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Psic.: Teor. e Pesq. vol.26 número4

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Academic year: 2018

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741 Psicologia: Teoria e Pesquisa

Out-Dez 2010, Vol. 26 n. 4, pp. 741-741

Resenha: Cinema e Loucura:

Conhecendo os Transtornos Mentais Através dos Filmes

Antonio Pedro de Mello Cruz1

Universidade de Brasília

Book Review: Movies and Brain Sickness: Understanding the Mental Disorders Through the Movies

1 Endereço para correspondência: Departamento de Processos Psicoló-gicos Básicos, Instituto de Psicologia, Brasília – DF. CEP 70910-900. Universidade de Brasília. E-mail: apmcruz@unb.br

Lançado no primeiro semestre de 2010 pela editora Art-med, o livro Cinema e Loucura – conhecendo os transtornos mentais através dos ilmes mescla harmônica e criativamente todos os ingredientes para se tornar uma leitura aprazível ao público geral e muito útil como recurso didático em cursos de psiquiatria, psicologia e áreas ains.

Seus autores, o psicólogo e neurocientista J. Landeira Fernandez e o médico psiquiatra Elie Chaniaux, percorrem o mundo mental e fascinante das personagens de nada me-nos que 184 ilmes de longa metragem do cinema nacional e estrangeiro. Ilustram e explicam o quadro clínico dessas personagens e sua classiicação correspondente com base em critérios diagnósticos e classiicatórios amplamente utilizados - o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV), da Associação Norte-americana de Psiquiatria, e a Classiicação Internacional de Doenças (CID-10), da Organização Mundial de Saúde.

Já no capítulo introdutório o leitor se depara com as vicis-situdes e limitações dos sistemas classiicatórios das doenças mentais, além de um breve histórico da psiquiatria no Brasil. Como em toda obra, composta de 15 capítulos distribuídos em 288 páginas, nota-se a preocupação de tornar o texto suicientemente acessível mesmo para aqueles leitores que porventura não dominem o tema da doença mental. Além das referências bibliográicas, o livro nos brinda com uma referência ilmográica digna dos melhores cinéilos.

Além de identiicar facilmente determinados quadros clínicos em personagens caricatos de ilmes que se torna-ram familiares de todos nós, como a personagem que sofre de transtorno obsessivo-compulsivo, representada por Jack Nicholson no ilme Melhor é impossível, ou a personagem com transtorno bipolar, representada por Richard Gere em Mr. Jones, o leitor será apresentado a transtornos e ilmes menos conhecidos, como o transtorno de Asperger, identiicado na personagem Donald, representada pelo ator Josh Hartnett no ilme Loucos de amor. Além disso, o livro também analisa criticamente conceitos e quadros clínicos mal deinidos ou diagnosticados erroneamente em personagens de outros il-mes, a exemplo das personagens de Prot, vivida por Kevin Spacey no ilme K-Pax, ou a de Parry, interpretada por Robin Williams no ilme O pescador de ilusões.

A pergunta que o leitor pode fazer é: existem ilmes su-icientes para ilustrar cada um dos mais variados transtornos

mentais? As artes sempre tiveram predileção por personagens envoltos em conlitos próprios da existência humana, das diferenças e como compreendê-las, do que compartilhamos com o sofrimento da alma e da mente, dos limites entre a sanidade e a loucura. O cinema não é exceção. Como os próprios autores descreveram, a maior diiculdade que eles tiveram foi justamente selecionar dentre tantos ilmes aqueles integrariam os 184 ilmes incluídos no livro. Pouquíssimos foram os transtornos mentais ainda não representados na telona, como o transtorno de despersonalização e a tricoti-lomania, dizem os autores. Será?

De certo você encontrará aqui ou acolá outros ilmes que poderiam ter sido incluídos na obra. Melhor ou pior que os 184 escolhidos pelos autores, na minha opinião isso não importa. Novos ilmes também serão lançados sobre o tema. É a dinâmica do cinema alimentando nossa curiosidade por esse inesgotável tema da doença mental. E vice-versa.

A obra é muito bem vinda, endossada não só pela co-munidade acadêmico-proissional da área de saúde, como ica evidente no prefácio do respeitadíssimo professor e psiquiatra brasileiro Francisco Lotufo Neto, como nos elogios prestados na nota de contra-capa pelo prestigiado jornalista e escritor Rui Castro. Fui levado a rever ilmes sob essa nova e interessante perspectiva. Adorei. E continuo vasculhando em videotecas e cinemas.

Além de médicos e psiquiatras, o livro também será lido por proissionais da área de saúde alheios ou críticos aos sistemas classiicatórios do DSM e da CID-10 utilizados no livro. Outros leitores poderão eventualmente discordar da interpretação dada pelos autores para alguns transtornos baseados nas mais variadas personagens dos ilmes. Suas críticas serão bem-vindas. De fato, o livro parece já estar cumprindo esse papel. Convido-o a participar desse debate.

Referência

Fernandez, J. L. & Chaniaux, E. (2010). Cinema e Loucura –

conhecendo os transtornos mentais através dos ilmes. Porto Alegre: Artmed.

Recebido em 28.10.10 Primeira decisão editorial em 09.11.10

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