ASSÉDIO MORAL
Regina Aparecida Napoleão
Presidente de Comissão Sindicante
ASSÉDIO MORAL
• O Assédio Moral, muitas vezes
confundido com stress ou conflito
natural entre colegas e ou agressões pontuais é, também, conhecido por assédio psicológico do trabalho,
psicoterror, mobbing, bullyng ou
harcilèment moral.
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• Prática usada pelo superior
hierárquico em relação ao seu
subordinado, mas também pode
ocorrer de forma horizontal, isto
é, na mesma hierarquia.
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• Esta prática, muito embora esteja aqui direcionada para as relações de
trabalho onde é denominada de
mobbing é muito comum encontrá-la em outros ambientes tais como o
escolar, onde é denominada de bullyng
e, também ocorre no ambiente familiar
– entre cônjuges.
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• O assédio moral é caracterizado como uma agressão continuada e silenciosa que tortura a vítima, no caso o servidor, tornando-o dócil e menos reivindicativo, porém acarreta um prejuízo emocional e psicológico à saúde do servidor que, em situações mais graves, leva até a morte. Este fato não é isolado e ocorre no mundo inteiro.
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• Histórico
• O Assédio Moral não é um fato recente, ele existe desde os primórdios da humanidade, porém, somente há cerca de 20 anos é que o assunto começou a ser estudado, mais
profundamente, a princípio na Suécia,
posteriormente, na França onde recebeu o
nome de harcilèment, e na Itália, com o nome de mobbing, expressão esta mais utilizada para qualificar o assédio moral que ocorre no
ambiente de trabalho.
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• O alemão Heinz
Leymann, Doutor em Psicologia do
Trabalho, foi quem desenvolveu um
estudo a partir de um grupo de trabalho na Suécia, onde
identificou as reações e a influência do
comportamento nas relações de trabalho.
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• O mobbing decorreu de estudos
psicológicos e médicos e só posteriormente
tornou-se tema de
legislações e teses
jurídicas.
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• Como ocorre o assédio Moral?
• Características
O Assédio Moral é a ocorrência vertical, sempre do superior hierárquico para o subordinado.
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Também pode ocorrer de forma horizontal, dentro da mesma hierarquia, por meio de comportamento e perseguições que expõem o servidor a situações
constrangedoras,
repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho.
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Predominação de condutas negativas,
relações desumanas e críticas de longa
duração de um ou mais chefes
direcionadas a um determinado
subordinado, desestabilizando a relação
da vítima com o ambiente de trabalho e
a organização, forçando-o a desistir do
emprego ou do cargo.
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• Porquê ocorre o Assédio Moral?
• O Assédio Moral decorre de deficiência na organização do trabalho ;
• Problemas prolongados que não são
resolvidos e causam um entrave para o
local ou grupos de trabalho.
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• Causas e conseqüências do Assédio Moral
• O Assédio Moral é nefasto não só para
administração pública como também para qualquer organização que acaba arcando, indiretamente, com os custos de despesas previdenciárias decorrentes da incapacitação gerada para o servidor ou trabalhador, tais como a baixa produtividade, afastamento da vítima para tratamento de saúde entre
outros problemas.
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• O Assédio Moral pode gerar incapacidade permanente e até mesmo, em alguns
casos mais críticos levar à morte.
• O Assédio Moral desencadeia a ansiedade
e a vítima se coloca em atitude defensiva
por ter a sensação constante de ameaça,
sentimento de fracasso, impotência, baixa
auto-estima e humildade excessiva.
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• O assediador se manifesta por meio de gestos sutis, palavras esquivas,
justamente para dificultar a sua identificação tais como a ironia, o sarcasmo, que são fáceis de serem negadas caso ocorra algum tipo de
reação por parte do assediado, e quando isto acontece o assediador inverte a
situação alegando ser brincadeira ou
apenas um mal entendido.
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• A pessoa assediada é escolhida porque tem características
pessoais ou qualquer outro atributo que perturbam os
interesses do
assediador, como por exemplo:
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• o assediado é
pessoa que possui habilidades,
destreza;
• conhecimento e desempenho
dinâmico;
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• é pessoa
estudada ou até mesmo pelo
fato de ser
pessoa bonita ou pessoa
querida pelos demais
servidores;
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• qualidades ou
habilidades que o
assediador
não possui ou
domina
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• Então o
assediador passa a
perseguir
aquela pessoa que,
indiretamente,
possa ofuscá-lo.
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RELAÇÃO DE SITUAÇÕES CARACTERÍSTICAS DO ASSÉDIO MORAL
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• Rigor excessivo na execução de tarefas, bem como a distribuição de tarefas
inúteis e degradantes;
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• Desqualificação
pública por meio
de críticas;
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• Isolamento ou
inatividade forçada por meio de retirada de
mesa, equipamentos, pessoal de apoio, corte de material para
execução de trabalho, atribuição de tarefas estranhas, instruções confusas, referência a erros imaginários;
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• Ameaças implícitas ou veladas,
exploração da fragilidade psíquica e física do servidor;
• Agressões verbais através de gestos;
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• Controle de tempo no banheiro,
exposição ao ridículo;
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• Divulgação pública de detalhes íntimos, divulgação de doença e ou problemas pessoais de forma direta ou pública;
• Solicitação de trabalhos urgentes para depois jogá-los fora ou engavetá-los;
• Limitação ou proibição de qualquer inovação ou iniciativa do servidor;
• Imposição de horários injustificados;
• Transferência de sala por mero capricho ou sem justificativa.
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•
Podemos classificar o assédio moral em 3 tipos:
• Assédio Descendente - mais comum de
assédio, se dá de forma vertical
• Assédio Ascendente – raro, se dá de forma
vertical, de baixo (subordinados) para cima (chefia).
• Assédio Paritário
– horizontal, quando um
grupo isola e assedia um membro - parceiro
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• Algumas classificações de assediador:
Pit Bull – agressivo, sem hipótese alguma de diálogo
• Profeta ou cordeiro – humilha com cautela
• Troglodita – pessoa brusca, não admite
nenhum tipo de discussão ou reclamação
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• Tigrão – Quer ser temido por todos e esconde sua incapacidade por meio de berros e agressões explicitas
• Paizão ou grande irmão – banca o
protetor para depois atacar a vítima;
• Vampiro – Aquele que suga todas as
idéias do subordinado e depois o humilha e apresenta uma nova versão como
sendo de sua autoria.
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• É possível estabelecer o nexo causal?
• Segundo Resolução 1488/98 do Conselho Federal de Medicina, "para o
estabelecimento do nexo causal entre os transtornos de saúde e as atividades do trabalhador, além do exame clínico (físico e mental) e dos exames complementares, quando necessários, deve o médico
considerar:
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• A história clínica e ocupacional, decisiva em qualquer diagnóstico e/ou
investigação de nexo causal;
• O estudo do local de trabalho;
• O estudo da organização do trabalho;
• Os dados epidemiológicos;
• A literatura atualizada;
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• A ocorrência de quadro clínico ou sub-clínico em trabalhador exposto a condições
agressivas;
• A identificação de riscos físicos, químicos,
biológicos, mecânicos, estressantes, e outros;
• O depoimento e a experiência dos trabalhadores;
• Os conhecimentos e as práticas de outras disciplinas e de seus profissionais, sejam ou não da área de saúde." (Artigo 2º da
Resolução CFM 1488/98).
• Duração e receptividade da exposição dos trabalhadores a situações de humilhação.
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• Conseqüências do Assédio Moral à Saúde
• Entrevistas realizadas com 870 homens e mulheres vítimas de opressão no ambiente profissional
revelam como cada sexo reage a essa situação (em porcentagem)
• Sintomas
• Mulheres Homens
• Crises de choro 100 -
• Dores generalizadas 80 80
• Palpitações, tremores 80 40
• Sentimento de inutilidade 72 40
• Insônia ou sonolência 69,6 63,6 excessiva
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• Depressão 60 70
• Diminuição da libido 60 15
• Sede de vingança 50 100
• Aumento da pressão arterial 40 51,6
• Dor de cabeça 40 33,2
• Distúrbios digestivos 40 15
• Tonturas 22,3 3,2
• Idéia de suicídio 16,2 100
• Falta de apetite 13,6 2,1
• Falta de ar 10 30
• Passa a beber 5 63
• Tentativa de suicídio - 18,3
Fonte: BARRETO, M. Uma jornada de humilhações.São Paulo: Fapesp; PUC, 2000.
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• Como o Assédio está sendo tratado pela Justiça
• No que tange ao assunto Assédio Moral nas relações trabalhistas tem recebido atenção especial da doutrina e
jurisprudência, seja na coibição desta prática, seja na atuação de forma
preventiva, resguardando direitos dos
trabalhadores de uma forma geral.
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• Claro, como não poderia deixar de ser, a nossa Carta
Constitucional, em seus artigos 1º, 3º, 5º e 7º garantem o
tratamento igualitário e justo a todos os cidadãos estabelecendo normas de regulamentação e
proteção ao trabalho e ao
trabalhador.
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LEI nº 12.250/ 2006
• GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO Lei nº 12.250, de 9 de fevereiro de 2006 (Projeto de lei nº 422, de 2001)
Veda o assédio moral no âmbito da
administração pública estadual direta,
indireta e fundações públicas.
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• Artigo 1º – Fica vedado o assédio moral no âmbito da administração pública
estadual direta, indireta e fundações públicas, submetendo o servidor a
procedimentos repetitivos que
impliquem em violação de sua dignidade ou, por qualquer forma, que o sujeitem a condições de trabalho humilhantes ou
degradantes.
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• Artigo 2º – Considera-se assédio moral para os fins da presente lei, toda ação, gesto ou palavra, praticada de forma repetitiva por agente, servidor, empregado, ou qualquer
pessoa que, abusando da autoridade que lhe confere suas funções, tenha por objetivo ou efeito atingir a auto-estima e a
autodeterminação do servidor, com danos ao ambiente de trabalho, ao serviço prestado ao público e ao próprio usuário, bem como à
evolução, à carreira e à estabilidade funcionais do servidor, ...
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• Artigo 3º – Todo ato resultante de assédio moral é nulo de pleno direito.
• Artigo 4º – O assédio moral praticado pelo agente, servidor, empregado ou qualquer pessoa que
exerça função de autoridade nos termos desta lei, é infração grave e sujeitará o infrator às seguintes
penalidades:
• I – advertência;
• II – suspensão;
• III – demissão.
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• Código Penal
• Artigo 122. Induzir ou instigar alguém a
suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:
• Pena – reclusão, de 2 a 6 anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de 1 a 3 anos, se da tentativa de suícidio resulta lesão corporal de natureza grave.
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• Outras legislações ordinárias - pagamento de indenizações.
• Aqui no Brasil o assunto indenização ainda é visto com muita cautela pelo judiciário - na prática tem apenas o cunho coibitivo,
diferentemente do aplicado nos Estados Unidos, onde é tratado de forma muito rigorosa pelos Tribunais - condenado ao pagamento de indenizações milionárias.
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• O nosso ordenamento jurídico prevê a
indenização pelos atos ilícitos - princípios constitucionais - dignidade da pessoa
humana.
• Constatada a lesão ou dano decorrente desses atos ilícitos, caracterizado está o dever de indenizar e nesse caso entram,
também, as lesões decorrentes do Assédio Moral, (bullying, mobbing).
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• Código Civil - CC,
• Código de Defesa do Consumidor - CDC,
• Consolidação das Leis do Trabalho – CLT
• Legislação extravagante, proteção do
trabalhador e do trabalho e um exemplo recente desta proteção está na Lei nº
11.340/2006 - Maria da Penha.
•
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• Em anos recentes, muitas vítimas têm
movido ações judiciais diretamente contra os agressores por “imposição intencional de sofrimento emocional", e incluindo
suas escolas como acusadas, sob o
princípio da responsabilidade conjunta.
Vítimas norte-americanas e suas famílias têm outros recursos legais, tais como
processar uma escola ou professor por
falta de supervisão adequada, violação
dos direitos civis, discriminação racial ou
de gênero ou assédio moral.
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• O que a vítima deve fazer?
• Resistir: anotar com detalhes toda as
humilhações sofridas (dia, mês, ano, hora, local ou setor, nome do agressor, colegas que
testemunharam, conteúdo da conversa e o que mais você achar necessário).
• Dar visibilidade, procurando a ajuda dos colegas, principalmente daqueles que
testemunharam o fato ou que já sofreram humilhações do agressor.
• Organizar. O apoio é fundamental dentro e fora da empresa.
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• Evitar conversar com o agressor, sem
testemunhas. Ir sempre com colega de trabalho ou representante sindical.
• Exigir por escrito, explicações do ato agressor e permanecer com cópia da carta enviada ao D.P.
ou R.H e da eventual resposta do agressor. Se possível mandar sua carta registrada, por
correio, guardando o recibo.
• Procurar seu sindicato e relatar o acontecido para diretores e outras instancias como:
médicos ou advogados do sindicato assim como:
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• Ministério Público, Justiça do Trabalho, Comissão de Direitos Humanos e Conselho Regional de Medicina (Resolução do Conselho Federal de Medicina
n.1488/98 sobre saúde do trabalhador).
• recuperação da auto-estima, dignidade, identidade e cidadania.
• Recorrer ao Centro de Referencia em Saúde dos Trabalhadores e contar a humilhação sofrida ao médico, assistente social ou psicólogo.
• Buscar apoio junto a familiares, amigos e colegas,
pois o afeto e a solidariedade são fundamentais para a auto estima do assediado.
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• Curiosidades Jurídicas
• Não é nova a determinação de indenização por danos causados a outrem. Desde tempos mais remotos já
era previsível o ressarcimento de danos causados a outrem e isto se pode claramente observar
analisando os antigos Códigos: Hamurabi - na Babilônia; Manu - na Índia e o das XII Taboas – Romano.
• Esta previsão foi evoluindo através dos tempos e
chegou aos nossos dias e está intimamente vinculada à responsabilidade Civil objetiva, dentro do no nosso ordenamento jurídico.
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• No estado de São Paulo vigora a Lei nº
13.288, de 10.01.2002 (oriunda do Projeto de lei nº Administração Pública Direta e
Indireta)
• Lei nº 12.250, de 9 de fevereiro de 2006 –
Governo do Estado de São Paulo (Projeto de lei nº 422, de 2001, do Deputado Antonio
Mentor – PT) Veda o assédio moral no
âmbito da administração pública estadual direta, indireta e fundações públicas.