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A Cumeeira é o Ponto Central Da Energia Do Barracão

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Academic year: 2021

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A cumeeira é o ponto central da energia

do barracão, a base, a estrutura e o cerne de uma casa de candomblé. É assim

denominada nas nações ioruba e fon. Por funcionar como uma espécie de “pára-raio”,

precisa ser muito bem preparada para proporcionar defesa á comunidade. Ela faz uma

conexão dos elementos da terra com Olorum, Odudua e Obatalá. Econtra-se colocada na

parte mais alta do barracão, geralmente em um poste, pilar de madeira ou em cavilhas

projetadas do teto. Quem “arruma” a cumeeira de uma casa não é o/a babalorixá / iyalorixá

patrono daquela casa, mas 0/a seu/sua sacerdote/sacerdotisa, a sua ascendência. É uma

liturgia grandiosa, que exige muita preparação e muito trabalho. Sua confecção, em muitos

Axés, não é visualizada pelos filhos da casa; quem participa são seus orixás. Geralmente

é convidado um par de autoridades ilustres da religião para servir como testemunha para o

nascimento de uma nova cumeeira, de uma nova comunidade. A partir daquele momento,

o casal escolhido precisará estar sempre presente nas futuras festas e obrigações da

cumeeira. No chão, na parte central, fica “plantado” o Axé da casa. Esse conjunto traz

fortalecimento, defesa e segurança para o terreiro e para os membros dessa comunidade,

tornando-se assim o elemento que faz a representação da ligação do homem, morador do

aiê (terra), com o divino, no orum (céu). A partir da criação da cumeeira, a casa de

candomblé passa a ter uma base para seguir seu caminho e, futuramente, dar existência a

novas comunidades. Por ser local de grande convergência de força, a cumeeira

geralmente é designada para orixás que são mais resistentes e poderosos ou para o orixá

dono da casa. Os antigos costumavam entregar suas cumeeiras para XANGÔ ou OXOSSI,

que são orixás que “agüentam” cumeeiras, no dizer deles. Os fons, geralmente, as

entregam á família de HEVIOSSOS. Preferencialmente, a cumeeira não deve ser entregue

a orixás impetuosos, aguerridos, pois estes não conseguirão controlar seus ímpetos e

poderão desestabilizar o axé da casa de candomblé. Anualmente, a cumeeira tem um dia

dedicado somente a ela, quando [e realizada uma grande “festa para a cumeeira”. Neste

dia ela é reverenciada com alimentos, atos litúrgicos, rezas e cantigas, para reforçar as

energias que a sustentam. Fonte: Odé Kiley & Vera de Oxaguiã Organização Marcelo

Barros

CUMEEIRA

Dentro de um barracão de Orixá, esta é imprescindível para que o mesmo possa

existir. Existem somente dentro de barracões de santo e na Umbanda sua existência é

desconhecida.

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compõem a segurança tanto da “roça” como do zelador e de seus filhos e clientes. E a

cumeeira é um desses fundamentos.

Para que se saiba qual Orixá que será responsável pela mesma, é necessária uma

consulta a Ifá para que ele nos mostre os procedimentos a serem realizados. Após a

escolha da cumeeira, prepara-se os rituais para o assentamento da mesma.

A casa pertence ao Orixá da pessoa, porém, a cumeeira pertence a outro, ela é o

sustentáculo para a casa e seu sacerdote. Aquele Orixá que ali está assentado não

tem obrigatoriedade alguma de trazer clientes, ou prestar outro tipo de favor ao

zelador ou a seus filhos e consulentes.

A cumeeira representa e guarda os mistérios de cada casa e de seu sacerdote, é nela

que seu Orixá se apóia para que sua casa sobreviva ao tempo. Nunca devemos

revelar a qualidade daquele Orixá que ali está assentado nem mesmo fornecer

detalhes que possam servir para identificá-lo, pois, que assim, ficaríamos a mercê de

nossos inimigos.

É comum que ao se mexer na cumeeira, os filhos de santo que ainda não possuem

obrigação de sete anos, virem de santo, ou seja, que seus Orixás se manifestem,

afinal ali em baixo da mesma todos os filhos nasceram para seus Orixás.

Em baixo da cumeeira são feitos os maiores fundamento do Candomblé e assim

sendo, não se deve dar fogo de pólvora em baixo da mesma.

Alguns zeladores costumam enfeitar suas cumeeiras com adornos pertencentes ao

santo que ali está assentado e com outros que relembrem seu Orixá, isso varia de

acordo com a permissão de seu santo, e com a condição financeira de cada um. O

importante é que cada casa tenha a sua, e que a mesma seja feita por pessoas

realmente idôneas dentro das leis do santo, pois uma mínima coisa que se fizer e que

caso não seja em conformidade com o Orixá que ali comerá, as consequências podem

ser terríveis.

A cumeeira guarda nossos segredos e fica conosco até o dia em que Olorúm nos

chamar de volta para o seu reino. Nessa ocasião, respeitando-se o período de luto,

são realizados rituais que deverão seguir as orientações do Oráculo Sagrado de Ifá.

Afinal sem ele, nada fazemos em uma casa de santo.

Não existe uma qualidade pré-determinada de Orixá a ser assentado, mas, devemos

sempre prestar atenção antes de realizarmos esse assentamento, pois temos que

respeitar os caminhos do Orixá da pessoa, bem como outros segredos que nos são

passados no período que preparamos a mesma para seu assentamento.

Nunca, em hipótese alguma, devemos mexer na cumeeira de corpo sujo, e mesmo

que não tenhamos feito coisas que podem sujar nosso corpo, devemos tomar um

banho antes de irmos a cumeeira, pois que ali, está um Orixá, a vida de todos nós.

OYE

Oye é uma posição sacerdotal nos candomblés de nação, pessoas são escolhidas para exercer determinadas funções para o bom andamento da casa religiosa. Aqueles que possuem oye são chamados " oloye masculino " e " ajoye feminino".

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Essas pessoas serão adosu ou não , recebem o cargo na confirmação ou em sua iniciação de acordo com sua capacidade. Essas pessoas não adosu são os verdadeiros ogan e ekedi que nascem com os sete anos como reza a tradição, há casas que raspam para esses cargos, porém, esses iniciados não possuem status dos antigos e devem contar seu tempo de iniciação tal qual um ìyáwò, portanto não é de bom senso raspar e sim confirmar, destarte, afirmar que não existe ogans e ekedis para divindades como caboclos, baianos, exus, etc.

Todos oye são para os òrìsà.

Os títulos keto correspondem, sobretudo à estrutura da casa com seus fundamentos, por exemplo: o àtà - culmiera, ise (àsè opa) - ilê Omolu e família, ibo, etc.

A palavra oloye significa Ol = aquele que possui, oye um titulo e ajoye também, as ekedjis são chamadas assim nas casas grandes ou ìyákoroba.

A palavra oloye segundo mãe Stella do Afonja pode ser traduzido como conselheiro, que está registrado em seu ultimo ensaio Meu Tempo é Agora.

Observe agora alguns ipò e oye das casas antigas e de algumas casas novas sérias atuais que respeitam a tradição afro-brasileira:

Ìyálòrìsà ou ìyálàsè: Possui as mesmas funções sendo que a segunda responde na ausência da primeira, quando há as duas na casa, geralmente a ìyálàsè torna - se a segunda. Com o

falecimento da ìyálòrìsà ela é pretendente a assumir seu lugar, e se for o caso receberia a mesma cuia da falecida. Esse oye só recebe-se no odun meje, ou seja, nos sete anos, é uma posição de adosu e não de alguém confirmado/a ou uma ekedji.

Ajibona: Mãe criadeira, escolhida pela ìyálòrìsà para criar ìyáwò.

Posteriormente esse filho fica responsável em zelar pelo òrìsà de sua mãe criadeira quando este se manifesta. No culto lesse Orumila chama-se ojubona e é um cago masculino cuja função é ensinar o futuro Omo -Ifa.

Ìyá Egbe: Mãe da comunidade tem as mesmas responsabilidades da ìyá kékeré Ilè, ou seja, da mãe pequena da casa. Geralmente são escolhidas entre as egbomi mais antigas da casa e são até mais antigas do que a própria ìyálòrìsà devido à antiguidade da casa. Lembrando que òrìsà não tem idade é inexistente, quem tem idade são as pessoas.

Ìyàmorò: Aquela que dança com a cuia no ritual do Ipade.

Casas sem ibós, sem arvores, não devem possuir esse oye, sobretudo as que não rodam Ipade. Não existe ìyámorò de Ogún, Osòósí, Oyá, etc.

As Iyamoro cuidam dos Esa (falecidos iniciados na casa com postos) e Ìyámi Osoronga. Ìyá: Mãe. Um: Que pega. Oro: Obrigação.

Oye só recebido nos sete anos.

Ìyádagan : Auxiliar direta da ìyámorò. Não existe Dagan para o orisa é desnecessário explicar. É oye dado aos sete anos também.

Ajiumida : Posto do culto de Oyá. A= aquela Ji = que acorda um = pega = ida = a Cargos Ipos e oyes da nação ketu e subdivisões nagôs:

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religiosas também. Entre os Ogans destacamos certas funções importantes e de mando dentro do terreiro, juntos com os sacerdotes (as) eles administram os terreiros.

Alagbe : Chefe da comunidade (morada), o onilu é o escolhido para tocar o atabaque denominado run, possui seu otun Alagbe e seu Osi alagbe que tocam os outros atabaques e cantam os

candomblés.

Pejigan : Zeladores do peji e responsáveis pelo ilê òrìsà. Posto da etnia ketu e não jeje como se equivocam alguns desinformados.

Asogun : Sacrifica os animais de quatro pés (eranko) a priori, e os outros também quando não há na casa seu otun e seu osi responsáveis para isso.

Posto proveniente do culto de Ogún na África e sua comunidade, portanto não é de bom senso haver Asoguns de outros òrìsà e sim somente filho de Ogún é fato a condição de supremacia que esse orisa possui sobre os obés sendo ele mesmo olobé, ou seja, o dono da faca e louvado antes de qualquer sacrifício para quem procede corretamente.

Olobé : Que vem a ser um epíteto de Esu é comum chamar Adébo a esse oye, possui as mesmas determinações se for feito os atos referentes a Esu dessa condição sacerdotal.

Sarapegbe : Era quem transmitia as decisões da comunidade, comunicando entre os terreiros, as festas e obrigações que seriam realizadas. Fazia os convites. Sara= o que corre, pé= e comunica, egbe = as coisas da comunidade, geralmente esse posto era dado aos filhos de Ogún. Hoje esta esquecida, sobretudo nas grandes cidades.

Apeja: Esquecido no Brasil por não haver sacrifícios de cães selvagens como na África.

Elemaso (Elemaxó): Oye referente à casa de Osalá, é um titulo do próprio Osalá como conta seu mito, há oye no culto para situações que envolvem seu culto como o de baba mi oro, faz-se necessário que o titulares sejam de Osalá.

Suas atuações não se limitam apenas a cerimônia do pilão como muita gente pensa.

Akirijebó : Pessoas que freqüentam varias casas e não se fixam em nenhuma antigamente eram chamadas de akirijebó, também é um oye da maior importância relacionado a entregas de ebós em locais determinados.

Eperin : Posto dado aos filhos do orisa Osòósí, (determinado Osòósí) e refere-se ao seu culto especifico nas casas antigas de candomblé.

Ojú Oba : Posto dado às pessoas de Sàngó, seu representante maior foi nosso saudoso Pierre Fatumbi Verger que tinha esse Oye no Àsè do Opo Afonjá. Ë necessário que a casa pertença a Sàngó até mesmo para formar os outros Oye referentes à situação da casa, como mogba, maye, etc.

Oju Ilê : O grande anfitrião da religião, sobretudo nas festas onde ficam encarregados de receber os visitantes e acomoda-los, quando se faz necessário ele ajuda em tudo dentro da casa na ausência dos outros Oye.

O oye de Iya Efun : É dado às pessoas de Osala e não muito longe para as de Iemanjá.

O posto de Dagan: É dadas às pessoas filhas de Oyá independente de ser mulher ou homen, como explicou para mim, o Ogan Agba Gilberto.

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Há um outro posto relacionado ao ritual de Ipade chamado de Agaba Injena e para finalizar vamos esclarecer o posto de Ekeji (lê-se Ekedi).

Ekeji nada mais é que um numeral e significa, portanto segundo/a, ela auxilia a todos e na ausência das outras ajoiyes ela assume, algumas se destacam e são chamadas carinhosamente de mães, não só pelo filho do orisa que a suspendeu como por toda a comunidade.

As ekedi são confirmadas para casa de axé ou para o orisa que a suspendeu e se for o caso dela ser ekedi do orisa do sacerdote, ele não poderá por a mão e sim seu zelador, não pode o orisa confirmar ou raspar ninguém, o orisa não vem para o aye para isso é desnecessário explicar um assunto tão falado já .

As Ekedi podem ser: Iyalaso: Cuida das roupas, Iyale, mãe da casa, auxiliar direta da Iyalorisa e Iya Kekere, Dejó (Dere em jeje), as mais antigas, Ekedi é o Ipo (cargo), depois vem o Oye específico as condições de cada uma.

O ritual de iniciação no Candomblé, a feitura no santo, representa um

renascimento, tudo será novo na vida do yàwó, ele receberá inclusive um nome

pelo qual passará a ser chamado dentro da comunidade do Candomblé.

A feitura tem por início no recolhimento. São 21 (vinte e um) dias de reclusão, e

neste prazo são realizados banhos, boris, oferendas, ebós, todo o aprendizado

começa, as rezas, as dança, as cantigas…

É feita a raspagem dos cabelos (orô) e o abiã recebe o oxu (representa o canal de

comunicação entre o iniciado e seu orixá) o kelê, os delogun, o mokan, o xaorô, os

ikan, o ikodidé. O filho de santo terá que passar agora por um ritual, onde terá seu

corpo pintado com giz, denominado efun. Ele deverá passar por este ritual de

pintura por 7 (sete) dias seguidos.

O abiã terá agora que assentar seu Orixá e ofertar-lhe sacrifícios de animais de

acordo com as características de cada um. Feito isso ele passa a se chamar yàwó.

A festa ritualística que marca o término deste período é denominada Saída de

Yàwó, neste momento ele será apresentado à comunidade. Ele será acompanhado

por uma autoridade à frente de todos para que lhe sejam rendidas homenagens.

Deitado sobre uma esteira, ele saudará com adobá e paó, que são palmas

compassadas que serão dadas a cada reverência feita pelo yàwó e acompanhadas

por todos presentes, como demonstração de que a partir daquele momento ele

nunca mais estará sozinho na sua caminhada. Primeiramente saudará o mundo,

neste momento a localização da esteira é na porta principal da casa. No seu

interior, ele saudará a comunidade e por último, frente aos atabaques que

representam as autoridades presentes. Neste primeiro momento o Orixá somente

poderá dar o jicá. Só após a queda do kelê o Orixá poderá dar seu ilá.

O momento mais aguardado do cerimonial é o orukó. Neste momento o Orixá dirá o

nome de iniciação de seu filho perante todos e também é neste momento que se

abre a sua idade cronológica dentro de sua vida no santo.

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Após a saída e depois dos 21 (vinte e um) dias de recolhimento o yàwó

permanecerá de resguardo até a queda de kelê fora do barracão por um período de

3 (três) meses, neste período ele não poderá utilizar talheres para comer, deve

continuar a sentar-se no chão sobre a esteira durante as refeições, está proibido de

utilizar outra cor de roupa que não o branco da cabeça aos pés, não poderá fazer

uso de bebidas alcoólicas, cigarro. .. E nem tão pouco sair à noite. E até que se

complete 1 (um) ano, os seus preceitos continuarão.

Até que o yàwó complete a maior idade de santo, terá que continuar dia a dia o seu

aprendizado e reforçar os seus votos por meio das obrigações.

“Vale dizer que o transe é imprescindível para que uma pessoa seja iniciada como

adoxu, pois, a manifestação faz parte da liturgia dos Orixás e ele está em cada um

de seus filhos. Isso é muito importante, porque só os adoxu podem assumir

determinadas funções sacerdotais, como os cargos de ialorixá ou babalorixá. Sendo

assim, uma pessoa que tem em seu odu a missão sacerdotal, somente quem

incorpora seu Orixá, deve ser iniciada como adoxu e nunca como ogãn ou equedi,

que já são ijoyé natos e jamais poderão entrar em transe de orixá”

Referências

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