator positivo de evolugao de sua idéia sobre o universo e a vida em geral, bem como sobre a sua vida em particular, acarretando evolugáo correspondente em sua atitude e seu comportamento para com tudo.

Voltando ao Teorema:

* *■ #

S om en te o Ser E ssencial é substantivo em natureza. Todas as suas m a n ifesta gó es, q u e co n s titu em o U niverso e a Vida, sao verb os.

* * *

Ser-substantivo: Que é ser em si mesmo; que tem realidade própria,

essén cia em si m esm o.

S e r -v e r b o 1. A gáo, estad o , a tu a liz a c a o de p o te n c ia lid a d e do ser-substantivo.

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Relativamente ao Ser Essencial, tudo é fenómeno - verbo. Os fatos físico s — no sentido estrito de eventos observáveis — e as coisas sao

fenóm enos que atu aliz am p o ten cialidades do Ser E ssencial sem apresentarem as fungóes biológicas próprias dos seres vivos — vida no sentido estrito de tais fungóes. Os seres vivos sao fenómenos que atualizam potencialidades do Ser Essencial apresentando fungóes biológicas - metabolismo, crescimento, sensibilidade e reagáo a estímulos, adaptagáo ao meio, reprodugáo, etc. — mediante um organismo. Por isto podem ser entendidos e designados como fenómenos de ser, em comparagáo e diferenciagáo com as coisas e os fen óm en os puram ente físicos — sem vida.

* * *

O s e r h u m a n o é v e r b o . E m ana do^ S er E ssencial, e fetiv a -se n ele, para fu n c ó e s da Vida d e le . A vida do s er h u m a n o é p a rte da Vida do S er E ssencial e subsidiaria a esta.

* * *

Portanto, o ser hum ano é fen ó m en o de ser e a fm alidade de sua existéncia como tal nao pode ser a sua própria vida no mundo (!) - que é restrita e efémera - e sim a de que através déla se cumpra alguma fungáo superior, sublime, transcendente, da natureza do Ser Essencial, na Vida dele próprio (i.e., do Ser Essencial).

Assim, o ser humano é um vetor de atualizagáo de potencialidades do Ser Essencial no Universo. Simbólicamente, consideremos a figura 3.

Vetor é, gráficamente, um segmento de reta orientado, urna seta como a que aparece na figura 3. E usado para representar forga, que, por sua vez, é atualizagáo de energia potencial. E justamente neste sentido que o ser humano é um vetor na Vida do Ser

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(Esta imagem é forte e já sugere em que sentido o ser humano deve de preferencia orientar sua vida no mundo.

O sentimento decorrente do exercício já proposto acrescenta um fator emocional de motivagáo para essa orientagáo. ao fator racional da idéia expressa no enunciado do Teorem a da Vida H um an a aqui apresentado.)

Scguem-se as questóes de saber o que é o ser humano como tal vetor e de que modo se cumpre sua fungáo na natureza e na Vida do Ser Essencial, como vamos agora estudar.

Natureza e Estrutura do Ser Humano

Quanto a natureza, bási­ camente, já foi dito: fenóm eno na Vida do Ser Essencial, em co n traste com a id é ia ou concepgáo do ser hum ano como ser propriamente, com realidade original e perene e finalidade de existencia em sua própria vida no mundo e fora ou “acim a” deste. Sua estrutura. á sem elhanga do que ocorre com o Ser Es­ se n c ia l, é tr íp lice e tem a

com posigáo necessária ao Figura 4

cum prim ento de sua fungáo

existencial. Com efeito, pode-se reconhecer no Ser E ssencial, por inferencia e sim plificagáo, a estrutura tríplice representada na figura 4.

Em (1), centro do círculo, tem -se a n atu reza absoluta do Ser E ssen cial, tran sc en d en te, in co gn o scível em si m esm a, m as in- d iretam en te cognoscível (d ed u tível) em suas m an ifestagoes no Universo. Em (2), o círculo in term ed iário , um segundo elem ento

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c stru tu ral, prim eiro nivel de m an ifestad lo , tam bém m etafísico e co n cretam en te in co g n o scív el em si m esm o. Em (3 ), o círcu lo e x te rio r, um te rc e iro e le m e n to e s t r u t u r a l, seg u n d o n iv e l de m an ife sta g áo , físico , c o n c re tam e n te co g n o scív el e no q u a l se desenrola a vida do ser hum ano no m undo e se m anifesta todo o universo de coisas, seres vivos e fenóm enos.

(E claro que esta classificagáo ou divisáo estrutural do Ser Essencial é relativa as faculdades de percepgáo e cognigáo do próprio ser humano.)

No ser humano, tem-se a mesma estrutura (com referencia a mesma figura). Em (1), a natureza transcendente do ser hum ano, neces­ sariamente nucleada no Ser Essencial (o nada é um absurdo...): a alma.

E ai que a natureza do ser humano é urna fungáo incognoscível da natureza do Ser Essencial e sua vida no mundo é um aspecto da Vida dele. Em (2), a psique hum ana - o espirito, o eg o, a m ente - metafísica, mas indiretamente cognoscível pela manifestagáo de suas fungóes (como a inteligencia, a sensibilidade, a capacidade de expressáo e comunicagáo) mediante um organismo físico em (3), onde se tem o ser humano no mundo, em corpo, situagáo em que ele é um sistema psicofísico através do qual se manifestam atributos (se atualizam potencialidades) do Ser Essencial no campo material da Realidade, segundo a Lei.

Entre parénteses:

Neste ponto, é interessante que sejam definidas duas nogóes que já foram citadas: a de cam po e a de sistema.

Campo: Espago ou ámbito de atividade, manifestagáo, atualizagáo de potencialidade energética. E fácil entender e assim ilar esta nogáo considerando-se urna barra imantada, um ímá, situado sobre o tampo vazio de urna mesa, no centro do mesmo. Ao se aproximar desse ímá um prego (por exemplo), há um ponto em que ele é súbitamente atraído para o ímá e nele se encosta com algum impacto. Repetindo-se essa operagáo á volta do ím á e marcando-se os pontos a partir dos quais o prego se desloca até ele, obtém-se um círculo com o próprio ímá como seu centro. Aparentemente, nada existe nesse círculo; entretanto, nele

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está presente a energia própria do magnetismo do ímá e á qual se deve a agáo de deslocar o prego.

Sistema: Conjunto de partes ou elementos coordenados e correla­ cionados entre si e considerados como formadores de um todo funcional situado em algum am b ien te, com o q u al pode trocar in fluen cias específicas c recíprocas. O corpo humano, por exemplo, é um sistema orgánico situado neste mundo e guardando reciprocamente com ele relagóes diversas. Uma m áquina é um sistema mecánico que executa uma ou mais operagóes específicas, em fungáo tías relagóes dinámicas de suas partes, e do sistema por elas formado com o ambiente onde ele se encontra.

De modo geral, pode ser tida como sistem a, para fins de estudo, qualquer coisa considerada como unidade funcional em si mesma e ñas suas relagóes com o ambiente onde exista ou se encontre.

Voltando a abordar a na­ tureza e a estru tura do ser humano, no empenho de dar resposta á questáo de saber o que ele é, consideremos agora, específicamente, a psique hu­ mana (nivel ou fase 2 da es­ trutura geral do ser humano), c u ja e s tru tu ra é tam bém tríplice (figura 5).

— A fase 1, nuclear, pro­ funda, essencial, é a metafase

(combinagáo de meta, prefixo Figura 5 indicativo de transcendencia.

com fa se, termo designativo de nivel ou elem ento de composigáo cstrutural); suas fungóes, por serem transcendentes, náo podem ser diretamente observadas, mas podem ser inferidas, ou conhecidas por intuigáo ou m etacognigao (conhecimento direto por via metafísica).

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- A fase 2, interm ediaria, é a fase propriam entepsíquica, intelectual - a m e n t e -que atualiza ou efetiva os influxos da metafase e da fase 3 em efeitos racionais e emocionáis; é a sede das fungóes mentáis (razáo e emogáo) e constitui o ego humano.

- A fase 3, superficial, sensorial, é aquela pela qual sao observadas e empregadas as funcóes do corpo ñas suas relagóes internas e com o ambiente (o mundo).

A seta que parte de (1) e causa efeito em (2) indica um influxo metafísico na psique. A seta que parte de (3) e causa efeito em (2) indica um influxo sensorial na psique. As duas setas paralelas e em sentidos opostos indicam interagáo da psique com o mundo.

A psique hum ana, portanto, pode ser entendida como um sistema composto de tres níveis:

1) O nivel transcendente, constituindo a m etafase (potencialidade de inteligencia do Ser Essencial presente no ámago da psique) — a

alma.

2) O n ivel psíquico, constituindo a fase propriamente psíquica (a mente subjetiva, sede de eventos racionais e em ocionáis, da consciencia subjetiva) — o espirito, o ego humano.

3) O nivel sensorio, constituindo a fase perceptiva sensorial (a mente objetiva, sede de eventos sensoriais, da consciencia obietiva através das fungóes do corpo, dos sentidos).

E conveniente, aqui, a definigáo de consciencia'.

Trata-se de evento psíquico que ocorre como um sentimento na psique (fase 2) sobre algum a realidade (objetiva ou subjetiva, material ou im aterial, ou mesmo im aginaria). Guarda correspondencia com essa realidade e constitui, portanto, o conh ecim en to da mesma. Pode ser autoconsciéncia. como sentimento de algum evento interior na psique.

E conhecim ento é idéia ou representacáo mental de alguma realidade de que se toma consciencia direta ou indiretamente. Existem varios tipos de conhecimento, conforme o meio ou método de sua obtengáo e a base de pensamento que lhe atribui validade:

Científico - Obtido por observagáo ou constatagáo objetiva. Tem na experimentagáo controlada seu instrum ento de verificagáo, estudo e desenvolvimento da idéia representativa do conhecimento. Tem caráter

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intelectivo, no uso da lógica aplicada á programagáo e aos resultados da experim entado. Embora nao prescinda necessariamente da in tu id o , principalmente no tocante a descobertas, náo assenta metodológicamente sobre esta.

Filosófico - Obtido por pensamento. Tem na lógica seu instrumento de verificad o , estudo e desenvolvimento da idéia representativa do conhecimento. Tem caráter intelectivo, no uso da lógica para eJaboragáo e v alid ad o do pensamento. Embora náo prescinda necessariamente da in tu id o e da observado, principalmente no tocante a premissas, náo assenta metodológicamente sobre estas.

Intuitivo — Obtido por in t u id o . Embora náo prescinda neces­ sariamente da observaqao e do pensam ento, náo assenta metodológicamente sobre estes. Requer atitude m editativa (de passividade in telectu al), condigáo ou estado em que a p sique v ia b iliz a o influxo da fase transcendente de sua tríplice constituido (a fase 1) em sua fase intelectiva (a fase 2), disto resultando o conhecimento como afloramento sensível, ao campo intermediario da psique, de algum a apreensáo direta (porvia m etafísica): metacognigáo.

Observacáo importante:

A lógica consiste na operagáo mental de raciocinio, na fase subjetiva da psique, mediante encadeamento de idéias por sucessivas relagóes de conseqüéncia. evidentes ou demonstráveis, que levam de uma premissa a uma conclu sü o. Embora seja muito importante na vida hum ana em geral e na concepgáo da Realidade em particular...

... a lógica nao é prova suficiente de verdade!

Pode apenas orientar o desenvolvimento de um raciocinio e verificar sua corregáo, estabelecendo assim a possível validade do pensamento de que decorra uma idéia. Um argumento pode ser lógicamente válido, mas falso no tocante á verdade. Segue-se que, quanto á busca da verdade. destes tres tipos de conhecim ento, os dois p rim eiros, ain d a que importantes e necessários, sáo inferiores ao terceiro, porque:

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- o conhecim ento científico faz abstragáo da realidade trans­ cendente do Ser Essencial e da fungáo superior e transcendente de metacogniqao da psique, lim itando-se aos resultados que a observagáo e a lógica permitem;

— o conhecimento filosófico assenta precipuamente sobre a razáo mediante a lógica, tendendo assim a fazer também abstragáo da

fungáo su p erior e tra n scen d en te de m etacogn i (¿lo da psique e a lim itar seus resultados — idéias — ao que a lógica permite (a menos, é claro, que se amplié ou estenda a definigáo de filosofía).

(Assim foi que, durante muito tempo, o ser humano manteve como verdadeira a idéia de que o Sol girasse em torno da Terra! A observagáo e a lógica se conjugavam neste sentido, já que o Sol surgia ao alvorecer no Leste, ascendía a um apogeu ao meio-dia e descia ao entardecer no Oeste, ocultando-se e deixando a Terra escura até o alvorecer seguinte. Lógicamente, a Terra escurecia porque o astro luminoso estava “dando volta” ao nosso planeta “por baixo’' dele.)

E xercício

Sempre que lembrar, mantenha “nos bastidores” ou “no plano de fundo” da sua m ente a consciencia da idéia de que a passividade intelectual propicia a m etacogniqao, o conhecimento ou a ideagáo por

intuiqao. Isto será particularmente útil quando vocé precisar ter uma idéia para resolver um problema, expressar um pensamento ou um sentimento, iniciar ou dar continuidade a um raciocinio, achar um objeto perdido, etc. Será entáo indispensável que ponha sua mente num estado passivo, de receptividade, meditativo. Se vocé conseguir essa passividade intelectual por apenas um segundo (ou fragáo), sob a motivagáo do intuito do momento (um dos casos acima indicados ou outro), a metacognigáo ocorrerá naturalm ente, o que náo acontecerá se sua mente se mantiver em estado de esforgo intelectual para o mesmo fim. Aliás, isso é o que “todo mundo faz” naturalmente, ñas circunstancias aqui indicadas. Mas a consciéncia disso pode tornar o recurso mais eficaz.

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Duas outras definigóes se impóem agora, dada a referencia a verdade

e idéia.

Verdade: Em sentido absoluto, a natureza intrínseca da Realidade ou de qualquer um de seus aspectos ou elementos (independentemente da humana concepgao). A natureza intrínseca do Ser Essencial e de suas m an ifestare s. E incognoscível, já que o conhecimento hum ano tem necessariamente natureza relativa e a natureza intrínseca da Realidade é necessariam ente transcendente (m etafísica); constitui o A bsoluto. inacessível á pcrceptividade e a racionalidade do ser humano.

De modo relativo (de conhecimento), verdade é a “m elhor idéia” sobre a Realidade ou algum de seus aspectos ou elementos - no sentido de ser a idéia que guarde a melhor correspondencia com a natureza intrínseca do aspecto ou elem ento da Realidade considerado ou da Realidade como um todo — ou seja, a idéia que expresse ou represente a melhor correspondencia entre o que se pense e sinta a respeito de alguma realidade e o que ela de fato seja.

Idéia: Urna nogáo comum de idéia é a de representado mental de algo (concreto ou abstrato), com natureza intelectual, com o caráter puram ente racional atribuido ao pensam ento e geralm ente (quase necessariamente) expressa através de palavras.

Urna outra nogáo se impóe, por excmplo, pela observado de que muitas vezes ocorre que alguém tenha urna idéia. sinta-a em sua mente, mas nao consiga expressá-la verbalmcntc. A idéia existe e representa mentalmente algo (concreto ou abstrato), mas tem a natureza de um sentimento (aqui sem conotagáo emocional nem moral; mais como urna espécie de sensagáo).

Segue-sc o reconhecimento de dois tipos de idéia: um, racional, que resulta de um pensamento que se dcscnrola como num jogo verbal “m ecánico” de “arm ar palavras”; o outro, sensitivo, que resulta de um sentimento (mais urna vez, sem conotagáo emocional nem moral), de um evento psíquico que ocorre como urna sensagáo na mente subjetiva, embora guardando relagáo com algo exterior a ela e assim o representando, independentemente de expressáo verbal.

(A importancia disto está em que, como veremos achante, na busca da verdade já mencionada c no sentido relativo de verdade. será mais

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importante e eficaz a idéia que tenha caráter racional e sensitivo, como é próprio das nogóes obtidas por conhecimento intuitivo ou m etacogm qáo, p o rq u e...

... idéia é fator intrínseco de atitude e comportamento.

I)o ponto de vista de c o n sc ie n c ia , id é ia foi d e fin id a como representado mental, verbalizada ou náo. Aqui é preciso entende-la como energía psíquica, com a potencialidade de desencadear na psique um estado de predisposigáo ou propensáo, de impulsao para determinado tipo de agáo ou reagáo, o que caracteriza atitude. Esta, por sua vez, condiciona ou predeterm ina o correspondente com portam ento, a correspondente agáo ou reagáo.

Segue-se, é claro, que. quanto mais a idéia que um individuo faga de sua natureza e da fungáo de sua vida na Vida do Ser Essencial íor relativam ente verdadeira, m ais ele terá atitude e com portam ento propicios ao cum prim ento dessa fungáo e ao aperfeigoam ento da sociedade. A relevancia disto é evidente e pode ser estendida á necessidade de consenso na hum anidade quanto áquela idéia. Lamentavelmente, o que se constata é bem diverso disto: vivemos em situagáo de conflito de idéias a esse respeito, o que vem dificultar seriamente ou mesmo impedir o esforgo de organizar ou modificar a sociedade humana de maneira que ela se torne equanim e, pacífica e fator coadjuvantc do empenho individual de propiciar o cumprimento daquela fungáo superior.)

Fungáo Existencial do Ser Humano

Como já foi dito, o ser hum ano é um vetor de a t u a liz a d ° de potencialidades do Ser Essencial, um fen óm en o de ser por mcio do qual se cumpre alguma fungáo superior, sublime, transcendente, da natureza do Ser Essencial, na Vida deste.

Essa fungáo, também já toi dito, transcende a natureza e a existéncia do ser humano em sua tase egóica (a fase 2 da psique), bem como sua vida no mundo, embora se cumpra através délas (!).

(Intercssante, aqui, esclarecer um aspecto particular do significado de transcender, que designa o fato de ultrapassar, de passar além de. No

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contexto deste livro, nao se trata de “contornar e ir mais longe” ou “passar por tora de c ir além ” e sim de “passar através de e exceder”.)

Qual será essa fungáo? Nao é possível ao ser humano saber, já que o Ser Essencial é incognoscível em natureza. A tentativa de analisar c expressar essa fijngáo em termos de consciencia (autoconsciéncia do Ser Essencial), por exemplo, é atraente, mas corre-sc o risco de equívoco por antropomorfismo (a trib u id o de características hum anas ao Ser Essencial). M elhor deixar a questáo assim, como o fascinante m isterio da natureza e da Vida do Ser E ssencial (que, alias, será fascinante e n q u a n to p e r s is tir com o m is te r io ) . E m ais s e g u ra e b asta a com penetrado de que nos destinamos ao cum prim ento dessa fungáo, por forga da Lei. Importa-nos, porém, refletir sobre como (de que modo) ela se cumpre, para que possamos orientar e conduzir nossa vida no mundo no sentido mais propicio a esse cumprimento (o vetor!).

Seja como for, ap esar de desconhecerm os a n atu reza do Ser Essencial, é dele essa fungáo e é nele que ela se cumpre. Podemos entáo retom ar o simbolismo a que já demos inicio ao reconhecermos (adm itirm os como certa) a estrutura tríplice do Ser E ssencial e a correspondente estru tura trí­

plice da psique hum ana (que c o n stitu i o ser h u m an o em natureza e manifestagáo).

Dado que a natureza do Ser E ssen cial se m an ifesta en er­ gética e dinám icam ente, isto é, m ediante movimento e forgas em a tiv id a d e o r g á n ic a , sistém ica, é adequado que isto seja re p re se n ta d o com o na figura 6.

Cada um desses “vetores de

linha quebrada” representa um Figura 6 tipo de m an ifestagáo do Ser

E ssencial desde seu estado transcendente ao campo físico de sua atualizagáo de potencialidade.

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No caso esp ecífico do ser h u m a n o no m u n d o , tem os en táo a re p re s e n ­ t a d o da figura 7.

Como já foi estabelecido, a e s t r u t u r a tr íp lic e q u e aparece na coroa c ircu lar desta figura representa o ser hum ano em seu estado de sistem a psicofísico, ou seja, como psique m anifestando e aplicando suas fungóes no campo m aterial do Ser

E s s e n c ia l, em in te r a g á o F igura 7 com psiques sem elhantes,

outros seres vivos, coisas d iv ersas, e ex p erien cian d o diferentes vivencias em fungáo dos fenómenos decorrentes dessa interagáo. O “vetor de lin h a q u e b r a d a ” rep resen ta o co n ju n to de e n e rg ías responsáveis pela fenom enología constitutiva de cada ser humano. Ele e sugestivo de movimento vibratorio ou, num a expressáo mais g en eraliz ad a , vibragóes como m anifestagoes de energías a várias freqüéncias, próprias dos campos psíquico e físico da constituigáo do ser hum ano (que, vale lem brar, é fen ó m en o de ser).

C ada um desses sistem as psicofísicos constituí um individuo hum ano, sem elhante aos dem ais individuos da mesm a especie, ou seja, igual a eles em constituigáo básica, mas diferente deles em funcionam ento específico. Assim , scm elhanga significa igualdade constitucional e diferenga funcional, como se observa, por exemplo na esp écie h u m an a, tan to física e o rg á n ic am en te q u an to psi- quicam ente.

A qui é interessante e im portante atentarm os para a faculdadc fundamental e aptidáo natural da psique: a inteligencia.

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In teligén cia : No sentido mais ampio e primordial, fungáo do Ser Essencial que atualiza uma potencialidade imánente a ele (Luz, como termo metafórico tradicional de referencia a um atributo do Ser Essencial que é incognoscível em si mesmo). Essa fungáo se revela na Lei, isto é, ñas relagóes de causa e efeito, sistemáticas e irrevogáveis, que organizam o U niverso, correlacionando e coordenando coisas, seres vivos e fenómenos, num sistema em evolucáo natural para o cumprimento ou a realizagáo daquela potencialidade.

No ser humano, em sentido mais restrito e mediato, a inteligéncia é faculdade da psique que se efetiva em aptidóes mentáis, intelectuais, aplicadas ao aprendizado, á compreensáo, á atribuigáo de significado, á adaptagáo a vicissitudes, ao exercício da criatividade, etc. E exercida a partir da consciencia de algum a coisa, algum fato ou algum a idéia, e com recurso ao raciocinio. Seus fenómenos ocorrem na fase interm ediária da psique, no campo da mente subjetiva.

Como mero fenómeno de consciencia, a inteligéncia tem seu nivel mais limitado e superficial no campo sensorio, da consciéncia objetiva (fase 3), porque é entáo condicionada pelos sentidos; e seu nivel mais ampio e profundo no campo psíquico, da consciéncia subjetiva (fase 2), porque pode ai se manifestar sob

influxo di reto da Luz do Ser Es­ sencial, no fenómeno de ilu m i- nagáo.

Embora a psique in d ivid u al tenha sido gráficam ente situada, juntam ente com o corpo físico, no n iv e l ou cam po m a te ria l de manifestagáo do Ser Essencial, na realid ad e ela pertence, por sua natureza de fenómeno psíquico, ao n ivel an terio r de m an ifestagáo desse Ser. Situa-se entáo, com todas as dem ais psiques hum a­

nas, num campo psíquico próprio do nivel intermediário da estrutura do Ser Essencial. Isto leva á representagáo da figura 8.

(42)

Aqui temos algum as psiques no campo psíquico do nivel 2 da estrutura do Ser Essencial (o plano espiritual). As setas duplas na figura 8 indicam influencia recíproca entre cada psique e o campo psíquico em que ela está situada. Considerando-se agora que cada psique se destina a realizar uma fungáo sublime do Ser Essencial e que as psiques no mundo se evidcnciam distribuidas numa escala evolutiva, desde um estado primitivo a um estado avangado, é forgoso admitir-se que cada psique vive uma alternancia de períodos de manifestagáo entre o plano espiritual e o plano material. Trata-se, é claro, de sucessivas reencarnagóes na Terra, com períodos de permeio no plano espiritual, o que leva ao seguinte esquema simbólico:

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Na figura 9, temos a manifestagáo de um individuo humano em corpo, psique e alm a, no plano material. Na figura 10, após o advento da morte desse individuo, a persistencia da psique do mesmo individuo no plano espiritual (com o correspondente núcleo anímico). E, na figura l l , o retorno dessa psique ao mundo por sua uniáo a um novo corpo.

A cada período de vida no mundo (encarnagáo), a psique passa por situagóes experienciais que acarretam vivencias psicológicas m odi­ ficadoras do seu estado q uan to ao discernim ento in tuitivo , m ais profundo e verdadeiro, de sua própria natureza e da natureza do universo e da vida. Isto constitui o proccsso de iluminaqao já mencionado, que consiste em progressiva transparencia á manifestagáo da Luz do Ser, ou translucidez.

Esse processo advem das interagóes da psique no plano material (situagóes de vida), as q u ais, m ediante impactos psicológicos, váo m odificando o estado da psique e orientando-a para um enfoque g ra d ativ am en te m ais esp iritu a l e, corresp o n d en tem en te, m enos mundano. Isto pode ser visualizado assim:

As linhas representativas de vibragóes (manifestagáo de energia a várias freqüéncias) sáo bem mais grossas no desenho da direita da figura 12, sugerindo aumento da atualizagáo da potencialidade de inteligencia do Ser Essencial (Luz) na linha quebrada maior, que parte do núcleo desse Ser, e aumento da translucidez da psique na linha quebrada menor, que parte do núcleo da própria psique.

(44)

Considerando-se apenas a psique em si, isso pode ser representado de modo mais simplificado assim:

Figura 13

Nos desenhos I e II da figura 13, a seta (vetor), representativa de atualizagáo da energía primordial do Ser Essencial, potencial em Luz, indica ou sugere aum ento na translucidez da psique. Nos mesmos desenhos, esse vetor precipuo atravessa a psique pelo seu núcleo, cruzando toda a sua lase psíquica e toda a sua fase sensorial. Isto sugere aplicagáo da inteligéncia da psique sob influxo direto e progressivo da Luz do Ser.

(45)

(Antes da translucidez aqui proposta, a psique atua como se tivesse “luz própria”, diretam ente de sua fase psíquica e através de sua fase sensorial, para o mundo. Sua condigao é de relativa opacidade quanto a Luz do Ser. Assim:

Figura 14

Nao é portanto de estranhar que a figura 14 esteja cortada com um “X ”, em sinal de reprovagáo da idéia tío individuo cuja psique ela representa e, por conseguinte, do que se pode esperar de sua atitude e de seu com portam ento. Resta o consolo da certeza filosófica de que o processo evolutivo a que ele está necessariamente sujeito vai apagar essa figura de sua existencia hum ana e nela restaurar a figura 13.)

(46)

O quadro gcral e final de todas estas co n sid erares é urna evolugáo cíclica da psique hum ana, por ilum inagáo progressiva ou aumento gradativo de translucidez, cujo desfecho transcendente é incognoscível mas pode ser entendido e referido como realizaedo gloriosa de urna funqao da natureza do Ser Essencial, de um fen óm en o de auto-realizaqáo na sua Vida. O ego hum ano, entáo, realiza-se nessa fungáo, num evento paradoxal de “deixar de ser em si mesmo para ser no Ser" - para ser infinita e eternamente (aqui e agora, sempre) na gloria daquela sublime fungáo realizada. Isto pode ser simbolizado assim:

Figura 15 4 5

Referências

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