Trabalho de Curso apresentado a Faculdade UNA, como requisito parcial para a integralização do curso de Fisioterapia, sob orientação da professora Esp. Ana Carolina Mesquita do Nascimento.
TÉCNICAS FISIOTERAPÊUTICAS PARA CORREÇÃO DA DIÁSTASE ABDOMINAL: revisão bibliográfica
Graziele Gomes de Souza Pablynne Dias Louzada
RESUMO
A diástase abdominal é uma alteração fisiológica que ocorre no corpo da mulher devido a gestação e o pós-parto, ocasionando em alterações biomecânicas e que podem acarretar uma separação dos músculos reto abdominais, sendo sua função estabilizar a pelve e a coluna vertebral. A fisioterapia desempenha um papel muito importante, promovendo um estímulo principalmente da musculatura abdominal e pélvica para melhora do tônus muscular em pacientes pós-parto. O presente artigo teve como objetivo mapear na literatura científica quais técnicas fisioterapêuticas são utilizadas para tratamento de diástase abdominal. A pesquisa tem caráter de revisão bibliográfica, sendo realizado buscas na base de dados Scielo e Google Acadêmico, utilizando as seguintes palavras-chaves: fisioterapia, puerpério, diástase abdominal. Podemos concluir que a diástase do musculo reto abdominal pode vir a desencadear várias disfunções sendo assim de função do fisioterapeuta acompanhar essa puérpera, podendo corrigir a disfunção, utilizando de recursos que foram eficazes na correção da musculatura de reto abdominal.
Palavras-chave: Fisioterapia. Puerpério. Diástase abdominal.
INTRODUÇÃO
No decorrer da vida a mulher passa por muitas alterações fisiológicas, mas as mudanças mais intensas ocorrem na gestação e no pós-parto, também chamado de puerpério, causadas por hormônios que são necessários na gestação. Logo que o bebê nasce se normaliza ao longo do pós-parto. Os hormônios referidos são indispensáveis para o desenvolvimento uterino e nos tecidos conjuntivos (VASCONCELOS et al., 2017).
Podemos também observar alterações biomecânicas tais como, o crescimento do útero, reorganização dos órgãos intra-abdominal, mudanças no eixo de equilíbrio, o que gera aumento da lordose da coluna vertebral, o afastamento da base de sustentação, anteriorização da pelve, frouxidão ligamentar, o que pode acarretar uma das alterações significativas na mulher a separação dos músculos reto abdominais, apresentada como diástase do músculo reto abdominal (DMRA) (VASCONCELOS et al.,2017).
A diástase abdominal é o afastamento da musculatura do abdome e de todo tecido conjuntivo que ocorre na maioria das vezes devido à gestação, provocando principalmente a flacidez e dor lombar. Sua localização é muito comum na região umbilical, podendo existir também supra umbilical e infra umbilical (COITINHO et al., 2019).
Os músculos do abdome têm função de estabilizar a pelve e a coluna vertebral, quanto
mais fraca estiver essa musculatura maior instabilidade articular a gestante irá apresentar,
sobrecarregando a estrutura osteomioarticular. No terceiro trimestre da gestação é nítido a
presença do afastamento do músculo reto abdominal variando de 2 a 10 cm e diminuindo no
puerpério tardio (HERPICH; MARTINS; FERNANDES, 2018).
Portanto, exercícios de fortalecimento do abdômen devem ser realizados tanto no período de pré-natal ou pós-natal para prevenir e melhorar a diástase (SOUZA; FEITOSA;
LOURENZI, 2017).
A fisioterapia desempenha um papel muito importante na diástase abdominal, promovendo um estímulo da musculatura, principalmente abdominal e pélvica, para melhora dos tônus musculares da paciente pós-parto. Através de programas de exercícios, que são realizados individualmente e adaptados de acordo com cada da paciente, a fisioterapia proporciona uma melhora significativa na recuperação da paciente no período pós-parto (MESQUITA; MACHADO; ANDRADE, 1999).
A atuação da fisioterapia na saúde da mulher especificamente na obstetrícia tem tido cada vez mais relevância, a busca por atendimento adequado e qualificado vem acompanhado dos obstáculos que encontra durante o puerpério justificando a realização deste estudo, proporcionando uma análise de técnicas realizadas no tratamento da diástase abdominal (RETT et al.,2008).
O presente artigo teve como objetivo mapear na literatura científica quais técnicas fisioterapêuticas são utilizadas para tratamento de diástase abdominal.
METODOLOGIA
O presente estudo teve caráter de revisão bibliográfica. Inicialmente, buscou ferramentas teóricas para estabelecer conceitos em torno da gestação, puerpério e diástase abdominal e a atuação da fisioterapia na mesma.
Posteriormente foi realizada uma busca nas bases de dados Scielo onde foi encontrado 3 artigos e Google Acadêmico 11 artigos.
Para a busca dos artigos foram utilizadas as seguintes palavras-chave: fisioterapia, puerpério, diástase abdominal.
Assim foi possível encontrar 20 artigos no total que falam especificamente sobre a temática, foram excluídos teses e trabalhos de conclusão de curso.
Após esta seleção, o conjunto de artigos para análise foi de 14 artigos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O quadro abaixo apresenta os artigos originais selecionados para esta produção.
Quadro 1. Mapeamento de resultados da busca de artigos científicos.
AUTOR/
ANO/
REVISTA
TÍTULO OBJETIVO METODOLOGIA RESULTADO
Mesquita, Machado, Andrade, 2000
Revista Brasileira de ginecologia e obstetrícia
Fisiotera pia para Redução
da Diástase
dos Músculos
Retos Abdomin
ais no Pós-Parto
Constatar se a intervenção fisioterapêutica
no puerpério imediato é capaz
de contribuir para a redução da diástase mais
precocemente
Tipo de estudo:
longitudinal e aleatório População: 50 puérperas
Grupo controle: n = 25 Técnica: avaliação e mensuração da diástase (6
horas e 18 horas após o parto) Grupo de tratamento
n = 25 Técnica: mesma avaliação e mensuração Protocolo de atendimento
fisioterapêutico: 6 e 18 horas
Foram realizadas técnicas de manobras de reeducação
funcional respiratória;
exercícios para estimulação dos músculos abdominais e
pélvicos; exercício de contração isométrica dos
músculos abdominais.
No período de 18 horas pós- parto, o grupo controle apresentou uma redução da diástase de 5,4% e o grupo de
tratamento de 12,5%, em relação à primeira medida (6 horas após o parto), (p<0,001, com intervalo de confiança de
99%).
Lima, 2009 Revista Fisioterapia
Brasil
Diástase dos músculos
retos abdomin
ais em puérperas
na fase hospitala
r
Mensurar a DMRA em puérperas, na Maternidade do
Hospital Satélite, e correlacionar com paridade,
idade da puérpera, peso
do recém- nascido (RN) e
sedentarismo
Tipo de estudo:
transversal, observacional População: amostra de 30
puérperas.
A multiparidade foi o que apresentou uma maior relação
ao aumento de DMRA, quando comparada ao grupo primigestas/secundigestas (p = 0,003). A média da DMRA em sedentárias foi de 3,7 cm e para as não sedentárias foi de
2,8 cm (p < 0,05)
Leite e Araújo, 2012 Revista Fisioterapia
em Movimento
Diástase dos retos abdomin
ais em puérperas
e sua relação
com variáveis obstétrica
s
Confrontar a relação entre o
valor das medidas da diástase dos abdominais com
variáveis obstétricas em
puérperas de maternidades públicas de João
Pessoa.
Tipo de estudo: pesquisa de campo, utilizando análise descritiva e de
natureza quantitativa População: Foram selecionadas 100 puérperas
de acordo com os critérios de inclusão: idade fértil, em puerpério imediato e que durante a internação não tenham recebido
atendimento fisioterapêutico para correção da diástase.
As puérperas que apresentaram a diástase eram
multíparas, multigestas, com idade entre 19 e 30 anos, tendo
seus filhos por meio de partos normais, com intervalos curtos
entre as gestações. Quanto à localização, houve maior
incidência da diástase supraumbilical associada à
separação umbilical.
Alvarenga e Ferreira, 2014
Revista Brasileira de
saúde funcional
A Intervenç
ão fisioterap êutica da prevençã
o da Diástase
do músculo
reto abdomin
al
Avaliar e tratar a possíveis complicações do
pós-parto relacionadas a musculatura do
abdomecom objetivo de realizar um trabalho educativo e preventivo para outras possíveis complicações.
Tipo de estudo:
experimental e quantitativo População: Foram escolhidas 6 gestantes para
o experimento entre a 1 e segunda semana de gestação e que não apresentasse DMRA Sessões: 10 sessões de
fisioterapia, mais a avaliação e a reavaliação
Critérios de exclusão:
Paciente que tivesse apresentado DMRA ou complicações na gestação.
Técnicas: exercícios de fortalecimento do músculo reto abdominal e exercícios
respiratórios
Comparou a avaliação da diástase do músculo reto abdominal entre os grupos das
gestantes intervenção e controle, observaram que os menores valores das medidas
abdominais foram das gestantes que passaram pela intervenção fisioterapêutica
Urbano et al., 2019 Rev Ciên
Saúde
Exercício s de fortaleci
mento para o músculo
reto abdomin
al como tratament o da diástase
pós- gestacion
al
Retratar os resultados da
prática de exercícios físicos baseados
no fortalecimento da musculatura abdominal visando redução
ou reversão da DMRA
Tipo de estudo:
levantamento bibliográfico Ano de publicação: entre
os anos de 1999 a 2018 Seleção: 38 trabalhos
iniciais Técnica: exercícios de fortalecimento, ginástica abdominal hipopressiva,
Pilates
Foi realizada uma investigação focada em apresentar e discutir
os achados da literatura referentes às principais causas
da DMRA, retratando os resultados positivos equivalentes a prática de exercícios físicos com base no fortalecimento da musculatura abdominal visando redução ou mesmo reversão desse quadro
Fonte: os autores.
O quadro abaixo apresenta os artigos de revisão bibliográfica selecionados para esta produção.
Quadro 2. Mapeamento de resultados da busca de artigos científicos de revisão literária.
AUTOR/
ANO/
REVISTA TÍTULO OBJETIVO METODOLOGIA RESULTADO Borges;
Valentin, 2002 Revista Brasileira
de Fisioterapia
Dermato- Funcional
Tratamento da flacidez e diástase do reto
abdominal no puerpério de parto normal com o uso de eletroestimulaç
ões muscular
Contribuir para uma recuperação
mais rápida e eficaz de alterações mecânicas que
incomodam a mulher física e emocionalmente
Foram selecionadas para a terapêutica três puérperas
primíparas de parto normal, saudáveis, com idade de 18, 22 e 30 anos (denominadas pacientes A,
B, e C, respectivamente) moradoras da região da Baixada Fluminense, RJ,
Mostrou resultados favoráveis que justificam
seu uso na terapêutica puerperal. Mesmo na
falta de dispositivos precisos de avaliação, foi
possível, usando a perimetria e fotos, observar melhora
com corrente de media frequência – estudo de caso.
pacientes do Hospital Universitário São José – UNIG, em Mesquita, RJ
satisfatória no quadro de flacidez que as pacientes
apresentavam, e o tratamento pôde reduzir
medidas pelo encurtamento do reto
abdominal em sua dimensão longitudinal
Vasconcelo set al., 2017
Revista Saberes
A intervenção fisioterapêutica
na diástase do musculo reto
abdominal (DMRA)
Identificar os recursos utilizados
pela Fisioterapia em obstetrícia na reabilitação da
diástase do músculo reto
abdominal.
Tipo de estudo:
Referencial bibliográfico Ano: entre os anos de
1999 a 2016 Técnicas: eletroterapia;
cinesioterapia; Pilates
Através do referencial obtido, constatou-se que
os recursos de eletroterapia, cinesioterapia, pilates e hidroterapia mostram-se
eficazes na prevenção e redução da DMRA
Souza, Feitosa, Lourenzi,
2017 Cadernos
de Graduação
ciências biológicas e
saúde
Intervenção fisioterapêutica
no tratamento da diástase abdominal pós-
parto: uma revisão de literatura
Identificar quais as intervenções fisioterapêuticas
utilizadas mais comumente no tratamento da
diástase do músculo reto abdominal no período pós-parto
Tipo de estudo: revisão de literatura com o tema proposto no período de abril a maio de 2017, onde
foram analisados estudos publicados entre os anos de
2000 a 2016, nas bases de dados PUBMED, MEDLINE, LILACS, Scielo e PEDro. Foram excluídos estudos que não
especificaram o tipo de intervenção fisioterapêutica utilizada e
que não permitiram o acesso ao texto completo e incluídos os artigos do tipo ensaio clínico, em língua
inglesa e portuguesa.
Foram encontrados 20 artigos, dos quais 07
apresentavam características para serem
incluídos no trabalho.
Entre os artigos incluídos, 05 estudos
utilizavam a cinesioterapia por meio
de exercícios de educação respiratória diafragmática, contração
dos músculos abdominais, estimulação dos músculos pélvicos e movimentos de flexão
anterior do tronco, abdução de ombros e flexão de cotovelos. A
eletroestimulação e a ginástica abdominal hipopressiva também mostraram resultados favoráveis no tratamento
da DMRA
Bom-Fim 2018 Revista Uni
America
Efeito do método pilates
no tratamento de mulheres com diástase do músculo reto
abdominal
O presente estudo tem como objetivo foco apresentar os resultados do
protocolo de atendimento
baseado no método Pilates
Tipo de estudo:
observacional População: 12 pacientes
Técnica: exercícios de fortalecimento, Pilates
A amostra foi constituída por 12
participantes que apresentaram a mediana
de período pós- gestacional de 8,5 meses
(± 7.4)
Coitinho et al., 2019
Revista Fasem
Eficiência dos tratamentos fisioterapêutico s para a diástase do músculo reto abdominal no
Verificar a eficiência dos
tratamentos fisioterapêuticos na reabilitação da
diástase do
Tipo de estudo: Foi realizado um levantamento
bibliográfico nas bases de dados Google Scholar e
SciELO
Inicialmente foram encontrados 135 artigos.
Após leitura de títulos, resumos, palavras-chave
e classificação pelos critérios de inclusão
puerpério: uma revisão integrativa
músculo reto abdominal (DMRA) no
puerpério
Ano do estudo: entre os
anos de 2008 a 2018 foram selecionados 5 artigos
Rodrigues et al.,
2021 Revista Brasileira de Revisão
de Saúde
Aspectos físicos, dor
lombar e diástase abdominal em
gestantes
Verificar a associação entre a
DMRA, aspectos físicos e dor
lombar.
Tipo de estudo: Estudo transversal, de caráter
observacional.
População: Foram incluídas primigestas, de
18 e 40 anos, com acompanhamento
obstétrico Ano: de agosto de 2016 a
abril de 2017.
Observou-se prevalência de DMRA em 63,3% das gestantes, correlações positivas entre IMC e DMRA, CA e DMRA,
CA e dor lombar e DMRA e dor lombar das
gestantes. O IMC influenciou negativamente na DMRA. Conclusão: Este
estudo permite inferir que existe associação entre a tríade DMRA, aspectos físicos e dor lombar em primigestas.
Paiva et al., 2020 Revista Brasileira de Revisão
de Saúde
Efeito do Pilates na diástase em
gestantes
Quantificar a DMRA antes e após o método
Pilates
Tipo de estudo: Ensaio clínico, de coorte longitudinal e caráter quantitativo. População:
Composto por 9 gestantes faixa etária: entre 18 e 40
anos, entre 16 e 30 semanas de gestação.
Técnica: As gestantes realizaram 10 sessões de
Pilates, duas vezes por semana, por 40 minutos.
Exercícios de Pilates, thera-band; alongamentos;
fortalecimentos.
As gestantes apresentaram uma maior
DMRA na região umbilical e o método Pilates não obteve efeito na redução desta DMRA
durante a gestação.
Fonte: os autores.