www.metrojornal.com.br | leitor@metrojornal.com.br | @MetroJornal
POR QUE
RAIOS?
Brasil segue líder mundial na
ocorrência de descargas elétricas,
mas vê número de mortes cair
PÁG. 02
MÍN: 21°C MÁX: 34°CRIO DE JANEIRO
Quarta-feira, 17 de março de 2021 Edição especialCovid-19 sem
freio no Brasil
afeta o mundo
Mau exemplo. Descontrole da pandemia, com aumento
expressivo no número de casos e óbitos e vacinação em marcha
lenta, preocupa autoridades de todo o planeta, que caminha
na direção contrária e tem conseguido conter o avanço do
novo coronavírus. País já é líder em novas infecções diárias e
representa quase 10% das mortes globais
PÁG. 03Congelamento
de óvulos está
mais popular
Quer um carro por
assinatura? Avalie
os prós e os contras
Mulheres recorrem à técnica para
postergar gestação. Mercado cresceu
40% no último semestre
PÁG. 04Nova lógica no ramo de automóveis,
modelo baseado no uso e não na
compra tenta conquistar clientes
PÁG. 06O efeito 2020 na
visão infantil
Alto número de horas de tela, para
estudo e lazer, deve fazer aumentar
incidência de miopia
PÁG. 05 RE CICLE A INF ORMA ÇÃ O: P ASSE ES TE JORNAL P AR A OUTR O LEIT ORGRANDE SÃO PAULO, SEGUNDA-FEIRA, 15 DE MARÇO DE 2021 www.metrojornal.com.br
{
EDITORIA
}
03
|
Um país
Do céu ao chão
Esse foi
perto!
CHOCANTE
Estados com
mais mortes
Número
de vítimas
registradas
O sol se esconde, as nu-vens carregadas começam a dar as caras e o vento fi-ca fi-cada vez mais forte. Vem tempestade por aí! Essa ce-na, muito comum no verão e na primavera, traz com ela um perigo que vem dos céus: os raios.
De acordo com levanta-mento do ELAT (Grupo de Eletricidade Atmosférica) do Inpe (Instituto Nacio-nal de Pesquisa Espaciais), o Brasil é o recordista mun-dial de descargas elétricas. Uma média de 77,8 mi-lhões de raios atingem o so-lo brasileiro por ano.
Em entrevista ao
Me-tro Jornal, o coordena-dor do ELAT, Osmar Pin-to Jr., explica que o Brasil tem a maior incidência de raios no mundo porque é o país com maior extensão da região tropical. “O cli-ma cli-mais quente favorece a formação de tempestades e, consequentemente, de raios”, disse. Veja ao lado como ocorre o fenômeno.
Segundo o estudo, que reuniu informações de 2000 a 2019, o Brasil já re-gistrou 2.194 mortes provo-cadas por raios neste século. A cada 50 óbitos em decor-rência de descarga elétrica no mundo, uma ocorre por aqui. Até o momento, já ha-viam sido registrados 18 óbitos em 2021. “O núme-ro ainda é parcial porque os registros não são feitos de forma imediata”, afirmou o especialista.
No entanto, o Brasil vem registrando cada vez menos mortes por raios. Em 2000, foram 140. Em 2019, 67. De acordo com o especialista, a queda está ligada ao pro-cesso de conscientização da população, principalmen-te em como se proprincipalmen-teger du-rante as tempestades. É pos-sível conferir as dicas em uma cartilha de informa-ções formulada pelo ELAT.
No entanto, a quantida-de quantida-de mortes em 2020, que ainda não foi divulgada, po-de ser maior do que 2019. Isso porque houve aumen-to no número de raios entre os dois anos: de 62 milhões, em 2019, para 121 milhões, no ano passado. “O cresci-mento ocorreu por causa do fenômeno La Niña, que au-menta a temperatura super-ficial das águas”, explicou o especialista. CLEBER MACHADO E DIEGO BRITO
Para calcular a distância de um raio com o som: basta contar o tempo em segundos, do momento em que vir a luz do relâmpago até quando ouvir o som do trovão. Divida esse número por três e o resultado será aproximadamente a quantos quilômetros o raio caiu. As nuvens de tempestade
são formadas basicamente por gotas de água de cristais de gelo. O ar revolto faz com que esses elementos se choquem. Com o atrito, eles adquirem eletricidade.
Veja como se formam os raios
A CADA 50
MORTES POR
RAIOS NO
MUNDO, UMA
ACONTECE
NO BRASIL
A parte da nuvem mais próxima do chão fica com as cargas negativas (elétrons), que querem ir de encontro com as cargas positivas que estão no chão, de modo a
cancelar seus opostos. Isso cria uma tensão e um fluxo de elétrons que quebra o isolamento do ar e os conduz livremente até o solo, eletricamente positivo.
Dados de 2000 a 2019 Com o caminho livre, os elétrons são descarrregados, formando o raio. 1 2 3 4
‘Com mil raios e
trovões’.
Brasil é o
recordista mundial
de descargas
elétricas. País
registra queda de
óbitos por causa
da conscientização
RIO DE JANEIRO, QUARTA-FEIRA, 17 DE MARÇO DE 2021
www.metrojornal.com.br
02
BRASIL
FONTE : GR UPO DE ELETRICID ADE A TMOSFÉRICA ( EL A T ) DO INS TIT U T O N A CION AL DE PESQUIS AS ESP A CIAIS ( INPE ) SP 327 MG 175 MA 107 PA 162 AM 133 GO 123 MS 138 MT 126 RS 147 PR 114 140 193 137 106 93 113 125 126 161 119 90 82 114 101 99 107 72 79 71 67 2001 2000 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019Como se prevenir
Não ficar ao lado de veículos em geralDistanciar-se de objetos metálicos grandes
Não ficar embaixo de árvores ou em campos abertos, como praias Não andar em motos e bicicletas Não falar ao telefone fixo ou ficar no celular
enquanto carrega Não tomar banho durante tempestades Evitar abrigos abertos,
como varandas
Abrigar-se em um veículo fechado, sem encostar na lataria Uma cena comum
durante uma tempestade é ver o clarão da luz do relâmpago e já se preparar para o som estrondoso que o trovão costuma fazer. Mas por que vemos o raio antes de escutá-lo? Isso ocorre porque a velocidade da luz é muito mais rápida do a que do som.
Por que
vemos
antes?
Editado e distribuído por o Jornal S/A, CNPJ 07.780.914/0001-61.
Endereço: Rua Tabapuã, 41, 9ºandar, CEP: 04533-010, Itaim Bibi, São Paulo, SP, Brasil. FALE COM A REDAÇÃO
leitor@metrojornal.com.br | (11) 99952-3339
O Metro Jornal, no Brasil, é uma joint venture do Grupo Bandeirantes de Comunicação e da Metro Internacional.
RIO DE JANEIRO, QUARTA-FEIRA, 17 DE MARÇO DE 2021
www.metrojornal.com.br
{
MUNDO
}
03
|
REPRODUÇÃO/ARQUIVO PESSOAL
É possível afirmar que a transmissão da covid-19 está descontrolada no Bra-sil? Se sim, quais são os riscos disso?
A pandemia no Brasil es-tá descontrolada sim. Essa maior transmissão viral ten-de a fazer surgir novas tações e essas novas mu-tações podem fazer surgir novas variantes, inclusive resistentes às vacinas. Um ponto importante é que a variante P.1 (de Manaus) é duas vezes mais transmis-sível do que a variante que causou a pandemia. No ano passado, com a variante que causou a pandemia, em me-nos de um ano tivemos o surgimento de várias novas cepas. Então imagina a pro-babilidade [de novas varian-tes], agora com a P.1, duas vezes mais transmissiva e com carga viral no organis-mo dos infectados dez ve-zes maior. Estamos em uma bomba relógio onde, em qualquer hora, momento e lugar do Brasil, pode ema-nar uma variante nova e muito mais agressiva. Como é possível prever uma onda de infecções?
A gente tem utilizado o mo-delo epidemiológico que é a ferramenta básica de res-posta à pandemia, o mo-delo SEIR (Suscetíveis, Expostos, Infectados e Re-cuperados). Calculamos as taxas de pessoas que es-tão suscetíveis à doença, as que de fato estão expostas ao vírus, as que vão se re-cuperando. Tudo com base na taxa de mortalidade lo-cal e isolamento social. Des-sa maneira, conseguimos, através de cruzamento de informações de número de hospitalizações, internações em UTI, óbitos e isolamen-to social, prever isolamen-todas essas quatro taxas para as cidades e saber se a pandemia vai regredir ou progredir. É um modelo que tem uma ca-pacidade de predição com meses de antecedência e é, portanto, muito eficiente.
No ano passado, achávamos que o Brasil estava numa ‘eterna primeira onda’. Hoje o Brasil está em qual? É importante dizer que te-mos epidemias dentro da pandemia. Cada localidade é uma epidemia diferente e em pontos diferentes. Ma-naus hoje está na segunda onda. Curitiba, na terceira. A definição de uma onda é simples: é uma monta-nha com um topo e um va-le. Exatamente quando cai, eu chego no vale e começo uma ascensão de novo de casos. Aquilo marca a tran-sição de uma onda para a outra. Em Curitiba, já vi-mos duas ondas bem seve-ras. Manaus, não. Ainda es-tamos nessa segunda onda que pode permanecer o ano todo, ou a partir de uma breve queda de casos, como acontece agora, já emendar em uma terceira onda. Como chegamos até aqui e qual caminho o Brasil traçou desde o início da pandemia?
O caminho que o Brasil tra-çou foi o caminho dos bo-bos liderados pelo Jair Bol-sonaro. Exatamente como o flautista de Hamelin, ele to-cou uma flauta que só saiu baboseira e as crianças in-gênuas seguiram ele até o rio para morrerem afoga-das. É exatamente isso que acontece com o Brasil. O presidente da República re-pete um monte de babosei-ras, a população ingênua acredita e a pandemia nun-ca chega ao fim. Pessoas vão morrendo nesse proces-so. Nós temos um ministro da Saúde que não faz abso-lutamente nada. Pazuello veio em Manaus e não to-mou nenhuma iniciativa. Nós não temos comando de resposta no Brasil durante a pandemia. Temos, nitida-mente, pessoas incapacita-das que estão gerindo isso e minimizando o problema. Essa pandemia não deve ter fim enquanto essas pessoas não saírem. LETÍCIA BILARD
LUCAS
FERRANTE
Para cientista e doutorando do Inpa
(Instituto Nacional de Pesquisas da
Amazônia), Brasil é uma ‘bomba relógio’
O mundo está preocupado com a ameaça que o Brasil se tornou diante do aumento no número de mortes causadas pela covid-19 e a maior circu-lação de variantes do vírus em território nacional. O país já ultrapassou 11,5 milhões de infectados e 279 mil vítimas da doença, o que correspon-de a, respectivamente, 9,5% e 10,3% do total global - mesmo que a população brasileira re-presente apenas 3% da popu-lação mundial.
A OMS (Organização Mun-dial da Saúde) alertou que, sem ação do governo para frear a doença, o avanço da co-vid-19 no Brasil ameaça os es-forços de outros países. “A si-tuação é muito preocupante. Não apenas pelo número de casos, mas pelo aumento no número de mortes”, afirmou Tedros Adhanom, diretor-ge-ral da entidade, na sexta-fei-ra. Ele disse estar decepciona-do com o sistema de saúde decepciona-do Brasil, o SUS (Sistema Único de Saúde), até então, tido co-mo referência mundial. “Eu esperava que o Brasil pudesse ter um melhor desempenho em epidemias por causa do seu forte sistema de vigilân-cia em saúde. Começando pe-lo governo, todos os interpe-lo- interlo-cutores devem agir de forma séria”, aconselhou Adhanom.
A OMS não foi a única en-tidade de saúde internacional a fazer uma fala diretamen-te voltada ao governo brasi-leiro. Na quarta-feira passa-da, a diretora-geral da OPAS (Organização Pan-Americana de Saúde), Clarissa Etienne, disse que a situação brasilei-ra virou um “lembrete sóbrio da ameaça e ressurgência do vírus” e da importância da “ciência guiar as ações”.
Pesquisadores da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) afirmam em boletim epide-miológico que “o Brasil en-frenta o pior cenário desde o início da pandemia”. Segun-do eles, o país nunca alcan-çou redução significativa de sua curva de transmissão. Pe-lo contrário. “Conforme noti-ciado pela imprensa e alerta-do pela Fiocruz, os recordes de novos casos e óbitos vêm sendo superados diariamen-te, acompanhados por uma situação de colapso dos siste-mas de saúde em grande par-te dos estados e municípios”, reporta a entidade.
Olhos voltados para cá. Transmissão da covid-19 em território brasileiro acende alerta em
instituições internacionais de saúde. País bate recordes e vai na contramão de outros países
Pandemia no Brasil
preocupa o mundo
Pela primeira vez, Brasil lidera mortes diárias na pandemia de covid-19 e, diferentemente de outros países, não vacina tão rápido
NA CONTRAMÃO
Casos diários por milhão de habitantes
Mortes por milhão de habitante
Taxa de vacinação diária por 100 habitantes Março 2020 Março 2020 Janeiro 2021 Março 2021 Março 2021 Março 2021 Brasil Peru EUA Argentina Espanha Índia Alemanha
Em entrevista à Rádio Ban-deirantes, a doutora em mi-crobiologia pela Universidade de São Paulo Natalia Paster-nak afirmou que o país vi-rou, sim, um risco para a saú-de global. “Quando você tem o vírus se replicando louca-mente, livrelouca-mente, em um país desse tamanho, a
proba-bilidade de ter variantes no-vas aqui - que podem ser mais transmissíveis e escapar de vacinas - é uma preocupação mundial.”
Na contramão do mun-do, o Brasil é o único país que tem apresentado alta de casos e mortes neste momento da pandemia. Há duas semanas,
dos dez países que lideram os rankings da pandemia, oi-to registraram queda na mé-dia móvel.
“Na velocidade que o Bra-sil vacina, não iremos conter essa crise”, alerta o cientista do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) Lucas Ferrante. METRO
Pico brasileiro
na primeira
onda, em
agosto
O Brasil tem hoje a maior
média móvel de mortes
do mundo, com a média
semanal de 1.832 vítimas
da doença por dia
País foi uma das
últimas grandes
nações a iniciar a
imunização
RIO DE JANEIRO, QUARTA-FEIRA, 17 DE MARÇO DE 2021
www.metrojornal.com.br
04
|
{
SAÚDE
}
A independência financei-ra e o sucesso profissio-nal são objetivos cada vez mais almejados pelas mu-lheres. Porém, a vontade de ser mãe pode deixar alguns planos para trás. Graças ao avanço da ciência, o relógio biológico não é mais um im-pedimento para realizar o sonho da maternidade.
Em 2013, a criopreserva-ção – que consiste no conge-lamento de óvulos – deixou de ser uma técnica experi-mental e passou a ser consi-derada eficiente para a pre-servação da fertilidade.
No passado, optar pelo procedimento poderia ser visto como um sinal de difi-culdade para a mulher, por não ter encontrado um par-ceiro. Hoje, o método ganha outros significados, ao re-presentar liberdade e a pos-sibilidade de dedicar-se à vi-da profissional.
Especialistas afirmam, in-clusive, que essa é a nova re-volução feminina, que en-contra paridade apenas no surgimento da pílula anti-concepcional, em 1960. Um levantamento da Hunting-ton Medicina Reproduti-va mostra um aumento na procura pela técnica de 40% entre julho a dezembro de 2020, comparado ao mesmo período do ano anterior.
Os dados da empresa en-contram coro nos dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística): cada vez mais, aumenta a quan-tidade de mulheres que de-cidem ser mães após os 35 anos. Entre 2009 e 2019 – relatório mais atual do ór-gão –, aumentou em 63,6% o número de mães entre 35 e 39 anos. O instituto reve-la ainda que, entre os 40 e 44 anos, a alta no número de partos foi de 57% e, entre 45 e 49 anos, o aumento foi de 27,2% em uma década. Já entre as mulheres com mais de 50 anos, o crescimento foi de 55% neste período.
Segundo Thais Sanches Domingues Cury, médica es-pecializada em reprodução humana do grupo Hunting-ton, há inúmeros motivos que justificam o aumen-to da procura pelo congela-mento de óvulos. “Além da possibilidade de poder ter fi-lhos mais tarde, a pandemia também contribuiu para es-te crescimento. O
procedi-Hora delas.
Especialistas
afirmam que,
depois da pílula
anticoncepcional,
o congelamento de
óvulos será a maior
mudança a favor da
igualdade de gênero
Como é feita a coleta?
O procedimento consiste em captar os óvulos e submetê--los ao processo de vitrificação. Eles são colocados em nitrogê-nio líquido, substância que re-duz a temperatura a -196ºC em poucos minutos, e então armazenados. A paciente inicia um tratamento de indução da ovulação, a partir de remé-dios utilizados por cerca de dez dias. Os óvulos são avaliados e apenas os maduros e de boa qualidade são congelados.
Para quem é indicado?
Mulheres que não podem, ou não desejam, uma gravi-dez no momento ou em um futuro próximo. A maior parte das pacientes têm entre 30 e 35 anos.
Há garantia de engravidar?
A técnica não garante a gesta-ção futura. Ela mantém a
via-bilidade dos óvulos na época em que foram criopreservados, com as suas respectivas chan-ces de gravidez naquele mo-mento. Por exemplo: aos 35 anos, a cada sete óvulos há em média dois embriões aptos, com chances de gravidez que variam de 50% a 60%.
Qual é o preço?
O procedimento custa de R$ 12 mil a R$ 30 mil dependendo do número de injeções necessárias. Há em-presas que financiam este valor em até 60 vezes.
Qual é a diferença para o con-gelamento de embriões?
Para que haja o congelamento de óvulos, é preciso apenas a coleta da mulher em idade fértil e saudável. Já os embriões são os óvulos fertilizados com espermatozoides do parceiro ou doador.
FONTE: HUNTINGTON MEDICINA REPRODUTIVA FOTOS: DIVULGAÇÃO Thais Domingues é médica especializada em reprodução Karen Koutaka grávida do segundo
filho, aos 44 anos
Setor acredita que demanda pelo procedimento será
maior em 2021 Óvulos são congelados
em nitrogênio líquido a -169ºC
feminina
mento exige repouso e, com muitas pessoas trabalhando de casa, há mais tempo pa-ra se dedicar às consultas de acompanhamento”, explica.
No entanto, é importan-te estar cienimportan-te que o método não tem 100% de eficácia. “Apesar do congelamento não ser uma garantia de gra-videz, a medicina está mui-to avançada e as chances de sucesso são cada vez maio-res”, argumenta Thaís.
Deu certo com a arquiteta Karen Koutaka, de 44 anos, que congelou os óvulos aos 36. Cinco anos depois, ela deu à luz sua primeira filha. Em seguida, veio o segundo. “Valeu a pena esperar. Acho que cada pessoa tem o seu momento e a vantagem do método é que você tem mais domínio sobre o seu tempo. Tive a tranquilidade de esco-lher a melhor hora para ser mãe”, contou.
A investidora Nádia Sá, de 36 anos, ainda não tem filhos, mas os quer algum dia. Ela já tinha o congela-mento de óvulos em seus planos, porém o ritmo de trabalho a impedia de colo-cá-lo em prática. “Eu não sei ainda quando estarei pron-ta. A chegada da pandemia
e a possibilidade de traba-lhar em home office deram oportunidade de concreti-zar o meu sonho de conge-lar meus óvulos e me plane-jar até a hora certa.”
A criopreservação atrai também mulheres que op-tam pela inseminação com um doador, que pode ter sua identidade preserva-da. Mulheres homossexuais também têm buscado con-gelar os óvulos para esco-lher quando e como querem constituir suas famílias.
A diretora de arte Gal Maia (nome fictício), de 37 anos, foi uma das adeptas do procedimento. “Eu preci-sava me preparar para isto. Tenho uma parceira mais jo-vem, podemos escolher até mesmo quem irá gestar os nossos filhos”, explicou.
Para este ano, a SBRA (So-ciedade Brasileira de Repro-dução Assistida) acredita que a demanda pelo congelamen-to de óvulos seja ainda maior. “Temos trabalhado muito na conscientização e divulgação a respeito de idade e fertili-dade. Esse aumento aconte-ceu e seguirá, impulsionado pelas dificuldades da pande-mia”, observou a presidente da entidade, Hitomi Nakaga-wa. “As pessoas passaram a refletir mais sobre a realiza-ção de sonhos e a finitude da vida. Além disso, estão apro-veitando este período para planejar suas famílias.”
NORAH LAPERTOSA*
METRO
* SUPERVISÃO: LUCCAS BALACCI
A nova revolução
5 COISAS QUE TODA
MULHER PRECISA SABER
63,3%
foi o aumento no número de mulheres que decidiram ser mães após os 35 anos entre 2009 e 2019, mostra levantamento do IBGE
RIO DE JANEIRO, QUARTA-FEIRA, 17 DE MARÇO DE 2021
www.metrojornal.com.br
{
SAÚDE
}
05
|
Você sabia que metade da população mundial será míope até 2050? Essa é uma previsão relativamente an-tiga relatada em uma pes-quisa realizada pela AAO (Academia Americana de Oftalmologia), em 2007. Já naquela época, observava--se um aumento bastante expressivo nos índices des-sa doença ocular e uma das causas apontadas era o uso das tecnologias. Mas os nú-meros analisados pela AAO não contavam com a pande-mia que estamos vivendo. Segundo a pediatra Talita Rizzini, que também é coor-denadora do pronto-socorro infantil e unidade de inter-nação do Grupo Leforte, em São Paulo, 2020 ficará mar-cado como o ano em que mais causamos danos ao de-senvolvimento da visão das crianças. “As horas de tela
aumentaram consideravel-mente, tanto com o uso fun-cional para as aulas on-line quanto com o uso recreati-vo. Além disso, o confina-mento impediu horas de la-zer ao ar livre, sob o sol, que tanto contribuem para o de-senvolvimento saudável da visão.”
A miopia é um distúrbio em que a imagem dos obje-tos é focada no olho em um local incorreto, não incidin-do na retina. Assim, as pes-soas míopes enxergam os objetos embaçados quando distantes. A médica apon-ta que a demanda de ativi-dades que usam a visão de perto, a diminuição da ex-posição ao sol e a ambientes externos de recreação têm
causado danos. “Ao usar muito o foco para a visão de perto, os olhos passam a ter dificuldade de fazer o fo-co para longe. Com o passar do tempo, essa condição po-de ser permanente e evoluir até com perda visual.”
De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), a alta miopia – maior que cinco graus, é ho-je a terceira causa de ceguei-ra no mundo. Isso ocorre porque ela aumenta o risco para outras doenças ocula-res como descolamento e degeneração da retina, ca-tarata e glaucoma (aumento da pressão intraocular).
“Isso levou as socieda-des de oftalmologia a cria-rem uma campanha para
reverter essa tendência de aumento exponencial dos novos casos ainda na infân-cia”, explica a pediatra.
A atenção especializa-da é funespecializa-damental quando o problema já está instala-do. Mas, sendo uma condi-ção passível de prevencondi-ção, a disseminação da infor-mação e implementação de práticas saudáveis é primor-dial. “As crianças devem ser estimuladas a realizar ativi-dades de recreação ao ar li-vre e a ficar expostas à luz solar. Por outro lado, preci-sam ser desencorajadas de fazer uso de aparelhos ele-trônicos, principalmente antes dos três anos de ida-de. Lembrando que, antes dos dois anos, a
recomenda-ção das academias de pedia-tria continua sendo zero te-las”, afirma Talita.
Se o uso das tecnologias é imperativo para as crian-ças maiores, a dica é esta-belecer momentos de des-canso, em que elas possam repousar os olhos no ho-rizonte, focando objetos à distância, mesmo que do al-to das suas sacadas.
A recomendação dos of-talmologistas é, após 20 mi-nutos, focar em um objeto 20 metros distante por 20 segundos. Espelhar a tela do smartphone ou tablet na te-levisão também é uma ma-neira de aumentar a distân-cia de foco.
Outro ponto importan-te para a prevenção é a
roti-na oftalmológica da criança, que começa logo ao nasci-mento com o “Teste do Re-flexo Vermelho” ou “Tes-te do Olhinho”, feito ainda na maternidade. É um exa-me não invasivo, que não causa dor e tem a capacida-de capacida-de capacida-detectar várias altera-ções oculares.
“Nas consultas de roti-na com o pediatra, são ava-liados diversos sinais do de-senvolvimento normal da visão. Mas, até os dois anos de idade, os olhos da crian-ça devem ser examinados pelo oftalmopediatra com equipamento específico ao menos duas vezes ao ano ou até mais, conforme fatores de risco individuais”, reco-menda Talita.
A médica afirma ainda que crianças dos 2 aos 10 anos de idade devem con-sultar o oftalmopediatra ao menos uma vez ao ano, a menos que seja detecta-do algum problema que ne-cessite de avaliação mais frequente.
“A parceria entre a fa-mília e o pediatra é funda-mental para implementar hábitos de vida saudáveis e rotinas de check-up indivi-dualizadas para cada crian-ça. Juntos, temos o dever de cuidar de uma nova ge-ração, para que seja longeva com saúde”, diz a médica.
Cuidados.
Estudo
aponta que 2020
foi o ano que mais
prejudicou a visão
das crianças. O
aumento das horas
de tela para uso
recreativo e aulas
on-line e a falta
de lazer ao ar livre
têm impacto no
desenvolvimento
Vista embaçada
Vista embaçada
Metade da população mundial deve ser míope até 2050, apontaentidade anericana
Crianças passaram mais tempo em frente a telas
RIO DE JANEIRO, QUARTA-FEIRA, 17 DE MARÇO DE 2021
www.metrojornal.com.br
06
|
{
MOTOR
}
Os carros por assinatura trouxeram uma nova lógica de consumo ao mercado au-tomobilístico. O serviço ofe-rece facilidades para aque-les que querem usufruir das vantagens de ter um zero km sem as dores de cabeça de possuir um veículo, como arcar com custos burocráti-cos, manutenção, desvalori-zação e venda posterior.
Por outro lado, a modali-dade de aluguel exige que o motorista aceite bem o con-ceito do uso, e não de pos-se, já que fica com o veículo por um tempo determina-do. Também inclusos no pa-cote, pago mensalmente, estão: os impostos e taxas (IPVA, Seguro DPVAT,
Li-Nada de comprar.
Antes de assinar um
contrato, é preciso
avaliar todos os
prós e contras da
modalidade de
locação
Carro por assinatura:
será que vale a pena?
RENAULT ON DEMAND
A marca francesa disponibiliza, em todos os estados do país, quatro versões entre três modelos de sua linha: Kwid, Stepway e Duster. O serviço pode ser simulado e contratado pelo site
ondemand.renault.com.br. • Períodos: 12, 18, 20 e 24 meses
• Franquias: 500, 1.000, 1.500 e 2.000 km mensais
• Preços mensais: a partir de R$ 939 (Kwid Outsider, 20 meses, 50 km/mês)
• Serviços inclusos: revisões preventivas; trocas de peças de des-gaste natural e pneus; gestão de documentos e taxas; seguro con-tra roubo, furto incêndio e terceiros; assistência 24 horas com car-ro reserva.
FIAT E JEEP FLUA!
Por enquanto, inclui 28 concessionárias da cidade de São Paulo e de outros nove municípios. São oito carros por assinatura da Fiat (Ar-go, Nova Strada, Toro, Cronos, Grand Siena, Doblò, Fiorino e Ducato) e dois da Jeep (Renegade e Compass), disponíveis para consulta no si-te meuflua.com.br.
• Períodos: 12, 24 e 36 meses
• Franquias: 1.000, 2.000 ou 3.000 km mensais
Preços mensais: a partir de R$ 1.350 na Fiat (Argo Drive 1.0, 36 me-ses, 1 mil km/mês) e
R$ 2.100 na Jeep (Renegade Longitude, 36 meses, 1 mil km/mês) • Serviços inclusos: manutenções, gestão de documentos e taxas, seguro com rastreador, assistência 24 horas com carro reserva.
VOLKSWAGEN SIGN&DRIVE
Atualmente só disponível em São Paulo e restrito a três modelos. O Virtus na versão Highline 200 TSI, Jetta Comfortline 250 TSI e Tiguan
Comfortline 250 TSI. A marca, contudo, diz que, em breve, vai incluir três versões do T-Cross. O serviço pode ser acessado pelo site vwsig-nanddrive.com.br.
• Períodos: 12 ou 24 meses • Franquia: 1.800 km
• Preços mensais: a partir de R$ 2.099
(Virtus 1.0 200 TSI Highline AT, 18 meses, 1.800 km/mês) • Serviços inclusos: manutenção preventiva, gestão de documen-tos e taxas, seguro com rastreador, assistência 24 horas.
FORDGO
A montadora encerrou sua produção no Brasil, ou seja, não tem mais Ka ou EcoSport para assinar. Só resta Ranger no FordGo (fordgo.com. br), que ainda está em fase de implantação. Há uma cortesia de um plano anual da Veloe, que acelera o pagamento de estacionamentos e pedágios.
• Prazos: 12 ou 24 meses
• Franquias: 500, 1.000 ou 2.000 km
• Preços mensais: a partir de R$ 4.999 (Ranger XLS 2.2 diesel AT 4X4.
• Serviços inclusos: gestão de documentos e taxas, seguro, manutenção e revisão.
UNIDAS LIVRE
No site livre.unidas.com.br o usuário consegue ver ofertas e fa-zer simulações. Ao escolher o veículo, o interessado, além de op-tar pelos diferentes pacotes de quilometragem e tempo, também pode incluir serviços como carro reserva, leva-e-traz e película pa-ra os vidros do automóvel – que, obviamente, encarecem o va-lor final.
• Planos: 12, 18, 24, 30, 36 ou 48 meses
• Franquias: 1.000, 1.500, 2.000. 2.500 ou 3.000 km
• Preços mensais: a partir de R$ 949 (Fiat Mobi Like 1.0, 48 meses, 1.000 km/mês)
• Serviços inclusos: manutenção preventiva, gestão de documentos e taxas, assistência 24 horas.
LOCALIZA MEOO
Planos que seguem mais ou menos a lógica do aluguel. Os veículos disponí-veis são distribuídos em categorias: Econômicos, Intermediários, Executivo, SUV, Utilitário e Premium. Só que no portal meoo.localiza.com não é possível fazer simulações, sendo preciso enviar a proposta e aguardar a cotação.
• Planos: 24, 36 ou 48 meses
• Franquias: 1.000, 1.500, 2.000. 2.500 ou 3.000 km mensais • Preço mensal: a partir de R$ 1.233 (Fiat Mobi Like 1.0, 24 meses, 1.000 km/mês)
• Serviços inclusos: manutenção preventiva, gestão de documen-tos e taxas, seguro, assistência 24 horas.
CARRO FÁCIL PORTO SEGURO
Para acessar o programa, é preciso ir ao site portosegurocarrofacil.com. br, buscar o carro e o plano de preferência. A franquia de quilometragem considera o total do período. Entre os benefícios, um pacote de seguro residencial que cobre todo o período de carro por assinatura contratado.
• Planos: 12, 18 ou 24 meses
• Franquias: 24.000, 36.000, 48.000 ou 60.000 km dentro do perío-do contrataperío-do
• Preço mensal: a partir de R$ 1.419 (Hyundai HB20 Vision, 24 me-ses, 24 mil km)
• Serviços: manutenção preventiva, gestão de documentos e taxas, carro reserva, serviço leva e traz na manutenção, seguro com suporte 24 horas e cobertura de terceiros.
É comum que as em-presas de carros por assi-natura ofereçam aplicati-vos que permitam a gestão de manutenções, acompa-nhamento de condutores, quilometragem, consumo, gerenciamento de multas e medições de velocidade alcançada. Economia ou prejuízo? Para alguns motoristas, a mo-dalidade pode ser mais van-tajosa que a compra. A dica é: calcule o valor mensal gas-to com o seu carro e o com-pare com a parcela do carro por assinatura – lembre-se de considerar: depreciação, seguro, IPVA, documentação inicial e manutenção.
Há benefícios e male-fícios intangíveis relacio-nados ao serviço, como a despreocupação com as bu-rocracias e o sentimento de apego. Sua relevância, po-rém, deve ser medida por cada usuário.
cenciamento, entre outros); o seguro; e a manutenção preventiva do carro.
Como o consumidor não adquire o bem, também não tem que lidar com a desvalorização do veículo ou dar uma entrada em um financiamento. Mas há um
ponto negativo: ao final do contrato, não há um veículo na garagem do consumidor – nem ao menos a opção de compra do carro assinado. E como funciona?
Para usar um carro por assi-natura, o motorista deve
ana-lisar quais são as suas neces-sidades, escolher a categoria de veículo que mais o atende e orçar os valores cobrados por empresas de credibilida-de (veja exemplos abaixo).
A maioria das empresas exige que o cliente tenha mais de 21 anos, cartão de
crédito no nome do titular da locação e aprovação pela po-lítica de crédito da locadora. Assinados os papéis, o cliente define data, hora e como quer que o carro zero seja entregue. Dependendo da empresa, um carro reser-va é disponibilizado.
Lembre-se de que o carro não é seu, então nada de se apegar!