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Psicol. cienc. prof. vol.32 número3

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Academic year: 2018

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Homenageada

Cecília Maria Bouças Coimbra

A homenageada desta edição é Cecília Coimbra. Nascida em 1941, no Rio de Janeiro, é psicóloga, historiadora, fundadora do Grupo Tortura Nunca Mais/RJ e professora adjunta aposentada na Universidade Federal Fluminense, vinculada ao programa de Pós-Graduação Estudos da Subjetividade.

Cecília Maria Bouças Coimbra se formou em História, em 1966, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Sua segunda graduação foi em Psicologia pela Universidade Gama Filho, em 1974. Fez mestrado em Psicologia da Educação pela Fundação Getúlio Vargas (1980), doutorado em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano na Universidade de São Paulo (1992) e pós-doutorado em Ciência Política na Universidade de São Paulo (1999).

Em sua pesquisa de doutorado, tratou de um tema que a interessava muito: as práticas da Psicologia aliadas à ditadura. O trabalho, concluído em 1992 pela USP, chama-se “Guardiães da Ordem, uma viagem pelas práticas psi no Brasil do milagre”, publicado pela Editora Oficina do Autor, em 1995. Esgotado, esse livro encontra-se online. É um livro que trata do regime militar, da tortura e de outras práticas cruéis e degradantes que nele estavam imersas e de como as práticas psi respaldaram tal estado de terror. Publicou também sua pesquisa de pós-doutorado sob o título “Operação Rio: o mito das classes perigosas”, em 2001, pela mesma editora.

Cecília Coimbra foi militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Durante sua graduação em Psicologia, foi presa no DOI-CODI/RJ, em 1970, no Rio de Janeiro, chegando a ser torturada muitas vezes. É uma das fundadoras do Grupo Tortura Nunca Mais/RJ (GTNM/RJ), que existe desde 1985 por iniciativa de ex-presos políticos que, como Cecília, viveram situações de tortura durante a ditatura militar, e por familiares de mortos e desaparecidos da época. O grupo se tornou uma referência importante no cenário nacional na luta pelos direitos humanos, pelo esclarecimento das circunstâncias de morte e desaparecimento de militantes políticos e pelo afastamento imediato de cargos públicos das pessoas envolvidas com torturas, entre outros. Em 1979, com o intuito de realizar alguma intervenção na formação do psicólogo, tornou-se professora do Departamento de Psicologia da UFF. Foi conselheira do Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro (2004 a 2008) e a primeira coordenadora da Comissão Nacional de Direitos Humanos do CFP, em 1997. Atualmente, é vice-presidente do Grupo Tortura Nunca Mais/RJ.

Algumas conquistas, ao longo desses mais de 27 anos, têm sido alcançadas: torturadores foram afastados de cargos públicos, profissionais de saúde nos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo que colaboraram com práticas de tortura, como médicos que emitiram laudos falsos, tiveram seus registros cassados e foram impedidos de exercer suas atividades profissionais.

Sistematicamente, a entidade tem denunciado antigos e novos casos de tortura, exigindo responsabilização para aqueles que violam os direitos humanos, por meio de notas na mídia, entrevistas, atos públicos, seminários e outras atividades. Hoje, é um dos poucos movimentos sociais não aderidos aos cantos de sereia do neoliberalismo, e faz críticas à recém-formada Comissão Nacional da Verdade, por suas limitações e forma de funcionamento (www.torturanuncamais-rj. org.br).

Referências

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