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Vista do Intervenção pedagógica: utilização de um aplicativo de celular para a simulação de circuitos pneumáticos

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Academic year: 2023

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Intervenção pedagógica: utilização de um aplicativo de celular para a simulação de circuitos pneumáticos

Pedagogical intervention: use of a smartphone application for the simulation of pneumatic circuits

Giovani Pasetti Iris Weiduschat Bernadete Machado Serpe

Resumo: Trata-se do relato de experiência de uma intervenção pedagógica como estratégia de melhoria do processo de ensino-aprendizagem, com enfoque prático, no componente curricular Acionamentos Hidráulicos e Pneumáticos, do Curso Técnico Integrado ao Ensino Médio em Automação Industrial, do Instituto Federal Catarinense. Objetivou desenvolver o conhecimento lógico à prática de circuitos pneumáticos através do uso de um aplicativo de celular simulador, durante a pandemia de Covid-19, em adição ao simulador existente no Laboratório de Informática.

O Google Meet foi usado como ferramenta de interação e explicação da intervenção pedagógica nas aulas remotas. Um formulário de avaliação foi aplicado após a utilização do simulador com perguntas para medir a satisfação e efetividade do aplicativo. A intervenção pedagógica se mostrou efetiva, mesmo com alguns resultados da avaliação do aplicativo abaixo da expectativa. A estratégia remota possibilitou uma experiência prática da disciplina e ofereceu uma alternativa adicional aos alunos que têm acesso ao computador, e a possibilidade da aplicabilidade, para aqueles que não o possuem, tornando-se um importante fator de inclusão social e também de motivação. O ineditismo do aplicativo, a inexperiência operacional dos alunos, e o formato remoto foram fatores limitantes no contato e na participação mais ativa da relação entre aluno e professor. Considerando que estes fatores foram temporais, os índices de desempenho no nível de satisfação e na habilidade dos alunos no aplicativo e na estratégia pedagógica tendem a melhorar na forma presencial.

Palavras-chave: Intervenção pedagógica. Simulador. Pneumática. Celular.

Abstract: This is an experience report of a pedagogical intervention as a strategy to improve the teaching-learning process, with a practical focus, in the curricular component Hydraulic and Pneumatic Drives, of the Technical Course Integrated to High School in Industrial Automation, at Federal Institute Catarinense. It aimed to develop logical knowledge to practice pneumatic circuits through the use of a simulator smartphone application, during the Covid-19 pandemic, in addition to the existing simulator in the Computer Laboratory. Google Meet was used as a tool for interaction and explanation of the pedagogical intervention in remote classes. An evaluation form was applied after using the simulator with questions to measure the satisfaction and effectiveness of the application. The pedagogical intervention proved to be effective, even with some application evaluation results below expectations. The remote strategy allowed a practical experience of the discipline and offered an additional alternative to students who have access to a computer, and the possibility of applicability, for those who do not have it, becoming an important factor of social inclusion and also of motivation. The originality of the application, the operational inexperience of the students, and the remote format were limiting factors in the contact and more active participation in the relationship between student and teacher. Considering that these factors were

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temporal, the performance indices in the level of satisfaction and in the ability of the students in the application and in the pedagogical strategy tend to improve in the face-to-face form.

Keywords: Pedagogical intervention. Simulator. Pneumatic. Smartphone.

INTRODUÇÃO

O componente curricular de Acionamentos Hidráulicos e Pneumáticos (AHP), lecionado para o segundo ano do Curso de Ensino Técnico Integrado ao Ensino Médio em Automação Industrial, do Instituto Federal Catarinense (IFC) – Campus Luzerna, é composto por uma parte teórica e uma parte prática. Especificamente na parte prática, são aplicados os conceitos teóricos desenvolvidos no primeiro trimestre, além da inserção de conceitos lógicos, utilizando a estrutura de diagramas lógicos, que tem por objetivo desenvolver o raciocínio dos estudantes. Através da apresentação de “situações problema”, muitas destas existentes no contexto real da indústria, os alunos são estimulados a interpretar o descritivo proposto e transformar aquela situação em uma lógica sequencial, capaz de ser traduzida, primeiramente, para um circuito pneumático.

Posteriormente, a mesma didática é expandida para os demais assuntos que compõem a disciplina, como circuitos eletropneumáticos, hidráulicos e eletrohidráulicos. Esta abordagem, baseada nos diagramas lógicos, também pode ser tratada de forma interdisciplinar e ser ampliada para outros componentes curriculares como Informática, Circuitos Digitais, Microcontroladores e Controladores Lógicos Programáveis (CLP). Inclusive, muitos dos exercícios aplicados em AHP, foram também utilizados pelo componente CLP, evidenciando que os conceitos lógicos fossem e sejam sobrepostos. O que muda é a perspectiva resolutiva, ou seja, a ferramenta com o qual o problema é solucionado.

O IFC, Campus Luzerna, possui um Laboratório de Hidráulica e Pneumática (LHP) que conta com 5 bancadas pneumáticas e 2 bancadas hidráulicas, além de diversos componentes, como válvulas e atuadores, para a montagem dos circuitos. No entanto, um fator limitante quanto ao seu uso é o número de alunos da turma. Embora o espaço físico seja bom, ele comporta grupos de no máximo 15 estudantes, o que está fora da realidade das turmas que temos atualmente, que possuem em média 30 alunos. Mesmo que o LHP comportasse um número maior de alunos, impactaria na disponibilidade do professor, que não teria meios para atender satisfatoriamente um grupo tão grande, com a qualidade educacional e pedagógica. As dúvidas individuais que cada aluno apresenta - principalmente no início da parte prática, quando tudo é novidade, mas também no decorrer do trabalho, quando a complexidade dos exercícios aumenta progressivamente - não

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podem ficar desassistidas pela sobrecarga do professor, podendo gerar consequências na qualidade de ensino e da aprendizagem, não apenas no aspecto técnico quanto ao conteúdo, mas também quanto à possibilidade para que o professor possa trabalhar as questões individuais, de relacionamentos interpessoais, de diversidade e outros, que auxiliarão a cada aluno em sua trajetória de formação humana e cidadã.

Outro impacto importante é a questão da segurança. Os protocolos seguidos exigem uma relação quantitativa professor-aluno reduzida diante das necessidades de manuseio de equipamentos pressurizados, que necessitam experiência e conhecimento protocolar para evitar acidentes. O número excessivo de alunos e a inexperiência de grande parte deles poderia colocar em risco a integridade de todos.

Diante destas dificuldades, a estratégia é dividir a turma em grupos menores. No entanto, uma divisão em grupos acarreta o aumento da carga horária do professor, além da problemática criada com os grupos remanescentes, ou seja, alunos que não participam da atividade de laboratório durante o horário de aula. Neste sentido, decidiu-se criar um horário extra complementar, com 4 aulas para cada grupo, para que fossem desenvolvidos na prática os exercícios propostos. Para obter o máximo proveito destas 4 aulas, o aluno deve chegar preparado para colocar em prática tudo o que ele aprendeu teoricamente na sala de aula.

Ao iniciar a aula prática surge a indagação: como o aluno irá aplicar tudo o que aprendeu, se ele está vivenciando a prática pela primeira vez? Uma estratégia possível, para a utilização do LHP de modo mais produtivo, é desenvolver as soluções dos problemas propostos em um ambiente virtual. Assim, utilizando os Laboratórios de Informática e o software de simulação Fluidsim, os alunos podem montar e testar os circuitos pneumáticos por eles desenvolvidos de maneira fácil, simples e segura. As explicações e a exemplificação de circuitos modelos podem ser apresentadas para toda a turma utilizando um projetor.

Os alunos têm a liberdade de desenvolver a criatividade sem a limitação de componentes, que também é um limitante em um laboratório físico, e principalmente sem riscos a sua integridade física. Após conhecer e compreender teoricamente os conceitos dos circuitos pneumáticos, os estudantes são desafiados ao próximo passo: montar a simulação desenvolvida em um ambiente real. Finalmente, no LHP, são lapidadas as últimas informações, de como ligar o sistema, as conexões, os cuidados necessários, bem como, vivenciar, de forma física e real, a operação de um sistema que carrega todos os conceitos teóricos e práticos virtuais aprendidos até aquele momento.

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Como etapa do planejamento da aula, parece tudo perfeito, mas o processo de ensino e aprendizagem requer a análise constante da intencionalidade à progressão pedagógica da aula propriamente dita. Neste caso, o principal ponto a melhorar pareceu-nos que seria a forma na qual as simulações práticas seriam desenvolvidas. Os Laboratórios de Informática são muito concorridos pelas demais disciplinas, cursos e turmas, utilizados de forma compartilhada no campus, não havendo disponibilidade para o desenvolvimento dos exercícios fora do horário de aula. Assim, os estudantes ficam limitados a desenvolverem e testarem seus projetos somente em sala de aula e exclusivamente no horário da aula.

A proposição para melhorar esta situação, e que será objeto de observação e estudo para a intervenção pedagógica, é a utilização de um aplicativo de aparelho celular, que tenha as mesmas características do simulador de sala de aula.

Segundo Damiani et al (2013), a intervenção pedagógica é uma interferência realizada pelo professor, no processo de ensino-aprendizagem do aluno, quando situações de dificuldades são identificadas. É comum que os alunos tenham deficiências e ritmos de aprendizagem diferentes.

Desta forma, é necessário que o docente adapte os métodos de ensino para garantir que todos tenham boas oportunidades na construção do conhecimento.

Partindo-se da compreensão supracitada e da consideração de que atualmente todos os alunos têm acesso a um aparelho celular, o desenvolvimento dos projetos propostos poderia ocorrer a qualquer momento, de acordo com a disponibilidade de horário do aluno, pois o celular facilitaria e complementaria o ensino aplicado em sala de aula.

Especificamente no ano de 2020, as aulas presenciais foram substituídas pelas aulas remotas, em virtude da pandemia de Covid-19, conforme Portaria MEC Nº 343, de 17 de março de 2020 que instituiu a "substituição das disciplinas presenciais, em andamento, por aulas que utilizem meios e tecnologias de informação e comunicação". As possibilidades desta intervenção pedagógica, remota, permitiria que cada aluno pudesse trabalhar tanto com o simulador a partir de sua própria casa, quanto viabilizaria o desenvolvimento dos conteúdos através de aulas remotas, minimizando os impactos que a pandemia imprimiu sobre a educação.

Analisando e testando os aplicativos disponíveis no mercado que pudessem atender didaticamente a esta demanda, um deles chamou mais a atenção: o Pneumatic Developer. O grande diferencial deste aplicativo é que além de possuir a simbologia clássica utilizada universalmente nos circuitos pneumáticos, ele também possuía um “modo desenho”, onde é possível visualizar o

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desenho dos componentes pneumáticos de forma mais realística, possibilitando inclusive a animação destes componentes.

Um dos limitantes que poderia inviabilizar a escolha deste aplicativo seria a questão do valor financeiro. Vários alunos teriam dificuldades em pagar pela versão completa do aplicativo, o que, de certa forma, limitaria o seu aprendizado. Foi feito contato com o desenvolvedor e explicado o objetivo do projeto de intervenção e as intenções de um uso estritamente didático do aplicativo. O contato motivou e culminou em uma parceria experimental com a liberação de algumas licenças que poderão ser utilizadas de forma vitalícia por este grupo de estudantes. Em contrapartida à utilização do aplicativo, foram sugeridos aprimoramentos e correções, alguns desses implementados ainda na fase de avaliação do aplicativo, pelo docente.

2. DESENVOLVIMENTO

Um dos grandes desafios que a pandemia do Covid-19 nos trouxe foi lecionar, de forma remota, para alunos de um curso técnico, em uma disciplina que envolvesse a parte prática no seu ensino. A parte prática até pode, de certa forma, ser suprida por simulações, utilizando computadores, algo que já era adotado no curso, mas sempre alicerçada pela infraestrutura e suporte da instituição, mesmo que limitada pela alta concorrência no uso compartilhado dos laboratórios de informática.

Nas primeiras discussões metodológicas que tivemos entre os professores, o planejamento era finalizar a teoria e aguardar o retorno presencial das aulas, visto que muitos alunos não dispunham de um computador em casa para fazer as atividades práticas de simulação. No entanto, conforme o tempo corria, via-se mais distante e improvável um retorno próximo.

Foi neste momento, que surgiu a ideia de utilizar um aplicativo de celular para suprir esta deficiência. Não demorou muito para que encontrasse um aplicativo adequado e com o apoio do desenvolvedor, abrindo um leque de possibilidades, não só para o plano de aula que estava sendo desenvolvido, mas também para aulas futuras, pois vislumbrou-se uma ferramenta prática que poderia ser utilizada pelos alunos de forma complementar. Tal desafio constituiu-se, concomitantemente, no trabalho de conclusão de curso da pós-graduação em Educação Profissional e Tecnológica que este docente frequentava, convergindo para o desenvolvimento do componente curricular de Acionamentos Hidráulicos e Pneumáticos para uma intervenção pedagógica que

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permitisse analisar o seu processo educativo: do planejamento, à execução e avaliação de uma prática pedagógica.

Tendo em vista que os alunos já tinham o conhecimento da base teórica, o objetivo da aula era simular os circuitos pneumáticos por meio da instalação e utilização do novo aplicativo. Mas, primeiramente, era necessário que eu, o professor, aprendesse a operar o aplicativo por meio de tentativas intuitivas e depois de alguns tutoriais e testes estava apto a repassar o aprendizado que eu próprio havia vivenciado.

Houve também a necessidade de fazer a transmissão da tela do celular para o computador, permitindo que os alunos visualizassem a tela espelhada do aplicativo na aula remota. Com ajuda de um software foi possível fazer esta interface. O próximo passo foi definir quais os exercícios seriam demonstrados como exemplos nas aulas. Na escolha, optou-se por dois deles, conhecidos como circuitos sequenciais. Por fim, como forma de estímulo, descreveu-se uma situação problema baseada nestes circuitos sequenciais, para que os alunos desenvolvessem suas soluções utilizando o aplicativo demonstrado. Considerando que os alunos já possuíam a base teórica sobre o assunto, entendeu-se que 4 aulas seriam suficientes para atender os objetivos propostos. O plano de aulas desenvolvido está detalhado no Quadro 1.

Quadro 1 – Plano de Aulas.

Componente Acionamentos Hidráulicos e Pneumáticos

Tema Utilização de um aplicativo de celular para a simulação de circuitos pneumáticos.

Objetivo Geral Simular o funcionamento dos circuitos pneumáticos por meio da utilização de um aplicativo.

Objetivos Específicos

- Identificar a simbologia dos componentes pneumáticos;

- Desenvolver o raciocínio lógico através de exercícios;

- Converter um diagrama lógico em um circuito pneumático;

- Simular, através de animação, a operação de um circuito pneumático;

- Comprovar o funcionamento de um projeto através de uma simulação;

- Interpretar a descrição de um problema e estimular sua resolução utilizando circuitos pneumáticos.

Procedimentos Didático

Encontro 1 (Aulas 1 e 2):

- Prover as primeiras instruções sobre a instalação e o funcionamento do

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Metodológicos

aplicativo Pneumatic Developer.

- Apresentar dois exemplos de circuitos sequenciais do tipo (A+B+A-B-) e (A+A-B+B-) a partir do diagrama lógico e desenvolvê-los até obter o circuito pneumático final.

- Simular os dois circuitos pneumáticos desenvolvidos utilizando o aplicativo Pneumatic Developer.

Encontro 2 (Aulas 3 e 4):

- Propor aos alunos o desenvolvimento de uma solução para um exercício do tipo (A+B+B-A-) contextualizado a seguir:

Dispositivo industrial para fixação e furação de peças Elaborar um circuito pneumático sequencial para desenvolver a operação sequencial descrita a seguir:

1) Ao colocar uma peça na máquina e pressionar o botão iniciar, o cilindro A deverá avançar para prender a peça.

2) Quando o cilindro A chegar no seu final de curso, o sensor S1 é acionado, indicando que a peça está devidamente fixada.

3) O cilindro B é então acionado para fazer a furação na peça. Ao atingir o seu final de curso, detectado pelo sensor S2, o cilindro B deve retornar.

4) No retorno do cilindro B, o sensor S3 é acionado, permitindo que o cilindro A também recue, liberando a peça e encerrando o processo.

S1

S2S3

Pe ça

A

B

- Acompanhar os alunos no desenvolvimento do diagrama lógico e na implementação pneumática do circuito no simulador. Quando necessário, auxiliá-los nas dúvidas que surgirem.

Recursos

Aparelho celular, com sistema Android 5.0 (ou superior) e o aplicativo Pneumatic Developer instalado.

Se a aula ocorrer de forma remota, será utilizado o Google Meet como plataforma de ensino.

Processo de Avaliação

A avaliação será constituída pela apresentação do circuito pneumático proposto no exercício contextualizado, que deverá ser enviado, através do SIGAA, em um documento PDF (gerado pelo próprio aplicativo).

Fonte: O autor.

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As aulas remotas ocorreram nos dias 17 e 24 de setembro de 2020. Para a exposição dessas aulas foi utilizado o Google Meet, ferramenta padrão que já vinha sendo adotada nas aulas remotas da turma em razão da pandemia. O plano de aula foi apresentado de forma expositiva e objetiva, visto que já havia sido citada esta intervenção nas aulas anteriores. A fala antecipada do projeto gerou uma grande expectativa nos alunos, o que foi muito bom, pois todos estavam ansiosos para conhecer o aplicativo e poder utilizá-lo no desenvolvimento dos exercícios.

Após as primeiras instruções para a instalação do aplicativo, orientei os estudantes a atualizar para a versão vitalícia, pois a versão gratuita era válida apenas por 7 dias. Isso foi possível, pois gentilmente o desenvolvedor do aplicativo nos cedeu 50 licenças que poderiam ser utilizadas de forma gratuita pelos alunos. Se isto não ocorresse, provavelmente inviabilizaria o ensino com este aplicativo, visto que o valor comercial da licença não era acessível a todos.

Figura 1 – Aula remota explicando os primeiros passos para a utilização do aplicativo.

Fonte: O autor - imagem obtido do Google Meet.

O desenvolvimento do plano de aula ocorreu de forma satisfatória. Os alunos interagiram bem e não tiveram muitas dúvidas com relação às explicações. Houve uma intercorrência, no final do primeiro encontro, com a conexão da internet, o que acabou atrasando um pouco a execução do segundo exercício, mas nada que não pudesse ser recuperado no encontro seguinte. A proposição do trabalho também foi bem entendida pelos alunos, surgindo apenas dúvidas bem pontuais.

Figura 2 – Aula remota simulando o exemplo do circuito sequencial no aplicativo.

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Fonte: O autor – imagem obtido do Google Meet.

Nas aulas seguintes à intervenção pedagógica, observei que começaram a aparecer algumas dificuldades que antes não eram notadas. Algumas relacionadas a interpretação do problema e elaboração do diagrama lógico e outras com relação a transformar o diagrama lógico em um circuito pneumático.

Anteriormente, enquanto demonstrava o aplicativo e expunha os exemplos, estas fragilidades não ficaram evidentes. Apenas após os estudantes começarem a desenvolver a situação é que puderam sentir as reais dificuldades do problema, algo normal, pois são nestes momentos que a criatividade aparece e o ensino começa a se consolidar.

2.1 PERCEPÇÃO DOS ESTUDANTES

Para entender qual foi a percepção dos estudantes com relação à aplicação da intervenção pedagógica, foi elaborado um formulário que avalia o nível de satisfação dos discentes. Os questionamentos referem-se tanto ao aplicativo utilizado, como também às aulas e ao trabalho final.

Foram criadas 8 perguntas, sendo que para as 7 primeiras questões existem 4 respostas objetivas de única escolha. Essas respostas foram escalonadas gradualmente de acordo com o nível de satisfação do aluno. As duas primeiras respostas de cada pergunta refletem uma posição de contentamento, enquanto as duas últimas direcionam à um grau de insatisfação do discente. A última questão é descritiva e foi colocada como opcional, caso o aluno desejasse deixar alguma sugestão ou crítica.

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Para auxiliar a aplicação desse formulário, foi utilizada uma ferramenta on-line (Google Forms), onde os alunos puderam respondê-lo de forma remota. Dos 27 alunos que compunham a turma, 19 deles entregaram o trabalho proposto e, destes, 17 responderam ao formulário de avaliação da intervenção pedagógica.

As questões, bem como o resultado percentual das respostas de cada uma das perguntas objetivas, são apresentadas a seguir nas figuras geradas pelo Google Forms.

Figura 3 – Questionamento 1.

Fonte: O autor - gráfico gerado pelo Google Forms.

Figura 4 – Questionamento 2.

Fonte: O autor - gráfico gerado pelo Google Forms.

Figura 5 – Questionamento 3.

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Fonte: O autor - gráfico gerado pelo Google Forms.

Figura 6 – Questionamento 4.

Fonte: O autor - gráfico gerado pelo Google Forms.

Figura 7 – Questionamento 5.

Fonte: O autor - gráfico gerado pelo Google Forms.

Figura 8 – Questionamento 6.

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Fonte: O autor - gráfico gerado pelo Google Forms.

Figura 9 – Questionamento 7.

Fonte: O autor - gráfico gerado pelo Google Forms.

Considerando que a escolha das duas primeiras respostas de cada pergunta é entendida como um resultado satisfatório, é possível fazer uma análise mais concisa sobre os dados obtidos.

Desta forma, somando os alunos que deram como resposta os dois primeiros itens de cada questão, elaborou-se a Tabela 1 com os 7 pontos abordados no formulário.

Tabela 1 – Resumo do nível de satisfação com relação aos pontos abordados no formulário.

Pontos abordados no formulário Nível de satisfação

1) Funcionamento do aplicativo no celular. 58,8%

2) Facilidade na utilização. 76,5%

3) Aulas de instrução sobre o aplicativo. 94,1%

4) Exemplos apresentados utilizando o aplicativo. 100%

5) Resolução do trabalho utilizando o aplicativo. 88,2%

6) Aprendizado do conteúdo utilizando o aplicativo. 82,3%

7) Utilização do aplicativo como forma didática. 70,6%

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Fonte: O autor.

Com exceção do primeiro item, os demais pontos obtiveram um nível de satisfação superior a 70%. Destaque para os itens 3 e 4 que se referem diretamente às aulas expositivas ministradas e obtiveram um nível de satisfação de 94,1% e 100%, respectivamente.

Os itens 5 e 6, referentes ao desenvolvimento do trabalho e ao aprendizado do conteúdo, obtiveram respectivamente um nível de satisfação de 88,2% e 82,3%, o que pode ser considerado um ótimo resultado, considerando que todo o desenvolvimento se deu de forma remota. Acredito que o contato discente-docente mais próximo, traria possibilidades de mediação e interação que permitiriam melhorar este índice.

Os três itens da Tabela 1 que ficaram abaixo dos 80% de satisfação referem-se diretamente ao aplicativo. Esse índice pode estar vinculado a algumas causas que serão discutidas nos parágrafos seguintes.

A razão do item 2, referente a facilidade na utilização do aplicativo, ter apresentado um nível de 76,5% pode ser entendido como um reflexo da falta de intimidade dos alunos com o aplicativo, visto que era a primeira vez que trabalhavam com ele. Isso é algo que possivelmente pode ser melhorado com uso mais frequente do aplicativo.

O item 7, que trata da questão didática, apresentou um índice mais modesto, de 70,6%, principalmente pelo fato do aplicativo competir com o software já conhecido e que também é utilizado nas aulas com a mesma finalidade de simulação de circuitos pneumáticos. No entanto, apesar do simulador utilizado no instituto ser mais completo didaticamente, ele se restringe ao uso em computadores, o que muitas vezes é um limitante para alguns alunos que não dispõem deste recurso em casa.

O item 1, referente ao funcionamento do aplicativo, é o que mais chamou atenção, pois foi o único que ficou abaixo dos 70% de satisfação. Um único aluno relatou que não teve nenhum problema. Em outro caso isolado, o aluno alegou que o aplicativo não funcionou, mas foi porque ele não utilizava o sistema Android no celular, uma das limitações momentâneas do aplicativo. A maior parcela dos discentes, ou seja 52,9%, relataram que tiveram raros problemas e outros 35,3%

relataram que tiveram muitos problemas no funcionamento. No entanto, apesar dos percalços, todos os alunos que participaram da pesquisa conseguiram desenvolver e entregar a atividade normalmente. Como usuário também encontrei alguns problemas pontuais que foram inclusive

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relatados para o desenvolvedor que atendeu prontamente corrigindo o problema. Considerando que é um aplicativo ainda em desenvolvimento, as próximas versões certamente serão melhores e mais estáveis, o que poderá aumentar o índice de desempenho e por consequência de satisfação.

Com relação a última questão, descritiva e opcional, 7 alunos se pronunciaram. A grande maioria fez elogios à metodologia aplicada, havendo duas críticas referentes ao funcionamento do aplicativo, mas que foram contornadas no decorrer da estratégia pedagógica.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir dos resultados levantados na pesquisa, foi possível considerar que a intervenção pedagógica se mostrou efetiva, mesmo com alguns resultados da avaliação do aplicativo abaixo da expectativa. A questão do ineditismo do aplicativo e a inexperiência operacional dos alunos, tiveram uma certa influência no resultado, principalmente com relação ao funcionamento do aplicativo. Somado a isso, o desenvolvimento da aula em forma remota limitou o contato e a participação mais ativa da relação entre aluno e professor. Considerando que estes fatores são temporais, os índices de desempenho no nível de satisfação dos alunos tendem a melhorar quando esta intervenção for aplicada de forma presencial.

Mesmo remotamente o aplicativo possibilitou uma experiência prática da disciplina, pois ofereceu uma alternativa adicional aos alunos que têm acesso ao computador e a possibilidade da aplicabilidade para aqueles que não o possuem, tornando-se um importante fator de inclusão social e também de motivação.

É importante deixar claro que o aplicativo não tem a intenção de substituir o simulador utilizado como ferramenta metodológica nos Laboratórios de Informática. O aplicativo se caracteriza como uma opção complementar, com a grande vantagem de poder ser instalado no celular e ser utilizado em qualquer lugar.

Diante dessas conclusões, acredita-se que as necessidades impostas pelas aulas remotas impulsionaram e motivaram a todos a buscarem outras alternativas, modificando e ampliando, dessa forma, as metodologias para alcançar o aprendizado. O modelo remoto, mesmo com resultados estatisticamente expressivos, apresentou limitações, pois mesmo as aulas estando gravadas e disponíveis para reconsulta, essa ferramenta parece não ter sido, para alguns alunos, suficiente para suprir as dúvidas. Esse modelo também impactou de forma significativa o aspecto interacional e coletivo do processo, e por isso, a sugestão para a melhoria da intervenção pedagógica, com a

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retomada das aulas presenciais, seria, num primeiro momento, possibilitar o contato mais ativo na relação docente-discente para trabalhar mais de perto essas adversidades e identificar as características individuais, visando impulsionar as potencialidades e tornar o aprendizado ainda mais efetivo. Num segundo momento, com as informações aqui apresentadas, propor ao colegiado do curso que considere o acréscimo de carga horária à disciplina na intenção de minimizar as dificuldades experienciadas pelos alunos.

Constatado os resultados promissores obtidos nesta experiência, o próximo passo é aperfeiçoar a metodologia para que este modelo de intervenção possa beneficiar também as futuras turmas do componente curricular Acionamentos Hidráulicos e Pneumáticos.

REFERÊNCIAS

DAMIANI, Magda F. ROCHEFORT, Renato S. CASTRO, Rafael F. de; PINHEIRO, Silvia N. S.;

DARIZ, Marion R. Discutindo pesquisas do tipo intervenção pedagógica. Cadernos de Educação, Pelotas, v. 45, n. 1, 2013. Disponível em:

https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/caduc/article/view/3822. Acesso em: 14 out. 2022.

MOURA, Dante Henrique. Educação básica e educação profissional e tecnológica: dualidade histórica e perspectivas de integração. Anais da 30ª Reunião Anual da ANPED. Caxambu/MG:

ANPED, 2007.

SILVA, Liliana Maria Pierezan Moraes da. Articulando educação e tecnologia: uma experiência coletiva. Passo Fundo: UPF, 2003.

FIALHO, Arivelto Bustamante. Automação pneumática: Projetos, dimensionamento e análise de circuitos. 6.ed. São Paulo, SP: Érica, 2008.

PRUDENTE, Francesco. Automação industrial pneumática: teoria e aplicações. Rio de Janeiro:

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PNEUMATIC DEVELOPER. Instruções básicas. Disponível em:

http://pneumatic.oliveiradeveloper.com/. Acesso em: 01 set. 2022.

Referências

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