• Nenhum resultado encontrado

Capacidade de Absorção do Conhecimento e Capacidades Dinâmicas no Contexto de Ambientes Turbulentos: uma análise da literatura

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Capacidade de Absorção do Conhecimento e Capacidades Dinâmicas no Contexto de Ambientes Turbulentos: uma análise da literatura"

Copied!
16
0
0

Texto

(1)

1

Capacidade de Absorção do Conhecimento e Capacidades Dinâmicas no Contexto de Ambientes Turbulentos: uma análise da literatura

Autoria: Diego Jacob Kurtz, Jane Lucia S. Santos, Andrea Valéria Steil Resumo

Este trabalho objetiva analisar a literatura sobre capacidade de absorção (CA) e capacidades dinâmicas (CD), no âmbito internacional, e a análise desses construtos em ambientes turbulentos. Por meio de técnicas bibliométricas, foram identificados os trabalhos mais citados e mais recentes sobre CA e CD, e em ambientes turbulentos. Os resultados mostraram que essa literatura é relativamente recente e que dá enfoque maior à capacidade de absorção do que às capacidades dinâmicas. Os trabalhos que associam os dois constructos, geralmente utilizam conceitos, tais como, aprendizagem organizacional, gestão do conhecimento, etc., e abrem um leque de oportunidades para futuros estudos, principalmente, empíricos.

(2)

2

1. Introdução

Em um ambiente caracterizado por instabilidades e rápidas mudanças, as organizações enfrentam o desafio de se manterem vivas e competitivas ao longo do tempo (AR; BAKI, 2011). Este contexto tem chamado atenção de pesquisadores, os quais têm sugerido que um dos fatores essenciais são as capacidades que permitem que as organizações se renovem continuamente por meio da identificação, aquisição e aplicação de novos conhecimentos nas suas operações, bens e serviços (COHEN; LEVINTHAL, 1990; WONG; ASPINWALL, 2005). Essas capacidades têm sido identificadas como habilidades diferenciadoras, nomeadas de “capacidades dinâmicas” (TEECE; PISANO; SHUEN, 1997; EISENHARDT; MARTIN, 2000; WINTER, 2003; ZAHRA; GEORGE, 2002).

O conceito de Capacidades Dinâmicas (CD) surgiu de uma lacuna da Visão Baseada em Recursos (Resource-Based View - RBV), a qual considera que as organizações são conjuntos de recursos, e a utilização desses recursos é o que leva a obtenção de vantagem competitiva (BARNEY, 1991; AMIT; SCHOEMAKER, 1993). A RBV parte da compreensão de que os recursos simplesmente “existem” e, nas suas origens, está interessada na escolha e seleção de recursos estratégicos, deixando de lado a ênfase em explicar/investigar como esses recursos são desenvolvidos e incorporados nas organizações. A abordagem das Capacidades Dinâmicas trata desse hiato ao utilizar uma perspectiva de processo para tentar explicar como as organizações se mantêm competitivas diante de mercados turbulentos e de cenários de mudanças complexas. Essas capacidades são entendidas como habilidades de integrar, construir e reconfigurar competências externas e internas em um ambiente de mudanças (TEECE; PISANO; SHUEN, 1997), e como processos e rotinas que permitem que uma organização reconfigure os seus recursos para responder às novas realidades do mercado (EISENHARDT; MARTIN, 2000). O desafio está em desenvolver capacidades organizacionais que permitam incorporar novos conhecimentos, vindos do ambiente externo, na base de conhecimento já existente na organização (MENEZES et al., 2012).

A capacidade de absorver conhecimentos externos consiste em um importante componente para a renovação dos recursos organizacionais e foi apontada inicialmente por Zahra e George (2002) como sendo uma capacidade dinâmica. Essa capacidade de absorção é definida como rotinas e processos organizacionais por meio dos quais uma organização adquire, assimila, transforma e aplica conhecimentos (ZAHRA; GEORGE, 2002).

É em um contexto de ambientes de rápida mudança que estudos na área vêm ganhando espaço e buscam compreender como as organizações sobrevivem e se mantém competitivas diante de instabilidades e de condições de baixa ou nenhuma previsibilidade do futuro (ANSOF, 1990). Inúmeros trabalhos evidenciam a importância dos processos de absorção de conhecimentos externos à organização e de manter uma constante capacidade de reconfiguração para garantir o sucesso dos negócios (EISENHARD; MARTIN, 2000; ZAHRA; GEORGE, 2002; PAVLOV; SAWY, 2006; 2010; 2011; TEECE, 2007), entretanto, pouco se sabe como as pesquisas sobre capacidades dinâmicas têm utilizado o conceito de capacidade de absorção, e vice-versa. Para ajudar nessa compreensão, este trabalho tem por objetivo revisar e analisar a literatura sobre os construtos capacidade de absorção (CA) e capacidades dinâmicas (CD), no âmbito internacional. Adicionalmente, pretende-se aprofundar a discussão destes conceitos em contextos caracterizados por elevados níveis de instabilidade e baixa previsibilidade das condições que vão além das fronteiras das organizações (ambientes turbulentos).

(3)

3

2. Capacidades Dinâmicas e Capacidade de Absorção de Conhecimento

A sustentabilidade da vantagem competitiva, especialmente em contextos de mercados dinâmicos, demanda enfoques que considerem a necessidade de reconfiguração dos recursos organizacionais (EISENHARDT; MARTIN, 2000). A perspectiva das Capacidades Dinâmicas surge para ajudar na compreensão referente à sustentabilidade da vantagem competitiva em entornos de rápida mudança, considerando a natureza evolutiva dos recursos e capacidades da empresa em relação às mudanças do entorno (GONSALVEZ; SAEZ; CASTRO, 2009).

A fim de complementar e esclarecer a compreensão da manutenção dos negócios nestes contextos, Teece (2007) sugere a integração entre as literaturas de estratégia e inovação propondo um modelo para ajudar na compreensão capacidades (dinâmicas) que possibilitam desenvolver e manter a habilidade adaptativa e evolutiva das organizações. Capacidades dinâmicas, para Teece (2007) permitem as empresas criar, implantar e proteger os ativos intangíveis que suportam o desempenho de negócios superiores de longo prazo. Os fundamentos destas capacidades consistem em habilidades, processos, procedimentos, estruturas organizacionais, regras de decisão e disciplinas distintas, que permitem à detecção (sensing) e captura (seizing) de oportunidades com o objetivo de reconfigurar (transforming) suas capacidades. Estas capacidades levam à organização não somente a se adaptar aos ambientes dos negócios, mas também alteram suas estruturas por meio da inovação e da colaboração com outras organizações (TEECE, 2007). Complementando esta conceptualização, Wang e Ahmed (2007) demonstram que capacidades dinâmicas estão relacionadas à orientação no comportamento da empresa à contínua integração, reconfiguração, renovação e recriação de seus recursos e capacidades. Associa-se também, e principalmente, ao incremento e reconstrução de suas capacidades essenciais em resposta a um ambiente instável, promovendo a vantagem competitiva.

Aprofundando os estudos nestes cenários por meio de abordagens relacionadas à aprendizagem organizacional, uma alternativa à operacionalização e análise destas capacidades dinâmicas é o construto de capacidade absortiva. Capacidade de absorção consiste em habilidades referentes à aquisição, assimilação, transformação e aplicação de conhecimentos externos (ZAHRA; GEORGE, 2002) visando à adaptação e manutenção dos negócios em ambientes imprevisíveis e de rápidas mudanças. Na visão de Zahra e George (2002), as quatro capacidades estão inter-relacionadas dentro do constructo “capacidade de absorção” e objetivam produzir uma capacidade dinâmica que influencia a capacidade da organização criar, incorporar e utilizar o conhecimento necessário para construir outras capacidades na organização.

Desde a publicação do artigo seminal de Cohen e Levinthal (1990), o conceito da capacidade de absorção tem despertado significativo interesse da comunidade científica e tem sido empregado para explicar uma série de fenômenos organizacionais (LANE; KOKA; PATHAK, 2002). A capacidade de uma organização perceber no ambiente externo novas informações de alto valor e sua posterior assimilação e aplicação constituem as características críticas para a inovação nas organizações (COHEN; LEVINTHAL, 1990). Capacidades dinâmicas consistem em habilidades referentes à adaptação e reconfiguração. A capacidade de adquirir recursos – conhecimento – externos pode ser mais fácil e menos dispendiosa do que construir essas capacidades internamente (ZOLLO; SINGH, 2004).

(4)

4 É em um contexto de turbulências – de origens políticas, econômicas, socioculturais, tecnológicas e de mercado (JOHNSON; SCHOLES, 1989; HEDLÖF; JANSON, 1999), que está fundamentada a natureza multidimensional da capacidade de absorção e a sua característica de capacidade dinâmica (LICHTENTHALER, 2009). Neste sentido os temas de interesse deste trabalho surgem na literatura científica como construtos aparentemente inter-relacionados e significativamente próximos.

3. Procedimentos metodológicos

Este é um trabalho de revisão de literatura, que emprega técnicas bibliométricas para analisar o campo de pesquisa em capacidade de absorção e capacidades dinâmicas. Tendo por base os trabalhos de Crossan e Apaydin (2010) e Tranfield, Denyer e Smart (2003), este estudo foi realizado em duas etapas: (1) Busca e (2) Análise sistemática da literatura.

3.1 Etapa 1 – Busca sistemática da literatura

A realização da busca sistemática da literatura foi feita nas bases de dados Scopus e Web of Science (WoS). Na WoS, foi selecionada a sub-base Social Sciences Citation Index (SSCI) e foi utilizado o período disponível na base até a data de realização da busca: 1945-2012 (agosto). Na Scopus, a sub-base escolhida foi Social Science & Humanities e o período aplicado também foi o disponível até o mês de realização das buscas: 1960-2012 (agosto). O primeiro momento da busca consistiu na pesquisa por meio das palavras chave capacidade absortiva (absorptive capacit*) e capacidades dinâmicas (dynamic capabilit*) nos campos Article Title, Abstract, Key Words para a base Scopus e Topic para WoS. Foram recuperados os trabalhos nos formatos Article, Review e Proceedings papers. Os resultados gerados a partir da busca sistemática representam um conjunto total de 381 artigos (total das duas bases sem duplicação). Em seguida, esses trabalhos foram exportados para um software de gerenciamento de artigos científicos (EndNote), a fim de facilitar as análises posteriores.

3.2 Etapa 2 – Análise sistemática da literatura

Esta etapa consistiu na elaboração dos Grupos de análise para a classificação e seleção das publicações de interesse da pesquisa. O objetivo central da categorização foi facilitar a organização da análise e interpretação dos artigos obtidos. A partir da obtenção dos trabalhos mais citados e dos mais recentes buscou-se a identificação das pesquisas existentes na área e o seu desenvolvimento. Os grupos foram compostos conforme demonstra a Figura 1.

(5)

5

1. Trabalhos mais citados: Composto pelo conjunto dos artigos mais citados em cada Base:

Scopus e WoS. Os dez primeiros artigos foram selecionados em ambas as bases por representarem mais de 50% do conjunto total de citações. Dentre estes artigos, foram selecionados apenas aqueles que abordavam CD e CA de forma direta em seu resumo.

2. Trabalhos mais recentes: Em uma primeira etapa, todos os artigos publicados nos 3

últimos anos foram selecionados, correspondendo a 45% (101) do total de publicações na WoS e 43% (116) na Scopus. Dentre o total de artigos, apenas os que continham os dois temas de interesse (palavras chave capacidade absortiva e capacidade dinâmica) abordados no resumo foram selecionados, totalizando um conjunto de 8 artigos tanto para a WoS quanto Scopus.

3. Trabalhos sobre CA e CD em ambientes turbulentos: Composto pelos artigos que

abordam os temas capacidades de absorção e capacidades dinâmicas no contexto de turbulências do ambiente (relacionados ao nível de instabilidade e incertezas do ambiente (HELFAT et al., 2007; JAWORSKI; KOHLI, 1993). Para identificar esses trabalhos foram identificados nos resumos dos 381 trabalhos, localizados na etapa 1, termos relacionados a turbulência (palavra chave: turbulen*). Com essa primeira busca foram selecionados 10 artigos vindos da WoS e 14 vindos da Scopus. Em seguida esses trabalhos foram lidos e identificou-se que 12 trabalhos (sem duplicação nas duas bases) tratavam de fato do tema de interesse deste grupo.

A Tabela 1 apresenta detalhadamente a formação de cada grupo de artigos.

Tabela 1. Seleção de artigos para a análise descritiva da literatura.

N = 381 WEB OF SCIENCE SCOPUS

Grupos (G) Quantidade inicial refinamento Após Quantidade Inicial refinamento Após

G1: Artigos Mais citados 10 2 10 1

G2: Artigos Mais recentes 101 8 116 8

G3: Artigos sobre CA e CD

em Ambientes Turbulentos 10 10 14 2

Total por Grupo 120 20 130 11

TOTAL de Artigos Selecionados após refinamento e sem duplicação (20 + 11) 31

Fonte: Elaborada a partir de dados da Web of Science e Scopus, agosto de 2012.

Foram analisados nos 31 artigos selecionados: (1) objetivos, (2) método aplicado, (3) variáveis analisadas; (4) contexto/nível de aplicação; (5) resultados; (6) principais conclusões e (7) propostas de pesquisas futuras. Estes fatores estão apresentados na seção 4.2 deste trabalho.

4. Resultados

Para sintetizar os resultados obtidos a partir da busca sistemática de literatura, inicialmente são apresentadas algumas informações bibliométricas gerais referentes aos 381 trabalhos sobre capacidade de absorção e capacidades dinâmicas, recuperados nas bases WoS e Scopus.

(6)

6 Identificou-se que ambas as bases demonstraram que os estudos relacionados aos dois construtos são relativamente recentes e vêm aumentando consideravelmente, especialmente nos últimos 10 anos. Por exemplo, identificou-se que um dos primeiros artigos específicos sobre os temas foi o trabalho de Zahra e George (2002), intitulado “Absorptive capacity: A review, reconceptualization, and extension”. Já na base Scopus o primeiro trabalho recuperado foi o artigo de Szulanski (1996) denominado “Exploring internal stickiness: Impediments to the transfer of best practice within the firm”. Na lista dos artigos mais citados, o artigo de Szulanski (1996) ficou em primeiro lugar, com 1637 citações, seguido pelo trabalho de Zahra e George (2002), com 1105 citações na Scopus e 943 na WoS. Na Tabela 2 são apresentados os dez trabalhos mais citados, ranqueados a partir do maior número de citações recebidas na base de dados (origem) em que foram localizados.

Tabela 2. Trabalhos mais citados listados de acordo com a maior quantidade de citações contadas na base de

dados (origem) em que foram localizados.

Trabalhos mais citados Origem Citações na WoS Citações na Scopus

SZULANSKI, G. Exploring internal stickiness: Impediments to the transfer of best practice within the firm. Strategic

Management Journal, 1996.

Scopus * 1637 ZAHRA S.; GEORGE G. Absorptive capacity: A review,

reconceptualization, and extension. Academy of Management

Review, vol. 27, n. 2, p.185-203, 2002.

WoS e

Scopus 943 1105

LANE, P. J.; LUBATKIN, M. Relative absorptive capacity and interorganizational learning. Strategic Management

Journal, 1998.

WoS e

Scopus 792 955

VAN DEN BOSCH, F. A. J.; VOLBERDA, H. W.; DE BOER, M. Coevolution of Firm Absorptive Capacity and Knowledge Environment: Organizational Forms and Combinative Capabilities. Organization Science. 1996

WoS e

Scopus 172 243

LANE, P. J.; KOKA, B. R.; PATHAK, S. The reification of absorptive capacity: A critical review and rejuvenation of the

construct. Academy of Management Review. 2006. Scopus *

241 KIM, L. Crisis construction and organizational learning:

capability building in catching-up at hyundai motor.

Organization Science. 1998. Scopus * 209

ZAHEER, A.; BELL, G. Benefiting from network position: Firm capabilities, structural holes, and performance. Strategic

Management Journal. 2005 Scopus * 195

JANSEN, J. J. P.; VAN DEN BOSCH, F. A. J.; VOLBERDA, H. W. Managing potential and realized absorptive capacity: How do organizational antecedents matter? Academy of Management Journal. 2005.

WoS e

Scopus 150 174

ZAHRA SA, SAPIENZA HJ, DAVIDSSON P.

Entrepreneurship and dynamic capabilities: A review, model

and research agenda. Journal of Management Studies. 2006. Wos 155 * IRELAND RD, HITT MA, SIRMON DG. A model of

strategic entrepreneurship: The construct and its dimensions.

Journal of Management. 2003.

WoS 149 * Fonte: própria – elaborada a partir de dados da Web of Science e Scopus, agosto de 2012.

(7)

7 Os trabalhos mais citados em ambas as bases ilustrados pela Tabela 2 podem ser categorizados em diferentes níveis de análise e tipos de estudo. O primeiro grupo aborda as capacidades absortivas e dinâmicas a nível organizacional por meio de estudos conceituais (ZAHRA; SAPIENZA; DAVIDSSON, 2006; IRELAND; HITT; SIRMON, 2003; ZAHRA; GEORGE, 2002; LANE; KOKA; PATHAK, 2006). O segundo grupo estuda os conceitos a também no nível organizacional, mas a partir de estudos empíricos (SZULANSKI, 1996; VAN DEN BOSCH; VOLBERDA; DE BOER, 1996; KIM, 1998). Por fim, foram identificados também trabalhos empíricos em contextos de grupos internos às organizações (JANSEN; VAN DEN BOSCH; VOLBERDA, 2005), organizacionais em redes (ZAHEER; BELL, 2005) e interorganizacionais (LANE; LUBATKIN, 1998).

Quanto aos autores mais referenciados pelos trabalhos obtidos a partir da busca, é possível perceber a relevância de alguns autores como Eisenhardt, K.M., Martin, J.A. (1997), Cohen, W.M; Levinthal, D.A. (1990), Teece DJ, Pisano, G.; Shuen, A. (1997) e Zahra, S.A., George, G. (2002). Este trabalho é convergente com estas linhas e, assim como os demais trabalhos obtidos na busca da literatura, utiliza-os como os pilares centrais e norteadores da pesquisa. A próxima sessão consiste na discussão destas abordagens em função dos 3 grupos de análise propostos.

A seguir são sintetizados os principais resultados referentes aos Grupos de artigos selecionados neste trabalho.

4. 1 Grupo 1: artigos mais citados – capacidade de absorção e capacidades dinâmicas

Dentre os trabalhos mais citados identificados nesta busca, três foram selecionados por abordar de forma direta os constructos capacidade de absorção e capacidades dinâmicas. Todos os trabalhos selecionados deste grupo são revisões de literatura específicos do campo de pesquisas em capacidade de absorção, que consideraram a abordagem das capacidades dinâmicas buscando avançar nas pesquisas.

Zahra e George (2002) realizam uma reconceitualização das capacidades absortivas propostas inicialmente por Cohen e Levinhtal (1990), abordando-as como capacidades dinâmicas, ou seja, capacidades voltadas à adaptação e reconfiguração organizacional. Tais capacidades estão relacionadas à criação e utilização do conhecimento, que aumentam a capacidade da empresa em obter e manter a vantagem competitiva. Por meio da proposta de 4 dimensões descritas de forma qualitativa (1) Aquisição, (2) Assimilação, (3) Transformação e (4) Explotação, os autores preparam o campo para pesquisas futuras fornecendo uma base fundamentada em três contribuições principais. Na primeira, através da revisão da literatura existente até o momento e proposta de quatro dimensões, Zahra e George (2002) definem e esclarecem a dimensionalidade deste construto complexo e os papéis dos suas respectivas dimensões. Em um segundo momento, os autores realizam a distinção entre capacidade absortiva potencial (CAP) e capacidade absortiva realizada (CAR), sugerindo que o conhecimento adquirido externamente sofre múltiplos processos antes de a organização utilizá-lo de fato. A pesquisa demonstra ainda que estudos anteriores abordam de forma incompleta as condições em que as capacidades absortivas poderiam conduzir a vantagem competitiva. Visando cobrir este hiato, os autores apresentam um modelo (Figura 2) que liga os componentes das capacidades para a criação de valor e manutenção das diferenças de desempenho entre as empresas.

(8)

8

Figura 2. Modelo de capacidade absortiva. Fonte: Adaptado de Zahra e George (2002, p. 192).

Seguindo esta linha, Todorova e Durisin (2007) criticam o modelo inicial proposto por Zahra e George (2002). Os autores refinam o modelo por meio da reinserção da variável “percepção de valor” e chamam atenção que Zahra e George (2002) ignoraram alguns aspectos fundamentais referentes ao constructo. Neste sentido, os autores realinham o modelo de acordo com Cohen e Levinthal (1990) e realocam a variável Transformação, dentro do modelo (Figura 3).

Figura 3. Modelo de Capacidades Absortivas com base em Cohen e Levinthtal (1990) e Zahra e George (2002).

Fonte: Todorova e Durisin (2007, p. 776)

Ainda na linha crítica dos trabalhos, Lane, Koka e Pathak (2006) realizam uma análise detalhada de 289 artigos referentes à capacidade de absorção para avaliar como os conceitos têm sido utilizados e identificar quais as contribuições substanciais para a literatura. Os artigos foram classificados em 3 grupos: (1) Como o constructo central do artigo está ligado ao tópico; (2) O número de dimensões referentes à capacidade de absorção discutidos, (3) A maneira em que as pesquisas caracterizam a relação dos constructos à empresa. Os autores concluíram que 78% dos estudos não utilizam Cohen e Levinthal (1990) como citação principal. Praticamente metade desses trabalhos não abordam todas as dimensões das capacidades absortivas. Apenas 22 por cento dos trabalhos analisados fazem o uso dos constructos e, apenas 1,4%, estende ou refina o constructo. Lane, Koka e Pathak (2006) demonstram ainda que, em geral, os estudos são teoricamente fragmentados e que essa falta de alinhamento e fragmentação do constructo impede que os estudos de capacidade de absorção alcancem todo o seu potencial.

(9)

9 Mesmo atendendo aos critérios de seleção para compor este grupo – abordar o construto capacidade de absorção diretamente associado a capacidades dinâmicas, ou vice versa – o enfoque principal dos três trabalhos analisados está na discussão sobre capacidades absortivas e o conceito referente a capacidades dinâmicas é discutido de forma secundária.

Com base no exposto neste item, a próxima sessão buscará compreender como os conceitos vêm sendo desenvolvidos nos últimos três anos, e como a literatura atual vêm abordando este tema de pesquisa. Por meio do modelo proposto por Zahra e George (2002) e das críticas fornecidas principalmente pelos trabalhos de Lane, Koka e Pathak (2006) e Todorova e Durisin (2007), será possível visualizar as tendências seguidas, e qual a influência desta literatura nas publicações subsequentes.

4. 2 Grupo 2: Artigos mais recentes – capacidades de absorção e capacidades dinâmicas

As publicações dos últimos 3 anos correspondem à 45% do total dos trabalhos recuperados na busca sistemática. Entre os 10 trabalhos analisados neste item que abordavam diretamente a temática, 3 trabalhos foram realizados por meio de pesquisa tipo survey, 5 por meio de uma revisão da literatura e 2 desenvolvidos de forma qualitativa, com base em entrevista com gestores.

Sun e Anderson (2010) realizam um trabalho abordando a questão fundamental de como a capacidade absortiva está relacionada à aprendizagem organizacional. Os autores afirmam que do ponto de vista das capacidades dinâmicas, a capacidade absortiva deve ser considerada como um tipo específico de aprendizagem que diz respeito a relação da organização com os conhecimentos externos.

Andersén e Kask (2012) abordam como a capacidade de absorção afeta as ações dos parceiros e a durabilidade dos relacionamentos na área de marketing. Baseados no modelo proposto por Zahra e George (2002), a pesquisa oferece alguns insights sobre como os componentes das capacidades absortivas diferem entre os parceiros, suas influências e relações na cadeia. Visando melhor compreender o processo de operacionalização destes conceitos, Brettel, Greve e Flatten (2011) e Noblet, Simon e Parent (2011) também discutem a dinâmica dos componentes da capacidade absortiva. Os autores demonstram que o ponto de partida para a melhoria de desempenho (em termos de resultado organizacional) consiste na avaliação das suas capacidades atuais com relação às quatro dimensões da capacidade absortiva para então decidir quais recursos podem ser alocados para cada dimensão. Os resultados sugerem ainda que organizações com baixos níveis de capacidade absortiva devem investir nas capacidades potenciais para melhorar a sua capacidade de adquirir e assimilar novos conhecimentos externos e lucrar com aumentos lineares no desempenho. Três fatores são de particular importância para o desenvolvimento contínuo dessas capacidades: (1) a criação de um ambiente propício à interação, (2) a presença de líderes com as competências necessárias para assegurar a integração necessária e a (3) capacidade de permanente de manter-se sob constante desafio (NOBLET; SIMON; PARENT, 2011).

Chang e Tzeng (2010) fornecem uma abordagem sistemática de critérios de identificação, relações e pesos associados ao processo de tomada de decisão. O estudo evidencia que as capacidades de absorção conduzem à melhoria das capacidades dinâmicas em função da adaptação à ambientes competitivos e de rápida mudança. É neste contexto de rápida

(10)

10 mudança, que Descotes e Walliser (2011) estudam o uso da informação sob a lente das capacidades absortivas, concluindo que os processos que compõem as capacidades absortivas ocorrem em diferentes níveis dentro da organização. Alguns pontos como a informalidade na busca de informações e os antecedentes (conhecimento prévio por parte dos gestores) foram destacados no processo.

Abordando as capacidades absortivas em um contexto de organizações públicas, Harvey et al. (2010) realizam uma análise conceitual, teórica e metodológica da aplicação da capacidade de absorção para o desempenho de organizações públicas. Os autores objetivam adequar o constructo a este contexto, geralmente explorado em ambientes de organizações privadas, onde o sucesso é dado, via de regra, pelo desempenho financeiro. Concluem que as análises neste contexto devem ocorrer em função dos componentes da capacidade absortiva visando oferecer um meio de avaliação que forneça suporte à previsibilidade de eventos e otimização dos recursos. O baixo rendimento das organizações resulta em elevados gastos de recursos públicos, sendo que atentar para a aplicação da capacidade absortiva nestas organizações pode ser uma alternativa à estas questões.

Associando a capacidade de absorçao à variáveis da cultura organizacional, Khoja e Maranville (2010) destacam que quando as unidades de negócio dispõem seus recursos apenas visando a eficiência - minimizando a importância da inovação - o desenvolvimento da capacidade de absorção é prejudicado. Por outro lado, as organizações que promovem o compartilhamento e intercâmbio de recursos tendem a aumentar a sua capacidade de absorção, aumentando o conhecimento adquirido a partir de fontes externas. Enquanto as organizações investem recursos e esforços para promulgar a experimentação e a realização de tarefas dentro das unidades, a pesquisa sugere que esses dois valores culturais não contribuem significativamente para o desenvolvimento das capacidades absortivas. Na mesma linha, Robertson, Casali e Jacobson (2012) evidenciam que focar apenas na capacidade absortiva pode não ser adequado para a solução de problemas que vão além do âmbito da gestão do conhecimento e exigem o gerenciamento de recursos humanos, tecnologias e relacionamentos. Ambos os trabalhos destacam a necessidade de promover a colaboração e compartilhamento do conhecimento organizacional que orienta as unidades no longo prazo. E, finalmente, na revisão da literatura de Killen et al. (2012) são apontadas orientações para futuras pesquisas, visando contribuir para o contínuo avanço dos estudos referentes à capacidade de absorção na área de gestão de projetos.

O presente item demonstrou que as aplicações estão ocorrendo nas mais diversas áreas, associadas a diferentes constructos (Figura 4).

Constructos ou Áreas de Conhecimento Constructo

Aprendizagem Organizacional (SUN ; ANDERSON, 2010)

Marketing e relacionamentos dos players na cadeia produtiva (ANDERSÉN ; KASK, 2012)

Distribuição de recursos orientado ao desempenho financeiro (NOBLET; SIMON; PARENT, 2011)

Capacidades dinâmicas e turbulências ambientais (CHANG ; TZENG,2010; DESCOTES ; WALLISER, 2011)

CAPACIDADE DE ABSORÇAO

Associada a

Aplicação em organizações públicas para otimização dos recursos (HARVEY et al., 2010)

(11)

11 Gestão de Projetos (KILLEN et al., 2012)

Compartilhamento de conhecimento e sustentabilidade dos negócios a longo prazo (KHOJA ; MARANVILLE, 2010; ROBERTSON; CASALI ; JACOBSON,2012)

Figura 4. Associação da Capacidade de Absorção com diferentes constructos ou áreas de conhecimento. Fonte:

própria

É perceptível que a literatura atual vêm aplicando os conceitos propostos inicialmente por Cohen e Levinthal (1990) e, especialmente, após a operacionalização do construto proposta por Zahra e George (2002) têm surgido estudos empíricos visando aperfeiçoar e solidificar a área. A seguir, a abordagem referente à relação das capacidades dinâmicas e absortivas em contextos turbulentos será discutida com base na literatura identificada.

4. 3 Grupo 3: capacidades de absorção e capacidades dinâmicas em contexto de ambientes turbulentos

Todos os dez trabalhos analisados nesta sessão foram desenvolvidos por meio de surveys. O primeiro estudo analisado evidencia que o balanço entre a capacidade absortiva potencial e realizada é mediada pelo gerenciamento dos sistemas de informação. Tal capacidade permite que a empresa incorpore conhecimentos em seus sistemas visando complementar ou substituir conhecimentos tornando-os disponíveis para toda a organização (CEPEDA-CARRION; CEGARRA-NAVARRO; JIMENEZ-JIMENEZ, 2012). Ainda nesta linha, Jansen, Van den Bosch e Volberda (2005) associam os componentes da capacidade absortiva a mecanismos de coordenação organizacional. Os autores apontam que práticas que visam a conectividade e equipes multifuncionais influenciam positivamente a aquisição e assimilação de conhecimentos externos, ao passo que a formalização aumenta significativamente nível da capacidade de absorção realizada (JANSEN; VAN DEN BOSCH; VOLBERDA, 2005). Em contextos de elevada turbulência (como mercados tecnológicos, por exemplo), estudos têm demonstrado empiricamente que a capacidade de absorção influencia a aprendizagem organizacional e inovação de forma positiva (GARCÍA-MORALES; RUIZ-MORENO; LLORENS-MONTES, 2007). É em um ambiente de instabilidades e incertezas que Johnson, Sohi e Grewal (2004) afirmam que as organizações necessitam desenvolver sua base de conhecimento sobre as tendências e mudanças do ambiente externo. Por meio da comparação de tipos distintos de estratégias (conservadora e inovadora) Leidner e Preston (2011) afirmam que quando o mercado é altamente incerto, o desempenho das organizações que se baseiam em estratégias conservadoras terão seu desempenho comprometido. O estudo fornece ainda evidências de que as empresas com estratégias formalizadas possuem um desempenho melhor do que aquelas sem estratégias formais. Além disso, o estudo fornece evidências de que organizações orientadas a estratégias inovadoras tendem a apresentar melhor desempenho as do que conservadoras, tanto em ambientes de elevada instabilidade quanto moderados.

Outros estudos demonstram ainda que além das instabilidades relacionadas à tecnologia, a turbulência de mercado também modera de forma positiva o desempenho das organizações (LICHTENTHALER, 2009). O autor contrasta os resultados de sua pesquisa com trabalhos anteriores, constatando o efeito positivo da aprendizagem relacionada à explotação em ambientes turbulentos. Lichtenthaler (2009) se contrapõe à pesquisa apresentada por Jansen et al. (2006), que tem mostrado efeitos negativos da aprendizagem de explotação em condições turbulentas. Capacidade de exploração, transformação e de explotação apresentam efeitos complementares positivos sobre o desempenho financeiro da organização.

(12)

12 De acordo com Narasimhan, Rajiv e Dutta (2006), em condições de elevada instabilidade do ambiente, os principais fatores associados aos diferentes níveis de capacidade de absorção e sua associação com o desempenho ocorrem fundamentalmente em função da (1) Capacidade de Marketing; (2) P&D e, (3). Capacidade de operações.

Por fim, Pavlou e El Sawy (2006; 2010; 2011) apresentam um conjunto de três artigos que abordam três pilares fundamentais. O primeiro faz referência a como as tecnologias da informação (TI) podem construir uma vantagem competitiva em ambientes turbulentos. No segundo trabalho, os autores apresentam as capacidades de improvisação como um meio distinto para reconfigurar capacidades operacionais em níveis elevados de turbulência. Por fim, Pavlou e El Sawy propõem um modelo mensurável de capacidades dinâmicas por meio de sua conceitualização e operacionalização.

Os estudos evidenciam que, diante de elevados níveis de turbulência, as TI alavancam as competências referentes às capacidades dinâmicas. O ambiente modera de forma positiva as capacidades dinâmicas, no entanto o mesmo não ocorre para a capacidade competitiva da organização, comprometida diante de elevados níveis de instabilidade. Neste sentido, os autores apresentam as capacidades de improvisação como alternativa à adaptação a ambientes de baixa previsibilidade. Os resultados demonstram que a capacidade de improvisação é mais valiosa em ambientes altamente turbulentos, enquanto capacidades dinâmicas dominam ambientes moderadamente turbulentos. Finalmente, o trabalho mais recente de Pavlou e El Sawy (2011) apresenta duas principais conclusões: A primeira identifica e articula um conjunto de capacidades dinâmicas e propõe um modelo mensurável (Figura 5).

Figura 5. Framework para a mensuração de capacidades dinâmicas. Fonte: Pavlou e El Sawy (2011)

A segunda contribuição apresenta um modelo estrutural em que capacidades dinâmicas possuem um efeito indireto positivo sobre o desempenho na reconfiguração das capacidades operacionais, sendo positivamente moderado pela turbulência do ambiente (Figura 6).

Figura 6. Modelo estrutural dos efeitos das capacidades dinâmicas em ambientes turbulentos. Fonte: Pavlou e El

(13)

13 Estes estudos conceituam, operacionalizam e fornecem ferramentas para a mensuração das capacidades dinâmicas e contribuem para a compreensão dos efeitos das capacidades dinâmicas em ambientes turbulentos. De acordo com a Figura 9 é possível identificar a associação entre os constructos referentes a capacidades dinâmicas e absortivas com diversas áreas de conhecimento relacionadas à turbulência do ambiente.

Constructos ou Áreas de Conhecimento relacionados a Ambientes Turbulentos

Constructo Sistemas de informação como ferramenta de suporte a gestão

(CEPEDA-CARRION; CEGARRA-NAVARRO; JIMENEZ-JIMENEZ, 2012)

Mecanismos de coordenação – práticas e rotinas organizacionais (JANSEN; VAN DEN BOSCH; VOLBERDA, 2005)

Aprendizagem organizacional voltada à inovação e explotação de recursos (GARCÍA-MORALES; RUIZ-MORENO; LLORENS-MONTES, 2007; SOHI; GREWAL, 2004); LEIDNER; PRESTON, 2011)

Orientação estratégica organizacional (LICHTENTHALER (2009); JANSEN et al. (2006); PAVLOU ; EL SAWY, 2006; 2010; 2011) CAPACIDADES

ABSORTIVA E DINÂMICAS

Associadas a

Marketing, Pesquisa e Desenvolvimento e gestão de operações (NARASIMHAN; RAJIV ; DUTTA, 2006)

Figura 7. Associação entre os constructos referentes a capacidades dinâmicas e absortivas e turbulência do

ambiente. Fonte: Própria

Com base no exposto, o presente item buscou compreender como a literatura aborda as capacidades dinâmicas e absortivas em contextos de elevada instabilidade e rápidas mudanças. Os trabalhos apresentados focam basicamente na operacionalização dos constructos por meio de estudos empíricos. É possível perceber que os trabalhos consistem em uma literatura relativamente recente, indicando amplo espaço para continuação destas pesquisas e novas aplicações por meio de pesquisas futuras.

5. Considerações finais

A partir das análises realizadas observou-se que a literatura que trabalha com os construtos capacidade de absorção e capacidades dinâmicas é relativamente recente, sendo que o artigo mais antigo publicado – de acordo com os critérios adotados na busca - foi de 16 anos atrás. Foi possível ainda identificar que os termos são intimamente associados. No entanto, nem todos os trabalhos analisados fizeram uma distinção clara dos termos capacidades dinâmica e capacidades de absorção, por exemplo. Os trabalhos sobre os dois termos que abordam “ambientes turbulentos”, apresentam as turbulências como variável moderadora ou variável de controle das pesquisas.

Fica claro, especialmente por meio da análise dos artigos mais citados, que algumas publicações foram responsáveis por inúmeros trabalhos subsequentes, sendo caracterizados por estudos que criticam a literatura base, ou aplicação dos modelos propostos visando à operacionalização dos constructos por meio de trabalhos empíricos.

Por meio da análise da literatura foi possível identificar a forma de utilização dos constructos (capacidades dinâmicas e absortivas) e como estes são associados a outros constructos ou

(14)

14 diferentes áreas de conhecimento. Os estudos associam áreas voltadas à aprendizagem organizacional, cadeias produtivas, desempenho financeiro, capacidades dinâmicas, instabilidades ambientais, gestão pública, gerenciamento de projetos, processo de compartilhamento de conhecimento e planejamento estratégico. Estes trabalhos abordam a capacidade absortiva como pedra fundamental à discussão, e o construto capacidades dinâmicas, em geral, é utilizado como abordagem teórica, sendo pouco operacionalizado. Diante da utilização das capacidades dinâmicas e absortiva de forma conjunta na discussão de trabalhos desenvolvidos em contextos de turbulência do ambiente, outros construtos referentes a sistemas de informação, mecanismos de coordenação, aprendizagem organizacional, inovação, explotação de recursos, orientação estratégica, marketing e gestão de operações foram identificados.

O presente trabalho auxilia ainda na evolução e compreensão dos constructos abordados por meio da demonstração das pesquisas que reordenam, reconceitualizam, operacionalizam e aplicam os conceitos a diferentes contextos e áreas de conhecimento. Trabalhos deste tipo colaboram para a robustez e solidificação das pesquisas referentes a estes temas. A partir da compilação das pesquisas apresentadas, o presente artigo contribui para o desenvolvimento de uma agenda de pesquisas nacionais sobre tema, fornecendo um panorama da literatura atual. A partir da compreensão deste status quo, futuras pesquisas podem emergir, seja por meio do aprofundamento nos três grandes grupos de artigos apresentados, seja na continuação das pesquisas aqui apresentadas.

Referências

AMIT, R.; SCHOEMAKER, P. J. H. Strategic Assets and Organizational Rent. Strategic Management Journal, vol. 14, n. 1, p. 33-46, 1993.

ANDERSÉN, J.; KASK, J. Asymmetrically realized absorptive capacity and relationship durability. Management Decision, vol. 50, n.1, p. 43-57, 2012.

ANDREWS, Kenneth R. O conceito de estratégia empresarial. In. MINTZBERG, Henry e ANSOFF, I. Managing in Turbulent Environments, Igor Ansoff’s Strategic Success Model, Singapore Institute of Management, p. 1-4, 1990.

AR, I. M.; BAKI, B. Antecedents and performance impacts of product versus process innovation: Empirical evidence from SMEs located in Turkish science and technology parks. European Journal of Innovation Management, v. 14, n. 2, p. 172-206, 2011.

BARNEY, J.B. Firm resources and sustained competitive advantage. Journal of Management, vol. 17, p. 99-120, 1991.

BRETTEL, M.; GREVE, G. I.; FLATTEN, T. C. Giving up linearity: Absorptive capacity and performance. Journal of Managerial Issues, vol. 23, n. 2, p. 164-189, 2011.

CEPEDA-CARRION, G.; CEGARRA-NAVARRO, J. G.; JIMENEZ-JIMENEZ, D. The Effect of Absorptive Capacity on Innovativeness: Context and Information Systems Capability as Catalysts. British Journal of Management, vol. 23, n. 1, p. 110-129, 2012.

CHANG, H. F.; TZENG, G. H. A causal decision making model for knowledge management capabilities to innovation performance in taiwan's high-tech industry. Journal of Technology Management and Innovation, vol. 5, n. 4, p. 137-146, 2010.

COHEN, W. M.; LEVINTHAL, D. A. Absorptive capacity: a new perspective on learning and innovation. Administrative Science Quarterly, vol. 35, p. 128-152, 1990.

(15)

15 CROSSAN,M.; APAYDIN, M. A multi-dimensional framework of organizational innovation: a systematic review of the literature. Journal of Management Studies, vol. 47, n. 6, 2010. DESCOTES, R. M.; WALLISER, B. The process of export information exploitation in French and Romanian SMEs. Journal of Small Business and Enterprise Development, v. 18, n. 2, p. 311-330, 2011.

EISENHARDT, K.; MARTIN, J. Dynamic capabilities: what are they? Strategic Management Journal, vol. 21, p. 1105-1121, 2000.

GARCÍA-MORALES, V. J.; RUIZ-MORENO, A.; LLORENS-MONTES, F. J. Effects of technology absorptive capacity and technology proactivity on organizational learning, innovation and performance: An empirical examination. Technology Analysis and Strategic Management, v. 19, n. 4, p. 527-558, 2007.

GONZÁLEZ J.C. ; SÁEZ, P. L.; CASTRO, G.M. La influencia de las capacidades dinámicas sobre los resultados financieros de la Empresa. Cuadernos de Estudios Empresariales, vol. 19, p.105-128, 2009.

HARVEY, G. et al. Absorptive Capacity in a Non-Market Environment. Public Management Review, vol. 12, n. 1, p. 77-97, 2010.

HEDLÖF, C.; JANSON, U. The cultural aspects of knowledge management, with a focus on knowledge transfer. Bachelor Thesis, Department of Management and Economics, Linköping University, Linköping, Sweden, 1999.

HELFAT, C.; FINKELSTEIN, S.; MITCHELL, W.; PETERAF, M,; SINGH, H.; TEECE, D; WINTER,S. Dynamic Capabilities: Understanding Strategic Change In Organizations. Blackwell Publishing. 2007

JANSEN, J. J. P.; VAN DEN BOSCH, F. A. J.; VOLBERDA, H. W. Managing potential and realized absorptive capacity: How do organizational antecedent's matter? Academy of Management Journal, vol. 48, n. 6, p. 999-1015, Dec 2005.

JOHNSON, G.; SCHOLES, K. Exploring Corporate Strategy. Hemel Hempstead, Prentice Hall, 1989.

JOHNSON, J. L.; SOHI, R. S.; GREWAL, R. The role of relational knowledge stores in interfirm partnering. Journal of Marketing, v. 68, n. 3, p. 21-36, Jul 2004.

KHOJA, F.; MARANVILLE, S. How do firms nurture absorptive capacity? Journal of Managerial Issues, vol. 22, n. 2, p. 262-278, 2010.

KILLEN, C. P. et al. Advancing project and portfolio management research: Applying strategic management theories. International Journal of Project Management, vol. 30, n. 5, p. 525-538, 2012.

LAI, W-H. A competence of firm-level knowledge accumulation in enterprises. Management of Engineering & Technology. PICMET 2009 Proceedings, Portland, Oregon, USA, 2009. LANE, P.; KOKA, B.; PATHAK, S. The reification of absorptive capacity: a critical review and rejuvenation of the construct. Academy of Management Review, vol. 31, n. 4, p.833-863, 2006.

LEIDNER, D. E.; LO, J.; PRESTON, D. An empirical investigation of the relationship of IS strategy with firm performance. Journal of Strategic Information Systems, vol. 20, n. 4, p. 419-437, 2011.

LICHTENTHALER, U. Absorptive capacity, environmental turbulence, and the complementarity of organizational learning processes. Academy of Management Journal, vol. 52, n. 4, p. 822-846, 2009.

(16)

16 NARASIMHAN, O.; RAJIV, S.; DUTTA, S. Absorptive capacity in high-technology markets: The competitive advantage of the haves. Marketing Science, vol. 25, n. 5, p. 510-524, 2006.

NOBLET, J. P.; SIMON, E.; PARENT, R. Absorptive capacity: a proposed operationalization. Knowledge Management Research & Practice, vol. 9, n. 4, p. 367-377, 2011.

PAVLOU, P. A.; EL SAWY, O. A. From IT leveraging competence to competitive advantage in turbulent environments: The case of new product development. Information Systems Research, v. 17, n. 3, p. 198-227, 2006.

PAVLOU, P. A.; EL SAWY, O. A. The "Third Hand": IT-enabled competitive advantage in turbulence through improvisational capabilities. Information Systems Research, vol. 21, n. 3, p. 443-471, 2010.

PAVLOU, P. A.; EL SAWY, O. A. Understanding the Elusive Black Box of Dynamic Capabilities. Decision Sciences, vol. 42, n. 1, p. 239-273, 2011.

ROBERTSON, P. L.; CASALI, G. L.; JACOBSON, D. Managing open incremental process innovation: Absorptive Capacity and distributed learning. Research Policy, vol. 41, n. 5, p. 822-832, 2012.

SUN, P. Y. T.; ANDERSON, M. H. An examination of the relationship between absorptive capacity and organizational learning, and a proposed integration. International Journal of Management Reviews, vol. 12, n. 2, p. 130-150, 2010.

TEECE, D.; PISANO, G.; SHUEN, A. Dynamic capabilities and strategic management. Strategic Management Journal, vol. 18, 1997.

TEECE, D.J. Explicating dynamic capabilities: the nature and micro-foundations of (sustainable) enterprise performance. Strategic Management Journal, vol. 28, n.13, p.1319-1350, 2007.

TODOROVA, G.; DURISIN, B. Absorptive capacity: Valuing a reconceptualization. Academy of Management Review, vol. 32, n. 3, p. 774-786, 2007.

TRANFIELD, D.; DENYER, D.; SMART, P. Towards a methodology for developing evidence-informed management knowledge by means of systematic review. British Journal of Management, v. 14, 2003.

WANG, C.; AHMED, P. Dynamic capabilities: a review and research agenda. International Journal of Management Reviews, vol. 9, n. 1, p. 31-51, 2007.

WINTER, S. Understanding dynamic capabilities. Strategic Management Journal, vol. 24, n. 10, p. 991-995, 2003.

WONG, K. Y.; ASPINWALL, E. An empirical study of the important factors for knowledge-management adoption in the SME sector. Journal of Knowledge Management, 9(3), 64-82, 2005.

ZAHRA, S. A.; GEORGE, G. Absorptive capacity: A review, reconceptualization, and extension. Academy of Management Review, vol. 27, n. 2, p. 185-203, Apr 2002.

ZOLLO, M.; SINGH, H. Deliberate Learning in Corporate Acquisitions: Post-Acquisition Strategies and Integration Capability in U.S. Bank Mergers, Strategic Management Journal, vol. 25 n. 13, p. 1233-1256, 2004.

Referências

Documentos relacionados

No código abaixo, foi atribuída a string “power” à variável do tipo string my_probe, que será usada como sonda para busca na string atribuída à variável my_string.. O

- desenvolver a pesquisa de acompanhamento das atividades de ensino desenvolvidas nos cursos na modalidade à distância; - participar de grupo de trabalho para o desenvolvimento

Para analisar as Componentes de Gestão foram utilizadas questões referentes à forma como o visitante considera as condições da ilha no momento da realização do

Neste estudo foram estipulados os seguintes objec- tivos: (a) identifi car as dimensões do desenvolvimento vocacional (convicção vocacional, cooperação vocacio- nal,

Afinal de contas, tanto uma quanto a outra são ferramentas essenciais para a compreensão da realidade, além de ser o principal motivo da re- pulsa pela matemática, uma vez que é

No Estado do Pará as seguintes potencialidades são observadas a partir do processo de descentralização da gestão florestal: i desenvolvimento da política florestal estadual; ii

Table 7 presents the 20 features obtained using the GLCM, in which few chosen features have vital information regarding the tumor section, which further can be

Dessa maneira, os resultados desta tese são uma síntese que propõe o uso de índices não convencionais de conforto térmico, utilizando o Índice de Temperatura de Globo Negro e