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REDAÇÃO 2 OS FATORES DE TEXTUALIDADE

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Academic year: 2021

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REDAÇÃO 2

OS FATORES DE

TEXTUALIDADE

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Agora que já sabemos o que é um texto, em particular o escrito, vamos estudar sua composição. Nesta unidade, aprenderemos que um texto só é visto como tal porque apresenta textualidade. A textualidade, por sua vez, é composta por elementos que estudaremos separadamente: coerência, coesão, intencionalidade, aceitabilidade, situacionalidade, informatividade e intertextualidade. Iniciaremos entendendo o que é a textualidade e quais suas implicações para o texto. Vamos lá?

APRESEN TAÇÃO

Organização Elisabeth Penzlien

Tafner

Reitor da UNIASSELVI Prof. Hermínio Kloch

Pró-Reitora do EAD Prof.ª Francieli Stano

Torres

Edição Gráfica e Revisão UNIASSELVI

Autora Iara de Oliveira

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OS FATORES DE TEXTUALIDADE

.02

1 INTRODUÇÃO

Agora que já sabemos o que é um texto, em particular o escrito, vamos estudar sua composição. Nesta unidade, aprenderemos que um texto só é visto como tal porque apresenta textualidade. A textualidade, por sua vez, é composta por elementos que estudaremos separadamente: coerência, coesão, intencionalidade, aceitabilidade, situacionalidade, informatividade e intertextualidade. Iniciaremos entendendo o que é a textualidade e quais suas implicações para o texto. Vamos lá?

2 A TEXTUALIDADE E SEUS FATORES TEXTUAIS

Na Unidade 1, estudamos o que é um texto em termos conceituais;

as diferenças entre o texto e o discurso, apontando para o caráter estático do primeiro e a dinamicidade do segundo; e as diferenças entre texto oral e escrito, identificando as características de cada um. Como o escrito é o nosso foco neste curso, vamos estudar um pouco mais sobre o que faz de uma produção verbal um texto.

Já vimos que um texto escrito não é apenas uma sequência de palavras ou frases. Existe algo que faz com que ele se caracterize, materialize-se como texto. Observemos o exemplo que segue:

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a) Colégios reforçar H1N1 de rotina e SP mudar gripe higiene surto.

Está bastante claro que temos apenas um emaranhado de palavras.

Não há qualquer sentido que se possa atribuir a este conjunto de palavras.

Elas não constituem um texto, não é mesmo? Será preciso rearranjá-las para tentar atribuir-lhes alguma significação juntas. Talvez alguém com algum domínio das estruturas sintáticas de nossa língua diga: é preciso ordenar sintaticamente os elementos para que façam sentido. Uma frase em ordem direta é, normalmente, constituída de sujeito + verbo + complementos, ou seja, quem? O quê? Quando, como, onde? Será que isso é o suficiente para tornar esse conjunto um texto? Observemos:

b) Colégios de SP leva reforçar mudar rotina higiene surto da gripe H1N1.

Parece melhor agora? Não! Note que temos quem (Colégios de SP), verbo (leva/reforçar/mudar), complementos (rotina higiene surto da gripe H1N1).

No entanto, isso não foi suficiente para atribuir sentido a esse ato discursivo.

Façamos mais uma tentativa:

c) Surto da Gripe H1N1 leva colégios de SP a mudar a rotina e reforçar a higiene.

Agora sim! Conseguimos entender a informação. Temos uma combinação de estruturas, organizadas de modo a atender a uma demanda comunicativa:

informar os leitores de algo, nesse caso específico, do que as escolas estão fazendo para prevenir-se da gripe H1N1. Essa organização com sentido é o que transforma um conjunto de estruturas linguísticas em texto. A isso chamamos textualidade. Portanto, é possível afirmar que textualidade é um conjunto de características que dão sentido ao que está escrito, tornando-o um texto.

Nas palavras de Abreu (2008, p. 13, grifo nosso), “Um texto não é uma unidade construída por uma soma de sentenças, mas pelo encadeamento semântico [de sentido, de significação] delas, criando, assim, uma trama semântica a que damos o nome de textualidade”.

A textualidade é constituída de sete fatores, ou seja, existem sete características que tornam “uma ocorrência linguística um todo significativo”

(COSTA VAL, 2008, p. 4). Dois deles se referem diretamente ao texto: a coerência e a coesão. Os demais centram-se no enunciatário ou no extratexto:

a situacionalidade, a aceitabilidade, a informatividade, a intencionalidade e a intertextualidade. Passaremos, a seguir, ao estudo de cada um desses fatores.

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2.1 RELAÇÃO ENTRE COESÃO E COERÊNCIA

Quando nos deparamos com um texto, observamos dois aspectos: sua macroestrutura, ou seja, o seu todo; e suas microestruturas, isto é, as pequenas partes que o compõem. Assim, temos a coerência (macroestrutura) e a coesão (microestruturas). Ambas estão relacionadas e a utilização adequada de uma, influencia diretamente na outra. Entretanto, não necessariamente são indissociadas. Há textos coerentes, mas não coesos; bem como textos coesos, mas não coerentes.

Observe os textos a seguir:

Texto 1 – Circuito Fechado

Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água, espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água fria, água quente, toalha. Creme para cabelo; pente. Cueca, camisa, abotoaduras, calça, meias, sapatos, gravata, paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta, chaves, lenço, relógio, maços de cigarros, caixa de fósforos. Jornal. Mesa, cadeiras, xícara e pires, prato, bule, talheres, guardanapos. Quadros. Pasta, carro. Cigarro, fósforo. Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, telefone, agenda, copo com lápis, canetas, blocos de notas, espátula, pastas, caixas de entrada, de saída, vaso com plantas, quadros, papéis, cigarro, fósforo. Bandeja, xícara pequena. Cigarro e fósforo. Papéis, telefone, relatórios, cartas, notas, vales, cheques, memorandos, bilhetes, telefone, papéis.

Relógio. Mesa, cavalete, cinzeiros, cadeiras, esboços de anúncios, fotos, cigarro, fósforo, bloco de papel, caneta, projetos de filmes, xícara, cartaz, lápis, cigarro, fósforo, quadro-negro, giz, papel. Mictório, pia, água. Táxi. Mesa, toalha, cadeiras, copos, pratos, talheres, garrafa, guardanapo, xícara. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Escova de dentes, pasta, água. Mesa e poltrona, papéis, telefone, revista, copo de papel, cigarro, fósforo, telefone interno, externo, papéis, prova de anúncio, caneta e papel, relógio, papel, pasta, cigarro, fósforo, papel e caneta, telefone, caneta e papel, telefone, papéis, folheto, xícara, jornal, cigarro, fósforo, papel e caneta. Carro. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Paletó, gravata. Poltrona, copo, revista. Quadros. Mesa, cadeiras, pratos, talheres, copos, guardanapos. Xícaras, cigarro e fósforo. Poltrona, livro.

Cigarro e fósforo. Televisor, poltrona. Cigarro e fósforo. Abotoaduras, camisa, sapatos, meias, calça, cueca, pijama, espuma, água. Chinelos. Coberta, cama, travesseiro.

FONTE: RAMOS, Ricardo. Circuito Fechado. Disponível em: <http://portugues.uol.com.br/redacao/

textos-sem-coesao.html>. Acesso em: 2 abr. 2016.

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Texto 2 – Poema de um louco

Era meia-noite e o sol brilhava no horizonte

Um negro careca penteava sua linda cabeleira loira com um pente sem dentes Pertinho dali, a 100 mil milhas de distância

Enquanto um cego analfabeto lia um jornal Sem letras, de ponta cabeça

Um surdo-mudo sentado em pé em uma pedra de madeira feita de barro dizia:

A vida é como uma canoa, que navega de cabeça pra baixo nas ondas de um poço sem água.

Enquanto isso, na sua direita ao lado esquerdo um jacaré voava nadando devagar em alta velocidade.

As vacas pulavam de galho em galho a procura de seus ninhos em rítmo de Yê-Yê-Yê

Os passarinhos pastavam o capim que nascia no asfalto.

No outro lado da cidade, em um bosque sem árvores, um elefante descansava

Aliviadamente apavorado, debaixo da sombra de uma couve sem folha Os animais observavam, de olhos fechados, uma mulher gritando baixo em voz alta:

Prefiro me matar, do que perder a vida!

FONTE: Disponível em: <http://visaocontraria.blogspot.com.br/2009/02/era-meia-noite-e-o-sol- brilhava-no.html>. Acesso em: 2 abr. 2016.

Perceba que no texto 1 temos uma sequência de palavras a qual, numa leitura desatenta, poderia não ter significação. No entanto, uma leitura atenta mostra uma sequência de atos executados pelo narrador e revelados na utilização de substantivos. Ao lermos a ordenação de substantivos, vamos construindo a rotina do narrador do texto, da hora em que desperta até o momento de deitar-se. Embora não haja conectivos ligando as palavras, ou mesmo, frases interligadas, percebemos a construção de sentido do texto.

Ele é um típico exemplo de texto coerente, porque apresenta sentido em sua macroestrutura, mas totalmente desprovido de coesão, porque não foram utilizados os elementos linguísticos que promovem a articulação das sentenças.

Já o texto 2 apresenta coesão. Há partículas que ligam as estruturas, que vão ajustando as microestruturas para a formação do todo. Porém, o texto tem seu sentido comprometido, uma vez que retrata situações totalmente absurdas como “cego analfabeto lendo jornais”, “negro careca penteava a cabeleira loira”, “vacas voavam”, “passarinhos pastavam”. O texto é coeso, mas desprovido de coerência.

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Vale ressaltar que nossos textos acadêmicos e profissionais, em virtude do contexto comunicativo em que se inserem, necessitam obrigatoriamente de coesão e coerência.

Embora seja possível, como vimos nos exemplos, produzir textos desprovidos de coesão ou de coerência, em virtude do efeito que se quer gerar com eles ou a finalidade, quando nos propomos a produzir textos escritos, principalmente nos meios profissionais e acadêmicos, devemos considerar esses dois fatores como essenciais para sua elaboração. Afinal, eles promovem a textualidade que, como vimos, é responsável pela atribuição de sentido ao texto. Vamos entender melhor como cada um deles contribui para a significação da escrita. Concentremo-nos primeiro na coerência.

2.2 COERÊNCIA

A coerência é extremamente importante para a textualidade. Segundo Koch e Travaglia (2008, p. 53-54):

[...] é a coerência que faz com que uma sequência linguística qualquer seja vista como um texto, porque é a coerência, através de vários fatores, que permite estabelecer relações (sintático-gramaticais, semânticas e pragmáticas) entre os elementos da sequência (morfemas, palavras, expressões, frases, parágrafos, capítulos etc.), permitindo construí-la e percebê-la, na recepção, como constituindo uma unidade significativa global. Portanto, é a coerência que dá textura ou textualidade à sequência linguística, entendendo-se por textura ou textualidade aquilo que converte uma sequência linguística em texto.

Os autores afirmam que a coerência é um fator diretamente inter- relacionado com o enunciatário e o contexto, pois, segundo eles, um texto pode ser incoerente em uma determinada situação comunicativa e para alguns tipos de enunciatários, e ter total sentido em outras situações e para outros enunciatários.

Koch e Travaglia (2008) também destacam a importância dos elementos linguísticos do texto para a concretização da coerência. [...] São eles que permitem o estabelecimento de pistas as quais ajudam a ativar “conhecimentos armazenados na memória, constituindo-se em ponto de partida para a elaboração de inferências, ajudando a captar a orientação argumentativa dos enunciados que compõem o texto etc.” (KOCH; TRAVAGLIA, 2008, p. 71).

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Ainda segundo os autores, o conhecimento de mundo que cada um de nós constrói ao longo de sua trajetória como sujeito social, é fundamental para o estabelecimento de coerência no texto. Quando um texto trata de assuntos que desconhecemos, não terá sentido, não será lógico (KOCH;

TRAVAGLIA, 2008).

Observe:

Peroxissomos

Os peroxissomos são fisicamente parecidos com os lisossomos, mas diferentes em dois aspectos importantes. Primeiro, acredita-se que eles sejam formados por autorreplicação (ou talvez por “brotamento” do retículo endoplasmático liso) e não pelo complexo de Golgi. Em segundo lugar, eles contêm oxidases em vez de hidrolases. Diversas oxidases são capazes de combinar oxigênio com íons hidrogênio derivados de diferentes substâncias químicas intracelulares para formar o peróxido de hidrogênio (H2O2). O peróxido de hidrogênio é uma substância altamente oxidante e é usado em combinação com a catalase, outra oxidase presente em grandes quantidades nos peroxissomos, para oxidar muitas substâncias que poderiam de outra forma ser tóxicas para a célula.

FONTE: GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica. 11. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. p. 16.

Muitos de nós, pertencentes às mais diversificadas áreas do conhecimento, lerão o fragmento acima e não conseguirão entendê-lo. Como profissionais não pertencentes à medicina ou à área da saúde, não conseguiremos atribuir sentido ao texto e, portanto, ele não terá coerência. O texto do exemplo relaciona-se a conhecimentos que não temos e, em função disto, não conseguimos estabelecer as relações necessárias para sua significação. No entanto, o mesmo texto, lido por um médico ou alguém atuante na área da saúde, conseguirá acionar conhecimentos prévios que deem coerência a ele, dando-lhe significação.

Retomemos o exemplo do texto de Ricardo Ramos, Circuito Fechado.

Vimos que não possui elementos de coesão, porém quando o lemos atribuimos a ele significação. Isso ocorre porque aciona os conhecimentos de mundo e linguísticos que temos. Refere-se a elementos do mundo que conhecemos com os quais lidamos diariamente e à língua que usamos.

Com o que vimos até agora podemos então inferir que para atribuir sentido ao texto, caracterizando-o como coerente, “é preciso que haja correspondência ao menos parcial entre os conhecimentos nele ativados e o nosso conhecimento de mundo, pois, caso contrário, não teremos condições

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de construir o universo textual, dentro do qual as palavras e expressões do texto ganham sentido” (KOCH; TRAVAGLIA, 2008, p. 76-77, grifo dos autores). Ou seja, embora duas pessoas não consigam compartilhar o mesmo conhecimento de mundo, é necessário que haja uma sintonia de conhecimentos entre um e outro. Quanto menor for essa sintonia, maior será o esforço de explicitação que o enunciador terá que fazer em seu texto. Quanto maior for a sintonia, mais facilmente o enunciatário fará inferências e atribuirá significação ao texto. Fica evidente, dessa forma, que a coerência não está apenas no texto, ou no autor, ou no leitor, mas na inter-relação entre esses três elementos.

“Inferência é a operação pela qual, utilizando seu conhecimento de mundo, o receptor (leitor/ouvinte) de um texto estabelece uma relação não explícita entre dois elementos (normalmente frases ou trechos) deste texto que ele busca compreender e interpretar, ou, então, entre segmentos de texto e os conhecimentos necessários para sua compreensão” (KOCH, TRAVAGLIA, 2008, p. 79). Esse procedimento será um dos assuntos do capítulo 4 deste manual.

Ainda sobre a coerência, autores como Koch e Travaglia (2008) fazem uso dos estudos do francês Michel Charolles, publicados no livro "Introdução aos problemas de coerência textual". O autor estabelece quatro princípios fundamentais, responsáveis pela coerência textual, os quais denominou de metarregras. São elas:

a) Metarregra da repetição: todo texto deve retomar alguns elementos com o objetivo de manter o sentido. Não se trata de repetir ideias, porque, nesse caso, teríamos um problema de coerência, mas a reiteração de traços linguísticos que permitam manter o foco no assunto tratado. Veja o pequeno texto que construímos para ilustrar essa metarregra:

O líder(1) tem um papel muito importante no rendimento de seus colaboradores(2). Cabe a ele(1) mantê-los(2) motivados, mediar conflitos, passar feedback de erros e acertos e, ainda, fazer com que estejam(2) engajados com as necessidades da empresa. Este papel não é fácil e requer constante atualização de conhecimento por parte de quem ocupa um cargo de liderança(1).

Perceba que, no intuito de manter o sentido da informação, o elemento (1), líder, é retomado ao longo do texto, não de forma excessiva, mas para manter o foco. O mesmo acontece com o item (2), colaboradores.

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b) Metarregra de progressão: um texto coerente não apenas reitera ou retoma elementos ou ideias, também avança na exposição do assunto, traz novas ideias, novas informações à medida que vai se desenvolvendo. O texto que ilustra a metarregra da repetição também serve de exemplo para a metarregra de progressão. Note que ele vai agregando informações, dando sequência ao assunto abordado. Diferente do que acontece no exemplo que formulamos a seguir:

A empresa indicou, em seus relatórios, um lucro anual de 20% do valor de sua renda bruta. Ela indica que houve um superávit este ano. Apresentou que os lucros foram altos, ou seja, a empresa cresceu financeiramente.

Aqui não há qualquer progressão de informação ou ideias. Todos os períodos que compõem o parágrafo dão a mesma informação, utilizando apenas vocabulários diferentes. É evidente como a coerência textual fica comprometida quando há este tipo de procedimento textual.

c) Metarregra da não contradição: uso de argumentos, ideias, dados, compatíveis entre si. Um texto coerente não pode afirmar A e, na sequência, negar A, ele deve respeitar princípios lógicos elementares.

Antônio não gosta de ler. Ele fica muito feliz quando alguém lhe dá um livro.

Perceba que há uma contradição entre a primeira e a segunda informação.

Se Antônio não gosta de ler, não pode ficar feliz quando ganha um livro. As ideias são opostas, a segunda negando a primeira. O Poema de um louco, anteriormente mencionado, também é um exemplo de como a contradição compromete o sentido textual. “Era meia-noite e o sol brilhava” são opostos, quando há um não há outro.

Vale lembrar que o poema, em virtude de sua natureza artística e o uso diferenciado da linguagem, permite que construções como a do “Poema de um louco” ocorram.

d) Metarregra da relação: “em um texto coerente, seu conteúdo deve estar adequado a um estado de coisas no mundo real ou em mundos possíveis”

(ABREU, 2008, p. 43). As informações contidas em um texto não podem ferir o senso de realidade que cada indivíduo constrói. Observe:

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Referimo-nos àquele ano sangrento, 1793. Naqueles tempos conturbados, coube aos empregados domésticos franceses dar um exemplo sem igual de dedicação. Houve mesmo muitos que, em vez de trair seu amo, deixaram-se guilhotinar em lugar dele e que, quando voltaram dias mais felizes, silenciosa e respeitosamente, reassumiram seus empregos.

FONTE: Le Figaro, Paris, fevereiro de 1890, em um artigo sobre a vida doméstica durante a Revolução Francesa. In: ABREU, Antonio Suarez. Curso de Redação. São Paulo: Ática, 2008, p. 46.

Não há, dentro de nossa percepção de mundo, a possibilidade de que um empregado perca sua cabeça na guilhotina e depois retorne ao trabalho.

Como se pode notar, existe uma quebra, uma ruptura na relação entre as informações “morrer” e “voltar ao trabalho”.

Além da coerência textual, já mencionamos que a coesão também desempenha um papel importante na construção textual. Por isso, o próximo item tratará de estudá-la. Vamos a ele!

2.3 COESÃO E SEUS MECANISMOS

Que tal um pequeno desafio para iniciar este tópico? Analise a seguinte estrutura:

Marina e Elisa são irmãs. Ela mora em Curitiba.

A informação é fácil de resgatar, ou seja, o sentido, embora não totalmente transparente pode ser recuperado: há duas mulheres relacionadas por um grau de parentesco (irmãs) e uma delas mora na cidade de Curitiba. A pergunta é:

quem mora em Curitiba? Marina? Elisa? A quem o “ela” se refere?

O desafio que lhe propomos é: modifique apenas a segunda oração, procurando deixar claro qual das duas mora em Curitiba. Regra: não pode repetir o nome. Vamos lá?

Uma primeira possibilidade seria utilizar os numerais:

Marina e Elisa são irmãs. A primeira (a segunda) mora em Curitiba.

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Nessa estrutura fica evidenciado que “a primeira” se liga diretamente ao referente “Marina”, primeiro nome a ser mencionado ou a aparecer no texto.

Se a opção fosse “a segunda”, estaria claro que se vincula a “Elisa”, segundo nome a ser mencionado. Questão resolvida, não é? Lembre-se, essa foi apenas uma alternativa.

Poderíamos, também, fazer uso de pronomes demonstrativos:

Marina e Elisa são irmãs. Esta (aquela) mora em Curitiba.

Nesse caso, “esta” liga-se ao nome mais próximo, Elisa, e “aquela” faria referência ao nome mais distante, Marina.

E se mudássemos a regra? Se não pudéssemos mexer na segunda oração (Ela mora em Curitiba), apenas na primeira (Marina e Elisa são irmãs), como faríamos para estabelecer relações de sentido entre elas? Simples! Observe:

Marina/Elisa é irmã de Elisa/Marina. Ela mora em Curitiba.

Teríamos deixado o referente claro ao colocá-lo como sujeito da primeira oração. Assim, não restaria dúvidas de que o “ela” seria uma retomada do sujeito da primeira oração.

No pequeno desafio anterior, estivemos todo o tempo lidando com as estruturas linguístico-gramaticais de nosso idioma para tornar a informação contida em nosso texto clara para o enunciatário. Tudo isso para que seu esforço de significação seja adequado ao contexto comunicacional e à intenção do texto. Ao fazermos tal exercício, estamos lidando diretamente com a coesão textual.

Se a coerência diz respeito ao nível semântico do texto (significação, sentido, lógica), a coesão refere-se ao nível gramatical do texto, às estruturas gramaticais responsáveis por gerar ligações, amarrações que facilitem sua significação. Cabe a ela fornecer pistas que permitam reconstruir o contexto comunicacional e as intenções contidas no texto, possibilitando ao enunciatário fazer as devidas inferências e construções de sentido (estabelecer coerência).

Assim, “[...]devemos entender por coesão as diversas ligações que ocorrem na construção de um texto. Estas ligações podem se estabelecer no interior de frases ou de parágrafos ou, ainda, entre parágrafos de um texto[...]”

(CASTRO et al., 2003, p. 17). Ou como afirma Koch (2007, p. 18), “[...]o conceito

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de coesão textual diz respeito a todos os processos de sequencialização que asseguram (ou tornam recuperável) uma ligação linguística significativa entre os elementos que ocorrem na superfície textual”.

Koch (2007) menciona que existem duas modalidades de coesão:

referencial e sequencial. A primeira modalidade engloba todos os mecanismos coesivos que permitem fazer referenciações, retomadas de elementos já mencionados no texto. A segunda, abarca todos os elementos que permitem estabelecer relações de sentido entre as estruturas (frases, períodos, parágrafos) à medida que o texto progride, isto é, vai apontando a sequência que o texto toma.

2.3.1 Coesão referencial

A coesão referencial é, segundo Koch (2007, p. 31), “[...]aquela em que um componente da superfície do texto faz remissão a outro(s) elemento(s) nela presente(s) ou inferível(is) a partir do universo textual[...]”. Quando faz referência a elementos presentes na superfície do texto, temos o que a autora chamou de forma remissiva. Quando a referência ocorre por inferências, temos referente textual.

A coesão textual em sua forma remissiva pode ocorrer para trás (anáfora), relacionando-se com algum elemento já mencionado no texto, ou para frente (catáfora), relacionando-se a elementos que serão ainda mencionados no texto.

Observe:

Precisamos encontrar o vaso de tia Flora e colocá-lo no lugar antes que ela chegue.

O pronome “lo” de “colocá-lo” estabelece uma relação direta com a expressão “vaso”, ou seja, “lo” se refere diretamente ao vaso. O termo já foi mencionado, portanto, “lo” faz uma retomada do referente. O mesmo ocorre com “ela”, referindo-se à tia Flora, também já mencionada no texto. Os dois casos são exemplos de uma coesão referencial em que sua forma remissa ocorre para trás, ou seja, temos a ocorrência de anáfora.

Agora, veja:

Pense nisto: nenhum ser humano é uma ilha.

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O pronome “nisto” faz referência a algo que será apresentado logo após (nenhum ser humano é uma ilha), isto é, essa coesão referencial em sua forma remissiva ocorre para frente, ou seja, temos a ocorrência de uma catáfora.

Lembre-se de que as nomenclaturas, os termos técnicos são apresentados para que você receba a informação mais completa e possa construir conhecimentos mais sólidos e científicos sobre o tema. Entretanto, nosso objetivo, mais do que apresentar os termos técnicos é que você entenda como funcionam e possa aplicá-los em seu texto, tornando-o mais consistente e adequado às diversas situações comunicativas as quais pertença.

As formas remissivas, sejam anáforas ou catáforas, podem ser gramaticais ou lexicais. No caso das formas remissivas lexicais, segundo Koch (2007), além de estabelecerem as referências dentro do texto, fornecem pistas de informações extratextuais.

Observe:

Mariana não sabia da surpresa que seus amigos haviam preparado.

Quando chegou ao ginásio, a adolescente quase desmaiou ao ver reunidos em um mesmo lugar todos aqueles a quem amava.

Note que “adolescente” ao mesmo tempo em que faz referência a

“Mariana”, também fornece uma informação que está além do texto, fora dele. A personagem em questão é uma adolescente. Temos aí um exemplo de forma remissiva lexical.

Considerando a finalidade deste curso e seu público, trataremos de abordar com mais ênfase as formas remissivas gramaticais.

Já as formas remissivas gramaticais podem ser presas ou livres. As formas gramaticais presas são aquelas que acompanham um nome concordando com ele em gênero e/ou número. Fazem parte desse grupo os artigos, definidos e indefinidos, os pronomes adjetivos (demonstrativos, possesivos, indefinidos, interrogativos e relativos), os numerais (cardinais e ordinais) desde que estejam acompanhando um nome.

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Para facilitar nossa compreensão, o quadro a seguir relembra cada um dos elementos mencionados.

Artigos Definidos: o, a, os, as

Indefinidos: um, uma, uns, umas Pronomes

adjetivos

Demonstrativos: este, esta, estes, estas, esse, essa, esses, essas, aquele, aquela, aqueles, aquelas e suas contrações.

Possessivos: meu, minha, meus, minhas, teu, tua, teus, tuas, seu, sua, seus, suas, nosso, nossa, nossos, nossas, vosso, vossa, vossos, vossas.

Indefinidos: algum, nenhum, todo, outro, muito, pouco, certo, vários, tanto, qualquer.

Interrogativos: quem, quanto, quanta, quantos, quantas, que, qual, quais.

Relativos: o qual, os quais, a qual, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas, quanto, quanta, quantos, quantas, quem, que, onde.

Numerais Cardinais: um, uma, dois, duas, três, quatro etc.

Ordinais: primeiro, primeira, segundo, segunda, terceiro, terceira etc.

QUADRO 2 – CLASSES GRAMATICAIS PERTENCENTES À COESÃO REFERENCIAL – FORMAS REMISSIVAS GRAMATICAIS PRESAS

Fonte: A autora (2016).

Note como ela funciona:

CONSUMO COMPULSIVO

1 Estou pensando seriamente em viajar semana que vem. Mas viajar para muito longe, provavelmente para alguma região da Amazônia, lá onde se pode ficar a cem quilômetros de qualquer outro ser humano senão da família.

2 Disse ontem exatamente isso ao Adamastor e ele me olhou muito espantado.

Sei muito bem o sentido de seu olhar: ele acha que estou ficando louco.

E ele tem razão. A vida entre seres humanos invasivos vem corrompendo meu juízo, que já não é lá essas coisas. Só por ser meu amigo ele não disse nada, mas exatamente por ser meu amigo entendi perfeitamente seu olhar.

3 Vivemos, sobretudo nos centros urbanos, mesmo os mais suburbanos, a falta de respeito que tem caracterizado nossa época. Qualquer um chega e vai entrando em sua casa, sem pedir licença, sem perguntar se você, o eventual ocupante daquele espaço, está a fim ou não de consumir o que ele vai impingindo, queira-se ou não.

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4 De tapetes feitos à mão, loção contra queda de cabelos, doce de melancia até palpites sobre a situação política brasileira na atualidade, previsões sobre os rumos da economia, de tudo que se possa imaginar tem sempre alguém querendo vender.

5 Mas o pior dos consumos é ainda aquele que polui sonoramente nosso ar.

6 Nos fundos de minha casa existe uma “chácara”, eufemismo local para boate sem alvará de funcionamento. (A polícia, a prefeitura, todas as autoridades sabem que é um funcionamento ilegal, mas eis que o eleitorado gosta).

Ela me despeja por cima todo tipo boçal de música e com tal volume que não consigo mais trabalhar. A noite toda e a qualquer dia da semana.

7 De casamento, aniversário, baile funk, de tudo acontece naquele espaço e a qualquer dia da semana e a qualquer hora do dia. Não muito longe uma igreja de crentes e outra católica disputam enfurecidas minha preferência.

Cânticos e falas, gritos, lágrimas e ranger de dentes. Ouço tudo da salinha onde gostaria de trabalhar.

8 Tenho vizinhos que fazem festas, aqui se leia churrasco noturno regado a cerveja, palavrões e gargalhadas, bem debaixo de meu quarto, e não param antes daquela barra amarela no horizonte anunciando o nascimento do sol.

9 A minha rua é muito curta, uma rua com dez casas, que tenta organizar- se em orquestra de latidos. São doze cães a menos de cinquenta metros de onde costumo passar meus dias. Às vezes tento abrir uma janela.

10 Só não digo que estou ficando neurótico porque tenho lido um pouquinho de Freud e sei que o problema fica a alguns furos acima.

11 Se não encontrar lugar habitável no meio do mato, só me resta construir uma casa à prova de som. Meu problema é o dinheiro curto.

FONTE: BRAFF, Menalton. Consumo compulsivo. Carta Capital. 8 abr. 2016. Disponível em: <http://

www.cartacapital.com.br/cultura/consumo-compulsivo>. Acesso em: 8 abr. 2016.

No parágrafo 2, “o” em “o sentido” é uma forma remissiva gramatical presa porque está sempre vinculado a um substantivo, neste caso, “sentido”. A mesma situação ocorre nas expressões “meu juízo”, “meu amigo”, do recorrente parágrafo. “Meu” liga-se diretamente a “juízo” e “amigo”, constituindo-se também em uma forma de coesão remissa gramatical presa. Todos os elementos destacados em negrito no texto são exemplos dessa forma.

As formas remissivas gramaticais livres são aquelas que não acompanham um nome, mas “[...]podem ser utilizadas para fazer remissão, anafórica ou cataforicamente, a um ou mais constituintes do universo textual” (KOCH, 2007, p. 38). Atuariam nesta modalidade os pronomes pessoais de 3ª pessoa, os pronomes substantivos (demonstrativos, possesivos, relativos, indefinidos, interrogativos), os numerais (ordinais, cardinais, fracionais, multiplicativos), os advérbios pronominais e a elipse (supressão do termo, ficando subentendido).

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Também para facilitar nossa compreensão, trazemos no quadro que segue, as classes gramaticais.

Pronomes adjetivos

Demonstrativos: este, esta, estes, estas, esse, essa, esses, essas, aquele, aquela, aqueles, aquelas e suas contrações.

Possessivos: meu, minha, meus, minhas, teu, tua, teus, tuas, seu, sua, seus, suas, nosso, nossa, nossos, nossas, vosso, vossa, vossos, vossas.

Indefinidos: algum, nenhum, todo, outro, muito, pouco, certo, vários, tanto, qualquer.

Interrogativos: quem, quanto, quanta, quantos, quantas, que, qual, quais.

Relativos: o qual, os quais, a qual, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas, quanto, quanta, quantos, quantas, quem, que, onde.

Numerais

Ordinais: um, uma, dois, duas, três, quatro etc.

Cardinais: primeiro, primeira, segundo, segunda etc.

Multiplicativos: dobro, triplo, quádruplo etc.

Fracionários: meio, terço, quarto etc.

Pronomes pessoais da 3ª pessoa

Caso reto: eu, tu, ele, ela, nós, vós, eles, elas.

Caso oblíquo: me, te, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes, me, comigo, te, contigo, convosco, conosco, consigo.

Advérbios

pronominais Aqui, alí, lá, cá, acolá etc.

QUADRO 3 – CLASSES GRAMATICAIS PERTENCENTES À COESÃO REFERENCIAL – FORMAS REMISSIVAS GRAMATICAIS LIVRES

FONTE: A autora (2016).

Voltemos ao texto “Consumo compulsivo”. No primeiro parágrafo temos um exemplo de forma remissiva gramatical livre. O advérbio “lá” refere-se à

“região Amazônica”, expressão mencionada anteriormente e retomada pelo advérbio. Ele não é dependente da expressão, como ocorre nos casos de formas remissas gramaticais presas, mas a reitera. No parágrafo 2, “ele” faz referência a “Adamastor”, novamente constituindo-se em uma forma remissa gramatical livre de coesão. O mesmo se pode verificar em todas as expressões sublinhadas no texto.

(18)

2.3.2 Coesão sequencial

Como vimos, temos uma coesão referencial, cujo papel é retomar informações, fazer referência a elementos já dados ou a ser dados no texto.

E, também, temos uma coesão sequencial, responsável por estabelecer a direção do texto.

A coesão sequencial diz respeito aos procedimentos linguísticos por meio dos quais se estabelecem, entre segmentos do texto (enunciados, partes de enunciados, parágrafos, e sequências textuais), diversos tipos de relações semânticas e/ou pragmáticas, à medida que se faz o texto progredir (KOCH, 2007, p. 53).

A coesão sequencial pode ocorrer pelo uso de recorrências, repetições, sem excessos, de termos, de estruturas, de conteúdos etc.

Observe o exemplo:

O verbo é elemento de suma importância em uma oração. Sem ele não existe significação nesse tipo de construção. Assim, o verbo precisa ser estudado para que possa ser utilizado adequadamente nas orações, construindo-as com sentido.

É possível verificar que a repetição da palavra “verbo” possibilitou a conexão entre as informações do texto, dando-lhe sentido.

Também pode ocorrer a coesão sequencial pelo encadeamento dos enunciados, as marcas linguísticas que estabelecem relações entre os enunciados do texto. As preposições, conjunções e algumas expressões ajudam nesse processo de encadeamento.

Para ajudar nossa compreensão, reproduzimos o quadro apresentado por Antunes (2010):

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QUADRO 4 – CONECTORES ARGUMENTATIVOS E MARCADORES TEXTUAIS

Expressões conectivas: do tipo argumentativo ou do

tipo marcadores/organizadores textuais Valores semânticos Em primeiro lugar, primeiramente, notadamente,

mormente, antes de mais nada, antes de tudo, acima de tudo, em particular, principalmente, sobretudo, primordialmente, prioritariamente.

Prioridade ou relevância

Em cima, acima, abaixo, adiante, na base, mais acima,

em um segundo nível. Distribuição espacial

Assim, desse modo, dessa forma, dessa maneira, isto é, quer dizer, a saber, por exemplo, pois, que.

C o n f i r m a ç ã o , i l u s t r a ç ã o , justificação

E, ainda, assim como, aliás, além disso, além do mais, além de tudo, não só (...) mas também, não apenas (...) mas ainda, enfim, nem (para adição de segmentos negativos ou privativos).

Acréscimo de um dado novo, d e u m a r g u m e n t o , a d i ç ã o , enumeração de itens.

Quanto a, em relação a, no que concerne a, a propósito. Abertura ou mudança de tópico

Ou. Alternância ou disjunção

Isto é, ou seja, quer dizer, por exemplo. Exemplificação Ou, ou melhor, ou antes, dito de outro modo, em outras

palavras, mais precisamente.

Reformulação, precisão, correção ou retificação do que foi dito antes

D e fa t o, n a v e rd a d e , n a re a l i d a d e , c o m e fe i t o, efetivamente, afinal, com certeza.

Confirmação, admissão Mas, porém, contudo, no entanto, entretanto, por outro

lado, em compensação, enquanto que, ao passo que. Oposição, constraste, restrição Mesmo, até, até mesmo, no máximo (situam no topo

da escala).

Ao menos, pelo menos, no mínimo (situam no plano mais baixo da escala).

Gradação

Porque, como, pois, porquanto, por causa de, em virtude de, uma vez que, já que, em vista de, dado que, desde que, visto que, visto como.

Causalidade De modo que, de maneira que, de sorte que, de

forma que, a tal ponto que, por conseguinte, por isso, consequentemente, em consequência disso, daí, em decorrência disso, com isso, tanto (assim) que (é possível um cruzamento semântico entre as relações de consequência, de causa e de conclusão).

Consequência

A fim de que, para que, com o propósito de, com a pretensão de, com a intenção de, com o objetivo de, com a finalidade de, com o intuito de.

Finalidade Embora, conquanto, ainda que, apesar de que, ainda

assim, mesmo que, a despeito de, não obstante, malgrado, em que pese, se bem que, por mais que, por muito que

concessão

FONTE: Antunes (2010, p. 138-139).

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Cientistas criaram, em laboratório, um dos elementos essenciais para a vida A criação de um tipo de açúcar ajuda a explicar como essas moléculas

teriam se formado em cometas e chegado à Terra

Quando a sonda Philae, levada pela nave Rosetta, aterissou no cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko, em novembro de 2014, cientistas por toda a Terra prenderam a respiração por alguns instantes. A aproximação foi violenta – por causa da gravidade baixa do cometa, Philae quicou por duas horas antes de parar, inclinada, em uma região sombreada. A sonda estava inteira e funcionava. Mas, sem acesso à radiação solar, logo ia desligar. O pouso de Philae fora o resultado de 20 anos de trabalho de cientistas do mundo todo – inclusive do Brasil – coordenado pela Agência Espacial Europeia. Tanto esforço era justificado – Roseta e Philae perseguiram o cometa 67P/Churyumov–

Gerasimenko pelo sistema Solar porque aquele corpo de gelo e poeira podia conter pistas sobre como a vida surgira na Terra. Antes de desligar, Philae conseguiu “cheirar” a superfície do cometa. Descobriu que ele reunia um conjunto de 16 compostos orgânicos essenciais para a vida. Agora, passado mais de um ano, cientistas franceses conseguiram simular, em laboratório, o processo de formação de alguns desses elementos. Os resultados desse trabalho foram publicados na edição da revista Science desta sexta-feira (8). [...]

FONTE: CISCATI, Rafael. Cientistas criaram, em laboratório, um dos elementos essenciais para a vida. Revista Época. 8 abr. 2016. Disponível em: <http://epoca.globo.com/vida/noticia/2016/04/cientistas-

criaram-em-laboratorio-um-dos-elementos-essenciais-para-vida.html>. Acesso em: 8 abr. 2016.

Observe como este tipo de coesão se processa no texto:

Destacamos no texto anterior elementos que estabelecem uma relação de sequência, que nos permitem antever a direção que o texto tomará. Ao lermos “Quando”, primeira palavra do texto, já sabemos que estamos diante de informações temporais e elas nos são apresentadas na sequência da palavra.

No período “Tanto esforço era justificado – Roseta e Philae perseguiram o cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko pelo sistema Solar porque aquele corpo de gelo e poeira podia conter pistas sobre como a vida surgira na Terra”, a palavra “porque” antecipa a perspectiva de uma explicação para o

“esforço”. Igualmente, a palavra “e” permite antecipar a ideia de uma adição à informação já dada, nesse caso “corpo de gelo”. Esses e outros elementos destacados não retomam estruturas já mencionadas, mas apontam as direções que o texto tomará. Esse processo é o que chamamos de coesão sequencial por encadeamento.

Perceba, então, que para um bom desempenho na produção de textos escritos, especificamente nos ambientes acadêmicos e profissionais, é de suma importância fazer o uso adequado da coerência e da coesão, os dois fatores de textualidade que se aplicam diretamente ao texto. Há, ainda, outros cinco fatores que se referem ao extratexto, às questões que promovem a

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concretização do texto. É o que veremos a seguir.

3 FATORES DE TEXTUALIDADE EXTRATEXTUAIS

Como vimos, a coesão e a coerência são fatores de textualidade. No entanto, como eles têm vínculo direto com o texto, tratamos de estudá-los em uma seção diferente. Além deles, existem outros cinco fatores, igualmente importantes e que precisam ser considerados durante o processo de elaboração textual. São eles: intencionalidade, aceitabilidade, situacionalidade, informatividade, intertextualidade. Passaremos a estudar cada um deles a partir de agora.

3.1 INTENCIONALIDADE

Na primeira Unidade deste Caderno, na qual discutimos questões relativas ao conceito de texto, discurso e as características do texto escrito, mencionamos que os textos são produzidos com uma finalidade. Sempre que produzimos um texto queremos alcançar algo com ele: opinar, argumentar, afirmar, perguntar, reclamar, elogiar, comparar, resumir, relatar etc. Portanto, é correto afirmar que todo texto traz consigo uma intenção.

A intencionalidade, desse modo, “[...]refere-se ao modo como os emissores usam textos para perseguir e realizar suas intenções, produzindo, para tanto, textos adequados à obtenção dos efeitos desejados.” (KOCH;

TRAVAGLIA, 2008, p. 97). Para atingir os objetivos propostos, o enunciador fará uso de outros fatores de textualidade e escolherá o gênero discursivo que melhor se enquadre a sua proposta.

Quando, em nosso meio acadêmico, queremos apresentar as principais ideias contidas em uma determinada obra e tecer uma análise sobre ela, escolheremos a resenha como gênero discursivo porque é essa estrutura textual que melhor se encaixa ao nosso objetivo. Se fizermos apenas um relato das ideias principais da obra, sem a análise não teremos uma resenha e sim um resumo. Em contrapartida, se somente analisarmos, sem estabelecermos as ideias centrais da obra, estaremos produzindo um artigo de opinião, um relato de leitura, mas não uma resenha.

Que tal um pequeno exemplo de fragmento de resumo e de resenha para ilustrar o que foi dito?

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3.2 ACEITABILIDADE

A aceitabilidade é entendida como a contrapartida da intencionalidade.

Se o enunciador tem um objetivo, uma intenção quando produz o texto, o leitor também tem uma “intenção” quando se depara com ele. Na verdade, o enunciatário cria expectativas em relação ao que lerá, normalmente esperando que o texto seja coerente, coeso, útil, relevante etc.

Espera-se um princípio de cooperação entre escritor/leitor, enunciador/

enunciatário, porque “quando duas pessoas interagem por meio da linguagem, elas se esforçam para fazer-se compreender e procuram calcular o sentido do texto do(s) interlocutor(es), partindo das pistas que ele contém e ativando seu conhecimento de mundo, da situação etc.” (KOCH; TRAVAGLIA, 2008, p. 98).

Dessa forma, mesmo que um texto possa, sob vários aspectos não apresentar coerência, ou não tenha claramente expressos os elementos de coesão, o enunciatário fará um esforço para recuperar o sentido, dando a interpretação que lhe pareça mais adequada, levando em consideração os demais fatores de textualidade.

3.3 SITUACIONALIDADE

Outro fator responsável por atribuir textualidade a um escrito e, portanto, torná-lo texto, é a situcionalidade. Esse elemento faz conexão direta com a situação comunicativa, pois:

[...] refere-se ao conjunto de fatores que tornam o texto relevante para uma situação comunicativa em curso ou passível de ser reconstruída. Trata-se, neste caso, de determinar em que medida a situação comunicativa, tanto o contexto imediato da situação, como o entorno sócio-político-cultural em que a interação está inserida, interfere na produção e recepção do texto, determinando escolhas, por exemplo, em termos de grau de formalidade, regras de polidez, variedade linguística a ser empregada, tratamento a ser dado ao tema etc. (KOCH; TRAVAGLIA, 2008, p. 76).

Atua em duas direções: da situação para o texto e do texto para a situação. No primeiro caso, da situação para o texto, percebemos que em determinada medida, maior ou menor grau, a situação comunicativa interfere na produção e na recepção do texto. Aqui a situação comunicativa tanto se refere ao momento da produção/recepção do texto, ou seja, a situação comunicativa em si, geradora do escrito; quanto pode indicar o contexto social, econômico, político, ideológico etc. É a situação comunicativa que leva o produtor a fazer escolhas, tais como: o gênero discursivo adequado para sua intenção, a linguagem adequada ao público a que se destina o texto, a forma como abordará o tema etc.

(23)

Na segunda perspectiva, do texto para a situação, sabemos que o mundo refletido no texto não é o mundo real, mas um mundo visto, concebido pelo produtor do texto. Quando produz o texto, o enunciador recria o mundo de acordo com sua visão dele, suas ideias sobre ele, suas crenças, sua ideologia, sua formação histórico-cultural. Igualmente, para interpretar o texto, o enunciatário traz as suas visões de mundo para o texto lido, preenchendo as lacunas aí existentes e atribuindo-lhe sentido.

3.4 INFORMATIVIDADE

Quando lemos um texto, criamos expectativas sobre ele. Uma delas é a de que ele nos traga informações novas, ao mesmo tempo em que reforce ou retome as informações que já são de nosso domínio. Assim, “outro fator que interfere na construção da coerência é a informatividade, que diz respeito ao grau de previsibilidade (ou expectabilidade) da informação contida no texto”

(KOCH; TRAVAGLIA, 2008, p. 87).

É a informatividade, portanto, que vai determinar a seleção e o arranjo das alternativas de distribuição da informação no texto, de modo que o receptor possa calcular-lhe o sentido com maior ou menor facilidade, dependendo da intenção do produtor de construir um texto mais ou menos hermético, mais ou menos polissêmico, o que está, evidentemente, na dependência da situação comunicativa e do tipo de texto a ser produzido (KOCH; TRAVAGLIA, 2008, p. 88).

Se um texto apresentar apenas informações que já dominamos, ele terá um grau de informatividade baixo. Caso apresente informações já esperadas e informações “novas” (que superem a expectativa) terá um grau maior de informatividade. Há, ainda, a possibilidade de que o texto traga somente informações “novas”. Nesse caso, a informatividade será muito alta e, embora gere a impressão de incompreensão em um primeiro momento, exigirá do enunciatário um esforço maior de decifração. Ao, por exemplo, lermos um tratado de medicina sem termos qualquer noção dessa área, não conseguiremos entender o que lemos. Haverá somente informações “novas”

e não estabeleceremos as relações necessárias com nossos conhecimentos prévios para significar o texto.

3.5 INTERTEXTUALIDADE

Sempre que lemos um texto acionamos nossos conhecimentos prévios e neles estão os conhecimentos que construímos a partir de outros textos. A intertextualidade é o diálogo, implícito ou explícito de um texto com outros textos. Se você prestar atenção, este caderno está repleto de intertextualidade.

Há uma variedade de citações, diretas e indiretas. Estamos trazendo para nosso

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a ele. Dito de outro modo, “todo texto faz remissão a outro(s) efetivamente já produzido(s) e que faz(em) parte da memória social dos leitores” (KOCH;

ELIAS, 2009, p. 101).

Vamos começar mostrando um exemplo que aparece em praticamente todos os manuais que abordam a questão da intertextualidade.

Canção do exílio

Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá;

As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite, Mais prazer eu encontro lá;

Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores, Que tais não encontro eu cá;

Em cismar sozinho, à noite Mais prazer eu encontro lá;

Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá;

Sem que disfrute os primores Que não encontro por cá;

Sem qu'inda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá.

FONTE: Gonçalves Dias, Primeiros cantos (1847). Disponível em: <http://www.horizonte.unam.mx/

brasil/gdias.html>. Acesso em: 3 abr. 2016.

Em algum momento de sua trajetória acadêmica, ou de leitor, você já se deparou com os versos acima. Eles são grandes representantes da literatura brasileira, conhecidos em vários países. Pois bem, veremos que os versos da Canção do Exílio, de Gonçalves Dias, já apareceram em muitos outros textos.

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Hino Nacional Brasileiro [...]

Do que a terra mais garrida

Teus risonhos lindos campos têm mais flores Nossos bosques têm mais vida,

Nossa vida em teu seio mais amores.

[...]

O Hino Nacional faz um intertexto explícito com a Canção do Exílio, conforme destacamos. Ele se constrói trazendo para sua trama a produção de outro enunciador (Gonçalves Dias).

FIGURA 8 – VIDA DE PASSARINHO – CAULOS

FONTE: Disponível em: <http://textosunisanta.blogspot.com.br/2012/04/

(26)

Na tirinha, temos uma citação direta dos versos da Canção do Exílio. O passarinho tomou de empréstimo os versos da canção original para utilizá-los em sua produção, atribuindo-lhe a significação necessária ao propósito de seu texto. Tanto o Hino Nacional quanto a tirinha são textos, com finalidades e formas diferentes. No entanto, eles dialogam com a Canção do Exílio de Gonçalves Dias, fazendo uso dela em seus textos.

A intertextualidade se manifesta de várias formas no texto. Ela pode ocorrer por meio de citação, quando o texto anterior é transcrito, parcial ou integralmente, no novo texto. Normalmente as citações aparecem entre aspas ou recuadas, no caso de citações mais longas. Nesta unidade, há vários exemplos de citação. Veja outro:

FIGURA 9 – PUBLICIDADE DA CHEVROLET S10

A oração “Do pó vieste e ao pó voltarás”, mencionada entre aspas no cartaz, é uma citação, esse fragmento foi retirado do Livro do Gênesis, na Bíblia. Fica evidente, no exemplo, a intertextualidade ocorreu sob a forma de citação.

FONTE: Disponível em: <http://educacao.globo.com/portugues/

assunto/estudo-do-texto/intertextualidade.html>. Acesso em: 3 abr. 2016.

A intertextualidade explícita é a forma intertextual solicitada nos trabalhos acadêmicos. Neles é preciso fazer uso de citações (intertextos) diretas ou indiretas, indicando as respectivas fontes.

(27)

A intertextualidade também pode ocorrer sob a forma de paródia. A paródia tem por finalidade tomar o texto original e recriá-lo de modo a ironizar ou satirizar. Ao termos contato com a paródia, imediatamente, fazemos a ligação com o original.

FIGURA 10 – CAMPANHA PUBLICITÁRIA DA EMPRESA HORTIFRUTI

FONTE: Disponível em: <http://somosverdes.com.br/rede-hortifruti-cria-parodia-de- filmes-do-netflix-e-o-resultado-e-fantastico/>. Acesso em: 3 abr. 2016.

Note que ao lermos Horta de Elite, automaticamente lembramos do título do filme Tropa de Elite. A Rede Hortifruti faz, portanto, uma paródia. Satiriza o título do filme, aproveitando para chamar a atenção para seus produtos. Além disso, reproduz a frase que marcou a personagem principal: “pede pra sair”.

Como usamos a Canção do Exílio, de Gonçalves Dias, como exemplo para entender melhor a ideia de intertextualidade, veja o fragmento de uma

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Minha Dinda tem cascatas Onde canta o curió

Não permita Deus que eu tenha De voltar pra Maceió.

Minha Dinda tem coqueiros Da Ilha de Marajó

As aves, aqui, gorjeiam Não fazem cocoricó.

FONTE: Disponível em: <http://educacao.globo.com/portugues/assunto/estudo-do-texto/

intertextualidade.html>. Acesso em: 3 abr. 2016.

Conseguimos, ao ler a paródia, fazer a conexão com o original, verificando as relações entre os dois textos.

Outra forma de intertextualidade é a paráfrase. Recriar o texto original, mantendo as ideias, mas utilizando outras palavras. Diferentemente da paródia, a paráfrase não tem finalidade de ironizar ou satirizar. No meio acadêmico a paráfrase está muito associada às citações indiretas. Os resumos acadêmicos, por exemplo, são paráfrases dos textos originais.

A intertextualidade implícita (paródias, paráfrases etc.) são comuns em crônicas, editoriais, artigos de opinião, entre outros gêneros textuais.

Como vimos ao longo deste capítulo, é fundamental conhecer as propriedades que tornam um conjunto de expressões um texto. Ao tomar consciência delas conseguimos elaborar produções escritas mais adequadas às situações comunicativas e atribuir-lhes as devidas significações, contribuindo para a melhor comunicação e interação social.

Para avançarmos em nossos estudos, o próximo capítulo abordará a questão dos gêneros discursivos e dos níveis de linguagem. Sigamos em frente!

(29)

RESUMINDO

Neste capítulo vimos que:

 Textualidade é a condição que transforma um conjunto de palavras em texto.

 Essa condição é constituída por fatores, conhecidos como fatores de textualidade. São eles:

ᵒ Coerência: construção de sentido do texto.

ᵒ Faz uso de metarregras:

 Repetição: reiteração de elementos no intuito de manter a sequência, o foco.

 Progressão: avanços das informações no texto.

 Não contradição: que não haja ideias que se contradigam ao longo do texto.

 Relação: que não haja informações que gerem uma ruptura de sentido no texto.

 Coesão: ligações por meio de estruturas linguísticas que ocorre no interior do texto.

 Há duas modalidades de coesão:

 Referencial: retoma elementos do texto.

 Sequencial: aponta para as direções que o texto toma em termos de sentido.

 Intencionalidade: propósito do texto.

 Aceitabilidade: esforço de atribuição de sentido ao texto.

 Situacionalidade: pistas no texto da situação comunicativa que o gerou.

 Informatividade: grau de “novidade” no texto.

 Intertextualidade: relação do texto com outros textos.

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AUTOATIVIDADE

1 Observe a tirinha do Calvin que segue e, na sequência, analise as afirmações sobre ela:

I. O pronome demonstrativo “isso” é uma forma remissa gramatical livre, tipo de coesão referencial que retoma a ideia já apresentada no primeiro quadrinho “de onde vêm os bebes”.

II. “Sua”, no quadrinho 3, é coesão referencial que ocorre com uma forma remissiva gramatical presa porque tem uma relação de dependência com a palavras “camisa”.

III. A tirinha não é provida de coesão porque se constitui de imagens e diálogos.

IV. A coerência fica comprometida nesta tirinha porque a pergunta realizada por Calvin no primeiro quadrinho não é respondida.

Estão CORRETAS:

a) ( ) I e III.

b) ( ) II e III.

c) ( ) I e IV.

d) ( ) III e IV.

e) ( ) I e II.

2 Analise o material retirado de uma conversa no WhatsApp e, na sequência, assinale a alternativa CORRETA:

FONTE: Disponível em: <http://www.satirinhas.com/2014/03/de-onde-vem-os- bebes-2/>. Acesso em: 8 abr. 2016.

Vc tbem tc com o K? Eh TDB. OMG. Kkkkkk.

a) ( ) O escrito não pode ser considerado um texto, visto que não cumpre sua função comunicativa.

b) ( ) Por ter palavras abreviadas em excesso contraria totalmente as regras da gramática, logo não é um texto.

c) ( ) Esse tipo de escrita é valorizado em qualquer meio de comunicação formal.

(31)

d) ( ) Mesmo tratando-se de linguagem abreviada, cumpre sua função comunicativa no contexto em que foi gerado, portanto, é texto.

e) ( ) Como não há coesão e coerência, o escrito não pode ser considerado como um texto.

3 A coesão textual pode ser entendida como a “amarração” entre as várias partes do texto, ou seja, a relação que se estabelece entre as partes com o intuito de que o todo ganhe sentido. Leia o pequeno texto que segue:

PELES DE SAPOS

Em 1970 e 1971, houve, no Nordeste brasileiro, uma enorme procura por sapos, que eram caçados para que suas peles fossem exportadas para os Estados Unidos. Lá elas eram usadas para fazer bolsas, cintos e sapatos. Isso levou a uma drástica diminuição da população de sapos nessa região. [...]

(Ruth de Gouvêa Duarte)

Em relação aos mecanismos de coesão empregados no texto, pode-se afirmar que:

I. “suas” se refere a “sapos”.

II. “Lá” se refere a “Estados Unidos”.

III. “elas” se refere a “peles”.

IV. “Isso” se refere a “fazer bolsas, cintos e sapatos”.

Estão CORRETAS:

a) ( ) Apenas as afirmativas II e III.

b) ( ) Apenas as afirmativas I e II.

c) ( ) Apenas as afirmativas II e IV.

d) ( ) Apenas as afirmativas III e IV.

e) ( ) As afirmativas I, II, III e IV.

4 Analise as afirmações que seguem, indicando se são verdadeiras ou falsas:

( A coesão se refere às estruturas linguísticas utilizadas para fazer as ligações internas no texto.

( ) A coesão referencial é responsável por apontar a direção de sentido que o texto tomará.

( ) A coesão gramatical de forma remissiva livre é aquela em que o termo está diretamente vinculado ao nome, dependendo dele.

( ) Coesão e coerência são fatores de textualidade que se referem diretamente à estruturação do texto.

(32)

A sequência CORRETA é:

a) ( ) V, F, F, V.

b) ( ) V, V, F, F.

c) ( ) F, V, F, V.

d) ( ) F, V, V, F.

e) ( ) V, F, V, F.

5 Analise as duas imagens que seguem:

Analise, agora, as afirmações que seguem:

I. O quadro “Mônica Lisa” não pode ser considerado como intertexto do quadro

“Mona Lisa” porque se trata de uma imagem.

II. “Mônica Lisa” constitui-se em um texto não verbal (sem palavras) que faz um intertexto com “Mona Lisa”.

III. “Mônica Lisa” constitui-se um intertexto sob a forma de paródia, pois recria de maneira bem-humorada o quadro original.

IV. “Mona Lisa” e “Mônica Lisa” não podem ser entendidas como texto porque não apresentam os fatores de textualidade.

Estão CORRETAS:

a) ( ) I e II.

b) ( ) II e III.

c) ( ) I e III.

d) ( ) II e IV.

e) ( ) III e IV.

FONTE: Disponível em: <http://diariodeumadiretora.blogspot.com.br/2012/07/

parodia.html>. Acesso em: 8 abr. 2016.

(33)

REFERÊNCIAS

ABREU, Antônio Suárez. Curso de redação. 12. ed. São Paulo: Ática, 2008.

ANTUNES, Irandé. Análise de textos: fundamentos e práticas. São Paulo:

Parábola, 2010. (Série estratégias de ensino, 21).

CASTRO, Adriane Belluci Belório de et al. Os degraus da produção textual.

Bauru, SP: EDUSC, 2003.

COSTA VAL, Maria da Graça. Texto, textualidade e textualização. In:

FERRARO, Maria Luiza et al. (Org.). Experiência e prática de redação.

Florianópolis: EDUFSC, 2008. p. 63-86.

KOCH, Ingedore. A coesão textual. 21. ed. São Paulo: Contexto, 2007.

KOCH, Ingedore; ELIAS, Vanda Maria. Ler e escrever: estratégias de produção textual. São Paulo: Contexto, 2009.

KOCH, Ingedore; TRAVAGLIA, Luiz C. A coerência textual. 17. ed. São Paulo:

Contexto, 2008.

SANTOS, Gerson Tenório dos. Texto e textualidade. São Paulo: Unicastelo, 2010.

TAFNER, Elisabeth Penzlien. Redação na vida acadêmica e profissional.

Blumenau: Nova Letra, 2009. (Coleção Estudos Independentes).

(34)

GABARITO

1 E 2 D 3 E 4 A 5 B

Referências

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