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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO ESCOLA PAULISTA DE POLÍTICA, ECONOMIA E NEGÓCIOS

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO  ESCOLA PAULISTA DE POLÍTICA, ECONOMIA E NEGÓCIOS            A EFETIVIDADE DA REDE DE CUIDADOS À SAÚDE DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA                    Marcelo Capelini da Silva  Orientador: Prof. Dr. Celso Takashi Yokomiso          Osasco  2021 

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO  ESCOLA PAULISTA DE POLÍTICA, ECONOMIA E NEGÓCIOS            A EFETIVIDADE DA REDE DE CUIDADOS À SAÚDE DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA               

Trabalho  de  Conclusão  de  Curso  apresentando  à  Universidade  Federal  de  São  Paulo  como  requisito  para  aprovação  no  curso  de  Bacharelado  em  Ciências  Atuariais.  

Orientador:  Prof.  Dr.  Celso  Takashi  Yokomiso        Osasco  2021 

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Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou  eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte. Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Unifesp Osasco  e Departamento de Tecnologia da Informação Unifesp Osasco,  com os dados fornecidos pelo(a) autor(a) S586e SILVA, Marcelo Capelini da        A efetividade da rede de cuidados à saúde da pessoa com deficiência / Marcelo Capelini da Silva. ­ 2021.        24 f.         Trabalho de conclusão de curso (Ciências Atuariais) ­ Universidade Federal de São Paulo ­ Escola Paulista de Política, Economia e Negócios, Osasco, 2021.        Orientador: Celso Takashi Yokomiso.        1. Pessoa com deficiência. 2. Saúde pública. 3. Inclusão social. 4. SUS. I. Yokomiso, Celso Takashi, II. TCC ­ Unifesp/EPPEN. III. Título.        CDD: 351

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3 LISTA DE SIGLAS    RCPD – Rede De Cuidados à Saúde Da Pessoa Com Deficiência  PCD – Pessoa com Deficiência  SUS – Sistema Único de Saúde  CDPD – Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência  ONU – Organização das Nações Unidas  IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística  EPCD – Estatuto da Pessoa com Deficiência  PNEE – Política Nacional de Educação Especial  PNH – Política Nacional de Humanização  CEO – Centro de Especialidade Odontológica  PEC – Proposta de Emenda à Constituição  RAS – Redes de Atenção à Saúde                         

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4 RESUMO 

Com  a  latente  queda  na  diligência  brasileira  em  relação  a  causas  sociais,  faz­se  necessário  analisar  as  medidas  vigentes  e  o  impacto  de  suas  ações.  O  presente  trabalho busca justamente contribuir para o tema ao conduzir discussões sobre a saúde  da pessoa com deficiência no Brasil, especificamente no que tange a Rede de Cuidados  à Saúde da Pessoa com Deficiência. Por meio da literatura referente ao tema pode­se  depreender que a atuação da RCPD está aquém das possibilidades e necessidades da  população alvo. Apresenta­se um quadro de atendimento na capacidade máxima das  unidades,  sem  espaço  para  um  acompanhamento  contínuo  de  reabilitação  e  cujos  equipamentos não satisfazem as condições devidas. Há uma conexão construtiva entre  comunidade  e  os  profissionais  atuantes,  porém  extremamente  limitada  e  abaixo  do  potencial de desenvolvimento.  A falta de transparência em relação aos investimentos  específicos  na  RCPD  é  a  grande  barreira  elucidada  pelo  estudo,  onde  apenas  uma  revisão de materiais sobre o assunto já possibilitou o entendimento da conjuntura. O  cenário verificado é de sucateamento, congelamento de investimentos e direcionamento  estratégico incongruente com os direitos da pessoa com deficiência.  

Palavras­chave: RCPD, Pessoa com Deficiência, PCD, Saúde Pública, Inclusão  Social, SUS.  

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5 SUMÁRIO  1. INTRODUÇÃO ...6 2. EVOLUÇÃO NORMATIVA NO BRASIL ...8 2.1. ASPECTOS GERAIS ...8 2.2. SAÚDE: INSTITUIÇÃO DA RCPD ...10 3. A ATUAÇÃO DA RCPD E DESAFIOS ...11 4. ASPECTOS ORÇAMENTÁRIOS ...16 CONSIDERAÇÕES FINAIS...20 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...22                                  

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6 1.  INTRODUÇÃO 

 

De acordo com o Artigo 1º da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com  Deficiência (CDPD), pessoas com deficiência são aquelas que:  

Têm  impedimentos  de  longo  prazo  de  natureza  física,  mental,  intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras,  podem  obstruir  sua  participação  plena  e  efetiva  na  sociedade  em  igualdades de condições com as demais pessoas. (CDPD, 2006).  Tal  convenção  realizada  pela  ONU  tornou­se  marco  da  ampliação  e  padronização das normas mundiais destinadas à população PCD, mesmo que para o  caso do Brasil tenha havido significativo atraso na adaptação. 

Para  além  de  diretrizes  específicas,  são  destacadas  questões  como  o  direito  inalienável  da  dignidade  humana,  a  autonomia  de  decisões  da  população  com  deficiência  e  da  própria  necessidade  de  identificação  da  diversidade  dentro  da  população  PCD.  Pessoas  com  deficiência  são  heterogêneas  tanto  nos  aspectos  fundamentais de suas deficiências como em relação à gênero, raça, religião, etc. 

Há  ainda  um  preponderante  elemento  social  nesse  cenário.  Se  para  países  desenvolvidos questões como acessibilidade já seriam um desafio, em casos como o  brasileiro sobram complicações. Percalços econômicos motivados pela vulnerabilidade  desse  grupo  tendem  a  ser  agravados  devido  a  problemas  como  infraestrutura  inadequada,  ampla  extensão  territorial  e  concentração  de  riqueza  em  determinadas  regiões. 

Segundo o IBGE, a proporção de pessoas com deficiência no Brasil é de cerca  de  24%,  sendo  7%  pessoas  com  grande  ou  total  dificuldade  para  enxergar,  ouvir,  caminhar  ou  subir  degraus  (somados  com  pessoas  com  deficiência  mental  ou  intelectual). Logo, se apresentam cenários distintos de representação na população total  por  parte  das  PCDs  por  consequência  da  conceituação  das  características  dos  indivíduos examinados. 

Tal  problemática  do  Brasil  se  origina  da  ausência  de  definição  social,  com  conflitos  na  própria  legislação  vigente  no  país  até  a  implementação  do  Estatuto  da  Pessoa com Deficiência (EPCD, lei no.13.146/2015). A Constituição Federal de 1988,  carta magna do país, não definia quem seriam as “pessoas portadoras de deficiência”, apesar  de  enumerar  seus  direitos.  Essa  condição  seria  uma  forma  de  introduzir 

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7 elementos  protetivos  a  ninguém,  dado  que  não  há  afirmação  do  público  que  será  afetado. 

Consequentemente, as garantias sem destino passariam a excluir novamente a  população PCD, já que “a condição de excluído consiste na ausência de uma lei que se aplique a ele” (BAUMAN, 2005). A adoção do termo  “os excepcionais” no revogado inciso  III  do  Art.  4º  da  CC/2002  vai  ao  encontro  dessa  reflexão,  ao  utilizar  uma  significação completamente incongruente e inócua. 

As  políticas  e  leis  voltadas  à assistência  e  saúde  da PCD deveriam convergir  para  a  humanização  e  consequente  inserção  social  dos  indivíduos,  de  modo  a  desenvolver a autonomia de cada um para exercer sua cidadania.  

Na mesma medida, tais ações devem preconizar o empoderamento do cidadão  e combater o capacitismo latente no ambiente social, entendido por Vendramin (2019)  como “a leitura que se faz a respeito de pessoas com deficiência, assumindo que a condição corporal destas é algo que as define como menos capazes”, impactando diretamente no sentimento de pertencimento e da absorção do conceito de diversidade.  Combater o referido capacitismo significa dissociar o convívio social da PCD do  caráter de exceção. O conceito de inclusão pode ser facilmente desvirtuado em ações  que entendem a acessibilidade universal como um elemento além do comum, quando  na realidade é um direito básico.                    

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8 2.  EVOLUÇÃO NORMATIVA NO BRASIL 

2.1. ASPECTOS GERAIS   

Os mecanismos de proteção e garantia de direitos às pessoas com deficiência  no  Brasil  têm  se  desenvolvido  amplamente  nas  últimas  décadas,  principalmente  da  ocorrência da CDPD até o ano de 2016, onde se altera o perfil de governança do país.  A partir do marco da CDPD, os conceitos que visam a equidade e empoderamento desta  população ganharam maior padronização entre os países (principalmente no arcabouço  legal). 

Com a implementação no Brasil do Estatuto da Pessoa com Deficiência (EPCD,  lei  no.13.146/2015),  finalmente  houve  a  legitimação  do  novo  padrão  legislativo  apresentado  em  2008.  Tal  padrão  busca  a  garantia  de  direitos  sem  deslegitimar  a  autonomia do indivíduo PCD nas tomadas de decisão. 

Há de se notar que apenas neste momento o termo “Pessoa com Deficiência” passou  a  ser  aplicado  de  maneira  institucionalizada.  A  legislação  vigente  até  então  apresentava conceitos  que  ferem  a visão  social  do  indivíduo  PCD como  autônomo  e  capaz. 

Como  extensão  aos  direitos  assegurados  às  PCD,  os  acompanhantes  ou  atendentes pessoais passam a ter previstas garantias durante os processos realizados  pelos órgãos responsáveis. A título de exemplo, em caso de necessidade de locomoção  do paciente PCD são garantidos transporte e acomodação de acompanhantes. 

Paralelamente  à  instituição  do  EPCD,  a  norma  ABNT  NBR  9050/2015  estabelece padrões técnicos aos projetos do âmbito de condições de acessibilidade com  maior sincronia em relação ao contexto mundial do tema. Tal documento apresenta não  somente diretrizes no tocante a ações voltadas à infraestrutura, como também visa um  papel pedagógico voltado aos profissionais da área.  

Quanto à efetividade do texto, BERNARDI (2020) disserta que há uma falha no  atingimento  da  ideia  de  que  a  atuação  técnica  deve  atender  a  todos  os  indivíduos,  recaindo na essência reativa de adaptar um ambiente comum já infectado pela falta de  diversidade. 

O  tratamento  humanizado  e  inclusivo  da  PCD  implica  na  visão  social  da  eliminação de barreiras para a existência digna. A falta de acessibilidade para toda a  população seria a causa do problema, não a deficiência de determinado indivíduo. As 

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9 diferenças entre os membros da sociedade existem e é papel do Estado possibilitar a  execução  dos  direitos  e  liberdades  de  cada  um.  Vale  citar  que  são  adicionadas  tipificações de crimes resultantes de preconceito.  

Em  continuidade  a  esse  conceito  há  uma  valorização  da  abordagem  pedagógica inclusiva, onde o conceito de educação apartada  das PCDs (segregação  para  ensino  especializado)  é  substituído  por  métodos  de  inclusão  garantidores  da  universalização do acesso ao ensino regular. Novamente é aplicada a questão de tornar  a pessoa com deficiência parte do todo, implementar seus direitos em sua essência.  Em conformidade com esta abordagem, verifica­se por meio do Censo Escolar  de 2020 um aumento no percentual de alunos com deficiência matriculados em classes  comuns. Para alunos de 4 a 17 anos houve o alcance da marca de 93,3% de alunos  com deficiência matriculados em classes comuns, crescente em relação aos 89,5% de  2016.   Quanto ao total de alunos matriculados na educação especial, também houve  crescimento, no valor de 34,7%. Verificamos assim uma maior viabilização da educação  da pessoa com deficiência no todo. O crescimento em ambos os tipos de classe acentua  o conflito de visões do método de educação, mas sem apresentar resultados concretos  para a temática. 

No  que  tange  as  medidas  voltadas  ao  tema,  no  ano  de  2020  é  instituída  a  Política Nacional de Educação Especial Equitativa (PNEE), inclusiva e com aprendizado  ao  longo  da  vida.  Tal  política  se  distancia  do  movimento  inclusivo,  com  planos  de  justamente retomar ações de tratamento especial. 

Vale  ressaltar  que  no  corpo  do  documento  de  transição  entre  abordagens  é  constantemente  acionada  a  ideia  de  embasamento  técnico  na  decisão.  É  indicada  ausência de resultados positivos na abordagem inclusiva até então e são mencionados  autores que não verificaram efetividade em tais medidas.  

Entretanto,  a  ideia  de  adoção  de  profissionais  especializados  no  ensino  de  pessoas com deficiência, argumento central da discussão, também é vital na abordagem  inclusiva.  

A visão  apresentada  por  KAUFFMAN  (2014)  não aponta  diretamente para o  caminho de segregação, apenas destaca que o ensino unicamente inclusivo não obterá  sucesso na instrução adequada dos estudantes de acordo com suas características e  necessidades. Logo, as próprias tentativas de justificativa do texto falham, dado que a 

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10 principal  citação  apenas  descreve  que  uma  educação  inclusiva  falha  se  não  tiver  a  capacitação para lidar adequadamente com os alunos.  

Para Lima (2020), o PNEE (BRASIL, 2020) seria um “retrocesso histórico no tocante à remoção de barreiras dos educandos com deficiência ao direito de frequentar  a escola regular”, onde uma espécie de redoma separatista de “aptos e inaptos” vigoraria.   A deficiência de um indivíduo deveria ser compreendida apenas como parte da  sua condição humana, e não como fator de exclusão e segregação de suas atividades  sociais.  2.2. SAÚDE: INSTITUIÇÃO DA RCPD   

Sedimentar  o  ambiente  inclusivo  de  auxílio  imediato  e  posterior  desenvolvimento social da população PCD exige alto grau de articulação e organização  das esferas responsáveis. Para tanto, o decreto Nº 7.612, de 17 de novembro de 2011,  institui  o  Plano  Nacional  dos  Direitos  da  Pessoa  com  Deficiência  (Plano  Viver  sem  Limite). 

Em linhas gerais, o plano visa legitimar os direitos das pessoas com deficiência  pela integração e articulação dos dispositivos disponíveis. Especificamente no âmbito  de saúde, o plano impacta na instituição da denominada Rede de Cuidados à Pessoa  com Deficiência (RCPD). 

Por  meio  da  portaria  Nº  793  de  24  de  abril  de  2012  a  instituição  da  RCPD  representa um marco para a saúde das pessoas com deficiência no Brasil. Até então  não  havia  desenvolvimento  especializado  e  estruturado  de  ações  em  saúde,  mesmo  com a complexidade e diversidade da população alvo. 

Entre  os  pilares  da  RCPD,  estão  ações  de  identificação  precoce  de  deficiências,  tratamento  intersetorial  dos  usuários  e,  principalmente,  reabilitação  dos  indivíduos (articulada com a Assistência Social e com a sociedade civil). 

A Rede funciona como parte do Sistema Único de Saúde, certificando o direito  universal, de qualidade e gratuito para os cidadãos com deficiência.  

   

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11 3.  A ATUAÇÃO DA RCPD E DESAFIOS 

 

A  ação  de  um  profissional  da  RCPD  deveria  ocorrer  por  meio  de  uma  abordagem adequada de acordo com o indivíduo impactado, uma vez que a população  afetada é extremamente heterogênea; de uma solução da forma mais eficiente possível  do motivo de acionamento e, como elemento primordial, da continuidade de ações para  integração e desenvolvimento da PCD. 

Esses  tipos  de  medidas  só  seriam  possíveis  com  a  devida  capacitação  dos  trabalhadores,  onde  estariam  englobados  tanto  os  aspectos  comportamentais  dos  indivíduos responsáveis pela aplicação das ações quanto os instrumentos utilizados. 

Portanto, uma consulta de rotina onde médico e paciente não conseguem se  comunicar de maneira eficiente não deveria ocorrer. Nóbrega (2017) verifica que tal tipo  de  evento  é  comum  no  cotidiano  de  atendimento  de  pacientes  surdos,  nos  quais  normalmente os médicos responsáveis não possuem conhecimento suficiente da língua  brasileira de sinais e faltam intérpretes para realizar a intermediação.  

O  resultado  do  despreparo  das  unidades  é  a  ocorrência  de  tratamento  inadequado de pacientes e constante constrangimento dos usuários. Logo, o emprego  de  profissionais  sem  o  grau  correto  de  especialização  acaba  por  colocar  em  risco  a  saúde direta do paciente (tratamento disfuncional) e sua saúde mental (exposição a um  ambiente não inclusivo e extremamente intrusivo). 

Como possível meio de mitigação do problema, Nóbrega (2017) verifica que o  investimento  em  intérpretes  de  língua  de  sinais  seria  adequado.  Hoje  é  prevista  a  existência desses profissionais nas unidades de tratamento, porém isso não ocorre em  100%  dos  casos.  A  capacitação  de  mais  profissionais  e  de  maneira  apropriada  ao  ambiente da medicina causaria impacto positivo nos tratamentos.  

Mesmo assim, o cenário de aumento significativo no contingente de intérpretes  pode  não  ser  efetivo  na  resolução  do  problema.  Ter  funcionários  capazes  de  utilizar  adequadamente  a  língua  de  sinais  (fato  estritamente  técnico)  não  significa  necessariamente que eles estejam preparados para o atendimento, dado que o púbico  alvo  estará  constantemente  em  situação  de  extrema  fragilização,  em  que  o  fator  psicossocial  é  fundamental.  Os  próprios  profissionais  da  saúde  devem  receber  uma  formação com direcionamento para atendimento humanizado.  

Neste contexto, no ano de 2003, foi instituída pelo SUS a Política Nacional de  Humanização  (PNH)  justamente  visando  a  valorização  dos  usuários  por  meio  da 

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12 qualificação  dos  trabalhadores.  Entre  os  pilares  da  política  estão  as  diretrizes  de  acolhimento da população alvo (utilização de escuta qualificada para garantir acessos  de  acordo  com a  necessidade específica  daquele  indivíduo),  de Cogestão/Ambiência  (participação  ativa  do  usuário  nos  direcionamentos)  e  valorização  do  trabalhador  (diálogo direto com participação nas tomadas de decisão). 

Mesmo  sem  ser  verificada  a  efetividade  da  PNH  para  a  população  PCD,  a  existência de tais diretrizes deveria fomentar maior articulação entre os profissionais das  áreas para difusão de conhecimento. A autonomia de cada agente e a valorização da  contribuição de cada um para o desenvolvimento do todo são justamente pontos  com  destaque na PNH que merecem atenção especial. 

Dando  continuidade  ao  ponto  da  capacitação  de  atendimento,  quanto  ao  aparato técnico de tratamento, de forma semelhante, encontram­se muitos desafios. No  cenário de pacientes com sequelas neurológicas, Machado (2018) identifica a ausência  de  material  adequado  para  tratamento  odontológico.  A  aplicação  de  anestesia  geral,  necessária  para  o  tratamento  odontológico  desses  indivíduos,  não  é  suportada  pelo  Centro de Especialidade Odontológica (CEO).  

Novamente, as unidades onde deveriam ocorrer atendimentos especializados  com  aplicação  de  fato  do  direito  universal  à  saúde  ficam  estagnadas  pela  falta  de  preparo. Os usuários sofrem com mais uma forma de exclusão e nem mesmo no centro  especializado é oferecido tratamento adequado. 

Este  ponto  se  mostra  crucial  no  desenvolvimento  dos  tratamentos  por  ferir  diretamente a relação dos pacientes e dos familiares com o sistema que deveria zelar  por eles. No caso de pacientes que, na sequência estejam fadados à um atendimento  genérico, temos claramente uma quebra no ciclo de inclusão e frustração do envolvidos.   Eventuais situações, como a citada anteriormente a respeito do CEO exigem a  efetividade de outro elemento fundamental na RCPD: a articulação de suas faces. No  referido caso, os pacientes deveriam ser encaminhados para o local adequado para o  tratamento, sendo este especializado no tratamento de PCD ou não.   Entretanto, para autores como Machado (2018) a integralidade do sistema é  falha. O tratamento eficiente do indivíduo deveria ocorrer por meio de ações contínuas,  onde  após  o  tratamento  de  fato  haveria  orientação  acerca  dos  cuidados  a  serem  tomados  e  principalmente  da  reabilitação.  Machado  (2018)  ressalta  que  muitos  pacientes  deixam  de  receber  orientações  básicas  sobre  cuidados  domiciliares  ou  mesmo sobre sua contínua reabilitação.  

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13 Há  ainda carência  de orientações  fundamentais  para pessoas  envolvidas  na  continuidade do tratamento: os familiares. Hospitais deixam de oferecer uma adequada  instrução para estes indivíduos e, consequentemente, perdem força na manutenção de  tratamento e abalam sua relação com os usuários. 

Temos  envolvidos  três  elementos  fundamentais  no  tratamento:  paciente,  familiar e profissional. Dada a natureza de maior continuidade da relação entre familiar  e paciente, não seria claramente de vital importância a inclusão desse indivíduo no ciclo  do tratamento? 

Neste  ponto  visualizamos  um  sistema  desconexo  e,  de  certo  modo,  fragmentado. A RCPD carece, segundo Machado (2018), de profissionais “capazes de implementar  instrumentos  que  possam  assegurar  acesso  a  cuidados  e  assistência  integral, interdisciplinar e intersetorial”.  

O  autor  ainda  conclui,  no  âmbito  de  reabilitação,  que  nossa  atuação  se  caracteriza pela “fragmentação e descontinuidade assistencial” com  fragilidade  na  gestão do sistema e necessidade de maior articulação das ações. 

Claramente  podemos  ver  o  ferimento  das  diretrizes  da  PNH,  citada  anteriormente.  A  cogestão  e  valorização  do  trabalhador  deixariam  de  existir  nesse  ambiente  onde  não  há  ação  conjunta  dos  profissionais  de  áreas  distintas.  Um  profissional alienado em suas funções não exerce seu papel como devido ao lidar com  assuntos de caráter socialmente sensível. 

A ausência de ações contínuas de reabilitação dos indivíduos, por outro lado,  não consiste na inexistência de qualquer articulação com a comunidade. Há, segundo  Dubow (2018), uma espécie de “rede viva” na RCPD, mantida pela constante construção tecida tanto pelos colaboradores como pelos usuários (parceria eficiente). 

Esta “rede viva” abrange as formas de criação de conexão de grupos, tanto no âmbito  coletivo  quanto  individual,  e  seus  impactos  sociais.  Em  contrapartida  com  o  apresentado por Machado, o estudo de Dubow (2018), referente à 28ª Região de Saúde  do Rio Grande do Sul, nota considerável integralidade entre o trabalho dos profissionais,  com constante troca de informações.  

Nos  próprios  pontos  de  limitação  dos  serviços  da  RCPD  são  visualizados  aspectos positivos, onde a triagem e a orientação dos usuários no fluxo da rede atendem  as expectativas dos pacientes. 

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14 Como  ponto  de  atenção  regional,  no  entanto,  é  destacada  a  questão  de  investimentos e suas implicações. Para indivíduos com deficiência visual não há serviço  de referência especializado. A falta de uniformidade entre as possibilidades para cada  deficiência certamente não é exclusiva dessa região. Os profissionais ficam reféns das  limitações locais e os pacientes são submetidos a situações degradantes.  

Ainda  sobre  investimentos,  surge  uma  interseção  entre  os  estudos  de  MACHADO e DUBOW. A segunda autora verifica que nos casos onde foi identificada  falta de integração entre áreas da RCDP havia ocupação máxima dos equipamentos de  saúde. 

Não  realizar  incrementos  de  investimentos  proporcionais  ao  crescimento  de  sua atuação implica em sobrecarga de atividades. Consequentemente os profissionais  acabam exaustos, sem espaço para criarem as relações de comunidade essenciais no  mecanismo como um todo e, principalmente, reduzindo a qualidade do acolhimento ao  usuário.  Do  mesmo  modo  que  os  investimentos  devem  suprir  as  necessidades  direcionadas para as ações básicas, deveriam promover ações além. Não basta tratar  os  problemas  finais,  é  necessário  viabilizar  as  conexões  sociais  para  eliminar  a  possibilidade de reincidência dos problemas, eliminando concretamente custos futuros.  Retomando o ponto do atendimento de deficientes visuais no Rio Grande do  Sul,  Dias  (2020)  averigua  que  o  oposto  ocorre  em  Minas  Gerais.  A  autora  nota  alta  concentração  de  unidades  de  atenção  da  pessoa  com  deficiência  intelectual,  com  ausência de equipamentos para atender as demais.  

Caso as situações de Minas Gerais e Rio Grande do Sul se assemelhem ao  resto  do  país,  claramente  a  questão  de  regionalização  dos  serviços  é  de  urgência  extrema.  A  especialização  desequilibrada  de  cada  local  pode  acabar  por  causar  necessidades de locomoção dos usuários, o que se afasta dos objetivos propostos pela  PNH e dos princípios do SUS. 

Entretanto,  especificamente  para  Minas  Gerais,  existem  outros  problemas  latentes. Segundo Dias (2019), elevados tempos de espera para o tratamento frustram  os  usuários  da  região.  Mais  uma  vez  o  problema  está  diretamente  associado  ao  orçamento que não comporta o volume de atendimentos suportado por cada local.  O  grau  crítico  da  situação  pode  ser  visto  no  fato  de  25%  dos  usuários  avaliarem  negativamente os atendimentos recebidos. 

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15 A  autora  apresenta  ainda  um  aspecto  extremamente  interessante  para  o  entendimento  da atuação específica  de cada  região:  as  características  da  população  atendida.  

Dias (2019) descreve a predominância de homens brancos entre os pacientes,  com idade média de 28,6 anos. Além da idade média já ser baixa, 50% dos usuários  tem  menos  de  14  anos.  Compreender  a  população  afetada  pelos  serviços  pode  apresentar soluções específicas para o local, mas não deve significar atuações somente  para o indivíduo médio. Mais estudos voltados ao tema edificariam o debate do tópico.  A  alta  heterogeneidade  das  características  das  pessoas  com  deficiência  e  o  fato  da  própria  luta  desta  população  ser  direcionada  à  universalidade  de  direitos  denota  a  necessidade de disponibilização de serviços adequados a todos, impreterivelmente. 

Considerando  toda  essa  dinâmica  de  atuação  da  RCPD,  foram  identificados  então 4 aspectos que carecem de atenção especial: a capacitação das unidades e dos  profissionais  atuantes  das  redes,  a  integração  dos  trabalhos  de  cada  unidade  e  o  relacionamento  com  os  usuários.  O  impacto  latente  de  limitações  orçamentárias  nos  conceitos  apresentados  associados  a  alteração  de  direcionamento  estratégico  evidenciada  no  capítulo  anterior,  acabam  por  apontar  para  um  cenário  prejudicial  à  constante evolução do funcionamento da RCPD.                         

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16 4.  ASPECTOS ORÇAMENTÁRIOS 

 

No  que  se  refere  a  destinação  de  recursos  as  esferas  socioassistenciais,  o  Brasil encarou uma gradativa evolução após a constituição de 1988, principalmente no  período  subsequente  à  virada  de  século,  quando  o  país  alcançou  patamares  nunca  antes observados. 

Crescimento  econômico  e  avanços  de  movimentos  sociais  acabaram  por  impulsionar o país ao máximo de seu potencial. A conjuntura economicamente próspera  era causa e efeito das conquistas históricas na seguridade, de modo a que se tornasse  improvável dissociar os dois conceitos. 

Entretanto, os rumos do país são agressivamente alterados no ano de 2016,  quando  o  comando  do  país  é  assumido  por  Michel  Temer,  após  a  queda  da  então  presidente Dilma Rousseff.  

O  direcionamento  do  país  passa  a  se  calcar  em  um  orçamento  enxuto  e  limitado, em um grande retrocesso em comparativo ao período anterior. Evidencia­se a  guinada liberal brasileira com a instauração do novo regime fiscal, calcado nas diretrizes  da Emenda Constitucional 95/2016 culminando na PEC 55/2016. Tal medida objetivou  um corte nos gastos principalmente relativos a saúde e educação, mascarados como  contingenciamento temporário e emergencial por 20 anos.  

Nesse  cenário  os  recursos  das  duas  esferas,  que  encaravam  incrementos  substanciais todos os anos, passariam a ter seu piso decretado pelo investimento no  ano  posterior  à  PEC.  Nos  anos  subsequentes  este  valor  seria  ajustado  apenas  pela  inflação, sem acompanhar devidamente o crescimento econômico do PIB do país. 

Na visão de ROSSI (2016), a PEC se tratava de uma medida de desvinculação  de saúde e educação do orçamento, dado que o novo regime em si não exigiria uma  emenda. Quanto ao impacto a longo prazo nos investimentos, o autor define o cenário  pós emenda como de um “piso deslizante”. 

Isso se deve ao fato da variação anual deixar de seguir o crescimento do PIB.  Em suma, haverá incremento mínimo, de modo que duas esferas passarão a ocupar  uma proporção cada vez menor do orçamento.  

As  projeções  apresentadas  na  obra  Austeridade  e  Retrocesso:  Finanças  Públicas e Política Fiscal no Brasil corroboram para este ponto, ao inferirem que 18% 

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17 do PIB destinado à saúde em 2016 poderia se tornar apenas 12% em 2036, na ótica da  emenda constitucional. 

Fica  evidenciado,  dessa  forma,  o  desmonte  das  conquistas  realizadas  nas  políticas  públicas  nos  últimos  20  anos.  O  enfoque  do  país  mudou,  dado  que  o  desenvolvimento dos aspectos básicos para a população poder exercer seus direitos  fundamentais foi deixado de lado.  

Com a alteração de liderança, o movimento de retrocesso social para entrada  de uma agenda liberal calcada no corte de gastos e sucateamento de políticas públicas  ganhou força. Além da PEC 55, citamos anteriormente o próprio alinhamento estratégico  da educação  no  âmbito  de ensino especial.  Para  a saúde vemos um  cenário  similar,  com  divergências  entre  os  entendimentos  de  cada  entidade  responsável,  conforme  citaremos posteriormente. 

Ao nos debruçarmos no entendimento do financiamento da RCPD, seu ajuste  em relação ao SUS é fundamental, dada a simbiose entre ambos. Neste âmbito, Dubow  (2018) identifica que há desacordo entre os objetivos com o SUS. 

Realizar  tratamentos  emergenciais  e  principalmente  de  alta  densidade  tecnológica geram custos extremamente elevados. Por isso, a saúde caminha cada vez  mais para tratamentos preventivos, onde há custo com todos, porém inferiores ao que  ocorreria em casos de necessidade. 

Esta conclusão não é exclusiva da esfera pública. As próprias operadoras de  planos  de  saúde  identificaram  a  relação  benéfica  entre  investimentos  preventivos  e  custos.  Além  do  ganho  na  imagem  da marca  em  relação  ao  usuário,  os  tratamentos  mais utilizados passam a ser os menos custosos. 

Apesar  de  claramente  ser  mais  benéfico  ao  sistema  o  enfoque  em  medidas  preventivas, não é o que se verifica para o Sistema Único de Saúde. Para Dubow (2018),  a  falta  de  alinhamento  entre  o  SUS  e  as  Redes  de  Atenção  à  Saúde  (RAS)  estaria  relacionada  justamente  ao  fato  das  redes  entenderem  a  vantagem  de  tratamentos  precoces.  Nos primeiros capítulos foi apresentado que para a população com deficiência  o tratamento precoce é justamente um dos pilares no tratamento. Identificar o mais cedo  possível a deficiência de uma pessoa tende a elevar sua qualidade de vida em todos os  sentidos, dado que nesse cenário é possível destinar os recursos corretos para aquele  indivíduo. 

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18 Verificamos nesse aspecto o quanto se ganha em eficiência ao trabalhar com  análises  prévias.  Uma  saúde  essencialmente  exercida  após  a  ocorrências  de  enfermidades pode ser considerada como reativa, dado que aguarda a ocorrência de  problemas e só então age. Essa reatividade no âmbito da saúde torna os problemas  mais complexos, necessitando de uma solução mais elaborada e, consequentemente,  mais cara. 

Considerando  o  cenário  de  desmonte  de  políticas  públicas,  as  medidas  corretas são aquelas eficientes, onde a relação custo benefício é baixa. Desta forma,  estrategicamente é nocivo ao sistema o direcionamento de tratamentos complexos em  detrimento de preventivos. 

Como  atualmente  as  formas  de  tratamento  precoce  não  são  amplamente  fomentadas,  o  quadro  problemático  acaba  por  extrapolar  a  esfera  de  saúde.  Um  indivíduo  fragilizado  acaba  por  sofrer  em  educação  e,  principalmente,  com  as  implicações sociais disso. 

Segundo o Observatório Municipal da Pessoa Com Deficiência da cidade de  São Paulo, apenas cerca de 17,8% dos usuários do Programa de Inclusão Econômico  possuíam formação superior completa ou pós­graduação. Tal proporção indica o grau  de  exceção  da  formação  superior  para  esta  população,  um  dado  extremamente  preocupante.  Uma consequência direta deste ponto é a situação econômica média. Grau de  escolaridade tem em média uma relação com condição financeira, dado que implica na  capacidade técnica do indivíduo. São mais de 1,3 milhão de famílias em situação de  pobreza em São Paulo, onde mais de 60% tem faixa de renda familiar inferior a meio  salário mínimo. No caso de pessoas com transtorno mental o cenário é o mais grave,  onde a renda mensal familiar média é de 434 reais.  Como resposta a esses indicadores, por exemplo, a prefeitura de São Paulo  aposta em metas de triplicar os estágios para estudantes com deficiência na prefeitura  e ampliar a atuação do Contrata SP, programa de fomento de empregos para toda a  população.  Fica latente com esta digressão a forma de melhoria concreta nas condições  de  vida  da  população  PCD:  ações  intersetoriais.  Para  eficiência  em  medidas  de  reabilitação se faz necessário integrar educação, saúde e assistência. 

Neste  ponto,  o  fomento  de  ações  conjuntas  comandadas  pelo  SUS  é  fundamental. No caso de pacientes que entram no sistema em busca de atenção básica, 

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19 o  direcionamento  para  instituições  para  capacitação  educacional  ou  para  centros  de  referência se faz necessário enquanto medida de reinserir um cidadão no pleno gozo  de seus direitos.    A disponibilização de formas de capacitação da pessoa com deficiência permite  que, de maneira autônoma, o indivíduo possa exercer seu direito ao trabalho, ao lazer,  ao convívio social. O quadro de paciente verificado na entrada dessa pessoa no sistema  é tratado no ponto de saúde, mas não termina nesse momento.    Reabilitar implica em apresentar as ferramentas de reestabelecimento daquele  cidadão, capaz como todos os outros de realizar todas as ações que se dispuser a fazer,  dentro dos limites da lei. É papel do Estado possibilitar a existência autônoma e digna  de todos os cidadãos do país.                                    

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20 CONSIDERAÇÕES FINAIS 

 

Por  meio  de  toda  a  discussão  apresentada  por  este  trabalho  pudemos  compreender a dimensão e complexidade da atuação da RCPD no Brasil, bem como  sua  vital  importância  no  avanço  dos  direitos  das  pessoas  com  deficiência  em  nosso  país.  A  contribuição  realizada  por  este  estudo  esbarra  em  um  ponto  essencial  das  análises de medidas socioassistenciais: transparência orçamentária. 

Infelizmente  os  dados  encontrados  no  âmbito  de  saúde  se  limitam  à  investimentos gerais e, quando são divulgadas informações especificamente às PCDs,  se tratam de medidas isoladas, como o caso de São Paulo no capítulo quatro. 

Para  que  pudéssemos  realizar  uma  análise  aprofundada  da  relação  entre  recursos  investidos  e  os  resultados  apresentados  esses  dados  deveriam  estar  disponíveis  e,  principalmente  comparáveis.  Por  meio  dos  movimentos  estratégicos  evidenciados após a alteração de liderança no país em 2016 notamos o sucateamento  das políticas socioassintenciais, porém sem informações específicas do público deste  estudo. 

Dada  a  ausência  de  informações  orçamentárias,  foi  possível  focar  apenas  no  desenvolvimento  das  medidas  protetivas  e  seus  desdobramentos,  bem  como  suas  implicações no todo. 

A RCPD tem contribuído   para  a  saúde  das  pessoas  com  deficiência  no  Brasil,  construindo  uma  relação  com  a  comunidade  em  que  há  uma  série  de  trocas  visando a ampliação das atividades e o alcance de um elevado grau de especialização,  culminando em medidas cada vez mais eficientes. 

Com  a  atuação  em  capacidade  máxima  das  unidades,  a  sobrecarga  nos  profissionais tende a reduzir seu impacto nos usuários. A exaustão dos funcionários não  permite que estes alcancem o grau de especialização que melhor atenda o público, que  atuem de forma integrada com órgãos assistenciais ou mesmo que construam a relação  continuada vital no processo de reabilitação. 

O tema de reabilitação, de suma importância no tratamento de PCDs, apresenta  alto  grau  de  distanciamento  do  adequado.  Pacientes  e  propriamente  familiares/acompanhantes deixam de receber uma instrução continua de como proceder  após as intervenções e, consequentemente, o ciclo de utilização acaba por continuar. 

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21 De modo análogo, temos a alta valorização de uma saúde cara, principalmente  pelo  caráter  complexo  de  seus  procedimentos.  A  saúde  de  pessoas  com  deficiência  deveria  se  calcar  em  atendimentos  precoces  e  preventivos,  o  que  hoje  está  em  desacordo com o SUS. 

Saúde  como  um  todo  deveria  ter  um  fomento  mais  amplo  de  medidas  preventivas,  dado  o  caráter  custoso  de  ações  emergenciais.  Recursos  escassos  carecem  de  uma  utilização  o  mais  eficiente  possível,  com  pulverização  de  poucos  fundos  para  todos  os  cidadãos,  de  modo  a  evitar  que  estes  tenham  enfermidades  dispendiosas. 

Um  elemento  fundamental  que  deve  ser  analisado  profundamente  é  o  da  regionalização  das  atividades.  Notamos  pelos  estudos  abrangidos  que  cada  região  apresenta déficits diferentes na sua atuação, levantando a carência de investimentos  específicos, reduzindo assim possíveis ocorrências de migração formada de pacientes  buscando auxílio. 

Portanto,  verifica­se  um  cenário  de  escassez  de  recursos  na  RCPD,  onde  a  sobrecarga  nas  unidades  limita  sua  atuação  e  impossibilita  a  execução  de  todo  o  potencial. Um orçamento específico mais transparente possibilitaria a contínua revisão  desta conclusão, sendo vital para o futuro. 

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22 5.  REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

ARAUJO,  Luiz  Alberto  David;  FILHO,  Waldir  Macieira  da  Costa. O  ESTATUTO  DA  PESSOA  COM  DEFICIÊNCIA  ­  EPCD  (LEI  13.146,  DE  06.07.2015):  ALGUMAS  NOVIDADES. Revista dos Tribunais | vol. 962/2015 | p. 65 ­ 80 | Dez / 2015.  

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23 REDE DE CUIDADOS À PESSOA COM DEFICIÊNCIA. CoDAS vol.31 no.5 São Paulo   2019  Epub Oct 24, 2019.  

Diretoria  De  Estatísticas  Educacionais  ­  DEED.  CENSO  DA  EDUCAÇÃO  BÁSICA. 

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Referências

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