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Estudo comparativo entre duas empresas de serigrafia do RS focadas no vestuário

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XIII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq Centro Universitário Ritter dos Reis

XIII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação SEPesq – 27 de novembro a 01 de dezembro de 2017

Estudo comparativo entre duas empresas de serigrafia do RS

focadas no vestuário

Carolina da Costa Fontoura Mestranda em Design

Centro Universitário Ritter dos Reis carolfontoura@gmail.com

Vinicius Gadis Ribeiro Doutor em Computação

Centro Universitário Ritter dos Reis vinicius@uniritter.edu.br

Lizandra Stechman Quintana Kunzler Doutora em Comunicação e Informação Centro Universitário Ritter dos Reis lizandra@uniritter.edu.br

Resumo: O crescimento do setor têxtil estimulou a busca por processos de estamparia que

tenham qualidade e baixo custo para suprir as necessidades do varejo, com o intuito da rápida comercialização. Frente ao surgimento de técnicas modernas de estamparia, como impressão digital e sublimação, percebeu-se que a serigrafia manual ainda é utilizada na indústria do vestuário, não apenas para pequenas empresas, mas também para grandes indústrias. A partir dessa constatação, identificou-se que o processo serigráfico é bastante utilizado no vestuário atualmente, visto que há técnicas mais atuais. Com o objetivo de identificar como é o desenvolvimento da serigrafia no vestuário, foi realizado um estudo qualitativo comparativo entre duas empresas serigráficas, tendo como base os estudos realizados anteriormente na área de design de superfície e métodos de impressão, como serigrafia, sublimação e impressão digital. Com os resultados obtidos, percebeu-se que há problemas existentes no processo serigráfico, embora a qualidade justifique seu uso. Com o presente estudo, verificou-se que a serigrafia é uma excelente opção para o vestuário pela qualidade de impressão e em função do baixo custo de maquinário, mão de obra e materiais empregados.

1 Introdução

Pesquisas relevantes acerca dos mais variados temas do design de superfície e processos de estamparia têm sido efetivadas. Diante disso, percebe-se a importância de aprofundar os estudos em processos de impressão que possam ser estabelecidos em pesquisas na indústria do vestuário. Com base em tais pressupostos, nota-se a relevância de estratégias que viabilizem a comunicação entre indústria e no âmbito acadêmico, escopo no qual inserem-se ferramentas de estudo que objetivam a formação qualificada e a pesquisa científica, sendo campos abertos para a experimentação e a inovação. O país precisa de mentes capazes de pensar e elaborar novos processos que visem a melhoria da qualidade de vida das pessoas, do ambiente, das relações e dos objetos. (MOURA, 2013).

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Com o crescimento de grandes varejos de moda, a exemplo das Lojas Renner, que expandiu sua rede de lojas ampliando as marcas internas e lançando coleções menores e mais rápidas. De acordo com a ABIT – Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (2017), houve alta de 1% na produção de vestuário. Tendo em vista o crescimento de algumas marcas, percebe-se que muitas empresas utilizam serviços terceirizados na produção de estampas, abrindo parceria com pequenos fornecedores para o desenvolvimento de produtos serigráficos.

Para este artigo, foi realizada uma análise comparativa entre duas empresas serigráficas, situadas na região metropolitana de Porto Alegre no Estado do Rio Grande do Sul, que desenvolvem impressões para o setor de vestuário. Diante do exposto, conduziu-se o estudo através de análiconduziu-se e comparação do processo de impressão destas duas empresas que atuam há anos no mercado, para justificar o uso da serigrafia no vestuário, embora existam técnicas de impressão mais atuais e modernas.

No intuito de expandir o conhecimento em questões de métodos produtivos com problemas de natureza prática, foram analisados estudos em técnicas de impressão, a fim de relacionar com o presente artigo. Comparando tais informações com os dados dos entrevistados, objetiva-se a validação da serigrafia no vestuário, de forma a ampliar as interações entre indústria e meio acadêmico, no intuito de apresentar sugestões que permitam corrigir falhas nos processos apresentados pelas empresas.

2 Métodos de serigrafia

As técnicas manuais de tingimento evoluíram até chegar nos recursos atuais de impressão. Em um projeto de superfície têxtil, deve ser escolhido o tipo de técnica que melhor se adapta ao tecido. Para Briggs-Goode (2014), o design têxtil é extremamente influenciado pelos métodos de produção. O designer pode fazer muitas escolhas, desde a estampa até o número de cores e tipos de acabamento, todos inter-relacionados com o processo de estamparia e os métodos de produção aplicados. (BRIGGS-GOODE, 2014).

Ainda muito utilizada na indústria têxtil e calçadista, a serigrafia é um processo de impressão que utiliza telas gravadas com desenhos vazados pelos quais as tintas penetram no tecido. É uma técnica que pode ser localizada na peça ou estampada a metro, em rolo. (LASCHUK, 2009). De acordo com Rüthschilling; Laschuk, (2013), a serigrafia a quadro pode ser feita de forma manual ou mecanizada para a transferência de imagens no que concerne ao tipo de tinta utilizada, o que permite uma liberdade maior para o designer, visto que o mesmo pode aplicar efeitos especiais à superfície do tecido. O sistema digital, segundo Udale (2009), diferencia-se do modo manual por permitir ao designer têxtil trabalhar diretamente do computador para o tecido. Quando é feito o desenho de

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estamparia para o processo digital, não há necessidade de separar cores como acontece com cilindros e quadros (YAMANI, 2008).

No processo serigráfico, as pastas serigráficas são escolhidas de acordo com o tipo de desenho e a matéria-prima utilizada, o que permite a utilização de várias cores. O desenho com muitas cores possui um custo maior de produção, pois, para cada cor, é produzida uma matriz e o uso de muitas telas ou cilindros acaba por encarecer o preço final. Depois da impressão dos fotolitos, é feita a gravação da tela, que é escolhida em função do desenho, do substrato têxtil e do tipo de pasta serigráfica a ser utilizada. Após a confecção da tela, a mesma é fixada ao quadro e recebe uma substância fotossensível dentro de uma câmera escura. Depois de seca, a tela deve ser submetida à gravação. O fotolito é colocado sobre o quadro emulsionado, para ser exposto à luz por alguns minutos. As zonas dos quadros que não foram cobertas pelo desenho em preto do fotolito não saem na lavagem, formando a imagem. Já as áreas que não foram cobertas pelo desenho do fotolito durante a gravação estão fechadas, não permitindo a passagem de tinta. É a diferença entre as áreas fechadas e abertas da tela que possibilitam a formação do desenho. (GOMES, 2007; SERVIÇO BRASILEIRO DE RESPOSTAS TÉCNICAS, 2007).

De acordo com Laschuck (2017), a serigrafia ainda é um processo muito utilizado mundialmente na indústria de impressão têxtil devido à boa relação custo-benefício. Tendo em vista a possibilidade de pequenas tiragens por produção, a serigrafia com tela e berço para a estampa localizada é empregada na produção de pequenas e grandes empresas do setor de vestuário e calçadista.

Existem aspectos físicos e estruturais, tecnologia de produção, materiais empregados e as necessidades do cliente e do mercado para o desenvolvimento do produto. Deve-se considerar antes de criar a estampa e delimitar a posição na peça, as dimensões, a familiaridade do designer com ferramentas de desenho, o número de cores que serão utilizadas e as tecnologias disponíveis na indústria para a sua execução, pois há implicações de custo com tipo tela e quantidade de matrizes de serigrafia. Conforme Briggs-Goode (2014), a cor é um componente imprescindível no design, porém uma restrição de cores dificulta a criatividade para a criação, sendo necessárias diferentes abordagens no desenvolvimento da estampa para otimizar a escolha das cores e sobreposições.

Rubim (2010) destaca que o avanço da tecnologia permite interferências e propriedades com questões funcionais, estéticos, ilustrativos, educativos, informativos, etc. A proposta do designer deve sempre estar voltada às facilidades que devem aproximar-se das produções e processos fabris. O tipo de produção de estampa serigráfica pode ser feito sobre mesa, berço e carrossel. No primeiro caso, o quadro corre a mesa e a tinta é transferida da tela para o tecido, que é puxado manualmente com um rodo. Esse processo pode ser utilizado para a produção tanto da estampa corrida quanto da localizada. No caso da estampa corrida, o quadro percorre toda a mesa. Chegando ao final da mesa, retorna-se

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ao início, e o processo é retomado com um quadro de outra cor, no caso de estampas com mais de uma cor. (GOMES, 2007).

Na estampa localizada, o processo ocorre da mesma forma, entretanto, com intervalo entre uma peça e outra. As técnicas de estamparia têxtil evoluíram desde os carimbos à estamparia digital, assim como os processos serigráficos também evoluíram, no entanto, ainda continuam sendo utilizados de forma mais simples em algumas empresas pelo fator de custo mais baixo. A serigrafia, amplamente utilizada no ramo têxtil, tornou-se uma excelente opção para o vestuário, em função do baixo custo de maquinário e materiais. (LASCHUK, 2017).

3 Metodologia

No presente artigo, foi realizada uma pesquisa qualitativa, que segundo Hernández Sampieri, Fernández Collado e Baptista Lucio (2013), baseia-se mais em uma lógica e em um processo indutivo, para explorar e descrever, e depois gerar perspectivas teóricas. Para analisar as diferenças ocorridas no processo de produção de serigrafia, utilizou-se uma abordagem comparativa, a fim de estabelecer: aspectos relacionados à validade do uso serigráfico na indústria do vestuário e fornecer relatos dos entrevistados relacionados ao processo de trabalho quanto ao desenvolvimento e aprimoramento das técnicas.

O estudo contou com a participação de 15 sujeitos do setor serigráfico. As descrições produzidas por esses sujeitos em relação à validade dos processos, foram verificadas a partir da análise textual das entrevistas, sendo investigadas as funcionalidades dos métodos e processos. De maneira complementar, aplicou-se uma análise das técnicas utilizadas em outros estudos, para fundamentar o estudo. O critério de seleção estabeleceu-se utilizando empresas do mesmo ramo de atuação, situadas no Rio Grande do Sul, que fornecem o material serigrafado para a indústria do vestuário.

Para a análise, foram selecionadas duas empresas por conveniência pela proximidade, uma situada em Porto Alegre e outra na região metropolitana. Uma empresa de pequeno porte (empresa A) possui a produção utilizando mesa contínua, onde foram realizadas entrevistas com 10 funcionários da produção, selecionados de forma aleatória, desde os mais experientes até os iniciantes.

A Empresa B, uma microempresa, conta com uma estrutura menor e utiliza berços individuais. Foram realizadas entrevistas com 5 funcionários nesta empresa.

A análise envolveu a comparação do trabalho das equipes de produção, com o intuito de compreender qual a influência do tipo de maquinário utilizado e seus respectivos problemas nos processos produtivos descritos.

Foram aplicadas técnicas de coleta de dados como a observação e entrevista semiestruturada, na qual confere maior liberdade ao entrevistado para responder as perguntas sobre o tema de pesquisa. As perguntas são abertas e abrangentes, e com isso as respostas são mais longas. Os dados são coletados por meio de um roteiro de

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entrevistas, com perguntas que possibilitam ao entrevistado expor suas opiniões e adicionar informações complementares. O roteiro de entrevistas serve como um guia, com perguntas que podem ser contempladas com um conteúdo mais detalhado e a interferência do entrevistador é mínima. O pesquisador conduz a entrevista por meio das perguntas do roteiro de pré-definido, concedendo liberdade para que o entrevistado possa respondê-las livremente. (FLICK, 2009).

Além das entrevistas, foi realizado o acompanhamento dos processos pelo entrevistador e a análise de alguns estudos na área de estamparia: como tipos de processos e diferenças do setor de estamparia em grande escala para as empresas de pequena escala, permitindo a conferência dos dados apresentados e justificados na entrevista, relacionando com o embasamento teórico. As variáveis analisadas foram: tamanho da empresa; tempo de atuação no mercado; quantidade de funcionários; experiência dos funcionários; capacidade de produção; maquinário; técnicas utilizadas; materiais e área de atuação. As hipóteses levantadas transcorreram conforme as respostas dos entrevistados eram anotadas. A partir da análise dos dados, almejando-se buscar as inferências dos processos serigráficos e a qualidade dos produtos de cada empresa, foram levantadas as percepções de cada entrevistado, de forma a contribuir para o conhecimento científico.

4 análise e discussão dos dados

Esta etapa do artigo, detalha a coleta dos dados de cada empresa, onde foi possível analisar o processo serigráfico com as etapas categorizadas por setores, conforme os entrevistados relatavam suas experiências e opiniões. Com a discussão entre o grupo e avaliação de experiências pessoais, as questões não indicadas no roteiro acabaram surgindo conforme as respostas dos entrevistados eram coletadas. Essas entrevistas foram de fundamental importância para a detecção de problemas ocorridos no processo de produção das empresas A e B. As respostas dos entrevistados foram submetidas também ao gestor da empresa, a fim de garantir maior confiabilidade dos dados. As análises serão apresentadas separadamente, conforme mostrado a seguir.

4.1 Empresa A

Fundada em 1997, a empresa A é composta por uma unidade formada por 48 colaboradores que trabalham na produção serigráfica, onde desenvolvem 6.000 peças ao dia, além de um encarregado para conferir arquivos dos clientes e desenvolver fotolitos. A empresa fornece serigrafia e sublimação para os Estados do RS, SC, PR e SP, na indústria de vestuário, acessórios e calçadista, porém, para esse estudo, somente os processos que envolvem a serigrafia e vestuário foram analisados, de forma a fazer um comparativo com a empresa B que fornece impressão serigráfica apenas para o vestuário. A empresa A opera com mesa contínua na produção serigráfica. Na fábrica utilizam estufa, soprador ou flash

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cure (lâmpadas infravermelho), na própria mesa para a secagem das peças. Os problemas

detectados foram referentes ao material com defeito e a imprecisão das formas de cura da tinta, tecidos e tinta defeituosos, e alguns descuidos no encaixe das peças, conforme os dados relatados pelos funcionários entrevistados.

O responsável por acompanhar todo o processo de coleta de dados e primeiro entrevistado na empresa A foi o gestor proprietário da empresa. Sua função é coordenar a produção e desenvolvimento de produtos, tanto da marca própria, quanto de serviços prestados a terceiros. Atualmente, com o crescimento da empresa, o gestor acumula atividades mais específicas de sua função, dizendo-se envolvido em todas as áreas, mas com maior foco nas decisões referentes a compras de insumos e negociações com clientes. De acordo com o gestor, há uma perda de material e tempo de trabalho de 8% mensal na produção, por erros humanos, material defeituoso, ou arte muito complexa e de difícil encaixe.

O calendário para o desenvolvimento da produção é estabelecido conforme os prazos e necessidades dos clientes e pelo lançamento da marca própria. É função do chefe da fábrica o controle de prazos e a qualidade dos materiais desenvolvidos. Referente à qualidade, as passadas de tinta para cobrir o tecido dependem da cor e qualidade dos tecidos, além da cor da tinta. São batidas em média de 2 a 4 passadas de tinta, ou conforme necessidade. As peças fora de registro, são descartadas, pois não podem ser aproveitadas para a costura. A Empresa A trabalha com diversos tipos de tinta, o que possibilita a inserção de textura e relevos nas serigrafias, oferendo um diferencial para a impressão. A seguir a figura 1 ilustra as etapas do processo na Empresa A:

Fonte: Elaborada pela autora.

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Fonte: Elaborada pela autora.

Fonte: Elaborada pela autora.

Figura 2: Fixação da tela com parafusos - Empresa A.

Figura 3: Marcação na mesa e passada de tinta. parafusos - Empresa A.

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XIII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação SEPesq – 27 de novembro a 01 de dezembro de 2017 4.2 Empresa B

A empresa B, fundada em 2010, é uma microempresa e possui 8 colaboradores. Produz basicamente para o vestuário, com capacidade para 2.000 peças ao dia. Começou como prestadora de serviços e hoje fornece material impresso para clientes fixos de times de futebol, fornecendo camisetas para a loja conceito do time, bem como camisetas escolares, além de atender pedidos de clientes externos. A empresa B possui 45 berços serigráficos individuais, com o aquecimento (cura) das peças no próprio berço. Utiliza telas em madeira e ajuste do berço manualmente, com o auxílio de calço em papelão para a fixação da tela e realizar o registro. A Empresa B utiliza pigmentos misturados com emulsão, e não trabalha com relevo na serigrafia.

Conforme os relatos de 5 funcionários, foi possível identificar as etapas e problemas do processo. Apesar de ser uma técnica simples e de pouca precisão, a qualidade é garantida através da experiência do operador e também pelo auxílio da marcação do esquadro (régua) do berço serigráfico. Os entrevistados possuem de 1 a 5 anos de experiência na função. O primeiro entrevistado na empresa B foi o gestor proprietário, que gerencia o trabalho dos serigrafistas e também realiza compras, arte-final, fotolitos e negociação com clientes. É sua função o planejamento de prazos e compras de material. Segundo o gestor, várias decisões são tomadas pelo chefe de produção que possui mais experiência. Também foi mencionado sobre material defeituoso, cor difícil de acertar nos pigmentos ou arte muito complexa, que demanda mais tempo para realizar a arte-final e também resolver questões de encaixe, pois não utilizam a tela com encaixe por parafusos por ser mais caro e por enferrujar mais rápido. A figura 4 demonstra a estrutura da bancada de impressão:

Fonte: Elaborada pela autora.

Figura 4: Berços individuais - Empresa B. parafusos - Empresa A.

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Fonte: Elaborada pela autora.

5 Considerações finais

Diante das constatações obtidas através dos dados analisados, observa-se que as empresas ainda não são capazes de trabalhar com um alto grau de aproveitamento, seja por fator humano, de maquinário ou relativo ao defeito no material. Observou-se, portanto, que na perspectiva dos diretores, sua principal validade de trabalho reside na potencialidade da qualidade do produto e custo benefício para o fornecimento do material serigrafado. Constatou-se com isso, que o uso que os serigrafistas fazem das ferramentas podem ser melhorados no sentido de aprimorar o setor produtivo definido pelos gestores, e também contribuindo para ampliar os conhecimentos nos processos de impressão. Verifica-se que a serigrafia é uma excelente opção para o vestuário pela qualidade de impressão e em função do baixo custo de maquinário e materiais. Embora existam técnicas mais modernas que a serigrafia, como a impressão digital e a sublimação, a serigrafia pode ser aplicada em tecido de algodão e possui cores mais vivas, além de oferecer técnicas de alto relevo e texturas como diferenciais de aplicação, ao contrário da sublimação que pode somente ser aplicada em tecidos sintéticos e de cor branca. A impressão digital é uma técnica que não possui relevo e, dependendo da impressora, muitas vezes não apresenta cores vivas.

Analisando os problemas de ambas as empresas, podem ser minimizados com maior atenção por parte dos funcionários na compra antecipada de material, e com uma arte já pré-organizada por parte do cliente ou designer, que muitas vezes não tem uma visão ampla de como é feito o fotolito. O estudo mostra que há interferências do maquinário no

Figura 5: Marcação pela base reta entre os berços (régua).

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processo, além de demonstrar que mesmo com o conhecimento e experiência do operador, existem erros que poderiam ser solucionados com pequenos ajustes. De forma geral, o gerenciamento dos funcionários dá-se de forma semelhante, com o gestor da empresa, ou seja, a coordenação de todas as atividades é realizada pela mesma pessoa. Em relação ao controle de registro das peças no momento de serigrafar, a empresa A justifica que atuando com marcação própria na mesa, os erros são reduzidos, no entanto não são eliminados, enquanto a Empresa B, com uma estrutura mais simples, utiliza mais da experiência dos operadores para a marcação no berço serigráfico, uma vez que apenas uma régua não seria suficiente para ter um posicionamento correto, a fim de não depender apenas do olho do operador para alinhar as peças.

A empresa A, que possui uma estrutura moderna, não necessita de mudança na estação de trabalho, apenas a redução de erros por parte dos funcionários e da tinta com defeito que chega do fornecedor. Possivelmente um treinamento e conversa com os funcionários possa vir a melhorar o processo produtivo, além de ter um controle rigoroso da tinta que chega do fornecedor a fim de evitar perdas. Ressalta-se que o controle e desenvolvimento de uma equipe com uma estação de trabalho com aparelhos e maquinário moderno é mais garantido de reduzir os erros. O diretor da empresa B admite que, embora tenha optado por utilizar um processo mais artesanal, o custo elevado da tela com estrutura metálica e parafusos que não enferrujem não justifica o investimento no momento. Para melhorar o posicionamento nos berços serigráficos, poderia ser utilizada uma marcação no próprio berço, assim como a empresa A já utiliza.

Pelos resultados obtidos na avaliação deste estudo, a presença de problemas revela um esforço maior da empresa A em resolver as dificuldades em função da estrutura e possibilidade de investimento. Verificam-se como pressupostos que o baixo custo de maquinário, simplicidade de execução e qualidade do produto final, são primordiais para a validação da técnica de impressão serigráfica na indústria do vestuário. Frente às considerações feitas pelos sujeitos desta pesquisa com relação aos processos serigráficos, trabalhos futuros poderão envolver a análise de outros setores, como o calçadista e de acessórios, bem como analisar outras técnicas de impressão, ampliando as possibilidades de avaliação, a fim de tornar a análise mais abrangente em termos de conhecimento.

Referências

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BRIGGS-GOODE, Amanda. Design de Estamparia Têxtil. Tradução: Claudia Buchweitz et al. Porto Alegre: Bookman, 2014.

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