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CAPITALISMO DA INFORMAÇÃO: A PROPAGANDA E O COMERCIO DO CONHECIMENTO NA ERA DIGITAL. RESUMO

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Academic year: 2021

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CAPITALISMO DA INFORMAÇÃO: A PROPAGANDA E O COMERCIO DO CONHECIMENTO NA ERA DIGITAL.

Victor Lima de Queiroz1

RESUMO

O presente artigo tem por proposta analisar alguns parâmetros que permeiam a relação criada pela propaganda entre empresa e consumidor, neste caso, no que se refere à área da educação. Serão analisados os processos envolvidos nessa relação nos momentos de pré-venda, venda e pós venda. Estarão em discussão também as necessidades peculiares que a área da educação traz para a propaganda, os desafios e particularidades da propaganda para a educação. O artigo trata da propaganda na era digital, ou seja, o foco da analise será discutir como a revolução digital influencia a propaganda para a educação e de que maneira essas áreas permeiam-se para estabelecer com um consumidor um vinculo suficiente para que haja fechamento de negócio. Estarão presentes na discussão os processos subjetivos e práticos da propaganda digital voltada para a área pedagógica.

Palavras-chave: Propaganda, Educação, Era digital.

1 Gerente de Comunicação Social com Habilitação em Publicidade e Propaganda, Unigranrio, Rua Professor José de Souza Herdy, 1160 - Jardim Vinte e Cinco de Agosto, Duque de Caxias - RJ. E-mail: acajji04@gmail.com

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CAPITALISM OF INFORMATION: ADVERTISING AND KNOWLEDGE COMMERCE IN THE DIGITAL AGE.

Victor Lima de Queiroz

ABSTRACT

The purpose of this article is to analyze some parameters that permeate the relationship that advertising creates between company and consumer, taking in consideration the educational field. The pre-sale, sale and post-sale moments will be investigated. The peculiar needs that education brings to advertising will also be discussed, as well as the challenges and particularities of advertising for this field. This study deals with advertising in the digital age, perceiving how the digital revolution influences the advertising regarded to education and how these areas are intertwined to establish an appropriate link with a consumer will be the main commitment of this article. The subjective and practical processes of digital advertising aimed at a pedagogical area will be present in the discussion.

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INTRODUÇÃO

O trabalho em questão tem como objetivo analisar as propostas por traz de uma propaganda voltada para a área da educação nos diversos locais virtuais. Estarão em analise os mecanismos frequentemente utilizados nas propagandas digitais disponibilizadas na internet, levando em consideração o tipo de propaganda em detrimento do local virtual específico em que ela se encontra. Também será deixado de fora da análise o tipo de curso que está sendo oferecido, se presencial ou EAD, pois o foco da analise estará em delinear os propósitos e parâmetros da propaganda virtual de diferentes tipos de curso. Serão discutidas a influência que a revolução digital e a popularização da internet exercem nesse ramo, bem como os processos subjetivos e complexos inerentes à relação propaganda/consumidor, tendo em vista especificamente a área pedagógica.

A importância de tal analise se dá pelas mudanças e adaptações que a internet e o marketing digital tem imposto atualmente à propaganda, tendo em vista que não só a propaganda, mas a maior parte das atividades que hoje em dia tem sido atribuída a alguma mídia ou dispositivo digital precisa ser constantemente repensada devido à capacidade inerente ao mundo virtual e digital de sofrer atualizações e mudanças. Considerando ainda que a área da educação tem suas próprias particularidades e, portanto, suas próprias necessidades, daí surge a necessidade de repensar como isso tem sido vendido no mundo virtual.

Tem-se como finalidade não especificamente obter respostas concretas ou fórmulas fixas de como fechar negocio, porém pretende-se identificar caminhos tomados pela propaganda para conseguir atingir os mais variados perfis de consumidores que tem acesso à internet devido à popularização da mesma e como ocorre a criação de vinculo com o consumidor em um espaço no qual existe ampla concorrência pela atenção. O importante, para esse estudo é identificar caminhos e tendências, não estipular formulas prontas.

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O presente trabalho tem como proposta analisar de que maneira o avanço das tecnologias digitais e a expansão do uso corriqueiro da internet na vida do brasileiro em geral afetam os seus hábitos de consumo no que se refere à área da educação. Veremos como a maneira de ‘vender educação’ se apresenta ao longo do que chamaremos aqui de ‘revolução digital’, tendo em mente que esse conceito refere-se à passagem do uso majoritário das tecnologias analógicas para as tecnologias digitais e a popularização do uso domestico dessas novas tecnologias após a década de noventa, no que comumente é chamando de ‘boom digital’.

Para darmos início a analise primeiro é importante definir o objeto e os conceitos principais que estarão guiando a mesma. O objeto, então, será as propagandas on-line de cursos variados, ou seja, cursos profissionalizantes, cursos de idiomas, aulas particulares e outros tipos de conteúdos ligados à educação. Importante definir também que, com esse espectro delineado, deixamos de lado o debate sobre os cursos de graduação, pós-graduação e afins, já que esses possuem outro tipo de lógica envolvida em seus processos de comercialização. Além disso, é importante ressaltar que abrangeremos, no atual estudo, cursos presenciais e EAD, sendo importante não a modalidade dos mesmos, mas sim a forma como as empresas vendem seus serviços para o atual consumidor.

Tendo uma base já levemente delineada, podemos então passar à relação que será analisada. Para tal analise consideraremos que em qualquer processo de comercialização de produto e/ou serviço existe, no mínimo, uma relação básica entre vendedor, produto e/ou serviço, canal, ruído e consumidor; essa será a relação básica considerada, levando em conta os diferentes locais virtuais nos quais essa relação pode acontecer. Com isso queremos dizer que não necessariamente o serviço em questão será vendido em apenas um local virtual, ou seja, apenas em um site, ou apenas no Instagram, já que, atualmente, as empresas e empreendedores parecem preocupar-se com a diversidade de meios em detrimento de uma única fonte na hora da propagação de seus anúncios. Nesse caso, então, o vendedor seria a empresa pedagógica que esta ofertando determinado pacote educacional, o canal seria a internet, o ruído seria os outros conteúdos e propagandas que podem estar

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em uma relação de competição no momento da visualização da propaganda em foco e o consumidor consideraremos o indivíduo que, intencionalmente ou não, está em contato com o serviço/produto oferecido.

Uma vez que o tema central de analise é a propaganda, vamos nos basear na definição de propaganda dada pela American Marketing Association (AMA) como sendo “qualquer forma paga de apresentação não-pessoal de ideias, produtos ou serviços feitos por um anunciante identificado” (JUGENHEIMER, 1991, p. 156) e em Boone e Kurtz (2001) que tratam a propaganda como “uma comunicação feita em várias mídias com o propósito de informar ou persuadir uma audiência em particular”.

A partir desse ponto, podemos afirmar que a importância da presente analise dá-se pelo fato de a internet ser utilizada atualmente por grande parte das empresas como meio de propagar e divulgar seus serviços e/ou produtos. Por isso, consideraremos, como sugere Lucena (1999) que, em concordância com Marc Andresseen, fundador da Netscape, afirma que é necessário levar em conta que “O que torna a internet uma oportunidade de negócio tão importante é o fato de ela ser a primeira mídia a permitir que uma empresa simultaneamente anuncie, venda, fature, entregue e dê assistência”. Ou seja, em todas as áreas, inclusive na área da educação, nunca se teve tão centralizados todos os processos de pré-venda, venda e pós-venda em uma só mídia.

Para a educação especialmente essa centralização dos processos de venda torna-se um diferencial à medida que o aluno, que, em grande parte dos casos, é a pessoa que fecha o negócio, pode sentir que está tratando com uma empresa que se torna quase uma persona, já que todas as etapas do processo de venda/consumo, como a propaganda, o pagamento, as aulas e até mesmo possíveis reclamações futuras podem ser realizadas em um só local, a internet. Isso pode dar a sensação de que o individuo esta consumindo de uma persona, pois, ao contrario do que acontecia pelas vias tradicionais, onde o aluno contratava o serviço com uma pessoa, tinha aula com outra e resolvia possíveis questões problemáticas com uma outra pessoa completamente diferente das duas que ele havia tratado anteriormente; na internet, apesar de todo o processo acontecer na maioria das vezes impessoalmente, ou seja, através de uma mídia e não do contato pessoal, pelo fato de o consumidor sempre acessar a empresa no mesmo local, isso pode gerar uma sensação de personificação da empresa contratada.

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Outro ponto que devemos ponderar é que a internet atrai atenção como mídia de consumo e negociação, pois ao mesmo tempo em que oferece uma abordagem mais interativa em sua propaganda, ela também oferece o conforto da negociação imediata e centralizada. Tomaremos como interativo aqui o que considera Deighton (1996): ter a habilidade de responder a um determinado individuo (consumidor ou não) e a capacidade de consolidar e manter dialogo com possíveis respostas daquele individuo de maneira organizada e coordenada. Acrescentaremos à esse conceito apenas a ideia de que a propaganda virtual pode ser considerada interativa também pelo fato de além de poder responder o contato de seu publico de maneira organizada e coordenada, poder também se moldar e moldar seu produto/serviço de maneira mais efetiva e rápida de acordo com o feedback dos mesmos, utilizando-se de recursos como pesquisas em redes sociais, formulários e caixas de comentários, marcações em postagem, avaliações em vídeos, etc.

A propaganda virtual de recursos educativos, seja eles de qual natureza for, tem os requisitos necessário para estabelecer três ideias em relação aos seus potenciais consumidores: primeiramente, a de que a empresa que esta oferecendo aquele serviço esta atualizada com as tecnologias, mídias e marketing digital, o que não é uma característica majoritária das instituições educativas que, apesar de uma parte considerável já apresentar o uso de algum tipo de tecnologia em sua rotina educacional e/ou administrativa, ainda é feito pouco uso dos recursos digitais para além das secretarias e salas de informática, então, essa apropriação por parte da instituição demonstra e cria uma aproximação com o potencial consumidor que é usuário de mídias sociais, cria uma imagem de uma empresa moderna e interativa e apresenta, assim, um diferencial; em segundo lugar, devemos considerar que uma empresa que vende sua imagem e serviços on-line também tem maior probabilidade de estar constantemente sendo vista por seus potenciais clientes, já que a popularidade do uso de smartphones e, consequentemente, o tempo gasto na internet tem se demonstrado crescente entre a população brasileira; finalmente, oferecer o produto e/ou serviço na internet aumenta a chance de resposta imediata, ou seja, aumenta a probabilidade do publico alvo fechar negócio mais rapidamente, sem precisar que haja um tempo de analise tão grande quanto o que havia quando se era necessário visitar instituições presencialmente e voltava-se para casa com dúzias de panfletos a analisar.

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A isso podemos acrescentar o considerável poder de escolha de nicho que a empresa terá de acordo com as escolhas de locais virtuais em que a empresa fará a divulgação de seu serviço/produto e assim, poderá personalizar sua divulgação para diferentes grupos sociais e, com isso, aumentar consideravelmente o seu potencial de identificação com o público-alvo

Os pontos abordados anteriormente estão em concordância com Stewart et al (2001), para o qual a internet possui quatro características que a diferencia das midas tradicionais:

a) Pode ser interativa, mesmo sem nenhum contato pessoal físico;

b) Oferece a oportunidade de permitir uma resposta direta do consumidor ou para o consumidor;

c) Permite uma comunicação de massa sem a interferência do responsável pelo marketing da empresa;

d) E oferece algumas características fundamentais de outras mídias como a imagem da mídia impressa, a imagem com movimento da televisão e o som do rádio.

Em outras palavras a internet cria um vinculo entre empresa e consumidor através da união de comodidade, interatividade e rapidez que as mídias sociais não se mostram capazes de abranger se utilizadas isoladamente. Ainda que, já há algum tempo, existam empresas que trabalham para construir certo nível de interatividade através das mídias tradicionais, unindo, por exemplo, televisão com telefonia, rádio e correio eletrônico, jornal e correspondências via carta ou mensagens instantâneas, entre outras combinações que não são novidade no mercado, ainda assim, isso não se mostra suficiente para competir com uma mídia que é capaz de abranger todas essas mídias em um único lugar, tendo então a possibilidade de oferecer texto, imagem, vídeo e interação social com seus funcionários e outros consumidores a distancia de um click apenas e sem nenhum custo adicional, ao contrário, o uso da internet pode em alguns casos, servir até mesmo para a redução de custos por parte da empresa e isso, em ultima instancia, se refletir em uma redução do valor final do produto/serviço.

Para além do âmbito da propaganda tradicional, o uso da internet pode servir também para, em associação com outras empresas e/ou profissionais, oferecer serviços extras, cupons de desconto, palestras e workshops que podem funcionar

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como propaganda a medida que houver intercambio de publico, nesse caso chamados de seguidores, levando em conta locais virtuais como o Instagram, por exemplo, ou de inscritos, se isso acontecer no Youtube.

Para a educação, assim como para algumas outras áreas, a internet viabiliza ainda mais essa possibilidade de interatividade que, aliada à comodidade que é um grande anseio da comunidade moderna, faz com que haja cada vez mais uma tendência de consumo on-line à medida que a população tem a possibilidade de acesso aos dispositivos digitais. Quando falamos em uma tendência de consumo on-line está compreendido nesse termo ‘consumo’ todo o processo de compra e venda de produtos e serviços, que inclui desde a pré até a pós-venda dos mesmos.

Além disso, a propaganda, no que se refere à comercialização do conhecimento, tem a vantagem de oferecer um produto/serviço que não necessariamente precisa ser baseado em átomos, mas que pode ser convertido em bits, fazendo que seu publico alvo não necessite nem ao menos de se movimentar para adquiri-lo e consumi-lo, em ultima instancia. Essa possibilidade que existe de atingir o consumidor com um produto que está a apenas um clique não apenas da compra, mas também do consumo é uma característica única da era digital e que pode diminuir consideravelmente o tempo de analise critica do consumidor. Essa tendência a oferecer produtos em bits não é uma vantagem de qualquer setor que como uma loja de roupas, por exemplo, ainda que possibilite fechamento de negocio e pagamento on-line, ainda depende do tempo de entrega ou de retirada do produto, isso dá ao consumidor um tempo de reflexão sobre a relevância da compra que produtos que podem ser oferecidos digitalmente e, portanto, imediatamente, não oferecem. Além de eliminar outras possibilidades de problemas nesse processo, como risco de danos ao produto, devoluções, etc.

É necessário considerar, porém, que a satisfação com a compra, em última instância, não depende apenas da percepção crítica que o consumidor faz sobre a relevância de adquirir aquele produto/serviço, existem outros fatores envolvidos nesse resultado final de satisfação e que podem interferir na fidelização ou não do mesmo e até mesmo de futuras indicações boca-a-boca ou virtuais. Entre esses fatores temos a avaliação qualitativa do produto, relação custo-benefício, validação social e satisfação de um valor pessoal que aquela compra pode ou não trazer para quem a faz, entre outros, tudo isso parece interferir no julgamento final de satisfação ou não com a empresa. Entretanto, entendemos que a avaliação de relevância e de

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validação social e pessoal são os primeiros filtros que podem ter o poder de influenciar o individuo consumidor.

No campo da educação, contamos, na maioria das vezes, com os filtros da relevância, da validação social e da realização pessoal a favor das empresas que estão no mercado. Além disso, para o marketing digital precisamos considerar duas teorias referentes ao modo com que aprendemos a tomar decisões de compras. Consideraremos para fins de analise duas teorias de aprendizado: a teoria cognitiva e a teoria de condicionamento, que podem influenciar diretamente nos hábitos de consumo do individuo, variando de acordo com o nível de envolvimento do consumidor na hora de realizar uma compra, esse nível podendo ser classificado em alto ou baixo.

A teoria cognitiva está relacionada com a avaliação crítica do consumidor, tendo como parâmetro sua memória e aplicação pragmática. A teoria do condicionamento, por sua vez, está ligada à relação estimulo-resposta e à avaliação, tendo como parâmetro o processo de tentativa e erro. Para a tomada de decisão de compra de um produto ou serviço no qual o envolvimento do consumidor é alto, geralmente aplica-se a teoria cognitiva, para a compra na qual o envolvimento do consumidor é baixo, a teoria do condicionamento. Tendo em vista que a teoria do condicionamento é mais aplicável a compras simples, cotidianas e, portanto, de baixo envolvimento do comprador, isso faz com que a necessidade de propaganda desse tipo de produto/serviço seja uma propaganda de manutenção, reforçando padrões e hábitos de compra que facilitem que cada vez menos o consumidor precise reavaliar suas decisões e que possa assim consumir produtos e serviços das empresas que se tornam sua ‘zona de conforto’. Todavia, a teoria cognitiva de aprendizagem parece estar relacionada a compras com nível de importância e complexidade maior, como, por exemplo, para compras mais caras, que envolvem contratos duradouros, etc.

Encaixamos, por conseguinte, a compra de um pacote educacional, seja ele de que espécie for, desde um curso de pigmentação de sobrancelhas até um curso de idiomas, na ultima teoria, devido ao fato de que a educação tem por premissa um processo demorado e que envolve inúmeros fatores complexos e subjetivos, além de, na maioria das vezes, não representar um investimento financeiro baixo se comparado com o salario mínimo do cidadão brasileiro. Dentre esses fatores podemos listar alguns que já foram citados anteriormente como relevância social,

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satisfação pessoal, comodidade, mas também outros como potencial de retribuição profissional e monetária, aplicação de conhecimentos na vida prática, disponibilidade de tempo e dinheiro para investimento em fins educativos, apoio familiar, fins terapêuticos, entre outros diversos que podem ser acrescentados ou subtraídos de acordo com a experiência pessoal de cada consumidor.

Portanto, podemos observar através das reflexões feitas até agora que a propaganda referente à educação tem inúmeros obstáculos e desafios, lacunas subjetivas que precisam ser preenchidas até que, de fato, o consumidor sinta-se inclinado a finalizar a compra. Isso acontece pois ela lida não com uma necessidade básica ou interesse a curto prazo, mas a área da educação demanda uma reflexão sobre questões muito pessoais como as que já foram citadas anteriormente e, por isso, necessita se mostrar competente a abranger um publico com diferentes bagagens de crenças, necessidades, valores e recortes tanto politico, econômico e social. Ela precisa se mostrar não somente como o melhor custo-beneficio, mas também, em muitos casos, conversar com as expectativas que cada consumidor tem para o seu futuro em relação àquela compra, ou seja, mostrar-se interessante a curto, médio e longo prazo.

Além disso, a comodidade, eliminação do tempo no processo de compra e possibilidade de pesquisa de mercado que a internet proporciona, mostram-se fatores importantes. Outros itens relevantes proporcionados pela propaganda digital são ferramentas como avaliações por parte dos antigos alunos, não só aquelas divulgadas pela própria empresa, mas também as espontâneas que são dadas por antigos alunos e que contribuem para uma avaliação geral da empresa; vídeos explicativos sobre a metodologia de ensino-aprendizagem utilizada, contato prévio com futuros professores por meio de vídeos de apresentação pessoal, acesso à grades curriculares, ferramentas de EAD, apresentação de unidades de ensino presencial por meio de fotos e vídeos, entre outros. Todos essas são ferramentas que trabalham a favor do consumidor na hora de realizar a escolha de qual empresa fazer um investimento em um curso ou pacote de aulas, tornando possível que um curso ou escola seja avaliado de uma maneira mais completa e complexa, aumentando as chances de que, uma vez fechado o negocio, não haja nenhum prejuízo por parte do consumidor. Por outro lado, aumenta a competitividade entre as empresas, que precisam se demonstrar satisfatórias em cada vez mais quesitos e locais virtuais diferentes.

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Todas as ferramentas citadas mostram-se importantes para possibilitar ao consumidor avaliar aquela empresa como a mais apropriada para satisfazer suas necessidades subjetivas ou não. Isso faz com que, em termos pragmáticos, as propagandas relacionadas à educação tenham necessidade de se mostrar mais descritivas e detalhadas e, por outro lado, menos apelativas. A propaganda nessa área deve caminhar mais por meios que apresentem ao seu consumidor as vantagens de adquirir tais conhecimentos e habilidades para sua vida pessoal e/ou profissional e, acima de tudo, porque aquela empresa é a mais qualificada e competente em oferecer esses conhecimentos e habilidades, preferencialmente oferecendo melhor preço e facilidade no pagamento. Daí nasce a necessidade de construir um nome confiável e consistente no mercado, que não necessariamente depende de muitos anos de existência da empresa, porém de uma capacidade consistente de contar com o marketing digital que não é apenas feito pela própria empresa, mas também por influenciadores digitais que vão desde youtubers que acreditam naquele produto/serviço até consumidores regulares que publicam em suas redes sociais e na pagina de avaliações do site da empresa em questão, além da clássica propaganda boca a boca.

Atualmente, ter esses influenciadores digitais em mente é essencial, pois a influencia deles pode ter o papel de contribuir com a confiabilidade de qualquer empresa, prejudica-la ou até mesmo acabar destruindo a mesma em casos mais extremos. Essa perspectiva que pode parecer exagerada e extremista aos olhos de alguns pode torna-se muito real, por exemplo, em casos de empresas novas no mercado, na qual a sua imagem perante a um potencial público ainda esta em construção, especialmente as que dependem de avaliações tão subjetivas tais como as empresas do ramo pedagógico.

Nesse sentido, cabe à empresa em questão estar sempre atenta não somente à sua resposta financeira, por meio de avaliação de sua contabilidade, mas também à sua imagem virtual; parece ser eficaz, especialmente devido a uma crescente democratização da informação e do debate sobre a sociedade e o mundo, que as empresas de diferentes ramos tenham a preocupação de não somente identificar seu(s) nicho(s), mas também de se comunicar com ele(s) através de uma propaganda que não apenas venda um produto e/ou serviço, mas que também demonstre o engajamento em temas que lhe(s) são relevante, como questões raciais, econômicas, de identidade, etc.

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Torna-se, então, importante levar em conta não só o conteúdo e abordagem da propaganda em si, mas também os diferentes locais virtuais onde essa propaganda será veiculada e suas diferentes linguagens, os nichos criados em cada um desses locais e a criação de vinculo reciproco entre empresa e consumidor. Com o crescente engajamento politico e social por parte dos usuários da internet, uma propaganda que se mostre disposta a não só vender um produto e/ou serviço, mas que também converse com o(s) recorte(s) social(s) de seu publico alvo, faz com que haja a criação de um vinculo de identificação importante para a aquisição do mesmo, especialmente se tratando de uma aquisição relacionada à educação.

Por isso, hoje em dia, o estudo do papel da propaganda on-line é tão importante, principalmente para o ramo educacional, pois sua eficácia ou não pode depender de inúmeros fatores relacionados ou não à apenas a propaganda em si. Uma propaganda realista, que explicite os prós de consumir daquela determinada empresa, que consiga conversar com o maior numero de perfis de consumidores possível, que ofereça não apenas reforço de hábitos antigos, mas que também proponha perspectivas inovadoras, além de interatividade e conforto, em detrimento de uma propaganda simplesmente apelativa nunca se mostrou tão decisivo em todo o processo que está relacionado ao fechamento de negócio.

Devido às facilidades da era digital em que vivemos, temos que considerar os inúmeros contextos em que aquela propaganda pode aparecer para o potencial consumidor e considerar também a importância e o poder que o consumidor, uma vez que tem acesso ao produto/serviço tem o potencial poder de se tornar agente de marketing de qualquer empresa e o contrario também pode ocorrer.

Como previsto, então, parece não existir uma fórmula pronta, nem caminhos que possam garantir total eficácia, mas sim tendências que apontam para um maior estabelecimento de vínculos em ambos os lados interessados no objetivo final da propaganda, a venda de determinado produto, serviço ou ideia. Para tanto, parece importante entender as motivações e, talvez, propor motivações inovadoras, porém conectadas com o contexto do maior numero de perfis de consumidores possível. Para a área da educação é necessário que haja uma preocupação na elaboração de uma propaganda significativa que corresponda em algum nível com os anseios predeterminados do(s) seu(s) público(s) alvo.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tendo em vista a análise feita anteriormente, é possível afirmar com alguma propriedade que a área da educação traz para a propaganda algumas necessidades que são peculiares à mesma. A educação parece exigir uma propaganda voltada para atender anseios subjetivos de seus consumidores como realização pessoal, retribuição profissional e monetária, obtenção de conhecimentos que prometem facilitar a vida prática, entre outros requisitos que não é comum a propagandas voltadas para o comercio de manufaturas, por exemplo.

Tendo isso em vista, o presente artigo tenta identificar o processo por traz da compra de um pacote educacional. Esse parece estar fortemente ligado à teoria cognitiva de aprendizado, na qual a tomada de decisão de compra esta relacionada a fatores complexos e subjetivos e, por isso, em detrimento de uma propaganda apelativa e que consolida hábitos de compra, parece fazer-se necessário uma propaganda mais aprofundada nas vantagens oferecidas e que consiga também estabelecer uma relação de significação para aquela compra, tendo em vista, além disso, a resolução de alguns problemas como falta de interesse, tempo, orçamento e até mesmo a competitividade de empresas da mesma área para vender determinado pacote educacional. Em outras palavras, a propaganda que visa à venda de pacotes educacionais parece necessitar demonstrar o impacto positivo de tal investimento de tempo e dinheiro a curto, médio e longo prazo, o que não parece ser necessário para outras áreas.

Além disso, a propaganda feita na era virtual, ou seja, a propaganda que ocorre em diversos locais virtuais, entre eles redes sociais, parece adicionar alguns elementos que podem se tornar decisivos para alguns perfis de consumidores, por exemplo, a comodidade, a praticidade, a interatividade e a criação de vinculo através da ideia de modernidade e atualização que o marketing digital pode provocar, além de poder contar, em alguns casos, com o marketing digital que não é feito apenas pelas empresas, mas também por consumidores regulares e de alguma influência de personalidades provenientes da internet, os chamados influenciadores digitais.

Pode-se inferir, portanto, que quanto mais digitalizada for a empresa, maiores são as chances de alcançar seus objetivos através de uma propaganda interativa e conectada com as reais necessidades e expectativas de seu publico alvo, tendo em seu favor todos os recursos midiáticos que a internet oferece à propaganda.

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REFERÊNCIAS

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