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QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DA ÁGUA EM ESTABELECIMENTOS RURAIS NO VALE DO TAQUARI-RS

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QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DA ÁGUA EM ESTABELECIMENTOS

RURAIS NO VALE DO TAQUARI-RS

Jaqueline De Bortoli 1*; Luana Carla Salvi 2; Eduardo Rodrigo Ramos de Santana 3; Claudete Rempel 4

Resumo – No meio rural, frequentemente há ausência de concessionárias de água que usualmente são responsáveis pelo seu tratamento e desinfecção. Assim, uma das alternativas no interior é a utilização de poços próprios para o abastecimento de água, sendo esta consumida sem tratamento e desinfecção. Este estudo tem o intuito de analisar a qualidade microbiológica da água de poços próprios em estabelecimentos rurais com atividade leiteira na Região do Vale do Taquari/RS. Através de atividades in loco nas propriedades rurais, foram coletadas amostras de água destinadas ao consumo humano, provenientes de 14 poços próprios em nove municípios do Vale do Taquari/RS, seguindo-se a metodologia apresentada pelo Manual Prático de Análise de Água da FUNASA. As análises microbiológicas foram realizadas utilizando-se o Kit Básico de Potabilidade Alfakit®, seguindo metodologia própria, os dados foram tabulados na planilha Excel. Os resultados demostram que 93% das amostras não se enquadram nos padrões microbiológicos de potabilidade exigidos pela legislação, apresentando-se impróprias para consumo humano. Portanto, no que diz respeito aos poços das áreas rurais, há necessidade de orientar os proprietários a proteger, monitorar e mesmo fazer uso de um processo de desinfecção simples, como por exemplo, a cloração, antes de seu consumo.

Palavras-Chave – água, sustentabilidade, produtor rural.

MICROBIOLOGICAL WATER QUALITY IN RURAL ESTABLISHMENTS

OF TAQUARI VALLEY/RS

Abstract- In rural areas, often there is no water companies responsible for their treatment, disinfection and supply. In countryside the alternative is the use of wells for water supply that is consumed usually without treatment and disinfection. This study aims to analyze the microbiological quality of water from wells in farms with dairy farming in the region of Taquari Valley/RS. Water samples used for human consumption from 14 wells in nine municipalities of this region were collected according to the methodology of Water Analysis Practical Manual of FUNASA. Microbiological analyses were performed using the Basic Kit Potability Alfakit®, data were tabulated in Excel spreadsheet. Until now the results demonstrate that 93% of samples do not meet the microbiological potability standards required by law, appearing unsuitable for human consumption. Therefore, with respect to the wells in rural areas, there is a need to guide the owners to protect, monitor and even make use of a simple disinfection process, such as chlorination, before their consumption.

1 Mestranda em Ambiente e Desenvolvimento com bolsa FAPERGS - Centro Universitário UNIVATES. Lajeado, RS - Brasil. E-mail:

jbortoli@universo.univates.br.

2 Acadêmica de Ciências Biológicas, Bolsista de Iniciação Científica UNIVATES - Centro Universitário Univates. Lajeado, RS - Brasil. E-mail:

lsalvi@universo.univates.br.

3

Doutor em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais, Pesquisador e Docente do Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento - Centro Universitário UNIVATES. Lajeado, RS - Brasil. E-mail: eduardo.santana@univates.br

4 Doutora em Ecologia, Pesquisadora e Docente do Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento - Centro Universitário

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Keywords – water, milk, rural producer.

INTRODUÇÃO

A água é um recurso natural essencial à vida de qualquer ser vivo, é um constituinte indispensável para diversas atividades: abastecimento público e industrial, irrigação agrícola, lazer, consumo, produção de energia elétrica, transporte de nutrientes para o organismo, entre outros (ALVES et al., 2008; LIBÂNIO, 2010).

No meio rural dificilmente são utilizadas águas de abastecimento público, devido ao alto custo, muitos produtores optam por utilizar as fontes de água existentes em sua propriedade, água provenientes dos chamados poços próprios (OLIVEIRA; GERMANO, 1992). Dessa forma, segundo Lotin e Benedet (1997), o risco de haver contaminação por coliformes nessas fontes de água são maiores principalmente quando estão próximas a pastagens ocupadas por animais, devido as suas fezes, fossas sépticas, esgotos sanitários inadequados, deposição de resíduos orgânicos no solo e o escoamento superficial durante o período chuvoso. A água da chuva é responsável pelo transporte de dejetos indesejáveis para fontes de água local.

Nesse contexto, as diversas fontes de poluição ameaçam cada vez mais os recursos hídricos, sendo importante priorizar a preservação e, através de monitoramentos da água, acompanhar alterações da qualidade da água, uma vez que se agrava o problema de sua escassez (BRAGA et al., 2004). A falta de tratamento nas águas aumenta o risco de contaminação, portanto, realizar análises das águas de poços próprios por meio de análises microbiológicas para quantificação de coliformes totais e termotolerantes, é uma excelente estratégia de monitoramento da qualidade da água e da definição de sua potabilidade (AMARAL et al., 2003). Além de verificar como a ação humana interfere em sua qualidade e se esta pode ser utilizada para o consumo.

A fim de assegurar a qualidade da água, o Ministério da Saúde estabeleceu os procedimentos e responsabilidades relativos ao padrão de potabilidade da qualidade da água para consumo humano (BRASIL, 2011). Diante disso, o presente estudo teve por objetivo a avaliação de parâmetros microbiológicos, (coliformes totais e termotolerantes) das águas de poços próprios de propriedades rurais na Região do Vale do Taquari-RS.

O manejo adequado da água reflete excelentes resultados para a produção, consumo, uso industrial, em irrigações, entre outros (Paz et al., 2000; Branco, 2010). Atualmente, um dos principais problemas enfrentados está relacionado à contaminação da água, devido ao alto índice de poluição que certas atividades humanas produzem. Razão pela qual, muitas vezes, a qualidade da água fica comprometida, inviabilizando-se seu consumo no estado natural.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS População e amostra

Atualmente a Região do Vale do Taquari Vale do Taquari/RS é composta por 36 municípios e, em A Região do Vale do Taquari/RS localiza-se na mesorregião Centro Oriental Rio-Grandense. Atualmente a região é formada por 36 municípios que obtêm seu sustento substancialmente da agropecuária familiar.

Essa pesquisa foi realizada em propriedades rurais com produção leiteira em nove municípios do Vale do Taquari/RS (FIGURA 1). As amostras foram estabelecidas de acordo com o número de estabelecimentos rurais de cada município, Censo Agropecuário (IBGE, 2006), de modo

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que a amostra tivesse 95% de confiança e 5% de erro. As Secretarias de Agricultura e EMATER foram contatadas e responsabilizaram-se por indicar as propriedades rurais, posteriormente, iniciaram-se as atividades in loco.

Figura 1: Mapa de localização da área de estudo. Fonte: Adaptado de Eckhardt, Silveira e Rempel (2013).

Coleta de dados

Por meio de atividades in loco nos estabelecimentos rurais selecionados, foi possível conversar com os produtores rurais sobre questões referentes às fontes de água, quanto a sua presença ou ausência, usos ou não para consumo humano, se há proteção das fontes, onde estas se localizam, entre outros questionamentos que permitiram coletar e anotar em um roteiro de entrevista as informações sobre as amostras a serem analisadas.

Foram coletadas amostras de água provenientes de poços próprios de 14 estabelecimentos rurais. As amostras de água foram coletadas e transportadas de acordo com a metodologia proposta

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pelo Manual Prático de Análise de Água (FUNASA, 2004). Para a tabulação dos dados foi utilizada a planilha Excel.

Análise dos dados

As amostras de água foram encaminhadas ao laboratório de química do Centro Universitário UNIVATES. Para análise dos parâmetros microbiológicos: coliformes totais (CT) e coliformes termotolerantes (CTO) utilizou-se o Kit básico de Potabilidade da Água – AlfaKit®, com metodologia própria, expressas em Unidade Formadora de Colônia (UFC), analisadas em triplicatas obtendo-se-se a média e desvio padrão para cada análise. Optou-se pelo Kit Básico de Potabilidade da Água pela praticidade, à segurança no manuseio dos reagentes, facilidade para a interpretação dos resultados, além de ser um método também utilizado por outros pesquisadores como Ferreira et al. (2012). Os resultados obtidos foram comparados com a Portaria do Ministério da Saúde 2914/2011.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Das amostras coletadas e analisadas nos estabelecimentos rurais, verificou-se que as 14 propriedades rurais, utilizam exclusivamente água de poços próprios, sem tratamento, para abastecimento humano.

Quanto à potabilidade da água, as análises microbiológicas mostraram que poucas amostras estão de acordo com a legislação consultada apresentando-se impróprias para consumo humano (GRÁFICO 1).

Gráfico 1: Amostras de água impróprias para o consumo e adequadas ao consumo.

Segundo Silva e Araújo (2003) a qualidade da água pode ser alterada por diversos motivos como: bactérias e vírus patogênicos, esgoto doméstico e industrial, modernização acentuada da agricultura. Portanto, para que uma água seja considerada potável, ela deve atender determinados padrões de potabilidade prescritos em lei. A Portaria do Ministério da Saúde (2011. p.2) define água

93% 7%

Adequadas ao Consumo Impróprias para Consumo

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potável como “aquela que atende ao padrão de potabilidade estabelecido nesta Portaria e que não ofereça riscos à saúde”.

Das amostras de águas impróprias para o consumo 92,85% apresentaram contaminação por coliformes totais e 46,86% por coliformes termotolerantes (GRÁFICO 2).

Gráfico 2: Coliformes totais e termotolerantes encontrados nas amostras de água utilizadas para abastecimento humano.

Segundo Pelczar et al. (2005) e Bettega (2006) os coliformes totais são considerados um grupo de bactérias que contém bacilos gram-negativos, aeróbios ou anaeróbios facultativos, não formadores de esporos, oxidase-negativa, capazes de crescer na presença de sais biliares ou outros compostos ativos de superfície, com propriedades similares de inibição de crescimento, e que fermentam a lactose com produção de ácidos, aldeídos e gás a 35ºC em 24-48 horas. Enquanto que os coliformes termotolerantes são bactérias capazes de desenvolver e/ou fermentar a lactose com produção de gás a 44ºC em 24 horas (BETTEGA, 2006).

Além disso, elas habitam o intestino de animais de sangue quente, auxiliam no processo da digestão e podem ser encontradas em solos, plantas ou quaisquer efluentes contendo matéria orgânica (CONAMA, 2005; BRANCO, 2010). Portanto, elevados níveis de coliformes na água representam poluição e risco à saúde pela presença de organismos patogênicos (MACEDO, 2001).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo mostrou que a maioria das propriedades rurais apresentaram elevada quantidade de coliformes na água, número acima do previsto segundo a Portaria do Ministério da Saúde, o que ressalta a fragilidade das fontes quanto à sua proteção e/ou exposição a contaminantes. Também evidencia-se a importância do monitoramento e desinfecção da qualidade da água nesses poços como ferramenta de avaliação dos parâmetros em questão face ao padrão de potabilidade a fim de realizar o devido tratamento ou desinfecção prévia ao consumo humano. Denota-se ainda a importância de orientar o produtor rural quanto à importância da desinfecção da água antes de seu consumo. 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 CO LIF O R ME S (UF C/100ML )

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AGRADECIMENTOS

Às Prefeituras Municipais do Vale do Taquari, aos produtores rurais participantes do estudo, a FAPERGS e ao Centro Universitário Univates.

REFERÊNCIAS

ALVES, C. (2010) Tratamento de águas de abastecimento. 3. ed. Porto: Publindústria, 382 p. AMARAL, L. A. do.; NADER, A.F.; ROSSI, O. D. J.; FERREIRA, F. L. A. F.; BARROS, L.S.S. (2003). Água de consumo humano como fator de risco à saúde em propriedades rurais. Revista de

Saúde Pública, v. 37, n. 4, pp. 510-514.

BETTEGA, J. M. P. R.; MACHADO, M. R.; PRESIBELLA, M.; BANISKI, G.; BARBOSA, C. A. de. (2006). Métodos analíticos no controle microbiológico da água para consumo humano. Ciência

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BRAGA; Benedito et. al. (2004). Introdução à Engenharia Ambiental. São Paulo: Prentice Hall, p. 318.

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