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João Pessoa - PB, 26 a 29 de julho de 2015 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

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GESTÃO DA PRODUÇÃO DE CAFÉ NOS ESTADOS DE MINAS GERAIS E BAHIA1

Autores Antonio Bliska Júnior.2, Fábio Ricardo Ferreira Correa 3, Patrícia Helena Nogueira Turco4, Ricardo Firetti5, Flávia Maria de Mello Bliska6

Filiação

1 Pesquisador, DSc, Feagri/Unicamp, Campinas-SP, bliskajr@feagri.unicamp.br 2 Bolsista Treinamento Técnico 1, Fapesp, BS, fabio.rfc@hotmail.com

3 Pesquisador, MS, DDD/APTA, Monte Alegre-SP, patyturco@apta.sp.gov.br 4 Pesquisador, MSc, DDD/APTA, Presidente Prudente-SP, rfiretti@apta.sp.gov.br 5 Pesquisador, DSc, IAC/APTA, Campinas-SP, bliska@iac.sp.gov.br

E-mail

2bliskajr@feagri.unicamp.br; 3fabio.rfc@hotmail.com; 4patyturco@apta.sp.gov.br; 5rfiretti@apta.sp.gov.br; 6bliska@iac.sp.gov.br

Grupo de Pesquisa: Economia e Gestão no Agronegócio

Resumo

O objetivo deste trabalho foi avaliar os níveis de gestão na produção cafeeira nas principa is regiões produtoras dos estados de Minas Gerais e Bahia. Nesses estados, a produção de café apresenta características regionais marcantes, tanto com relação aos aspectos fitotécnicos como socioeconômicos. Porém uma grande região se destaca das demais: o Cerrado. Em Minas Gerais, as áreas de cerrado começaram a ser ocupadas a partir da década de 1970. Na Bahia, a ocupação do cerrado começou na década de 1990. A cafeicultura dessas áreas caracteriza - se por uso intensivo de mecanização da lavoura e da colheita, uso de ferti-irrigação, produtividades mais elevadas, pós-colheita rigoroso, beneficiamento do café nas propriedades, e prevalecem grandes propriedades. Nas regiões cafeeiras mais antigas daqueles estados, como o Sul e Sudoeste de Minas Gerais e o Planalto da Conquista e a Chapada Diamantina, no estado da Bahia, embora existam propriedades com características similares àquelas observadas no Cerrado, há forte concentração de propriedades familiares, colheita manual, processo de pós-colheita inadequado e benefício do café fora das propriedades (associações e cooperativas). Para analisar os níveis de gestão nessas propriedades utilizou-se o Método de Identificação do Grau de Gestão – MIGG Café, que classifica os graus de gestão na produção em níveis de um a nove, sendo um o mais baixo e nove o mais elevado. A amostra aleatória foi composta por 72 questionários MIGG, aplicados entre 2013 e 2015, nos estados de Minas Gerais e Bahia. Os resultados indicam que no Cerrado as propriedades apresentam a maior dimensão territoria l quando comparadas às demais propriedades da amostra e que a proporção da área das propriedades utilizada para o plantio de café no Cerrado é inferior à proporção utilizada nas

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demais regiões. No Cerrado da Bahia, onde as propriedades apresentam característ icas fundiárias e administrativas muito similares, foram realizados intensos investimentos em sistemas de gestão que visam a profissionalização da atividade agrícola. Conclui-se que nas regiões de Cerrado há forte tendência à cafeicultura empresarial, mais organizada e competit iva. Nas regiões Sul e Sudoeste de Minas Gerais, bem como no Planalto da Conquista e na Chapada Diamantina poucos cafeicultores utilizam regularmente as ferramentas de gestão.

Palavras-chave: Café; Cerrado; Administração rural; Competitividade

COFFEE PRODUCTION MANAGEMENT IN MINAS GERAIS AND BAHIA STATES

Abstract

The aim of this study was to evaluate management levels in coffee production, the main producing regions of Minas Gerais and Bahia states. In these states, coffee production has marked regional characteristics, both with respect to phytotechnical as socioeconomic aspects. However a large region stands out from the others: the Savannah. In Minas Gerais, the savannah areas began to be occupied from the 1970s In Bahia, savannah occupation began in the 1990s. The coffee of these areas is characterized by intensive use of mechanization of farming and harvesting, use of ferti-irrigation, higher yields, rigorous post-harvest, processing coffee in the farms, and there is predominance of large estates. In the oldest coffee regions of those states, such as South and South West of Minas Gerais and the Conquista Plateau and Diamantina Plateau, in Bahia state, although there are properties with similar characteristics to those observed in Savannah, there is a strong concentration of family farms, manual harvest, inadequate post-harvest process and processing of coffee beans out of the farms - mainly in associations and cooperatives. To analyze management levels in those farms we used the Method of Identification of Management Degree - MIGG Café, which classifies the degrees of management of coffee farms in levels from one to nine, where one is the lowest level and nine is the highest. A random sample was composed of 72 MIGG questionnaires applied between 2013 and 2015in Minas Gerais and Bahia states. The results indicate that in the Savannah farms have the highest territorial dimension when compared to other farms of the sample, and the proportion of the area of the farms used for coffee plantations in the Savannah is lower than the proportion used in other regions.

In the savannah of Bahia, where farms have very similar land and administrative features, were performed intense investments in management systems to the professionalization of agriculture. We conclude that in the savannah regions there is a strong tendency to coffee business, more organized and competitive. In the South and Southwest of Minas Gerais state, as well as the Conquista Plateau and Diamantina Plateau, few growers make regularly use of management tools.

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1. Introdução

Nos estados de Minas gerais e Bahia, a produção de café apresenta característic as regionais marcantes, tanto com relação aos aspectos fitotécnicos como socioeconômicos. Porém uma grande região se destaca das demais: o Cerrado. Em Minas Gerais, as áreas de cerrado começaram a ser ocupadas a partir da década de 1970. Na Bahia, a ocupação do cerrado começou na década de 1990. Segundo Bliska et al. (2009) e Turco et al (2014), a cafeicult ura dessas áreas caracteriza-se por uso intensivo de mecanização da lavoura e da colheita, uso de ferti-irrigação, produtividades mais elevadas, pós-colheita rigoroso, beneficiamento do café nas propriedades, e áreas médias das propriedades e das lavouras são maiores que nas demais regiões cafeeiras.

No Sul e Sudoeste de Minas Gerais e no Planalto da Conquista e a Chapada Diamant i na, no estado da Bahia, regiões cafeeiras mais antigas, embora existam propriedades com características similares àquelas observadas no Cerrado, as unidades produtivas são, em média, menores que no Cerrado, com forte concentração de propriedades familiares, colheita manual, benefício do café em cooperativas (Bliska et al, 2009), além do uso menos intensivo de tecnologias modernas (Turco et al, 2014)

Assim como no restante da agricultura, o cafeicultor – empresário rural – comumente relega a um segundo plano os aspectos administrativos relativos à produção agrícola. Com isso, planejamento, aquisição de informações e conhecimentos e elaboração de estratégias de relacionamento com clientes, sociedade e colaboradores – funcionários ou familiares – são prejudicados, o que pode comprometer a atividade.

A preocupação com a gestão da qualidade tem crescido continuamente entre empresas dos diferentes setores econômicos. Para as empresas do segmento cafeeiro a criação de mecanismos de gestão interna também é muito importante, desde o aperfeiçoamento dos processos agrícolas até a colocação do produto no mercado. A identificação dos pontos fracos dos sistemas de gestão poderá orientar os cafeicultores, que poderão implementar ações corretivas visando a excelência de processos e o crescimento, ou ao menos, a sobrevivência das empresas no longo prazo, preparando-a para enfrentar s oportunidades e desafios do competitivos do mercado. A identificação dos pontos fracos poderá também orientar as atividades de assistência técnica e extensão rural desenvolvidas pelas empresas públicas, por associações de produtores, cooperativas e indústrias de insumos.

No Brasil, onde a produção cafeeira apresenta padrões regionais bastante específicos espera-se que também os sistemas de gestão apresentem particularidades regionais. O objetivo deste trabalho foi analisar as particularidades dos níveis de gestão na produção cafeeira nas regiões do Cerrado de Minas Gerais, ocupado a partir da década de 1970, e do Cerrado da Bahia, ou Oeste da Bahia, ocupado a partir da década de 1990, e compará-los com os níveis de gestão observados em regiões cafeeiras mais antigas e tradicionais daqueles estados, como no Sul e Sudeste de Minas Gerais, Planalto da Conquista e Chapada Diamantina.

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2. Metodologia

Para avaliar o grau de gestão nas empresas cafeeiras, utilizou-se o Método de Identificação do Grau de Gestão – MIGG para o segmento café – MIGG-Café (Bliska Júnior, 2010). O MIGG pode contribuir, de forma organizada, para a tomada de decisões quanto às mudanças estruturais e a obtenção de produtos de qualidade superior. Ele avalia o nível de maturidade da gestão em produção. Essa ferramenta foi desenvolvida com base sobre os critérios recomendados pela Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) (2000, 2007, 2009). A aplicação do questionário - MIGG foi realizada in loco, por meio de visitas realizadas aos cafeicultores, ou durante eventos técnicos científicos onde são disponibilizados questionár ios impressos ou em computadores, ou ainda por meio de questionário disponível na página da Faculdade de Engenharia Agrícola / FEAGRI, da Universidade Estadual de Campinas / UNICAMP. Foram aplicados 72 questionários, 53em Minas Gerais e 28 na Bahia, dos quais 13 no cerrado mineiro e 6 no cerrado da Bahia.

As questões que compõem o questionário são simples, diretas e admitem apenas duas respostas: sim ou não. Portanto a subjetividade que muitas vezes acompanha os métodos descritivos ou qualitativos é minimizada. O roteiro desenvolvido tem como objetivo elevar continuamente os padrões de qualidade em todas as fases do sistema de produção. São avaliados oito critérios que visam a excelência em gestão: estratégias e planejamento, liderança, clientes, sociedade, informações e conhecimento, pessoas, processos e resultados. Cada critério proporciona à avaliação do respondente uma soma de pontos, que totaliza no máximo 1000 pontos. A organização do sistema de pontuação baseia-se no Modelo de Excelência da Gestão – MEG, da FNQ, porém são ponderados e distribuídos de acordo com a hierarquização dos critérios, específica para o segmento cafeeiro, segundo a metodologia Delphi. O total de pontos obtido classifica o grau de gestão em níveis de um a nove, sendo um o mais baixo e nove o mais elevado.

3. Resultados

Os trabalhos de visitação das propriedades cafeeiras nas regiões produtoras nos estados de Minas Gerais e Bahia, para aplicação dos questionários, além da coleta de dados quantitativos, proporcionaram a oportunidade de realizar diversas observações in situ. Além de aspectos e características inerentes às condições edafoclimáticas e topográficas, as mais marcantes dizem respeito às práticas de pós-colheita tradicionais, disseminadas e arraigadas culturalmente, mas totalmente inadequadas do ponto de vista da qualidade do produto. A secagem no chão, em contato direto com o solo ou a secagem em estufas não dimensionadas para tal finalidade, chamaram muita atenção. Outro aspecto diz respeito à excessiva manipulação para realização desse processo fora das propriedades, principalmente na região do Planalto da Conquista, na Bahia.

Dentre as principais diferenças observadas no processo de pós-colheita entre a região de Cerrado e as demais regiões cafeeiras de Minas Gerais e Bahia destaca-se a condição de transporte do café colhido para a área de secagem. No cerrado da Bahia 100% do café colhido é transportado de forma rápida e adequada, em veículo ou equipamento especialme nte destinado a essa finalidade, até a unidade de processamento. No cerrado de Minas Gerais essa

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proporção é de 92,3%. Entretanto, nas demais regiões cafeeiras da Bahia e de Minas Gerais essas proporções são respectivamente 27,3% e 19,3%.

A tabela 1 apresenta a análise descritiva do grau de gestão da produção de café nas regiões do Cerrado de Minas Gerais e da Bahia e nas demais regiões desses estados. Observa-se que o grau de gestão médio é mais elevado nas regiões de cerrado, tanto de Minas Gerais quanto da Bahia. Enquanto nas demais regiões cafeeiras de Minas Gerais e Bahia o grau de gestão médio é 5,6. Considerando-se individualmente aqueles dois estados, o grau de gestão médio em Minas Gerais é mais elevado que na Bahia.

Excluindo-se as regiões de cerrado, no restante das regiões cafeeiras da Bahia o grau de gestão mais frequente é 3, enquanto nas demais regiões cafeeiras de Minas Gerais o grau mais frequente é 6. Ou seja, na Bahia predominam níveis de gestão mais baixos. As estatísticas de dispersão, para Minas Gerais, apresentam valores baixos, indicando baixa variabilidade nos dados, ou seja, a baixa variância amostral indica que a distribuição probabilística da amostra pode ser representada por uma distribuição uniforme. Considerando-se o Cerrado como um todo (Cerrado de Minas Gerais e Oeste da Bahia), o grau de gestão mais frequente é 9, enquanto que nas demais regiões cafeeiras de Minas Gerais e Bahia o grau mais frequente é 6,0.

Tabela 1. Grau de gestão na produção cafeeira, nas regiões do cerrado de Minas Gerais, cerrado da Bahia (região Oeste) e nas outras regiões cafeeiras dos Estados de Minas Gerais e Bahia.

Grau de gestão Estatística descritiva

Cerrado Outras regiões cafeeiras Total para o Estado Minas

Gerais Bahia Total

Minas

Gerais Bahia Total

Minas

Gerais Bahia

Média 7,6 7,8 7,7 6,1 4,8 5,6 6,6 5,5

Grau mais frequente* 9,0 8,0 9,0 6,0, 3,0 6,0 9,0 3,0

1º- quartil** 7,0 8,0 7,0 5,0 3,0 4,0 5,0 3,0 Mediana*** 9,0 8,0 8,0 6,0 4,0 6,0 6,5 5,0 3º- quartil**** 9,0 8,0 9,0 8,0 7,0 7,0 8,0 8,0 Maior valor 9,0 9,0 9,0 9,0 9,0 9,0 9,0 9,0 Menor valor 4,0 6,0 4,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 Tamanho da amostra 13 6 19 31 22 53 28 44 Variância 3,94 0,97 2,89 2,52 4,50 3,59 3,28 5,22 Desvio padrão 1,98 0,98 1,70 1,59 2,12 1,90 1,81 2,29

* Grau mais frequente **25% dos graus de gestão estão abaixo desse valor

***50% dos graus de gestão estão abaixo desse valor ****75% dos graus de gestão estão abaixo desse valor

A tabela 2 apresenta a proporção da pontuação alcançada por critério avaliado (%), em relação à máxima pontuação possível em cada um dos critérios, para as regiões do cerrado de Minas Gerais, cerrado da Bahia (região Oeste) e demais regiões cafeeiras dos Estados de Minas Gerais e Bahia.

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Tabela 2. Proporção da pontuação alcançada por critério avaliado (%), em relação à máxima pontuação possível em cada um dos critérios, nas regiões cafeeiras do cerrado de Minas Gerais, cerrado da Bahia (região Oeste) e nas outras regiões cafeeiras dos Estados de Minas Gerais e Bahia.

Critério Pontuação máxima

Proporção da pontuação por região (%) Cerrado MG Outras regiões MG Cerrado BA Outras Regiões BA Total Cerrado Outras regiões de MG e BA 1.Estratégias 60 53,8 29,0 37,5 50,0 48,7 37,7 2.Liderança 50 93,8 89,0 76,7 77,3 88,4 84,2 3.Clientes 90 73,1 57,0 86,1 43,2 77,2 51,3 4.Sociedade 60 91,0 78,0 86,1 54,5 89,5 68,2 5.Informações 90 83,3 69,4 94,4 62,6 86,8 66,6 6.Pessoas 60 67,9 58,1 75,0 41,7 70,2 51,3 7.Processos 190 83,0 68,6 81,6 51,4 82,5 61,5 8.Resultados 400 69,4 59,2 76,7 41,3 71,7 51,7 Total 1000 75,1 62,4 78,2 48,4 76,1 56,6

Na tabela 3 observa-se que os critérios que tem recebido maior atenção dos cafeicultore s são “liderança”, “informações e conhecimento” e “sociedade”. O critério “estratégias e planejamento” é o que menor atenção recebe dos cafeicultores. O critério “Clientes” recebe atenção destacada apenas dos cafeicultores do Cerrado da Bahia.

Tabela 3. Ordenação dos critérios de gestão avaliados por região cafeeira, quanto às suas respectivas participações em relação às máximas pontuações possíveis, nas regiões do cerrado de Minas Gerais, cerrado da Bahia (região Oeste) e nas outras regiões cafeeiras dos Estados de Minas Gerais e Bahia.

Ordem do critério

Região

Cerrado MG Outras regiões

MG Cerrado BA

Outras regiões

BA Total Cerrado

Total outras regiões

1º- 2.Liderança 2.Liderança 5.Informações 2.Liderança 4.Sociedade 2.Liderança

2º- 4.Sociedade 4.Sociedade 3.Clientes 5.Informações 2.Liderança 4.Sociedade

3º- 5.Informações 5.Informações 4.Sociedade 4.Sociedade 5.Informações 5.Informações

4º- 7.Processos 7.Processos 7.Processos 7.Processos 7.Processos 7.Processos

5º- 3.Clientes 8.Resultados 2.Liderança 1.Planejamento 3.Clientes 8.Resultados

6º- 8.Resultados 6.Pessoas 8.Resultados 3.Clientes 8.Resultados 3.Clientes

7º- 6.Pessoas 3.Clientes 6.Pessoas 6.Pessoas 6.Pessoas 6.Pessoas

8º- 1.Planejamento 1.Planejamento 1.Planejamento 8.Resultados 1.Planejamento 1.Planejamento

As pontuações totais dos questionários MIGG nas regiões analisadas são avaliadas nas figuras 1 a 8. Na figura 1 é comparada a distribuição da pontuação MIGG para quatro regiões, Cerrado da Bahia, Cerrado de Minas Gerais, outras regiões da Bahia e de Minas Gerais. As regiões de cerrado apresentam as maiores pontuações. As demais regiões da Bahia possuem a

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maior variabilidade de respostas e as menores pontuações. No cerrado da Bahia, existem dois pontos atípicos, os valores de 640 e 915, pois os valores dessa região se concentram em torno do valor 800.

Figura 11: Distribuição da pontuação total obtida através do MIGG, nas regiões do cerrado da Bahia, cerrado de Minas Gerais, demais regiões da Bahia e outras regiões de Minas Gerais

A figura 2 compara a distribuição da pontuação total entre toda a região do cerrado – Minas Gerais e Bahia – com a distribuição nas demais regiões de Minas Gerais e Bahia. As regiões cafeeiras do cerrado apresentam pontuações superiores às demais: apenas uma com pontuação abaixo de 500, caso atípico, pois em todas as demais a pontuação foi superior a 600. As demais regiões cafeeiras apresentam maior variabilidade nos dados e também pontuações inferiores em relação às do cerrado.

Figura 2: Distribuição da pontuação total entre toda a região do cerrado – Minas Gerais e Bahia – e a distribuição nas demais regiões de Minas Gerais e Bahia.

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Nas tabelas 4 a 9 e nas figuras 3 a 8, é analisada a pontuação total dos critérios para avaliação do grau de gestão obtidos na amostra, por meio da freqüência das pontuações e por meio da curva de Kernel, para descrever a distribuição de probabilidade empírica dos dados. Essa é uma metodologia não paramétrica de estimação de curva, na qual cada observação é ponderada pela distância com relação a um valor central da amostra.

Na tabela 4 e figura 3 é analisada a pontuação do cerrado da Bahia. Todos os valores se encontram acima da pontuação 600. A curva de Kernel mostra uma tendência para os valores entorno da pontuação de 800.

Tabela 4. Pontuação total do grau da gestão cafeeira no cerrado da Bahia.

Pontuação Frequência Frequência relativa (em %) Frequência acumulada (em %) [ 0 ; 200 [ 0 0,00% 0,00% [ 200 ; 400 [ 0 0,00% 0,00% [ 400 ; 600 [ 0 0,00% 0,00% [ 600 ; 800 [ 4 66,67% 66,67% [ 800 ; 1000 [ 2 33,33% 100,00% Total 6 100,00% 100,00%

Figura 3: Histograma e curva de Kernel sobre a pontuação do grau de gestão no cerrado da Bahia

As demais regiões da Bahia apresentam a maior variabilidade dos dados e menores valores de grau de gestão, comparado com as outras regiões aqui definidas (tabela 5 e figura 4): 72% das observações da amostra apresentam grau de gestão entre 200 e 600 pontos e os 18% restantes se distribuem entre 600 e 1000. O intervalo que apresenta o maior número de observações varia de 200 a 400, totalizando 45% dos valores da amostra. A curva de Kernel mostra a tendência dos dados, concentrando a probabilidade no eixo entre 200 e 400, apresentando também probabilidades densas à direita desse eixo.

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Tabela 5: Pontuação total do grau de gestão nas regiões cafeeiras da Bahia, exceto Cerrado. Pontuação Frequência Frequência relativa

(em %) Frequência acumulada (em %) [ 0 ; 200 [ 0 0,00% 0,00% [ 200 ; 400 [ 10 45,45% 45,45% [ 400 ; 600 [ 6 27,27% 72,73% [ 600 ; 800 [ 4 18,18% 90,91% [ 800 ; 1000 [ 2 9,09% 100,00% Total 22 100,00% 100,00%

Figura 4: Histograma e curva de Kernel sobre a pontuação do grau de gestão das demais produções da Bahia.

Com relação ao cerrado mineiro, as pontuações são elevadas, em comparação com as outras regiões. 61% dos dados estão no intervalor que varia de 800 a 1000 pontos, 15% no intervalo de 600 a 800, outros 15% de 400 a 600 e apenas 10% de 200 à 400 (tabela 6). Na figura 5 estão representados o histograma dos dados e a curva de Kernel. Grande parte dos dados está alocada acima dos valores de 600 pontos. Os dados em torno de 400 pontos aumentam o valor de probabilidade representada pela curva de Kernel. Entretanto a maior tendência representada pela curva é para os valores de 800 à 850.

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Tabela 6: Pontuação total do grau de gestão cafeeira no cerrado de Minas Gerais. Pontuação Frequência Frequência relativa

(em %) Frequência acumulada (em %) [ 0 ; 200 [ 0 0,00% 0,00% [ 200 ; 400 [ 1 7,69% 7,69% [ 400 ; 600 [ 2 15,38% 23,08% [ 600 ; 800 [ 2 15,38% 38,46% [ 800 ; 1000 [ 8 61,54% 100,00% Total 13 100,00% 100,00%

Figura 5: Histograma e curva de Kernel sobre a pontuação do grau de gestão no cerrado de Minas Gerais.

As demais regiões cafeeiras de Minas Gerais apresentam pontuações inferiores quando comparados aos observados no cerrado mineiro. 84% dos dados dessa região estão alocados entre 400 e 800 pontos (tabela 7). A curva de Kernel, na figura 6, mostra bem claramente a tendência desses dados. A maior concentração está entre 500 e 800 pontos, com frequência um pouco menor nos extremos desses valores. Fora desse intervalo, a curva de Kernel cai, indicando uma baixa tendência probabilística para os valores que estão fora dessa pontuação.

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Tabela 7: Pontuação total do grau de gestão cafeeira nas regiões de Minas Gerais, exceto Cerrado.

Pontuação Frequência Frequência relativa (em %) Frequência acumulada (em %) [ 0 ; 200 [ 0 0,00% 0,00% [ 200 ; 400 [ 1 3,23% 3,23% [ 400 ; 600 [ 13 41,94% 45,16% [ 600 ; 800 [ 13 41,94% 87,10% [ 800 ; 1000 [ 4 12,90% 100,00% Total 31 100,00% 100,00%

Figura 6: Histograma e curva de Kernel sobre a pontuação do grau de gestão nas outras regiões de Minas Gerais

As regiões cafeeiras do cerrado, como um todo, apresentam grau de gestão elevado quando comparados às demais regiões. A dimensão territorial das propriedades da amostra pertencente ao cerrado possui o dobro do tamanho do território das demais regiões. Mais de 50% dessa região estão na classe de 800 à 1000 pontos. O restante se distribui nas demais classes, sendo 31% no intervalo de 600 a 800, 10% dos dados na classe de 400 a 600 e 5% na classe de 200 a 400 (tabela 8). O histograma e a curva de Kernel na figura 7 indicam densidade de probabilidade elevada nos valores de 700 a 900 pontos. Apesar da alta pontuação obtida Nessa região, existem algumas propriedades com pontuação inferior a 500. Existe um leve aumento de probabilidade em torno de 400 pontos.

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Tabela 8: Pontuação total do grau de gestão cafeeira no Cerrado (Minas Gerais e Bahia). Pontuação Frequência Frequência relativa

(em %) Frequência acumulada (em %) [ 0 ; 200 [ 0 0,00% 0,00% [ 200 ; 400 [ 1 5,26% 5,26% [ 400 ; 600 [ 2 10,53% 15,79% [ 600 ; 800 [ 6 31,58% 47,37% [ 800 ; 1000 [ 10 52,63% 100,00% Total 19 100,00% 100,00%

Figura7: Histograma e curva de Kernel sobre a pontuação do grau de gestão no cerrado. Foram entrevistadas 48 produtores de propriedades que não pertencem à região do cerrado. Nessas regiões há uma maior proporção da área das propriedades amostradas utilizada a favor do cultivo de café. 67% dos dados estão distribuídos entre os valores de 400 e 600 pontos. Há uma concentração de pontos no centro do intervalo que varia de 0 a 1000. Apesar dessa característica, existe ainda uma quantidade igual a 20% entre os valores de 200 à 400 e outra de 11% nos valores mais alto, de 800 à 1000 (tabela 9). O histograma mostra uma grande quantidade de informação localizada nos pontos de 400 à 800 pontos (figura 8). Existe também uma quantidade considerável de produções com pontuações próximas à 200. A curva de Kernel para essa região sugere a maior tendência para os valores de 400 à 700 pontos. Entretanto, os intervalos extremos, de 200 à 400 e 700 à 800, afetam a sensibilidade da curva de Kernel fazendo com que ela não diminua tanto nesses valores.

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Tabela 9: Pontuação total do grau de gestão cafeeira nas regiões de Bahia e Minas Gerais, exceto Cerrado.

Pontuação Frequência Frequência relativa (em %) Frequência acumulada (em %) [ 0 ; 200 [ 0 0,00% 0,00% [ 200 ; 400 [ 11 20,75% 20,75% [ 400 ; 600 [ 19 35,85% 56,60% [ 600 ; 800 [ 17 32,08% 88,68% [ 800 ; 1000 [ 6 11,32% 100,00% Total 53 100,00% 100,00% .

Figura 8: Histograma e curva de Kernel sobre o grau de gestão das demais produções

4. Conclusões

Considerando-se os níveis de gestão obtidos via MIGG-Café, as pontuações obtidas para cada um dos critérios avaliados e a caracterização da amostra – principalmente as dimensões médias das propriedades nas regiões avaliadas – conclui-se que nas regiões de Cerrado há forte tendência à cafeicultura empresarial, mais organizada e competitiva. Embora tenham sido identificadas propriedades com grau máximo de gestão nas regiões analisadas, nenhuma propriedade alcançou a pontuação máxima. Ou seja, a busca pela excelência precisa continuar. No Cerrado da Bahia, onde as propriedades apresentam características fundiárias e administrativas muito similares, foram realizados intensos investimentos em sistemas de gestão que visam a profissionalização da atividade agrícola. Nas regiões Sul e Sudoeste de Minas Gerais, bem como no Planalto da Conquista e na Chapada Diamantina poucos cafeiculto res compreendem que, na busca de qualidade, de retornos crescentes aos investimentos e da

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sustentabilidade no longo prazo, a gestão pode ser uma ferramenta tão importante quanto o uso de tecnologias de produção.

5. Referências Bibliográficas

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