• Nenhum resultado encontrado

O currículo e o método de ensino na fronteira entre passado e presente: o ensino jurídico no Distrito Federal à luz das mudanças emergentes de 1994

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "O currículo e o método de ensino na fronteira entre passado e presente: o ensino jurídico no Distrito Federal à luz das mudanças emergentes de 1994"

Copied!
593
0
0

Texto

(1)

O CURRÍCULO E O MÉTODO DE ENSINO NA FRONTEIRA ENTRE PASSADO E PRESENTE: O ENSINO JURÍDICO NO DISTRITO FEDERAL À LUZ DAS

MUDANÇAS EMERGENTES DE 1994

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Direito da Universidade Católica de Brasília para a obtenção do título de Mestre em Direito.

Orientador: Prof. Dr. Manoel Moacir Costa

Macêdo

BRASÍLIA

(2)

___________________________________________________________________________

C117r Cabral, Rui de Melo

O currículo e o método de ensino na fronteira entre o passado e o presente: o ensino jurídico no Distrito Federal à luz das mudanças emergentes de 1994 / Rui de Melo Cabral.--Brasília, 2003.

p. 593

1. Educação acadêmica - Distrito Federal. 2. Ensino Superior – Brasil. 3. Direito-ensino. I. Título.

CDU: 378:34(0811)

(3)

RUI DE MELO CABRAL

O CURRÍCULO E O MÉTODO DE ENSINO NA FRONTEIRA ENTRE PASSADO E PRESENTE: O ENSINO JURÍDICO NO DISTRITO FEDERAL À LUZ DAS

MUDANÇAS EMERGENTES DE 1994

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Direito da Universidade Católica de Brasília para a obtenção do título de Mestre em Direito.

...em / /

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________

Prof. Dr. Manoel Moacir Costa Macêdo – Orientador e Presidente

__________________________________________________ Prof. Dr. Maurin Almeida Falcão

(4)

Aos meus pais (in memoriam) pela vida que

me deram e os valores que cultivaram.

Antônio Cabral de Macêdo, tão cedo chamado

à presença do Senhor Deus, mas que teve

tempo de nos legar seu exemplo de trabalho e

robustez na fé. Clarice de Melo Macêdo, pelo

amor e a mais forte lição de perseverança que

um filho pode ter.

À minha esposa Isabel, pelo amor, o carinho

silencioso e paciente e o irrestrito apoio,

inclusive na digitação deste trabalho.

A meus filhos, Gisele, Marcelo e Helena,

fontes inesgotáveis de inspiração para a vida e

o futuro, que souberam compreender esta

minha ausência em seus dias, apesar de juntos,

(5)

AGRADECIMENTOS

A realização deste trabalho teria sido muito mais difícil, de menor primor e de

caminho mais longo não fosse a inestimável ajuda das pessoas que contribuíram para sua

realização, participando:

José Braga, meu sogro, na revisão primorosa do conteúdo, por suas apreciações

oportunas e lhaneza nas abordagens dos muitos problemas de nosso rascunho, sua admirável

paciência e meticulosidade;

Carlos Leite, padrinho e amigo, pelo esmero na correção em Português e as

importantes orientações em língua tão complexa;

Eneida Cabral, minha prima-irmã, pelos muitos socorros prestimosos aos dados

estatísticos do Ministério da Educação;

Aos Diretores de Cursos de Direito pesquisados: Professor Mestre José Geraldo

de Sousa Júnior, Professor Paulo Roberto Moglia Thompson Flores, Professor Adilson de

Lizio, e, Professora Izabel Gouvêa;

Aos profissionais do Direito e aos formandos que responderam pacientemente aos

questionários e formulários da pesquisa; suas informações enriqueceram este trabalho;

Aos autores, cujas obras compulsei, permitindo apropriar-me dos conhecimentos

que passaram a fazer parte desta dissertação;

A todas as pessoas que, de forma anônima, auxiliaram na realização desse

trabalho.

As falhas, que certamente existem neste trabalho, não são obra dos muitos

cooperadores, a quem agradeço profundamente, mas sim de minhas imperfeições.

Agradeço, em particular, ao Professor Doutor Manoel Moacir Costa Macêdo,

orientador meticuloso, paciente e sempre disponível, pelas muitas leituras e importantes

(6)

“A PROVIDÊNCIA DIVINA, em sua

sabedoria e misericórdia para com os homens,

conhecedora tanto do passado como do futuro,

pois tudo lhe é presente, sabe como introduzir

o eterno dentro do tempo, mediante as pessoas

que ELA escolhe, ilumina, santifica e dirige”.

(7)

RESUMO

Qualidade do ensino jurídico, assunto recorrente em todas as reformas realizadas

até e inclusive a de 1994. Depois de quase dois séculos de muita polêmica, parece que foram

encontradas, afinal, as verdadeiras causas que frustraram todas as medidas saneadoras

anteriores: a influência das elites sobre os currículos, e o método de ensino.

O Direito e seu ensino sempre foram os primeiros a sofrer o impacto das

mudanças sociais e até determiná-las, a comprovação dessa verdade está na história evolutiva

da sociedade. Apesar das grandes transformações porque passou o Estado brasileiro, desde o

Império até o fim da década de 80, o modelo de ensino praticado no país pouco evoluiu,

criando-se um vácuo de qualidade, uma verdadeira crise, com demanda crescente por

profissionais competentes, não atendidas pela deficiente preparação realizada nas IES.

Nesta dissertação procurou-se alcançar as causas determinantes das mudanças, a

dinâmica do processo, os atores das transformações e os principais efeitos alcançados, para

tanto: identificaram-se os paradigmas que determinaram o ensino antes e depois da reforma;

as estratégias e instrumentos da reforma; quem presidiu; quem participou e os beneficiários

do processo; bem como a atual ênfase, em qualquer latitude, a interdisciplinaridade.

Uma pesquisa bibliográfica e documental, na primeira fase, e de campo, na

segunda, desenvolvida junto a atores do processo de transformação do ensino jurídico,

permitiram investigar a crise desse ensino e a implantação de um processo de indução à

elevação da qualidade, e também, realizar estudos comparativos entre os resultados obtidos

na preparação dos bacharéis formados sem e com a influência da reforma de 1994.

Assim, concluiu-se que a eficácia e a eficiência das estratégias adotadas na última

reforma do ensino jurídico, ressalvado alguns aspectos do processo de avaliação e da

carência de mudança do método e da metodologia adotados na abordagem e construção do

conhecimento, decorreram de acuradas estratégias e instrumentos complexos, propiciadores

das novas diretrizes curriculares e do processo de avaliação adotado; e o envolvimento de

grande parcela das IES, que estão sensíveis e assumiram a importância da elevação da

qualidade do ensino, evitando-se os mesmos destinos das mudanças anteriores.

Em face da necessidade de manutenção das conquistas atuais e o aprimoramento

para o futuro, recomenda-se a preservação de determinadas normas e do processo de

avaliação com aperfeiçoamentos e complementações; estratégias para os sujeitos do processo

de educação que possibilite o alcance de altos níveis de qualidade e salutar competitividade.

(8)

ABSTRACT

The quality of the legal teaching was a recurrent subject in all the reforms realized

until and including that of 1994. After almost two centuries of a great deal of controversy, it

seems that it was found, after all, the true causes that have frustrated all previous sanitating

measures: the influence of the elites on the curriculuns, and the teaching method.

The Right and its teaching have always been the first to suffer the impact from the

social changes and even to determine them, the evidence of this truth may be found in the

evolutional history of the society. Despite the great transformations the Brazilian State has

passed, since the installation of the Brazilian Empire to the end of the 80th decade, the model

of teaching practiced in this country has evolved very little, creating a vacuum of quality, a

true crisis, with a increasing demand for competent professionals not attended to by the

deficient preparation of the same ones in the IES (education institutions).

In this dissertation we tried to reach the determinative causes of the changes, the

dynamics of the process, the actors of the transformations and the main effects we have

reached, for that: we have identified the paradigms that have determinated the teaching before

and after the reform; the strategies and the instruments of the reform; who president over it,

who had participated and the beneficiaries of the process; as well as the actual emphasis, in

any latitud, the interaction between the various subjects.

A documentary and bibliographical research, in the first phase, and a research of field

in the second, developed jointly to some actors of the process of transformation of legal

teaching, allowed to investigate the crisis of this teaching and the implementation of a process

of induction to the elevation of the quality, and also to realize comparative studies between

the results gotten in the preparation of the law school graduates formed without, and with the

influence of the 1994 reform.

Thus, one concluded that the effectiveness and the efficiency of the strategies adopted

in the last reform of legal teaching, except for some aspects of the evaluation process and for

the lack of change in the method and the methodology adopted in the construction of the

knoledge, were originated in accurate strategies and complex instruments, propitiatory of the

new curricular directives and of the adopted process of evaluation; and the involvement of a

large part of the institutions of graduation that are sensitive and assumed the importance of the

rise of quality of teaching, preventing this way the same destinations of the preceding

changes.

In face of the necessity of maintenance of the current conquests and their improvement

(9)

process of evaluation with some strategic perfectionings and complementations to the subjects

of the process of education that may make possible the achievement of high levels of quality

and a healthy competiveness.

(10)

LISTA DE SIGLAS

ABA – American Bar Association’s Role (The Laws School Accreditation Process)

ABMES – Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

AEUDF – Associação de Ensino Unificado do Distrito Federal

ANDIF – Associação Nacional de Dirigentes de Institutos Federais de Ensino Superior

CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CB-25 – Comitê Brasileiro de Normas Técnicas

CEED – Comissão de Especialistas de Ensino de Direito da Secretaria de Ensino Superior

do Ministério da Educação

CEJ – Comissão de Ciência e de Ensino Jurídico; depois, Comissão de Ensino Jurídico da

Ordem dos Advogados do Brasil

CEPED – Centro de Estudos e Pesquisas no Ensino do Direito

CF – Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil

CFE – Conselho Federal de Educação

CNE – Conselho Nacional de Educação

CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

CODAI – Coordenadoria Geral de Análise e Avaliação Institucional

CSN – Companhia Siderúrgica Nacional

DEJ – Didática do Ensino Jurídico

DES – Didática do Ensino Superior

ENC – Exame Nacional de Cursos (Provão)

FUB – Fundação Universidade de Brasília

GQT – Gestão de Qualidade Total

(11)

IAB – Instituto dos Advogados Brasileiros

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IES – Instituição de Ensino Superior

INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais

ISO – International Standarts Organization

LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

MEC – Ministério da Educação

NBRISO – Normas Brasileiras de ISO (Organização Internacional de Normatização

Técnica)

NOVACAP – Companhia Urbanizadora de Brasília

OAB – Ordem dos Advogados do Brasil

PAIUB – Programa de Avaliação Institucional da Universidade Brasileira

PAS – Programa de Avaliação Seriada da Universidade de Brasília

PBQP – Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade

PET – Programa de Educação Tutorial

PGQ – Plano de Gestão da Qualidade

SEBRAE – Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SESU – Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação

TA-OAB – Taxa de Aprovação nos Exames de Ordem da OAB

TQC – Total Quality Control

TQM – Total Quality Management

UDF – Universidade do Distrito Federal (Rio de Janeiro)

UnB – Universidade de Brasília

UniCEUB – Centro Universitário de Brasília

(12)

SUMÁRIO

LISTA DE SIGLAS...10

INTRODUÇÃO...20

I Importância do tema...20

II Delimitação do tema...23

III Formulação do Problema...25

IV Construção de hipóteses...27

V Estabelecimento de variáveis...28

VI Objetivos do estudo...29

VII Fundamentação metodológica...31

VIII Fundamentação teórica...34

CAPÍTULO 1 O ENSINO JURÍDICO NO BRASIL, DESDE A CRIAÇÃO DAS PRIMEIRAS INSTITUIÇÕES EM 1827 ATÉ 1994 ...39

1.1 A gênese do ensino jurídico...39

1.1.1 O saber, a educação e o ensino ...39

1.1.2 O condicionamento cultural e político da sociedade brasileira ...43

1.2 O momento de instalação do ensino jurídico no Brasil...49

1.2.1 Primeira iniciativa ...51

1.2.2 Segunda iniciativa ...52

1.2.3 Efetiva criação e instalação dos cursos ...53

1.3 O ensino jurídico no período do Império: 1827 a 1889 ...56

1.3.1 Objetivo do curso e suas contradições ...56

1.3.2 A precariedade das instalações físicas e materiais ...62

(13)

1.3.4 Normas que regeram o ensino jurídico no Império ...66

1.3.5 Desempenho e perfil dos discentes dos cursos jurídicos ...78

1.3.6 Funcionamento dos cursos jurídicos ...80

1.4 O ensino jurídico nas primeiras seis décadas da República de 1889 a 1949: um período de calmarias...83

1.5 O ensino jurídico a partir de 1950 e a percepção da crise...122

1.6 Reações ao modelo de ensino jurídico existente, as exigências contemporâneas e o novo perfil do bacharel...148

CAPÍTULO 2 O CONTEXTO EM QUE OCORRERAM AS MUDANÇAS INTRODUZIDAS NO ENSINO JURÍDICO A PARTIR DE 1994...158

2.1 O quadro normativo do ensino jurídico...160

2.1.1 Normas gerais sobre educação ...160

2.1.2 Normas específicas sobre o ensino superior ...164

2.2 A educação no contexto das mudanças...177

2.3 As estratégias e mecanismos da reforma do ensino jurídico...205

2.4 A formação do bacharel em Direito na sociedade do conhecimento...215

2.5 Velhas práticas e as novas tendências pedagógicas ...227

2.6 Resistências às mudanças e superações ...233

2.6.1. A difícil construção da parceria institucional ...233

2.6.1.1 A tradicional resistência ao processo de mudança no ensino jurídico...247

2.6.1.2 Superação das resistências e a nova postura dos atores do processo de mudança...273

(14)

CAPÍTULO 3

O ENSINO JURÍDICO NO DISTRITO FEDERAL ...281

3.1 O ambiente de pesquisa ...281

3.1.1 O ensino jurídico no país quando da coleta de dados da pesquisa...281

3.1.2 O ensino jurídico em instituições do Distrito Federal que formavam bacharéis antes de 1994 ...283

3.2 Os atores do processo de transformação...285

3.2.1 Comissão de Ensino Jurídico do Conselho Federal da OAB ...286

3.2.2 Comissão de Especialistas de Ensino de Direito do Ministério da Educação ...287

3.2.3 Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais do Ministério da Educação...288

3.2.4 Conselho Nacional de Educação do Ministério da Educação ...288

3.2.5 Instituições de ensino superior ...289

3.3 As instituições de ensino superior pesquisadas...294

3.3.1 Universidade de Brasília – UnB ...294

3.3.2 Associação de Ensino Unificado do Distrito Federal – AEUDF ...313

3.3.3 Centro Universitário de Brasília – UniCEUB ...318

3.4 O foco da pesquisa e o caminho percorrido...323

3.4.1 Objetivos da pesquisa ...323

3.4.2 Procedimentos metodológicos: de seleção dos sujeitos à organização dos dados...324

3.4.2.1 A seleção dos sujeitos da pesquisa, instituições, órgãos e entidades investigadas....325

3.4.2.2 A pesquisa de campo...328

3.4.2.3 A organização dos dados...331

CAPÍTULO 4

(15)

EM NOVAS BASES...332

4.1 Seção 1 – Os novos laboratórios das transformações do ensino jurídico...332

4.1.1 A constante integração entre ensino, pesquisa e extensão...332

4.1.1.1 O ensino ...333

4.1.1.2 A pesquisa ...339

4.1.1.3 A atividade de extensão...348

4.1.2 O projeto pedagógico como instrumento de permanente avanço e medida de estabilidade do ensino jurídico...353

4.1.3 A duração dos cursos jurídicos e carga-horária...360

4.1.4 O novo currículo mínimo e as muitas tentativas anteriores ...365

4.1.5 As atividades complementares na diferenciação da formação acadêmica...373

4.1.6 As novas exigências com o acervo bibliográfico...376

4.1.7 As exigências de monografia de final de curso...380

4.1.8 A informática jurídica como ferramenta dos tempos modernos...384

4.1.9 O estágio de prática jurídica...387

4.1.10 A iniciação científica como elo entre o ensino e a pesquisa...397

4.1.11 As novas práticas de sala-de-aula...398

4.2 Seção 2 – Em busca de uma melhor qualidade para o ensino jurídico...408

4.2.1 Estudo evolutivo da busca de qualidade...408

4.2.2 A qualidade nos tempos modernos...412

4.2.3 Pioneirismo na preocupação com a qualidade do ensino...414

4.2.4 Aplicação das teorias sobre qualidade no ensino jurídico...418

4.3 Seção 3 – A dinâmica do processo de avaliação do ensino jurídico...427

4.3.1 A avaliação como um processo sem fronteiras...428

(16)

4.3.3 Avaliação externa...434

4.3.4 Avaliação interna ou auto-avaliação...437

4.3.5 Avaliação como instrumento de mudanças no ensino jurídico...440

4.3.6 Reação ao modelo de avaliação adotado pela Ordem das Advogados do Brasil e pelo Ministério da Educação...444

4.3.7 A avaliação na busca permanente pela qualidade do ensino jurídico ...455

4.4 Seção 4 – Dimensões da transformação: contraste entre passado e presente e as referências para o futuro do ensino jurídico ...459

4.4.1 O contraste entre passado e presente do ensino jurídico...460

4.4.1.1 Duração e carga horária do curso...460

4.4.1.2 Padrão de desempenho e qualidade do curso noturno...462

4.4.1.3 Ensino, pesquisa e extensão interligadas e obrigatórias...463

4.4.1.4 Matérias curriculares...464

4.4.1.5 Áreas de habilitação ou concentração...465

4.4.1.6 Número de matérias e interdisciplinaridade...466

4.4.1.7 Atividades complementares...467

4.4.1.8 Áreas de especialização, vocação institucional, demandas sociais e mercado de trabalho...468

4.4.1.9 Prática forense versus estágio de prática jurídica...468

4.4.1.10 Acervo bibliográfico...470

4.4.1.11 Exigência de monografia de final de curso...471

4.4.1.12 Convênios de intercâmbio...471

4.4.1.13 Fronteiras de um novo tempo...472

4.4.2 Referência para o futuro do ensino jurídico ...473

(17)

4.4.2.2 Atitude para a confiança e a esperança...474

4.4.2.3 Atitude para o comprometimento e a responsabilidade...475

4.4.2.4 Atitude para a participação e a cidadania...476

4.4.2.5 Atitude para a reflexão e a ação...477

4.4.2.6 Atitude para a sensibilidade e a valorização da cultura...478

4.4.2.7 Atitude para o diálogo e a humildade...479

4.4.2.8 Atitude para o ensinar e aprender pela pesquisa...480

4.4.3 A nova visão do ensino jurídico ...481

4.4.4 Atitudes de agentes e atores do processo de ensino...484

4.5 Seção 5 – A excelência no ensino jurídico...487

4.5.1 Competência profissional e exigências da sociedade contemporânea...488

4.5.2 Caminhos da excelência do ensino jurídico...489

4.5.2.1 Novos paradigmas na relação ensino e pesquisa...491

4.5.2.2 Fixação de paradigmas na relação ensino extensão...492

4.5.5.2.3 Atuação integrada das atividades complementares, monografia, iniciação científica e estágio de prática jurídica...493

4.5.2.4 A nova postura e o preparo dos docentes nas atividades acadêmicas...496

4.5.3 O contínuo investimento no aprimoramento das instalações e meios para as novas praticas didático-pedagógicas...498

4.5.4 Avaliação enquanto processo permanente de aprimoramento em si mesmo e na busca constante da qualidade do ensino jurídico...504

4.5.5 Questões metodológicas na reforma do ensino jurídico de 1994...506

4.5.5.1 Método, o desafio do ensino jurídico ...507

(18)

5.1 Conclusões...512

5.2 Recomendações...526

REFERÊNCIAS ...529

APÊNDICE I Carta para os pesquisados encaminhando questionários e formulários...540

APÊNDICE II Questionário do 1º grupo...541

APÊNDICE III Questionário do 2º grupo...549

APÊNDICE IV Formulário...553

APÊNDICE V Roteiro de entrevista e perguntas...557

APÊNDICE VI Croqui do Centro Integrado de Estudos e Práticas Jurídicas ...560

ANEXO I Portaria do MEC nº 1886, de 30 de dezembro de 1994...561

ANEXO II Lei de 11 de agosto de 1827...564

ANEXO III Currículo do Estatuto do Visconde da Cachoeira...565

ANEXO IV Decreto de 7 de novembro de 1831...570

ANEXO V Decreto nº 1.386 de 28 de abril de 1854...571

ANEXO VI Decreto nº 7.247 de 19 de abril de 1879...572

ANEXO VII Decreto nº 1.232-H de 2 de janeiro de 1891...573

ANEXO VIII Lei nº 314 de 30 de outubro de 1895...574

ANEXO IX Decreto nº 8.662, de 5 de abril de 1911...575

ANEXO X Decreto nº 11.530 de 18 de março de 1915...576

ANEXO XI Decreto nº 19.852 de 11 de abril de 1931...577

ANEXO XII Leis nº 114 de 11 de novembro de 1935 e nº 176 de 8 de janeiro de 1936..578

ANEXO XIII Decreto Lei nº 2.639 de 27 de novembro de 1940...579

ANEXO XIV Parecer CFE nº 215 de 15 de novembro de 1962 e Lei nº 4.024 de 20 de dezembro de 1961...580

(19)

ANEXO XVI Resolução CFE nº 3 de 25 de fevereiro de 1972...582

ANEXO XVII Estrutura Organizacional da UnB ...584

(20)

INTRODUÇÃO

I. Importância do tema

A formação jurídica desde o Império, durante todo o período da nascente

República brasileira e depois da consolidação democrática tem influenciado o poder político

e interagido na sociedade por meio dos profissionais do Direito, nos diversos ofícios, em

suas três atribuições básicas: auxiliando ou atuando diretamente na produção das

normas que compõem nosso ordenamento jurídico; na execução das leis; na sua aplicação ao

caso concreto. Além de sua presença nos três poderes constituídos, a presença do jurista no

meio civil é também marcante.

Estudar a evolução dos cursos jurídicos no Brasil é conhecer a formação desse

estamento da sociedade, sendo de suma importância pela influência jurídico-cultural, política,

econômica e sociológica que exerceu e exerce na sociedade.

As raízes dessa formação estão essencialmente nas instituições de ensino jurídico,

hoje disseminadas em todo o país. Conhecê-las e estudar o processo de ensino que vem sendo

desenvolvido ao longo de toda sua evolução até chegar às grandes transformações a que se

submeteu o ensino jurídico, nos últimos cinco anos, leva-nos a reconstruir o mais lídimo

retrato político e cultural de nossa sociedade.

A importância do tema vem mobilizando juristas, estudiosos sociais e políticos

desde as primeiras propostas de criação dos cursos jurídicos no Brasil; grandes debates se

travaram, logo após a Independência, na Assembléia Geral Constituinte Legislativa do Brasil

e, depois de perdida a característica de poder Constituinte, no Parlamento, a que dão notícias

os anais das casas legislativas.1

Várias propostas de reforma, se é que assim podemos chamar algumas delas, de

forma cíclica surgiram ao sabor das injunções políticas e que, apesar de voltadas

primordialmente para os currículos, mostraram sempre a luta das elites políticas e a acentuada

interferência dos segmentos burocráticos, marcando quatro grandes momentos de

transformação do Estado brasileiro: o período imperial, a primeira República, o Estado Novo

e o modelo democrático que se seguiu após a segunda Grande Guerra, com um período de

exceção do Estado de Direito encravado neste último período.

1

(21)

A partir do estatuto básico do visconde de Cachoeira2, adotado, mesmo que

provisoriamente, para criar os cursos jurídicos no Brasil, importantes documentos foram

produzidos, cada um marcando de forma indelével a própria história do Brasil, muito além do

próprio ensino. Neles estiveram sempre à mostra as lutas entre as classes liberal e

conservadora, presentes até hoje em nossa política.

Apesar de não terem sido os primeiros cursos superiores criados no Brasil, os

cursos jurídicos tiveram função determinante na consolidação da Independência, forjando as

mentes que iriam lutar pela nossa emancipação política e depois pela República,

encarregando-se de consolidar uma e outra, formando uma classe política e administrativa tão

necessária a cada uma dessas fases históricas do desenvolvimento do Estado brasileiro, ao

desafiar mentes que se projetaram no campo da Ciência do Direito, das quais são exemplos

grandes juristas brasileiros, reconhecidos nacional e internacionalmente, que legaram

importantes obras no cenário jurídico.

Destacam-se como autores de importantes projetos, convertidos em lei, Clóvis

Beviláqua e Teixeira de Freitas, entre outros.Também fizeram história: doutrinadores como

Pontes de Miranda; juristas-políticos como Rui Barbosa e Joaquim Nabuco; professores do

porte de Tobias Barreto, quase todos autodidatas, formados, menos pelos conhecimentos que

adquiriram nos bancos das escolas de São Paulo e Olinda, depois Recife, mais por mérito

próprio, porém todos oriundos desses dois cursos jurídicos. Pesquisar o ensino jurídico é

percorrer os caminhos e desvendar a influência histórico-político-social de cada um deles e de

suas obras.

Merece relevo, também, importantes obras que retratam, com fidelidade, como se

desenvolveu o ensino jurídico nas duas primeiras escolas de Direito, dentre elas: a de Nabuco,

Minha Formação e, também, a de seu pai, o Conselheiro Nabuco de Araújo em Um Estadista do Império3; Histórias da Faculdade de Direito do Recife, de Beviláqua4; A Academia de São Paulo – Tradições e Reminiscências, de Nogueira5; e Memórias para a História da Academia de São Paulo, de Vampré6. Outras obras como as que fazem um

2

MELO, Luíz José de Carvalho. Estatuto do visconde da Cachoeira de 23.3.1825. In: BASTOS, Wander.

Ensino Jurídico no Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2000.

3

NABUCO, Joaquim. Um estadista do Império. São Paulo: Ed. Nacional, 1936.

4

BEVILACQUA, Clovis. História da Faculdade de Direito do Recife. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1927.

5

NOGUEIRA, Almeida. A Academia de São Paulo: tradições e reminiscências. 9. ed. São Paulo: A Editora, 1912.

6

(22)

estudo pormenorizado da vida acadêmica de juristas ilustres como Rui Barbosa, desenvolvido

por Pereira e Carvalho7, que mostram as deficiências do ensino jurídico e suas crises.

Grande interesse desperta a investigação das crises em que esteve imerso o ensino

jurídico, enquanto motivo determinante das mudanças, e, de forma especial, as últimas

transformações que afetaram a educação como um todo.

A crise, enquanto momento culminante, estágio último das contradições e

frustrações que catalisam energias, cria os ambientes e os meios propícios às rupturas que

precedem e alimentam as grandes transformações. Elas estiveram presentes em diversos

momentos da história do ensino jurídico; ensino que não acompanhou as mudanças sociais

experimentadas no Brasil, mas que as influenciou.

Vários estudiosos se preocuparam em retratá-las, um deles foi Dantas, que, nos

anos cinqüenta do século passado, denunciava a crise por que passava o ensino jurídico no

Brasil8. Outro que também traça o perfil dessa crise é Coelho em A Reforma Universitária e a Crise do Ensino Jurídico9; um dos mais severos críticos da forma como se ensinava o Direito, Lyra Filho aponta uma face dessa crise em O Direito que se Ensina Errado, ao tratar da Reforma do Ensino Jurídico10; dois autores cujas obras serviram de base aos estudos

bibliográficos desta dissertação, Venâncio Filho e Bastos, também retratam aspectos

importantes da crise do ensino jurídico.

No ano de 2001, momento em que se bacharelaram as primeiras turmas do ensino

jurídico já reformado, elaborou-se este trabalho, esperando-se que este estudo sirva para uma

reflexão a todos que se interessam pelo tema e, em especial, que contribua nos seguintes

aspectos:

a) fornecer às Instituições de Ensino Superior - IES e ao Ministério da Educação -

MEC subsídios para traçar as políticas educacionais e estratégias de avaliação, bem como

repassar, para o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, dados e informações

quanto ao êxito alcançado pelas mudanças no ensino jurídico; mudanças estas das quais foi o

principal indutor;

7 PEREIRA, Baptista. Conferência pronunciada na Faculdade de Direito de São Paulo em 05 de novembro de

1924. Revista da Faculdade. São Paulo, v. CXIV, nov. 1947. CARVALHO, Antonio Gontijo. Prefácio ao Volume I, Tomo I das Obras Completas de Rui Barbosa, Rui estudante (Separata). 1949.

8

DANTAS, San Tiago. Palavras de um professor, apud. VENÃNCIO FILHO, Alberto. Das arcadas ao bacharelismo. São Paulo: Perspectiva,1977. p. 313.

_______. Educação Jurídica e Crise Brasileira. In: Encontros da UnB: ensino jurídico. 1977. p.49; 54.

9

COELHO, Inocêncio M. A Reforma universitária e a crise do ensino jurídico. Trabalho apresentado no seminário sobre “Modernização dos Cursos de Pós-graduação em Direito” promovido pelo CNPq. In:

Encontros da UnB: ensino jurídico. Brasília: Edunb, 1977. p. 133; 144.

10

(23)

b) propiciar a confirmação dos acertos e da efetividade dos instrumentos das

mudanças que foram implementadas no ensino jurídico;

c) auxiliar a identificar o novo perfil do bacharel em Direito e o nível de sua

preparação para novos desafios e demandas sociais;

d) levar às academias a análise dos dados e resultados obtidos no processo de

melhoria por elas implementados, e seu reflexo junto aos egressos dos cursos jurídicos;

e) medir o sucesso de uma modesta reengenharia do ensino jurídico e a integração

dos sujeitos desse processo.

Para tornar factível a consecução desses objetivos, há de se limitar o tema, pois o

assunto é vasto, possui extensa bibliografia e sua importância se mede pela influência que

sempre teve em todos os campos sociais.

II. Delimitação do tema

Passados mais de cinco anos do início da vigência das primeiras medidas adotadas

pela última e mais profunda mudança no ensino jurídico, pois a compulsoriedade das normas

introduzidas pela Portaria nº 1.886/94, foi estabelecida a partir de 1997, completando, em

2001, a duração mínima do curso, tempo necessário para que as primeiras turmas fossem

diplomadas sob a égide das novas diretrizes curriculares. Tempo também necessário e

suficiente para que o sistema de avaliação, que se iniciou em 1996, mostre os representativos

resultados, produto de sete avaliações. Torna-se, pois, importante investigar a contribuição

que as medidas e mecanismos de transformação do ensino trouxeram para a formação do

novo bacharel em Direito.

Identificar e avaliar os instrumentos de superação dos problemas educacionais, sua

eficácia e desempenho em operar as mudanças nos padrões do ensino jurídico, que

possibilitam aos diplomados pelas instituições de ensino jurídico, enfrentar os desafios que

lhes são colocados, mediante exames que os capacitam ao exercício da profissão, ou

concursos públicos, tão concorridos e com resultados pouco expressivos em relação aos níveis

de aprovação.

Analisar o grau de assimilação dos sujeitos e pacientes do processo de

transformação do ensino jurídico alunos, professores e instituições de ensino quanto às novas

técnicas e aos mecanismos de superação. Identificar os avanços curriculares, as modernas

questões sobre os novos rumos da metodologia do ensino jurídico e o seu engajamento nas

(24)

Como síntese dessa investigação, será realizado um estudo comparativo, que

determine entre o conjunto de competências, características e atributos desenvolvidos pelo

bacharel, sob a influência das novas técnicas e mecanismos determinados pela Portaria nº

1.886/94, e a influência dos instrumentos por ela introduzidos no processo de formação,

confrontado como a formação de profissionais, já em atividade, egressos do ensino

tradicional, estabelecendo os parâmetros que definem a qualidade daquele e deste ensino, e os

resultados apresentados por um e por outro.

A par da influência sobre o principal sujeito do processo de ensino jurídico, o

aluno, os outros partícipes dessas mudanças devem ser pesquisados, dentre eles: professores, a

própria instituição, os agentes do MEC que tiveram e têm participação efetiva desde a criação

da Portaria, sua execução e aplicação, os mecanismos de avaliação dos Cursos e de seus

concludentes, bem como a OAB que, por meio de sua Comissão de Ensino Jurídico, tornou-se

a principal e primeira instituição responsável pelo induzimento do processo de transformação

do ensino jurídico.

Na condição de entidade que congrega advogados, a OAB foi a primeira a ser

cobrada pela existência de advogados mal formados nos cursos jurídicos e que findavam

exercendo a profissão, a despeito do Exame de Ordem. Foi a primeira e principal, porque foi

ela que iniciou e completou um trabalho científico e competente de levantamento de dados e

consultas, e depois com o envolvimento e sedução dos demais afetados pela crise para, só

então, induzir uma reforma conseqüente.

Outro ponto essencial nessa pesquisa é medir a efetividade das novas

competências, fruto das mudanças introduzidas no ensino jurídico, em face das atuais

demandas sociais decorrentes da Constituição Federal de 1988, e o grande espectro de direitos

que ela criou, expandiu e consolidou. Estão os cursos jurídicos respondendo a essas recentes

exigências? Estes são os elementos essenciais da investigação. Medir essas influências, e seus

resultados, constitui-se, por excelência, o cerne deste trabalho.

A amplitude da investigação segue duas vertentes, uma de pesquisa bibliográfica e

documental, que permeia toda a história evolutiva e as mudanças por que passou o ensino

jurídico no Brasil, e, outra, que propicia a coleta de dados que refletem a dimensão das

transformações determinadas pela Reforma de 1994, e os conseqüentes reflexos que trouxe.

Apesar de possuir uma parte bibliográfica e documental, sua essência está fundada numa

pesquisa empírica, que, afinal, conduz a um estudo comparativo entre duas realidades,

permitindo se busque descobrir: em que medida as transformações determinadas pela última

(25)

A pesquisa bibliográfica e documental não sofreu restrições de tempo, lugar e

meios, porém a pesquisa empírica esteve circunscrita ao Distrito Federal: a uma universidade

pública, a Universidade de Brasília - UnB, e a duas instituições privadas, o Centro

Universitário de Brasília - UniCEUB, e a Associação de Ensino Unificado do Distrito

Federal - AEUDF.

É com o foco voltado nos resultados obtidos na investigação junto aos alunos e

aos egressos das três instituições pesquisadas, que se alcança as principais conclusões. A

instituição pública serviu de modelo e inspiração para duas mudanças no ensino jurídico: a

implantação da Universidade orgânica e o estabelecimento de um currículo novo para os

cursos de Direito. As outras duas, instituições privadas do Distrito Federal, inauguraram o

ensino noturno e atenderam a uma procura excedente da instituição pública. Porém o que

determina a pesquisa voltar-se para essas instituições é que tiveram alunos formados em

2001, sob a égide do novo ensino jurídico.

Sob o ponto de vista metodológico, a preocupação é no sentido de evitar que este

estudo se transforme em mais uma abordagem exclusiva da bibliografia sobre o tema, daí a

busca de um embasamento empírico como diferencial. Por outro lado, houve grande cuidado

para guardar fidelidade com a história do ensino jurídico, tão bem desenvolvida por insignes

autores.

III. Formulação do problema

Constitui-se o problema numa pergunta ou afirmação que revela uma situação de

inquietação, de perplexidade ou lacuna diante de algum aspecto do conhecimento, ou de

inconsistências que se manifestam entre as deduções teóricas e resultados de pesquisas ou

observações no cotidiano, ou ainda, entre resultados de diferentes pesquisas, segundo o

entendimento de Xavier11.

Hoje é exatamente este o quadro em relação à qualidade do ensino jurídico e, entre

a efetividade dos instrumentos de mudança e dos efeitos pretendidos. Há lacunas manifestas

pela ausência de trabalhos que tragam informações e dados concretos sobre qualidade do

ensino jurídico, anterior e posterior à reforma, é preciso, também, conhecer os efeitos das

transformações necessárias ao ensino jurídico, até para orientar as ações futuras. Daí é que

surge o problema que circunscreve esta dissertação.

11

XAVIER, Odiva Silva. A dimensão educativa nas relações entre pesquisa agropecuária: extensão rural,

agricultura familiar: o caso do Projeto Silvânia. Tese apresentada à banca examinadora da PUC-SP, como

(26)

Será que as instituições de ensino (públicas e privadas) adotando os instrumentos,

as técnicas e os métodos recomendados pela última reforma do ensino jurídico, elevaram a

qualidade de seus Cursos de Direito; e será que tornaram os bacharéis por elas formados

melhor preparados que os anteriores às mudanças implementadas a partir de 1994?

O ensino jurídico sofre críticas desde os primeiros momentos de sua implantação

no Brasil, e, a partir dos anos 50 do século passado, elas se acentuaram, vindo depois a

recrudescer por toda a década de 80, quando se chegou a questionar sua eficácia, ou mesmo a

perquirir, sobre o ensino jurídico constituir-se apenas numa “fábrica de ilusão”, como

questionou Junqueira12, no conjunto de sua obra.

A intervenção progressiva da OAB, por meio de sua Comissão de Ensino Jurídico,

num trabalho singular, influenciou o mundo acadêmico e o MEC na busca de qualidade para o

ensino jurídico, para resgatar a grande dívida social e cultural, e cujas críticas a entidade já

não mais suportava conviver.

A reação começou com pesquisas, estudos, palestras, seminários, congressos,

encontros e reuniões, ao longo da década de 90, onde um trabalho meticuloso foi

desenvolvido pela CEJ da OAB e, ao fim, pela Comissão de Especialistas de Ensino de

Direito do MEC, cujo resultado desaguou na Portaria que teve o objetivo de transformar o

ensino jurídico e influenciar o surgimento de novos paradigmas.

Identificar e medir essas transformações é o problema que está a desafiar todos os

que se dedicam a esta área. Coletar e analisar dados empíricos, que expressem a efetividade

da implantação das medidas que foram introduzidas e o quanto elas têm contribuído para a

melhoria na formação do bacharel, em face das atuais demandas sociais. Para essa

compreensão é necessário investigar:

a) Qual a origem das crises no ensino jurídico e as medidas para superação?

b) Em que contexto ocorreu a última reforma do ensino jurídico?

c) Quais são os agentes das transformações, as resistências e superações?

d) Quais foram os instrumentos, as técnicas, os mecanismos e os processos

utilizados que viabilizaram as transformações, e em que medida?

e) Como a avaliação tem servido à busca da qualidade?

f) Qual é a visão e a atitude que levam a uma transformação permanente do ensino

jurídico?

12

(27)

g) Como alcançar a excelência no ensino jurídico?

h) Qual o resultado alcançado com a última reforma do ensino?

i) Que recomendações podem ser feitas para que as transformações se

realimentem, propiciando permanente melhoria de sua qualidade e o do acompanhamento do

progresso social?

IV. Construção de hipóteses

Na construção das hipóteses, foi levado em consideração um conjunto de

premissas presentes em qualquer estudo sobre ensino jurídico.

Não houve, em toda a história da evolução do ensino jurídico, estudo mais

conseqüente e cuidadoso e que envolvesse todos os segmentos interessados, e a própria

sociedade, do que o que foi desenvolvido pelas duas Comissões: a da OAB e a do MEC.

Participaram também diversas entidades civis, profissionais e as próprias instituições de

ensino, as maiores interessadas na superação da crise do ensino. Esse trabalho desembocou na

indução à melhoria da qualidade do ensino, por meio de novas diretrizes curriculares e um

complexo processo de avaliação.

Surge daí a primeira hipótese, pela qual as novas técnicas, os novos mecanismos e

instrumentos utilizados no moderno ensino jurídico, têm produzido um resultado

diferenciado, e que os bacharéis, formados sob a influência dessa reforma, estão melhor

preparados para o mercado de trabalho, que seus antecessores.

Nas décadas de 70 e 80, a legislação educacional já superada, em especial, a do

ensino do Direito; o desenvolvimento econômico brasileiro; as grandes mudanças sociais; as

conquistas políticas de novos direitos com a Constituição Federal de 1988 (com direitos e

garantias nunca experimentados) aprofundaram a crise, principalmente do ensino jurídico, e

muitos segmentos da sociedade passaram a exigir das instituições um ensino mais eficiente,

uma formação condizente com as novas realidades.

Essas condicionantes levaram à segunda hipótese, pela qual o conjunto das

habilidades e competências que os bacharéis de hoje apresentam pelas mudanças realizadas,

decorrentes da implantação com êxito de instrumentos, métodos e técnicas utilizadas para

alcançar os objetivos colimados, comprovam que os mesmos são eficientes e adequados,

quando bem empregados.

Faltava um estudo que comprovasse ter havido melhoria na qualidade do ensino

(28)

implementado, chamado pelo conjunto de Reforma de 1994, e se ele vem preparando melhor

o novo bacharel em Direito para as novéis demandas sociais, em contraste com o ensino

jurídico anterior a 1994. A pesquisa de campo, junto às três IES do Distrito Federal, pretende

supri-la.

O resultado da pesquisa efetivada no presente trabalho serviu para confirmar a

relação que se estabeleceu entre a reforma do ensino e o melhor preparo do novo bacharel, do

mesmo modo, ficou provada, na qualidade dos diplomados pelas IES pesquisadas, que elas

implementaram adequadamente as mudanças, como orientadas, e que surgiram auspiciosos

efeitos sobre o ensino jurídico.

V. Estabelecimento de variáveis

Dentro de um contexto de relações assimétricas13, entre as variáveis que se

estabeleceram a partir de uma análise sobre a intervenção realizada pelo MEC, com a

colaboração da OAB, traduzida pela Reforma de 1994, pela qual procurou-se identificar a

crise e seus fatores e daí ter implantado nas IES (variável moderada) mudanças, que

objetivaram induzir seus Cursos de Direito à elevação da qualidade e melhoria da preparação

do bacharel (variáveis dependentes), por meio da introdução de técnicas, instrumentos e

métodos (variáveis independentes), que romperam com as permanentes crises que vinham

afetando o ensino jurídico.

Mereceram atenção e reclamaram controle, alguns aspectos que se apresentaram,

em face da pesquisa basear-se em amostras que procuraram traduzir o preparo dos estagiários,

bacharéis e profissionais do Direito egressos de cursos jurídicos, da área pública e privada, do

Distrito Federal, enquanto os maiores contingentes foram formados nas grandes capitais de

estados como São Paulo, Rio de Janeiro e outras, tão numerosas e mais tradicionais que as do

Distrito Federal.

Um fator ponderado foi o fato de uma das instituições pesquisadas, a Universidade

de Brasília, ter sido criada como universidade orgânica ou estrutural, cento e trinta e quatro

anos depois das duas primeiras instituições de ensino jurídico no Brasil, e ter servido de

modelo para as duas últimas reformas, o que tornou relevante à pesquisa abrangê-la. E mais: a

Universidade de Brasília havia se antecipado à Reforma, em alguns aspectos: o currículo, a

pesquisa, a prática jurídica e a inclusão de disciplinas propedêuticas.

13

(29)

Foi relevante saber que o ensino superior, principalmente o jurídico, nasceu sob o

controle absoluto do Estado, marcado pelos contornos e confrontos de ex-colônia com um

acentuado significado histórico, como única forma de conseguir organizar-se, como afirmava

Bastos14, os primeiros cursos criados: “(...) representam, inclusive, o rompimento com as

formas físicas e acadêmicas da pressão metropolitana sobre os estudantes brasileiros, em

Coimbra, que buscavam conhecimento e preparo profissional”.

Em outra passagem, o autor cita José Feliciano Fernandes Pinheiro, na Sessão de

14 de junho de 1823 da Assembléia Constituinte, que assim se expressou: “uma porção

escolhida da grande família brasileira, a mocidade, a quem o nobre estímulo levou à

Universidade de Coimbra, geme ali debaixo dos mais duros tratamentos de opressão (...)

Proponho que no Império se crie o quanto antes uma Universidade”.

Havia, na corte portuguesa, a convicção de que o ensino, o jurídico, por

excelência, politizaria grande número de jovens que, mais cedo ou mais tarde, desejariam

romper o colonialismo da metrópole. O fato de o ensino ter nascido público e ter permanecido

assim, por grande espaço de tempo, exigiu atenção especial.

Quando da Independência, foi necessário formar uma elite administrativa que

sustentasse os encargos e ocupasse as principais funções públicas, como advogados, juízes,

diplomatas e políticos, devendo o Estado patrocinar essa formação, daí terem sido os

currículos preparados para atender essas demandas, até porque não havia, durante o Império,

instituições privadas atuando no ensino superior, e o ensino desenvolvido pelas congregações

religiosas, não passava do ensino fundamental. Num Estado circa sacra, o ensino que não era

promovido pelo Estado era por ele tutelado.

Por esta razão, o ensino público superior, ao longo de sua história, exceção ao

período mais recente, em que prevaleceu uma política de esvaziamento das universidades

públicas, esteve sempre em posição privilegiada em relação ao setor privado, seja pelo

monopólio, pelo financiamento, por melhores professores, pela seleção mais acurada de seus

estudantes, seja por dispor de maiores e melhores instalações. Pois, foi necessário, também,

atenção a essa variável.

VI. Objetivos do estudo

Sendo este um estudo bibliográfico-documental fundamentado em uma pesquisa

empírica sobre as transformações e a qualidade do ensino jurídico, como resultado de um

14

(30)

processo iniciado na última década, ele tem por objeto identificar, analisar e registrar as

mudanças alcançadas, para, ao final, oferecer sugestões e fazer recomendações.

Muito se tem escrito sobre os antecedentes15 e o próprio processo de

transformação por que vem passando o ensino jurídico16, todavia muito pouco sobre os

resultados, os efeitos provocados pelas transformações implementadas a partir de 1994, com

a edição da Portaria do MEC nº 1.886, de 30 de dezembro de 199417, e, principalmente, se a

qualidade do ensino realmente sofreu alterações, buscando atender às novas demandas

sociais e ao ordenamento jurídico decorrente da Constituição de 1988. Se, afinal, superou as

deficiências que vêm desde a criação dos cursos jurídicos e as crises que marcaram as

últimas cinco décadas, acentuadas com a ampliação de novos direitos de segunda, terceira e

quarta geração.18

A lacuna, pela falta de estudos e avaliações sobre as últimas mudanças

implementadas, é justificada, pois somente agora as novas práticas mostram os resultados de

sua aplicação, com a diplomação das primeiras turmas.

Este estudo propôs-se a comparar a formação e o preparo que recebeu o bacharel

de hoje com aquele que teve toda a sua formação fundada em currículo, método e ambiente

acadêmico anterior à Reforma de 1994 (potencializadora da crise do ensino jurídico), para

afinal concluir e provar a qualidade e a formação diferenciada que recebeu um e outro.

Para atingir-se tal desiderato, buscou-se analisar a atuação dos sujeitos que

interferiram no processo de mudança, e os mecanismos e técnicas empregadas, a efetividade

da implantação e os efeitos decorrentes.

A partir de 2001, foram-se formando as primeiras turmas dos cursos jurídicos que

desenvolveram seus estudos, já influenciados pelos mecanismos, instrumentos e técnicas

15

São exemplos de escritos antecedentes às últimas mudanças: as publicações da OAB sobre Ensino Jurídico que possui hoje uma coleção de obras, com mais de quatro volumes; outra é a obra BASTOS, Aurélio Wander.

Ensino jurídico no Brasil. 2.ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2000. p.104; p. 117.

16 Sobre as últimas transformações, dentre outros FÉLIX, Loussia P. Musse dá o seguinte enfoque: Da

reinvenção do ensino jurídico: considerações sobre a primeira década, publicada na obra OAB: recomenda:

um retrato dos cursos jurídicos. Brasília: Conselho Federal da OAB, 2001.

- Adilson Gurgel de Castro faz uma consideração ampla sobre a reforma do ensino jurídico, intitulada Pela melhoria dos cursos jurídicos, bem como LÔBO, Paulo Luiz Netto com o título de Ensino jurídico: realidade e perspectivas, ambas publicadas no compêndio editado pela OAB: ensino jurídico: balanço de uma experiência. Brasília: Conselho Federal da OAB, 2000.

17

Portaria do MEC nº 1886, de 30 de dezembro de 1994, fixa as diretrizes curriculares e o conteúdo mínimo do Curso Jurídico, tornou-se o grande instrumento da última transformação do ensino do Direito.

18

(31)

implantados pela Portaria nº 1.886/94, bem como o sistema de avaliação aplicado aos cursos

de Direito, gerando os elementos desta pesquisa.

Muitas reformas foram implantadas sem alcançar o êxito desejado, como bem

demonstram as obras: Das Arcadas ao Bacharelismo, de Venâncio Filho19 e O Ensino Jurídico no Brasil, de Bastos20, porém, nem nesta, tampouco naquela retratou-se os resultados que se buscou neste trabalho, porque lhes são posteriores.

Não existe, que seja conhecido e divulgado, um trabalho que venha medir os

resultados e a efetividade das mudanças no ensino jurídico, tampouco as decorrentes da

Portaria nº 1.886/94.

Daí ter sido o objetivo desta investigação reunir dados e elementos de convicção

sobre a crise desse ensino, o acerto das medidas para saneá-lo, e dimensionar os resultados

alcançados, comparando o ensino jurídico que se praticou antes da reforma e o desenvolvido

depois, já influenciado pelas transformações ocorridas, e concluir ter havido elevação da

qualidade objetivada.

VII. Fundamentação metodológica

A opção por uma abordagem mais completa decorreu da necessidade de coletar os

principais dados da base empírica, bibliográfica e documental, que contribuíram para a

formação do universo da pesquisa alunos-estagiários, bacharéis e profissionais do Direito

egressos das instituições de ensino pesquisadas, e as próprias instituições, bem como

informações sobre a CEJ e órgãos e entidades do MEC envolvidos, e todos os fatores

históricos, políticos e sócio-culturais que atuaram e atuam no contexto do ensino jurídico.

A amostra consistiu numa parcela de ex-alunos e alunos de final de curso de

Direito das três instituições sediadas no Distrito Federal, que já formavam bacharéis antes de

1994, quando da reforma do ensino jurídico; eles foram pesquisados por meio de questionário

e formulário que responderam.

Compôs-se, também, a amostra da manifestação de diretores e coordenadores das

instituições pesquisadas, os quais foram entrevistados pelo pesquisador.

As instituições de ensino que compõem a amostra são: a Universidade de Brasília,

instituição pública que serviu de modelo para a reforma universitária e influenciou alguns

aspectos da Reforma de 1994; a segunda escolhida foi a Associação de Ensino Unificado do

19

VENÂNCIO FILHO, Alberto. Das arcadas ao bacharelismo: 150 anos de ensino jurídico no Brasil. São Paulo: Perspectiva, 1977.

20

(32)

Distrito Federal, a mais antiga instituição particular de ensino superior pesquisada do Distrito

Federal; e a terceira, o Centro Universitário de Brasília, instituição que oferece o maior

número de vagas, em seu Curso de Direito entre as instituições privadas do Distrito Federal,

bem como em relação à pública.

Os alunos pesquisados constituem-se de um percentual dos matriculados nas três

instituições acima, cursando o último semestre e realizando estágio de prática jurídica.

Entre os ex-alunos, recaiu a amostra em profissionais do Direito, formados em

cada uma das instituições pesquisadas, sendo alcançados advogados, magistrados, membros

do Ministério Público, procuradores, assessores, delegados e técnicos judiciários.

Desta forma pretendeu-se que a amostra fosse a mais representativa possível do

universo da pesquisa.

Produto da investigação empírica realizada, dentro do universo selecionado, com

representantes dos principais segmentos acadêmicos, os dados compilados e analisados

constituíram a base em que se assentou este trabalho.

Para o estudo bibliográfico e documental, foram utilizadas as obras: Das Arcadas ao Bacharelismo, onde Venâncio Filho21, em 1977, fez a reconstituição histórica dos cento e cinqüenta anos de ensino jurídico no Brasil, e O Ensino Jurídico no Brasil, no qual Bastos22 desenvolve vasto estudo sobre a evolução dos currículos dos cursos jurídicos e a influência

das elites sociais sobre os mesmos.

Dessas obras extraiu-se que as mudanças nos padrões tradicionais do ensino

passaram, ao longo desses mais de cento e setenta anos de existência dos cursos jurídicos, por

um considerável número de tentativas de melhoria de qualidade, expressas, principalmente,

por alterações curriculares, que poucas mudanças trouxeram, frustrando as grandes

expectativas por melhoria em suas variantes jurídica, política e sociológica.

A análise dessas intervenções exigiu conhecimentos históricos que foram

alcançados em outras fontes, que também serviram de apoio a esta dissertação, assim como

em alguns documentos importantes para o aprofundamento do estudo.

A pesquisa documental com recurso às fontes primárias, caracterizadas por anais

do Parlamento brasileiro, onde grandes discussões foram travadas na formulação das normas,

que, compiladas, constituem o Direito educacional, nas palavras de Bittar23.

21

VENÂNCIO FILHO, Das arcadas ao bacharelismo: 150 anos de ensino jurídico no Brasil. São Paulo: Perspectiva, 1977.

22 BASTOS, Aurélio Wander.

O ensino jurídico no Brasil. 2.ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2000.

23

(33)

Não foi apenas o Congresso que legislou sobre o ensino jurídico, também o extinto

Conselho Federal de Educação, e o próprio Ministério da Educação. Aliás, o documento

primordial deste estudo é da lavratura deste, a Portaria nº 1.886/94, que mudou as diretrizes e

deu início à última grande reforma do ensino jurídico.

No entanto dois documentos recentes sobrelevaram-se em importância, são os

produzidos pela Comissão de Ensino Jurídico do Conselho Federal da OAB, por permitir

levantar o estado da arte, e assim deferir-lhe competência para induzir a elevação da qualidade

do ensino jurídico.

O primeiro foi o questionário que deu partida ao trabalho que inaugurou as

discussões mais aprofundadas sobre a crise no ensino jurídico, ele era composto de quinze

quesitos, com fins indicativos, e foi dirigido a todos aqueles que houvessem feito alguma

reflexão sobre o ensino jurídico; este questionário encontra-se publicado em Uma Cartografia

dos Problemas, da Comissão de Ciência e Ensino Jurídico, na coletânea “Ensino Jurídico

OAB, Diagnóstico, Perspectivas e Propostas” do Conselho Federal da OAB24.

O segundo documento foi também um questionário, produzido pela mesma CEJ,

com o fito de fazer o “Levantamento das Condições dos Cursos Jurídicos no Brasil”, que

incorporava ampla consulta, auto-aplicável, para apreender aspectos quantitativos e

qualitativos da organização, e funcionamento dos cursos jurídicos no Brasil, publicado na

obra Ensino Jurídico OAB – Parâmetros para Elevação da Qualidade e Avaliação, do Conselho Federal da OAB25.

Diversos documentos foram produzidos pelo MEC, como as diretrizes

curriculares, o Programa de Avaliação Institucional da Universidade Brasileira e, depois, o

relativo ao Exame Nacional de Curso, este com participação do Congresso Nacional.

Na apreciação dos dados empíricos, apesar de não se ter usado um tratamento

estatístico mais técnico, recorreu-se à abordagem das pesquisas quantitativas e qualitativas, e,

as razões são as seguintes.

O não-alcance de dados mais representativos da amostragem recomendou, e foi

implementado, o uso de dados originários de questionários, formulários e entrevistas como

informações privilegiadas, para a fundamentação das conclusões e recomendações.

24

COMISSÃO DO ENSINO JURÍDICO. Uma Cartografia dos Problemas. In: Ensino jurídico OAB: diagnóstico, perspectivas e propostas. 2.ed. Brasília: Conselho Federal da OAB, 1996. p. 11.

25

BELLONI, José Ângelo. Levantamento das Condições dos Cursos Jurídicos no Brasil. In: Ensino jurídico

OAB: parâmetros para elevação de qualidade e avaliação. 2.ed. Brasília: Conselho Federal da OAB, 1996.

(34)

Assim, aquelas informações foram usadas para se estabelecer proporções e

correlações entre as variáveis, extrair elementos e deduções que permitiram a comprovação ou

não das hipóteses; os critérios quantitativos mostraram-se relativamente aptos a atingir esses

objetivos, pois os dados primários provenientes das informações colhidas nos instrumentos

empregados na pesquisa de campo, e todo o procedimento de amostragem, permitiram

chegar-se a números reveladores de situações que autorizam a tirar-se conclusões e fazer

afirmações sobre o ensino jurídico e o bacharel que se formou antes e depois da Reforma de

1994.

De outra parte, a pesquisa trabalhou aspectos qualitativos decorrentes da

experiência das pessoas, das situações e da mensuração dos acontecimentos ligados a esse

processo, mediante uso de questionários, formulários e entrevistas, além de vários outros tipos

de documentos produzidos e reproduzidos pelas entidades, instituições e órgãos públicos que

contribuíram para as mudanças no ensino jurídico, bem como a análise da aplicação e os

efeitos dos instrumentos da Reforma de 1994.

Um dos principais elementos de investigação foi o próprio ambiente natural onde

se processaram as transformações: o meio acadêmico.

Toda essa diversidade de fontes justificou um trabalho que explorou fontes

bibliográficas, documentais e empíricas e, nesta, a utilização de critérios qualitativos e

quantitativos de pesquisa.

VIII. Fundamentação teórica

Fundamentaram esta pesquisa, três teorias, sendo que duas delas têm mútua

implicação: a teoria da qualidade de bens e serviços, e a teoria da avaliação da mais valia,esta

não deve ser confundida com a teoria da mais-valia de cunho marxista . A terceira teoria, a da

solidariedade, no âmbito do ensino, tem se revelado uma antítese da primeira.

Na obra Qualidade Total: Uma Visão Brasileira, Barçante afirma: “Qualidade é um tema complexo, que envolve diversas variáveis e tem abrangência multidisciplinar”26.

A teoria da qualidade total permite entender o que leva o homem a buscar sempre

maior qualidade, utilizando-se, mais recentemente, dos princípios enunciados por Edwards

Deming27, seus precursores e os que o sucederam, aprimorando todo o processo de busca de

26

BARÇANTE, Luiz Cesar. Qualidade total: uma visão brasileira: o impacto estratégico na universidade e

na empresa. Rio de Janeiro: Campinas: Campus, 1998. p. 138.

27 DEMING, W. Edwards.

Qualidade: a revolução da administração. Rio de Janeiro: Marques Saraiva, 1990.

(35)

qualidade, além de ajudar a compreender dados, aparentemente contraditórios, sobre

satisfação, qualidade do ensino jurídico, competência profissional e,ainda, sobre o sucesso de

grandes juristas, formados pelo mesmo processo questionado e considerado obsoleto, até

cinco anos atrás.

Muitas IES têm zelado pela Qualidade das atividades de ensino, em escala muito

menor pela pesquisa e algumas pequenas exceções pela extensão, indispensáveis, também, ao

ensino jurídico, formando profissionais que se têm destacado no mercado de trabalho. O que

já, por si só, não assegura que estas instituições de ensino tenham um processo dinâmico de

Gestão da Qualidade Total, implementado e difundido em todos os níveis da instituição.

As dimensões da qualidade utilizadas para aferição do processo de educação,

transplantadas dos demais serviços para o ensino, desdobram-se em: desempenho,

características secundárias, durabilidade, conformidade, assistência técnica, estética,

qualidade percebida e resposta. Elas representam uma síntese de várias teorias sobre

qualidade desenvolvida sobre produtos e serviços em geral.

Essas dimensões da qualidade, como entendida em seus desdobramentos, são

bastante criticadas por Tubino, que em sua obra Universidade, Qualidade e Avaliação28, vê a inadequabilidade da aplicação desses termos no ensino, inclusive superior, ao considerar

que:

“(...) os estudiosos da Qualidade têm, de um modo geral, transferido os pontos de

referência ou princípios estabelecidos por Deming para as áreas analisadas. Mas, ao

tratar-se de Educação e do caso específico de Universidade, percebo que essa

transferência simplista de referencial está equivocada. Em outros termos, defendo

que o sentido não deve ser da Qualidade para a Educação ou Universidade, mas, ao

contrário, da Educação ou Universidade para a Qualidade (...)”.

A qualidade, voltada para o ensino do Direito, foi motivo de um exaustivo trabalho

de elaboração de critérios, para sua identificação, na última década do século XX, pelo MEC,

em parceria com a OAB, por meio de sua Comissão de Ensino Jurídico, e, também, mais

recentemente, muitas instituições de ensino superior, têm se dedicado ao aprofundamento e

aprimoramento das teorias sobre qualidade do ensino.

A OAB, em face dos estudos desenvolvidos no âmbito de sua Comissão de Ensino

Jurídico, publica o compêndio Ensino Jurídico: Parâmetros para Elevação de Qualidade e

28

(36)

Avaliação 29; o MEC aprimora aqueles estudos e passa a fazer uso dos mesmos parâmetros para suas avaliações30.

Como auxílio à primeira teoria, a da qualidade, especificamente, neste trabalho,

teve-se a segunda teoria, a da avaliação da mais valia, a ser utilizada em suas duas maiores

expressões, na quantificação e qualificação do processo do ensino jurídico, dos instrumentos

usados por estes processos, dos resultados da aplicação destes instrumentos, do produto de

toda a transformação, da realidade na sua simbiose com a sociedade onde ela se manifesta, e,

principalmente, dos reflexos e influências nos sujeitos do processo de ensino.

A teoria sobre avaliação apresenta uma diversidade de focos e enfoques. Neste

trabalho, procurou-se combinar modelos que melhor serviram de embasamento à

interpretação do significado dos dados colhidos na investigação. Tanto a teoria esposada por

Goldberg e Souza31, que trata das dimensões técnicas de processo avaliativo, em seus

desdobramentos, e sua ampliação, defendida por Freitas32, foram utilizadas no desenvolver

desta dissertação, em seus quatro momentos:

1º) avaliação diagnóstica, que antecede à elaboração do plano ou programação

educacional;

2º) avaliação “ex ante”, posterior à elaboração do plano, mas anterior à sua

aprovação;

3º) avaliação “in processu”, que acompanha a própria execução do plano;

4º) avaliação “ex post”, posterior à obtenção dos resultados.

A teoria de Goldberg e Souza, segundo Freitas33, trata a avaliação em sua

dimensão técnica, o que não é suficiente para esgotar o tema. Este autor, analisando a

dimensão sociopolítica da avaliação, afirma que: “a escola capitalista encara objetivos

(funções sociais) que adquire do contorno da sociedade na qual está inserida e encarrega os

procedimentos de avaliação em sentido amplo, de garantir o controle da consecução de tais

funções”.

Com isso, Freitas, em 1995, acrescenta, às dimensões técnicas, a função social de

escola capitalista.

29

COMISSÃO DE ENSINO JURÍDICO. Ensino Jurídico OAB: parâmetros para elevação de qualidade e avaliação. Brasília: Conselho Federal da OAB, 1996. p. 1 - 2.

30

BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros para elevação de qualidade e avaliação. 31

GOLDBERG, M. A; SOUZA, C. P. de. A prática da avaliação. São Paulo: Cortez e Morais, 1979. p. 34.

32

FREITAS, L. C. Crítica da organização do trabalho pedagógico e da didática. Campinas: Papirus, 1995. p. 95.

33

Imagem

Tabela 1 – Estudo comparativo entre os instrumentos das duas últimas reformas  Resolução nº 3/72 – CFE  Portaria nº 1.886/94 – MEC   a) Duração: mínima de quatro e máximo de

Referências

Documentos relacionados

É importante esclarecer que, com a divulgação dos resultados do desempenho educacional do estado do Rio de Janeiro em 2010, referente ao ano de 2009, no IDEB, no qual

Além disso, serão abordados os estudos sobre os dois programas que surgiram no cenário educacional como políticas públicas educacionais curriculares, com propostas

intitulado “O Plano de Desenvolvimento da Educação: razões, princípios e programas” (BRASIL, 2007d), o PDE tem a intenção de “ser mais do que a tradução..

Esta dissertação pretende explicar o processo de implementação da Diretoria de Pessoal (DIPE) na Superintendência Regional de Ensino de Ubá (SRE/Ubá) que

Aqui são propostas ações que visam a estimulação da Rede de Apoio para a promoção da inclusão educacional. Dentre todas, esta é considerada a mais ambiciosa,

É importante destacar também que, a formação que se propõem deve ir além da capacitação dos professores para o uso dos LIs (ainda que essa etapa.. seja necessária),

De acordo com o Consed (2011), o cursista deve ter em mente os pressupostos básicos que sustentam a formulação do Progestão, tanto do ponto de vista do gerenciamento

O Programa de Avaliação da Rede Pública de Educação Básica (Proeb), criado em 2000, em Minas Gerais, foi o primeiro programa a fornecer os subsídios necessários para que