• Nenhum resultado encontrado

MESTRADO EM TECNOLOGIAS DA INTELIGÊNCIA E DESIGN DIGITAL SÃO PAULO 2011

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2019

Share "MESTRADO EM TECNOLOGIAS DA INTELIGÊNCIA E DESIGN DIGITAL SÃO PAULO 2011"

Copied!
133
0
0

Texto

(1)

!"

#

$ % & %

&

' #&

()*

"% &

&

( % #+

#

"%

#,

-

-.

(2)

!"

#

$ % & %

&

' #&

()*

"% &

&

( % #+

#

"%

#,

-

-.

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de MESTRE em Tecnologias da Inteligência e Design Digital ) Área de concentração: “Processos Cognitivos e Ambientes Digitais”; Linha de Pesquisa: “Aprendizagem e Semiótica Cognitiva” ) sob orientação do Prof. Dr. Nelson Brissac Peixoto.

(3)

2 & ! # % $

33333333333333333333333333333333333333333333

33333333333333333333333333333333333333333333

(4)
(5)

-A minha eterna gratidão:

Ao grande professor Nelson Brissac Peixoto, por me nortear de forma admirável através da teoria dos sistemas dinâmicos e o seu grande impacto sobre os processos de criação e cognição.

À PUC)SP e à querida Edna Conti, por sua atenção, cuidado, carinho, amizade e ponto de referência desde o início dessa jornada chamada mestrado.

Aos amigos e amigas do Unis (Centro Universitário do Sul de Minas) por acreditarem na realização deste meu sonho da mesma forma que eu acredito no sonho chamado Unis.

Aos professores, Dr. Jorge de Albuquerque Vieira, Dr. Hermes Renato Hildebrand, Dr. Alexandre Campos Silva e às professoras Dra. Sonia Maria de Macedo Allegretti, Dra. Ana Maria Di Grado Hessel, Dra. Giselle Beiguelman e Dra. Lúcia Santaella por toda a inspiração proporcionada para a realização deste trabalho.

À CAPES que, ao acreditar na proposta e desenvolvimento desta pesquisa, concedeu a bolsa de estudos, a qual se mostrou ao mesmo tempo como elemento motivador e sustentador de meu atuar neste mestrado.

(6)

-Este trabalho se mostra norteado por duas evidências. A primeira é a emergência do ciberespaço para além dos fixos desktops e que tem ocorrido com a crescente utilização dos dispositivos móveis como tablets e smartphones, conectados à rede mundial de computadores. A segunda evidência é a urgente necessidade de que as práxis educacionais possam acompanhar, de forma contextualizada, a ecologia comunicacional pluralista que se configura com a crescente pervasividade com que a tecnologia tende a se apresentar nos dias atuais. Assim, este trabalho apresenta resultados através de investigação bibliográfica e de análise de casos sob a perspectiva do pensamento complexo. Através da convergência do pensamento de autores como Edgar Morin, Lúcia Santaella, André Lemos, Jean Piaget, Ivan Illich, Ulisses Araújo, Ricardo Pátaro dentre outros, esta dissertação buscou direcionamentos para o planejamento, execução e avaliação de atividades educacionais que fazem uso da ubiquidade de recursos tecnológicos comunicacionais. Atividades estas que permitem a dialogicidade entre a situação intra e extraescolar em contextos colaborativos de construção e reconstrução de conhecimentos sob a perspectiva de pressupostos epistemológicos educacionais sócio)construtivistas, contextualizadas com a crescente presença do ciberespaço no meio físico, sob a ótica do pensamento complexo.

(7)

2

This work is guided by two shows evidence. The first is the emergence of cyberspace beyond the fixed desktop and what has occurred with the growing use of mobile devices such as tablets and smartphones, connected to the World Wide Web. The second evidence is the urgent need for educational praxis that can follow, in context, pluralistic communication ecology which is configured with the growing pervasiveness of technology that tends to present today. ), this paper presents research results through the literature and case analysis from the perspective of complex thinking. At the convergence of the thinking of authors like Edgar Morin, Lucia Santaella, André Lemos, Jean Piaget, Ivan Illich, Ulisses Araújo, Ricardo Pátaro among others, this dissertation sought directions for the planning, implementation and evaluation of educational activities that make use of the ubiquity communication technology resources. These activities allow the dialogue between the intra and extracurricular situations in collaborative contexts of construction and reconstruction of knowledge from the educational perspective of assumptions epistemological socio) constructivist, contextualized with the growing presence in the physical environment of cyberspace from the perspective of complex thinking.

(8)

89

Figura 1 – Painel de um sistema automotivo com integração de GPS, internet e funções de

conforto... 33

Figura 2 ) Tele_bits 2.0 ) uma obra de net art sobre as relações entre telecomunicação e cultura através de dispositivos móveis e QR code ... 36

Figura 3 – Realidade aumentada visualizada através de um aplicativo do iPhone em Paris ... 37

Figura 4 ) Próteses com picaretas que fazem alpinista amputado, Stephen Ball, voltar a escalar ... 42

Figura 5 ) Carro de auto condução com o sistema de inteligência artificialda Google ... 42

Figura 6 ) Distribuição de grau em lei de potência ... 45

Figura 7 ) Visão superior dos turbilhões de Bénard – no detalhe uma célula de convecção. ... 48

Figura 8 ) Visão lateral das células de convecção ... 48

Figura 9 ) Círculo ordem, desordem e organização ) adaptado de Morin ... 49

Figura 10 ) Sala de aula tradicional ... 58

Figura 11 ) Diálogo disjuntivo na escola ... 59

Figura 12 ) Fluxo do conhecimento no subjetivismo ... 63

Figura 13 ) A "família" racionalista em filosofia e psicologia ... 64

Figura 14 ) Fluxo do conhecimento no objetivismo ... 65

Figura 15 ) O atrator de Lorenz ... 70

Figura 16 ) Interação mútua entre sujeito e objeto ... 72

Figura 17 ) Sequência de do conjunto de Mandelbrot ... 75

Figura 18 ) alguns ambientes cotidianos ... 76

Figura 19 ) Cubos magnéticos antes e depois da agitação ... 84

Figura 20 ) Anel tetralógico ) Origem/dispersão ... 85

Figura 21 ) Atravessamento longitudinal de campos disciplinares por temas inter ou transdisciplinares ... 102

Figura 22 ) Rizoma ... 102

Figura 23 ) Temáticas para temas transversais em sala de aula... 103

Figura 24 ) Uma estação de aprendizagem do projeto ... 107

Figura 25 ) Descrição Esquemática do Jogo "Enigmas em um Museu de Artes" ... 118

Figura 26 ) Esquema do funcionamento do projeto “Suite para Mobile Tag" ... 121

(9)

2

Tabela 1 ) Diferenças entre as aprendizagens informal, não)formal e formal ... 79

(10)

-:

1 8 ;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;; 1<

/ 2 = -

-- ;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;; />

2.1 O Ciberespaço e Suas Revoluções ... 23

2.2 Ciberespaço Pingando no Mundo Físico ... 24

2.3 Ubiquidade ... 26

2.4 Ecologia Pluralista Comunicacional... 28

2.5 Mídias Locativas ... 32

2.6 Extrassomatização do Cérebro e da Memória... 39

2.7 A Dinâmica das Redes ... 44

2.7.1 A Não Linearidade ... 44

2.7.2 A Dinâmica Evolutiva ... 45

2.7.3 A Auto)organização ... 46

2.7.4 A Emergência ... 47

2.8 Ecologia Cognitiva em Rede... 50

> - - ? 8 ;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;; @> 3.1 Questionando o Pensamento Cartesiano na Educação ... 54

3.2 A Disjunção na Escola ... 58

3.2.1 Subjetivismo ... 63

3.2.2 Objetivismo ... 65

3.2.3 A disjunção nas disciplinas ... 66

3.3 O pensamento complexo e a desfragmentação na escola ... 68

3.3.1 O operador dialógico ... 68

3.3.2 O operador recursivo ... 71

3.3.3 O operador hologramático ... 73

3.4 Contextos de aprendizagem ... 76

3.4.1 Aprendizagem em contextos Informais ... 76

3.4.2 Aprendizagem em contextos Não)formais... 77

3.4.3 Aprendizagem em contextos Formais ... 78

3.4.4 Contextos de aprendizagens: diferenças e semelhanças ... 78

(11)

3.6 Colaboração ... 85

3.7 Autonomia... 91

3.9 Estratégia de projetos na educação ... 94

3.10 Temas transversais... 100

3.11 Construindo conhecimentos em rede ... 106

3.12 Um exemplo da práxis educacional sob a perspectiva do pensamento complexo111 A 2 = ;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;; 11> 4.1 Estudo de casos de atividades educacionais com a utilização de dispositivos móveis ... 113

4.1.1 Atividades de aprendizagem com dispositivos móveis para a exploração de campo ... 113

4.1.2 Jogos ubíquos em contextos educacionais ... 117

4.1.3 Enigmas em um Museu de Artes ... 118

4.1.4 Coleta Crítica de Sons para Composição Musical ... 119

4.1.3 Atividades colaborativas desenvolvidas em contextos cotidianos ... 122

@ 89 ;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;; 1/B

(12)

1 8

Com as constantes e recentes revoluções das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), observa)se que a sociedade se mostra numa espécie de transmutação. Uma transmutação que se mostra de forma recursiva a tais revoluções e que influencia diretamente na maneira como as pessoas se comunicam e vivenciam seus cotidianos. Algo que está cada vez mais relacionado à crescente presença da chamada ‘cibercultura’, tal como se pode observar na descrição de Castells (1999) em seu livro “Sociedade em Rede” e principalmente no alerta, que esse autor faz, para a necessidade de se localizar sempre o processo de transformação tecnológica revolucionária no contexto social em que ele ocorre e pelo qual está sendo moldado.

Contudo, por esta espécie de digitalização da cultura, evidencia)se a necessidade de que a educação e os que se propõem a pensá)la se coloquem em estado de atenção. Ou seja, deve)se estar sempre buscando em como os aprendentes estão se colocando frente suas realidades. Realidades essas que se mostram cada vez mais imbricadas pela mencionada cibercultura. Numa busca que urge trazer para sua práxis, vários elementos comunicacionais cotidianos, como ocorreu, por exemplo, nos chamados por Santaella (2005, p. 6) “meios de massa”1. Pois se percebe que a educação, de uma forma geral, já perdeu muitas oportunidades como estas.

Assim, apresenta)se neste trabalho por uma contribuição na direção dessa integração. Uma integração que faça valer de práticas cotidianas dos próprios aprendentes em prol do processo de ensino e aprendizagem em que se inserem.

Tal intento se remete à concepção de que a aprendizagem não pode ser uma prática isolada do cotidiano, pois se entende que o ser humano aprende tanto quando se constituí – em um processo sócio)histórico, onde não há distinção entre viver e

1

(13)

conhecer; a saber que: o aprender é uma função do viver. Só assim se pode afirmar, parafraseado Maturana (2001), que “viver é conhecer (viver é ação efetiva no existir como ser vivo)”

Este trabalho se direciona ao vislumbrar de algumas potencialidades de recursos tecnológicos em atividades educacionais contextualizadas, a princípios epistemológicos interacionistas e construtivistas, sob a ótica do pensamento complexo.

Observa)se para que tais recursos possam atender tais princípios, esses devam, entretanto, abarcar um viés colaborativo e contextualizado com o cotidiano dos aprendentes. Nesse sentido, aqui se investiga as potencialidades de alguns desses recursos comunicacionais, com natureza colaborativa e contextualizada, de forma a se mostrarem potencialmente como ferramentas de extensão de sala de aula no sentido da ubiquidade do processo de ensino e aprendizagem.

Vale aqui destacar, neste contexto, que o termo ubíquo se mostra, juntamente com pervasivo e senciente, como conceitos quase sinônimos, tal como destaca Lemos in Leão (2004). Entende)se assim que ubiquidade se mostra como a possibilidade de que as TIC possam proporcionar a ligação interativa entre vários lugares ao mesmo tempo (compreendendo)se a tendência de uma disseminação comunicacional proporcionada por tais tecnologias em vários espaços). Dessa forma Lemos in Leão (2004) entende a ideia de ubiquidade como algo diretamente ligado à pervasividade. Quer dizer que se caracteriza pela introdução de chips em equipamentos e objetos que passam a trocar informações, como se vê nas atuais aplicabilidades dos dispositivos móveis, especialmente os telefones celulares.

Compreende)se assim que a ubiquidade também se relaciona à ação de se acessar colaborativamente esses recursos comunicacionais via conexão à internet por rede sem fio, ao se entender a possibilidade de que a aprendizagem possa ocorrer via telefones celulares básicos (que fazem ligações de voz e enviam e recebem mensagens de texto ) SMS), (telefones celulares com múltiplas funções

2

(14)

comunicacionais como o acesso à internet), netbooks, sistemas de acesso a internet em carros, como o e notebooks.

Dessa forma, julga)se que os sujeitos envolvidos em processos educacionais possam aprender e ensinar transgredindo alguns limites temporais e espaciais de ambientes formais educacionais. Processos educacionais pelos quais contemplam o cotidiano dos sujeitos como momento e lugar propícios para o ensino e a aprendizagem contextualizadas. Contextualização esta, significativa e mútua entre o processo educacional e o cotidiano de tais sujeitos.

Vale ressaltar que este trabalho busca uma direção diferente à grande parte das pesquisas que contemplam o estudo dos processos de ensino e aprendizagem suportadas por recursos das TIC. Geralmente, evidencia)se por um maior enfoque, por apenas um campo do conhecimento como base para a reflexão, o que esta pesquisa busca contrapor. O objetivo deste trabalho é a busca a convergência do pensar a educação com áreas como a informática, as ciências cognitivas, o pensamento complexo, a comunicação e a semiótica. Uma convergência, quiçá pretenciosa, mas que venha a contribuir para um eficaz desvendar de novos olhares para o processo de ensino e aprendizagem formais.

Entretanto, vale ser destacado que essa convergência de diferentes áreas do conhecimento, não necessariamente pertencentes à mesma classe, aqui visa à dilatação das fronteiras das áreas de conhecimento de forma que haja um intercâmbio de métodos de uma área para outra. Uma dilatação que potencializa o emanar de novos conhecimentos e assim tende ao direcionar para o desenvolvimento de competências no sentido de uma unidade complexa e coerente. Competências essas que se mostram urgentes frente à complexidade com que a atualidade se apresenta à atual sociedade e sua dinâmica descontinuista, o que nos remete às palavras de Demo (2002, p. 9) ao entender da necessidade de se superar o conhecimento “disciplinarizado”, porque, reduzindo a realidade ao olhar de apenas uma disciplina, só pode ser deturpante; em vez de “construir” a realidade, “inventa)a”.

(15)

funcional frente à realidade. Dessa forma, lembra)se a concepção de Bunge (1977, p. 5) ao conceber que “a ciência concerne à totalidade da realidade – o que não é o mesmo que a realidade como um todo”. Nesse sentido, ainda Bunge apud Vieira (2008, p. 23) norteia)se este intento à Ontologia, principalmente por essa estudar os traços genéricos de todo modo de ser e vir)a)ser, assim como as características peculiares da maior parte dos existentes. O que remete à concepção peirceana do estudo das características mais gerais da realidade e dos objetos reais (PEIRCE apud VIEIRA, 2008, p. 23).

Este trabalho está organizado basicamente com a seguinte estrutura básica: 1) Introdução; 2) A ubiquidade em uma ecologia pluralista comunicacional; 3) Algumas possibilidades do pensamento complexo na educação, 4) Atividades educacionais ubíquas, 5) Considerações finais e 6) Referências.

No item C/D (#* # & # " % # & #& &# E tem) se por uma delimitação do estado da arte da conectividade, da mobilidade e principalmente da ubiquidade oriundas da pluralidade ecológico)comunicacional suportada por recursos inovadores das TIC. Essas inovações tecnológicas serão abordadas como algo que tendem a, de certa forma, estruturar o pensamento e a sensibilidade do ser humano. E tal estruturação ocorre principalmente na constituição de nossas relações frente às percepções de espaço e tempo, bem como por uma extrassomatização de nossos cérebros e memórias.

As pessoas cada vez mais podem ser entendidas como pontos nômades de uma rede móvel onde a articulação se mostra como uma característica marcante. E nesse capítulo, pretende)se levantar características inerentes a essa forma ubíqua de interação de pessoas e objetos, onde a conexão com o ciberespaço tende ao desprendimento dos pontos fixos oriundos da estrutura física da internet como seus cabos, servidores, modems e desktops no sentido da vasão da Web à nossa realidade física.

(16)

pensamento num movimento espiral: onde se pensa um pensamento através de outro pensamento.

Assim, o C>D " #(# # " & " ! & FG E culmina através de temas transversais, de estratégia de projetos, com as ideias de Ivan Illich e o conectivismo, dentre outras. Pretende)se, com este capítulo, levantar indicadores do pensamento complexo, frente a processos de educação formal para a constituição de uma, já aqui referida, base interpretativa. Se objetiva que esses indicadores sirvam para que, no capítulo seguinte, se possa entender o processo de ensino e aprendizagem com recursos ubíquos, a partir de um pensamento que vá além das concepções disjuntivas e simplificadoras, ou seja, sob a perspectiva da complexidade e seus processos de auto)organização, autopoiese, circularidade irreversivelmente espiralóide, autonomia, interatividade e interdependência.

Utiliza)se o atrator estranho de Lorenz, a instabilidade e auto)organização de Bérnard, o fractal de Mandelbrot, a experiência de ‘ordem a partir do ruído’ com as interações entre cubos de Von Forester, a complexidade das redes, rizomas e a concepção de hipertexto de Pierre Lévy, junto aos operadores da complexidade e o tetragrama organizacional de Edgar Morin.

(17)

Com esses três itens anteriormente destacados, colabora)se este trabalho através de um método de revisão bibliográfica e confrontação de análise de recursos ubíquos extensores de sala de aula, por uma pesquisa bibliográfica comparadora. Uma pesquisa baseada na seleção de dados teóricos apontando para a captação sígnica eficaz da tessitura não linear da dinâmica da realidade em que tais recursos se aplicam. Um trabalho que se propõe à tentativa de estudar tais recursos tecnológicos como ferramentas eficazes para a extensão ubíqua de processos colaborativos de ensino e aprendizagem. Um intento que se declina à conjectura de que recursos tecnológicos colaborativos ubíquos, inerentes ao cotidiano geral da cibercultura, tendem a potencializar o processo de ensino e aprendizagem em situações formais de educação. Desmistificando a ideia educacional tradicionalista, que se calca transmissão de conhecimentos, de que tais recursos proporcionam o desviar da atenção dos aprendentes do foco principal: a aprendizagem. Mas sim, entendendo as possibilidades de utilização de tais recursos comunicacionais em prol de processo de ensino e aprendizagem que se apoie na construção de conhecimentos. Construção essa de forma colaborativa entre discentes e seus pares, bem como entre docentes e discentes e todos esses com seus cotidianos.

Enfim, com este trabalho, intenta)se pelo verificar se tais recursos, como extensores de sala de aula, podem ser eficientes para o processo de ensino e aprendizagem de forma contextualizada à utilização da estratégia de projetos com temas transversais. Conjectura)se que com tal estratégia, a utilização de recursos ubíquos de comunicação possa ser vista como um caminho promissor para a ressignificação dos tempos, dos espaços e das relações em contextos educacionais com a complexidade da configuração das sociedades contemporâneas sob o paradigma informacional.

3

(18)

/ 2 = - -

-/;1 #( % " F + FH

Com as constantes inovações tecnológico)comunicacionais operadas com os atuais recursos computacionais, pode)se entender que as experiências de comunicação tendem, cada vez mais, para mudanças. Um exemplo que comprova a presença que essas mudanças vêm acontecendo, são as tendências de se significar o ciberespaço e sua dinâmica.

A princípio o ciberespaço foi e ainda é denominado por

(WWW) – que em português significa ‘Rede de Alcance Mundial’ – e que frequentemente é chamada apenas de Depois, com a utilização desse ciberespaço como uma plataforma para o desenvolvimento do que Levy (2007) chama por “Inteligência Coletiva”, emerge o conceito de . Essa utilização da faz, retroativamente, que se denomine a experiência anterior com o ciberespaço por

Lembra)se, no entanto, que essa não desaparece, mas se encontra diluída, compreendida e expandida através das características da .

Na observa)se por vivências via ‘aplicativos’ numa dinâmica colaborativa entre as pessoas. Característica esta que pode ser vista, por exemplo, na Wikipédia nos , nos , no YouTube, no Second Life, no Flickr, no Google Docs, nas redes sociais como o Orkut, Facebook, MySpace, Goowy, Hi5 e Twitter.

Outra característica da é o que se conhece por

(computação em nuvem). Essa característica tende a levar para o ciberespaço, além da armazenagem dos dados criados e editados por uma ou mais pessoas, também os utilizados no processamento desses dados. Assim, tais dados se mostram passíveis de manipulação por vários usuários, denotando o caráter colaborativo dessa denominação.

(19)

Com a , os sites de buscas tendem a agir como consultores pessoais em diversas áreas, onde, por exemplo, se tem amplas respostas a perguntas como: ‘onde encontro uma praia para passar as férias de verão com minha esposa e filho de 11 anos, dispondo de seis mil reais para essa viagem?’

Na , para se chegar até a resposta dessa pergunta, há a necessidade de se navegar por listas de voos, hotéis, aluguéis de carro dentre outras. Conduto, as respostas conseguidas tendem a entrar em conflito umas com as outras, o que faz com que se gastem horas de pesquisa. Como Markoff (2007, p.1) descreve no artigo que originou o termo , a mesma pesquisa na resultaria idealmente em um pacote de férias completo, planejado tão meticulosamente como se tivesse sido preparado por um agente de viagens humano.

Todavia, há de se ressaltar que esses três tipos de experiências com o ciberespaço e suas peculiaridades se mostram a beira de mais uma importante transgressão. Uma transgressão que tende à mescla dos espaços sociais do ciberespaço como os espaços da realidade física cotidiana e vice e versa. Onde se vê o ciberespaço a se libertar das fixas telas dos rumo ao nosso mundo físico.

/;/ #( % " F # - ) #&

Percebe)se que as pessoas, utilizando o ciberespaço, estão cada vez mais se desprendendo da necessidade de imobilização frente a um equipamento fixo. Experienciar o ciberespaço, cada vez mais independe do lugar onde se encontra a pessoa que o vivencia. Uma vivência que se mostra possível mesmo em deslocamento de um lugar para outro.

Essa experiência comunicacional móvel é cada vez mais possível devido à miniaturização dos que ligam as pessoas ao ciberespaço. Bons exemplos desses são os dispositivos portáteis como os , os , os os , os ! e os . Essa miniaturalização, entretanto se mostra potencializada em decorrência da computação nas nuvens. Pois os dispositivos

4

(20)

tendem a prescindir de funções como o armazenamento de dados e de softwares. Dispositivos que cada vez mais se tornam independentes dos recursos físicos das memórias eletrônicas5 e mais dedicados ao processamento online de dados armazenados na grande nuvem: a internet.

Contudo, não é só a miniaturização que potencializa o acesso móvel ao ciberespaço, mas também os crescentes avanços tecnológicos que permitem a transmissão e recepção de informação digital. Tem)se como frequentes exemplos dessas tecnologias o# $ o %&'"( o )* o +), )' o !& e o - . que neste trabalho serão referidas como redes sem fio.

Com tais avanços, vislumbra)se que essa vivência móvel do ciberespaço, se mostra apenas como um pingar, ou seja, como as primeiras passadas para que o ciberespaço estenda definitivamente seus tentáculos por sobre nossa realidade física e social. Com essas primeiras passadas, tal como se refere Lemos (2010, p. 164), podem) se vivenciar novas experiências no espaço físico, reforçando a existência dos territórios informacionais, insistindo em formas de navegação por informações no interstício do espaço virtual e do espaço público na contemporaneidade.

5

As memórias eletrônicas são todos os dispositivos eletrônicos que permitem a um computador guardar dados, temporariamente ou permanentemente e são, geralmente, divididas em dois tipos. A principal e a secundária. A chamada memória principal ou real tem como função principal, conter a informação necessária para o processador do computador num determinado momento, uma informação, por exemplo, para que programas sejam executados. Nesta categoria insere)se a memória RAM (volátil), memória ROM (não volátil), registradores e memórias cache. Já a memória secundária guardam informações que não podem ser endereçadas diretamente, a informação precisa ser carregada em memória principal do computador antes de poder ser tratada pelo processador. Não são estritamente necessárias para a operação computacional. São geralmente não)voláteis, permitindo guardar os dados permanentemente. Incluem)se, nesta categoria, os discos rígidos, CDs, DVDs e disquetes.

6

Bluetooth é o padrão de conexão por redes sem fio de curto acançe (10 metros) 7

RFID ou % !& / 0 '" , significa Identificação por Rádio Frequência. Trata)se de um método de identificação automática através de sinais de rádio, recuperando e armazenando dados remotamente através de (etiquetas) em forma de chips.

8

3G é uma tecnologia móvel para telefones celulares que permite às operadoras da rede oferecerem a seus usuários serviços para além da telefonia por voz, ou seja, permite a transmissão e recepção de dados a longas distâncias.

9

4G, uma espécie de evolução do 3G, é uma tecnologia móvel que permite a convergência de uma grande variedade de serviços até então somente acessíveis na banda larga fixa, bem como a redução de custos e investimentos para a ampliação do uso de banda larga.

10

GIS ou ) ' 0 , que significa sistema de informação geográfica informatizado. É um sistema que permite a captura, armazenamento, verificação, integração, edição, análise e leitura de dados relacionados a posições geográficas.

11

(21)

Na medida que os dispositivos móveis e suas redes sem fio nos fazem comunicantes desplugados dos cabos de nossos computadores, pode)se vivenciar a possibilidade de uma comunicação que não se limita ao lugar ou espaço. Uma comunicação que desvela novos procedimentos de produção, recepção, circulação de informação. Uma comunicação que propicia, sobre tudo, por maiores possibilidades de interação com o espaço físico através do ciberespaço. Assim, surge, neste cenário, uma expressão que pode significar tal mobilidade conectiva: a ubiquidade.

/;> (#* #

Esse termo tem sido frequentemente utilizado para designar a característica comunicacional que não se limita a um espaço fixo. Um termo, segundo Weissberg apud Santaella (2010, p.17), que mesmo não se mostrando como sinônimo de mobilidade tende, em sentido estrito, a designar o compartilhamento simultâneo de vários lugares.

A ubiquidade se mostra como a possibilidade de que, através de dispositivos tecnológico)comunicacionais, seja possível exercer atividades comunicativas, de forma síncrona ou assíncrona, independente do lugar e até mesmo em deslocamento.

O termo computação ubíqua foi utilizado pela primeira vez pelo cientista Mark Weiser, em um artigo chamado 1 2 2 0, publicado em 1991. Mark (1991, p. 25) chama a atenção que esta é a tendência das máquinas de processar informações e disponibilizá)las nos ambientes físicos. Onde a computação se espalha e vai sendo integrada aos espaços sociais, o que remete, no entanto, ao conceito de computação pervasiva.

Vale aqui destacar que os termos pervasivo e ubíquo se mostram, juntamente com senciente, como conceitos quase sinônimos tal como destaca Lemos in Leão (2004).

(22)

heterológica, ou seja, uma íntima comunicação dialógica entre seres ontologicamente distintos – seres humanos, objetos e agentes artificiais. É o que se vê no projeto denominado por Android@Home12. Um projeto onde se pode interagir, através de smartphones com objetos da casa: como lâmpadas, aparelhos de som, máquinas de lavar e até uma esteira de ginástica. Um exemplo dessa interação poderá ser vista na troca de dados, via redes sem fio, entre esteira e smartphone. Informações como velocidade e batimentos cardíacos possibilitarão o cálculo imediato de calorias perdidas, dessa forma a pessoa que se exercita poderá potencializar sua atividade física e estruturar uma dieta condizente a seus objetivos.

Mas voltando para a computação no presente, quando se fala em ubiquidade a propósito da comunicação móvel, a continuidade temporal do vínculo comunicacional é assimilada a uma plurilocalização instantânea ou aos, já aqui referidos, espaços intersticiais (SANTAELLA, 2010a, p. 18). O que remete ao que vários autores têm designado por espaços híbridos e que Lemos (2008) entende por territórios informacionais.

Outra característica dessa comunicação móvel ubíqua também pode ser destacada. Destacada tal qual Santaella (2010a, p. 17) entende por “onipresença”. Dessa forma há a possibilidade de ocultar a comunicação em deslocamento e permitir ao usuário, mesmo estando em outros lugares, a continuar suas atividades. Tal possibilidade, porém, se refere às novas dinâmicas de salas de aulas, como se observa na modalidade de educação a distância (EaD), e dinâmicas de trabalho, como nos !

e em trabalhos em deslocamentos.

Essas são mutações da ideia de trabalho em lugar fixo, onde Mitchell (2003, p. 84) destaca que tal mudança se deve a um efeito particularmente poderoso. Esse efeito vem a ser a emergência da mobilidade dos produtores e consumidores de informação. Portanto, nesta perspectiva é possível fazer downloads, ou ainda uploads de arquivos com dispositivos móveis a qualquer hora, em qualquer local, ou mesmo em deslocamento, desde que sob a cobertura das redes sem fio.

12

(23)

À luz das figuras mais relevantes dessa ubiquidade e onipresença há que se destacarem as práticas e os processos comunicacionais em espaços, denominados por Santaella (2010a), como hiperlugares, ou seja:

(...) múltiplos espaços em um mesmo espaço, que desafiam os sentidos de localização, permanência e duração. São espaços povoados por mentes multiconectadas e, por consequência, coletivas, compondo inteligências fluidas(...) No hiperfluxo dos infodados e infotenimentos, dos relâmpagos de conversações multidirecionadas e multidimensionais propiciadas pelas redes de relacionamento, os espaços ubíquos intensificam a potência inata da mente para a fluidez, pois permitem que múltiplas realidades desfilem de modo simultâneo em nossa mente. (SANTAELLA, 2010a, p.18)

Tendo em vista esse desfilar de realidades em nossas mentes, no cenário aqui descrito emerge, todavia, um termo que define as mútuas relações e influências externas e internas que tendem a afetar a mente das pessoas. Esse termo é a ecologia pluralista comunicacional.

/;A & # % # #& &#

Originário da biologia, e se irradiando para outros planos do conhecimento. Indo da filosofia, antropologia, sociologia, passando pela psicologia, educação, linguística e chagando até a semiótica, a ecologia tem se mostrado muito útil para o entender das dinâmicas comunicacionais. Ou seja, entender as mútuas relações e influências simbólicas, externas ou internas, a que nos sujeitamos como seres interpretantes de um mundo codificado. Dessa maneira, a ecologia vem sendo usada, de forma eficiente, como uma área do conhecimento humano que propicia o entendimento de nossa relação simbólica13 com a realidade.

Além de estar presente em uma pluralidade de áreas interdisciplinares, o conceito de ecologia vem sendo cada vez mais apropriado para usos metafóricos. Esse é justo o caso quando se fala em uma ecologia da comunicação ou em uma ecologia midiática. Precedência não falta para justificar essa metáfora que já aparecia na influente obra de Bateson sobre a ecologia da mente. Ora, linguagens e comunicação são rebentos da mente. Nada mais natural que os estudos linguísticos e de comunicação se apropriarem do termo, pois o comportamento das línguas e de todos os demais tipos de signo e as dinâmicas comunicacionais que ensejam

13

(24)

apresentam fortes similaridades com os organismos vivos. (SANTAELLA, 2010a, p. 14)

Assim, essas similaridades são vistas na concepção de Maturana (1998, p.21) ao entender que: o funcionamento da inteligência se dá tal como à dinâmica de um organismo, principalmente ao estabelecer um acoplamento estrutural ontogênico com outros organismos e com seu meio. Dessa maneira, observa)se que esse acoplamento, que se dá através de interações, implica no estabelecimento, na expansão ou na operação dentro de um domínio estrutural ontogênico já constituído.

Dentro dessa constituição, vê)se que os sujeitos, bem como recursos comunicacionais, ambos se apresentam organizados de forma autorreferente. Ou seja, que se regeneram continuamente por suas interações e transformações dentro do domínio ecossistêmico que os compreende. Organizando o sujeito, os recursos comunicacionais e o ambiente, com todos os seus constituintes, como um sistema ou unidade concreta.

Uma visão ecológica aqui implica no abarcamento de todos os fenômenos físicos, biológicos, psicológicos e sociais. Uma ótica que vai na direção de se compreender que não apenas a natureza, mas também a cultura, a sociedade e consequentemente as constituições simbólico)comunicacionais se mostram fundamentais para se entender o recente pingar do ciberespaço em nossa realidade e de suas possibilidades futuras.

Pode)se articular esse conceito de ecossistema com a trama de configurações constituída pelo conjunto de linguagens, representações e narrativas que penetra nossa vida cotidiana de modo transversal (Martín)Barbero, 2000). Vê)se que essa concepção, porém, se afina com Baccega (2002) ao entender que tal ecossistema se mostra impregnado em todos os elementos que o constitui. Assim se pode perceber tal ecossistema tanto nas atitudes, nos comportamentos, nos valores, quanto nas decisões de cada um desses elementos.

(25)

(...) atividade comunicacional na medida em que a comunicação é vista como uma dimensão essencial para a reprodução social geral. O trabalho, dessa maneira, foi separado de sua potência política desde o momento em que o vínculo entre produção de riqueza e trabalho assalariado foi rompido. Em parte porque o trabalhador não precisa mais de capital fixo ou de ferramentas, pois a sua principal ferramenta é o cérebro ou a subjetividade. (PARENTE, 2004, p. 107)

Daí vê)se que o uso da comunicação e consequentemente a estruturação da consciência frente à realidade se dá através de uma interação ecossistêmica simbólico) comunicacional. Donde se justifica a utilização da concepção de ecologia perante a experiência comunicacional proporcionada pela presença do ciberespaço em nossa realidade física.

O termo pluralista, integrado aqui ao conceito ecologia, é entendido devido à presença de uma diversidade midiática nos ambientes de inovação tecnológica. Aninhado com Pellegrino (2008) e Santaella (2010a), pode)se entender que essa diversidade abarca por uma ‘convergência’.

A convergência a que aqui se refere, pode ser entendida nos sentidos da concentração, ou seja, onde uma mídia surge com a tendência de substituir outra já existente e, com o passar do tempo, o que acaba ocorrendo é uma integração entre o novo e o velho. Todavia, tal convergência ao mesmo tempo pode ser vista, ao entrar no mundo digital, no sentido em que sua variedade (multiplicidade) tenda a uma ‘coevolução transfigurativa’. Pois sob o efeito da digitalização, quando uma mídia passa pela linguagem computacional essa se transfigura, como nos diz Krotz apud Santaella (2010a, p. 16) ao entender que:

(...) quando uma mídia se torna digital, seus traços de superfície não mudam drasticamente, mas, no nível subjacente, operam)se grandes transformações e, gradualmente, a mídia começa a ser usada e a comportar)se de modo diferente. Por exemplo, a música pode ser ouvida e os filmes podem ser vistos tal como eram antes, mas também disponibilizados de múltiplas outras maneiras. Adquiriram portabilidade. Podemos baixa)los, leva)los de cá para lá nos etc.

(26)

que reúne múltiplas funções, que integram comunicação, consumo e produção de informação.

A convergência midiática pressupõe, como se vê em Santaella (2007, p. 122), por uma paisagem midiática híbrida onde se tem por uma multiplicidade de características como as destacadas a seguir:

a) Inovativa: um período de mudanças tecnológicas profundas e prolongadas em que novas mídias são criadas, dispersadas, adotadas, adaptadas e absorvidas em ritmo dramático.

b) Transfomativa: há uma fase de experimentações estéticas e sociais enquanto a sociedade vai absorvendo e muitas vezes antecipando novas tecnologias midiáticas.

c) Convergente; a comunicação se organiza no cruzamento de múltiplos canias tanto corporativos quanto de origem popular.

d) Multimodal: o mesmo conteúdo pode ser encontrado em múltiplas representações.

e) Global: as mídias permitem interações entre pessoas em torno do mundo, o que produz impactos positivos e negativos nas culturas locais.

f) Em rede: as tecnologias das mídias estão interconectadas de modo que as mensagens fluem de um lugar a outro.

g) Móvel: as pessoas podem levar com elas as suas tecnologias comunicacionais.

h) Apropriativa: novas tecnologias facilitam o arquivamento, anotação, apropriação e recirculação do conteúdo midiático.

i) Participativa: borra)se a linha divisória entre consumidor e produtor com ênfase crescente nas afiliações sociais e engajamento ativo em torno do conteúdo da mídia.

j) Colaborativa: a emergência de novas estruturas de conhecimento e criatividade depende de deliberações e soluções de problemas compartilhadas.

k) Diversificada: os muros entre as comunidades culturais são quebrados à medida que as mídias fluem através de vários lugares de produção e consumo no contexto de uma sociedade multicultural.

l) Domesticada: as mídias estão inteiramente integradas nas interações sociais cotidianas.

m) Geracional: existem diferenças agudas entre gerações em termos de acesso ao conhecimento, gostos e interesses culturais e formas de participação e aprendizagem.

n) Desigual: o acesso às tecnologias, habilidades, oportunidades de participação é desigualmente distribuído entre a população.

Com esse emaranhado de características, e com a potencialização da mobilidade através da popularização dos dispositivos móveis como e , pode)se conceber a existência de uma paisagem ou ambiente midiático que tende a se mostrar cada vez mais integrada ao cotidiano das pessoas. Ou seja, isto se percebe cada vez mais pela presença de uma convergência midiática ubíqua.

(27)

à tona por transformações na própria paisagem dos espaços públicos, cobertos pelas redes sem fio. Transformação que tem se mostrado principalmente pela criação de um novo espaço: um espaço remixado.

Assim, essa ecologia pluralista comunicacional, com suas constantes diversificações e hibridações, se mostra como campo fértil para a contextulalização de novas formas emergentes de aprendizagem, disponibilizadas no cotidiano das pessoas imersas nessa ecologia, com o processo de ensino e aprendizagem formal, como será trabalhado nos dois capítulos seguintes deste trabalho.

Esse espaço remixado é constituído de emaranhadas misturas entre o ciberespaço e os ambientes físicos. No seio dessas múltiplas transformações, podem)se visualizar atividades que estão sendo distinguidas, como se abordará no item a seguir deste trabalho, através das “mídias locativas”.

/;@ -) # & #+

Com a popularização dos smartphones, a explosão mercadológica dos e a emergência dos sistemas automotivos computadorizados (figura 1), percebe)se que a “convergência midiática ubíqua” se mostra cada vez mais acessível aos olhos e toques de um maior número de usuários. Esses aparelhos despontam como dispositivos híbridos, já que possibilitam inúmeras funções. Vale destacar ainda, a característica ubíqua desses dispositivos no contexto da ecologia pluralista comunicacional, já que todos esses dispositivos acessam a internet de forma integrada ao GPS . Ou seja, percebe)se que esses aparelhos se mostram como “Dispositivos Híbridos Móveis de Conexão Multirredes” (DHMCM) tal como Lemos (2007, p. 25) pensa os

e que se pode expandir para os e os sistemas automotivos computadorizados.

14

Esses sistemas leem postagens no Twitter em voz alta, acessam rádios online, com telas ! no painel o motorista funções tipicamente presente nos carros, como por exemplo a temperatura ambiente e outras que se integram ao sistema como GPS, telefone celular e o acesso a internet com a presença de

(28)

# % 1 I # # #+ & # % FG J # % K FH & K %

Vê)se que esses são dispositivos híbridos, já que disponibilizam e integram diversas funcionalidades como, por exemplo, a de telefone, de computador, máquina fotográfica, câmera de vídeo, processador de texto, navegador em sites da internet, tv, rádio, tocador e gravador de áudio, GPS, console de jogos, dentre outras. Também são de conexão multirredes, já que podem empregar diversas redes, como bluetooth e infravermelho (para conexões de curto alcance entre outros dispositivos), Wi)Fi ou Wi) Max (para conexão com a internet) e redes de satélites (para uso como dispositivo GPS).

Observa)se ainda atualmente, os DHMCM mostrando)se como interfaces para o acesso e interação com os já referidos “espaços intersticiais” (SANTAELLA, 2007), onde eletrônico e físico tendem a transformar a vivência das cidades em “práticas cíbridas15 por excelência” (BEIGUELMAN, 2005, p. 14). Os DHMCM se apresentam como elementos para a recepção e emissão de informação digital entre pessoas, lugares e objetos. Esse processamento informacional propicia a identificação do que Lemos (2008, p. 207) define por “mídia locativa” ( 3 ). Dessa forma, pode)se entender que Mídias Locativas16 se mostram como um conjugado de tecnologias e processos info)comunicacionais cujo conteúdo informacional vincula)se a um lugar específico.

Esse termo foi cunhado por Karlis Kalnins em 2003, no RIXC ) 2 4 - , de Riga na Letônia, a partir de discussões por sobre uma rede internacional de

15

A que se tem notícia, o termo cíbrido foi utilizado pela primeira vez pelo arquiteto Peter Anders. Para esse arquiteto, a condição cíbrida se refere à capacidade de habitar, concomitantemente, dois mundos ou sistemas.

16

(29)

pessoas trabalhando sobre tecnologias emergentes: o 5 3 - 5 O propósito era apontar por potencialidades criativas dos “ ! 3 ”.

Um evento foi realizado no K@2, Centro de Cultura e Informação, localizado em uma cidade soviética abandonada na Latvia chamada de Karosta. E com a utilização de aparelhos de GPS os participantes produziram informações cartográficas online Com o processar dessas informações foi possível identificar capacidades computacionais e comunicacionais, no sentido da criação de redes sociais que modificam as relações dos seres humanos com seus pares, através do espaço e do tempo.

Foi possível observar nesse evento, a influência das ideias do arquiteto e historiador militar francês Paul Virilio, ao visar a substituição da Geopolítica tradicional pela ideia de ‘Cronopolítica’. Um conceito que se baseia nos impactos que a microelectrônica e as tecnologias de informação tem efetuado na percepção de espaço material e de tempo nas pessoas. Assim, se pode entender que, como afirma Virilio (1995, p. 69), a ubiquidade, um privilégio dos deuses, está se transformando numa possibilidade humana.

Com essa concepção, as mídias locativas deflagram por uma hibridação do espaço físico com o ciberespaço, trazendo novas implicações para os lugares no meio urbano, onde segundo Lemos (2008, p. 218):

O fluxo comunicacional se dá por redes sem fio e dispositivos móveis, caracterizando a era da comunicação ubíqua, senciente e pervasiva das mídias locativas. Novas práticas sócio)comunicacionais emergem (...) As referências da cidade não se vinculam apenas às marcas territoriais físicas, mas a eventos informacionais dinâmicos, embarcados nos objetos e localidades. Essas transformações configuram a ciberurbe.

A partir daí, as mídias locativas podem ser vistas como agregadoras de informação, de forma digital, diretamente a uma localidade ou um objeto situado em um determinado local. Funcionando como recursos para o monitoramento, vigilância, mapeamento, geoprocessamento, localização, anotação ou prática de jogos on)line no espaço urbano:

(30)

transmissão (RFID), geoprocessamento (GIS), fotoleitura, computação baseada na percepção e compreensão de contexto17 e QR Code18.

Com a utilização do QR Code, como pode ser visto ao longo deste trabalho, potencialmente tem)se acesso aos conteúdos dos links, através de dispositivos móveis. Esta é uma possibilidade de expansão das informações contidas em lugares e objetos, como é o caso deste texto ao ser lido tendo em mãos um ou

conectado à internet.

Por isso, com a convergência do suporte tradicional impresso em papel e os dispositivos móveis conectados à internet, observa)se a possibilidade de se obter um hipertexto, através de uma forma elementar do que se conhece por realidade aumentada19. Recurso esse, ao contrário da realidade virtual que tende a imergir o usuário para o ambiente computacional, mantém o usuário no seu ambiente físico e inserindo nesse, elementos virtuais. Tais inserções, entretanto, permitem aos usuários por interações com objetos e cenários virtuais, de maneira natural e sem necessidade de adaptação a uma imersão digital. (KIRNER; TORI, 2006, p.22)

Outro exemplo de aplicação de QR code é a obra de net art Tele_bits 2.020 de Giselle Beiguelman e Rafael Marchetti. Nesta instalação artística o público interage manipulando as sequências audiovisuais via QR Codes, alterando sua ordem e expandindo as informações embutidas no mosaico de imagens projetadas, em uma grande tela. Esse é um projeto sobre as relações entre telecomunicação e cultura sob o formato pós)cinematográfico que com a estética do 3 ou . Uma

17

Computação baseada na percepção e compreensão de contexto é baseada nas tecnologias e . A é uma tecnologia que utiliza câmeras que reconhecem objetos e informações baseadas no GPS e a disponibiliza dados relacionados aos objetos ou locais reconhecidos. 18

QR Code quer dizer 6 % 2 (código de resposta rápida). É uma figura código bi) dimensional que constitui a forma mais elementar de Realidade Aumentada. Vem sendo usado com mais frequencia a partir de meados dos anos 2000, apesar de ter sido criado em 1994 pela empresa japonesa Denso)Wave. Os QR Codes podem embutir URLs, números de telefones e texto e é aplicável em superfícies diversas como camisetas, impressos, telas eletrônicas.

19

Realidade aumentada é um segmento da ciência da computação que integra objetos virtuais ao mundo presencial, pois se trata da união entre computação e realidade física através de rastreamento e reconhecimento de sinais e símbolos, por mecanismos sensores de imagens, processados por programas computacionais, como se pode ver algumas possibilidade no link: http://migre.me/4lfvW

20

(31)

obra que dialoga com a cultura da mobilidade e seus processos de interfaceamento por Realidade Aumentada, remetendo, assim, às futuras possibilidades da TV digital.

Como mostrado na figura 2 e no acesso ao link com um QR code indicado na nota de rodapé 30, observa)se a possibilidade de se clicar em objetos físicos ao invés da lenta digitação de informações em tabletes ou nos pequenos teclados de celulares. Assim, esse código, quando disponibilizado em objetos ou lugares físicos, propicia a distribuição de uma interface ubíqua mediadora por dispositivos móveis entre usuários e esses objetos e lugares.

# % / 3(# /;0 (% % (% % FH % & #& FG & % % +L

# " # #+ '+ # = &

Dessa forma, com a relação entre informação digital (oriundas de bancos de dados acessados via rede sem fio), rádio transmissão (RFID), geoprocessamento (GIS), computação baseada na percepção e compreensão de contexto e QR Code, têm)se potencialmente novas formas de percepção e interação com os espaços físicos, objetos e seres humanos. Isso emoldura por uma gama de novas práticas como se vê no levantamento feito por Lenz apud Santaella (2010a, p. 175) e que incluem:

Artes, contar histórias, blogs que incorporam informação semântica geolocativa, híbridos ou pervasivos que conectam espaços virtuais com espaços físicos, sociais móveis, anotações espaciais e geodesenhos, serviços, metadados, dispositivos de mobilidade, tais como fones com detecção de movimento e controle por meio da utilização de sensores, computação sensível a lugares, internet móvel, etiquetas de identificação de radiofrequência, rede de sensores sem fio, triangulação de telefones celulares para calcular a posição aproximada de um usuário, posicionamento sem fio, semacódigo (código semântico) para a rápida obtenção de endereço de um , geocódigo etc.

(32)

utilizadas para o marketing, para a publicidade e para o controle e percepção do consumo.

Uma possibilidade desse tipo de aplicação é a utilização de - 7

% 0 7 (MARA), ou aplicações em realidade aumentada móvel21, onde se tem a integração do mundo real e informações digitais ou, como se pode observar na figura 3, a elementos gráficos virtuais.

Um exemplo dessas aplicações é a rede social chamada de Foursquare. Essa rede permite que um determinado estabelecimento comercial tenha informações ‘hiperlinkadas’ ao seu local através de usuários. Assim, através de um dispositivo móvel pode)se identificar restaurantes, hotéis, lojas, museus através de marcas geográficas e relacioná)las a informações disponibilizadas na internet, o que amplia a realidade informacional, mesclando espaço físico e o ciberespaço. Algumas empresas, por exemplo, já usam o Foursquare como meio para ações promocionais22, premiando pessoas que mais visitam o lugar, entre outras ações.

Outro exemplo de utilização de mídias locativas pode ser observado em restaurantes, onde pode)se acessar além do cardápio on)line, opiniões sobre determinados pratos deixados por outros usuários, que ali já estiveram. Essa prática em contextos educacionais pode ser observada no terceiro capítulo desse trabalho em atividades realizadas em museus ou prédios históricos, onde aprendentes podem acessar informações on)line sobre peças, locais e depoimentos de outras pessoas que ali também já estiveram.

# % > I # +# #, % +L " #& #+ # 4 %#

21

Um exemplo de aplicação em realidade aumentada móvel em Paris: http://migre.me/3SS3V 22

(33)

Mas a essa altura, pode)se perguntar se uma placa informando que um determinado lugar é uma pizzaria, é um hotel ou é uma loja de departamentos não faria algo parecido? Ou seja, essa placa poderia ser ou não considerada mídia locativa?

Como Lemos (2008, p. 208) esclarece, essas placas são mídias locativas analógicas, pois contêm informações agregadas a localidades. Informações estáticas e não sensitivas que se limitam a significar o que cada lugar é (uma pizzaria, uma loja ou um hotel). Ela não propicia o processamento de informação, não sabe quando foi vista, nem por quem, nem para que uso, portanto não é .

O termo assim vem à tona para significar, segundo Lemos (2008, p. 209), a propriedade desse:

(...) mesmo painel ou letreiro, enviar informações digitais (como o menu da pizzaria, as promoções da loja ou os descontos do hotel) por redes sem fio para dispositivos móveis. Essa informação poderia ser indexada a outras (websites, comentários de usuários), identificando o usuário e promovendo ações efetivas, presentes e futuras, como reservas de mesas, compras de mercadorias similares às compradas anteriormente ou reserva de um quarto no hotel.

A ideia – – nos faz retornar a concepção de Santaella (2007, p, 217) por espaços intersticiais. Espaços que ao hibridizam os espaços físico e digital num ambiente social criado pela interação e mobilidade dos usuários conectados através dispositivos computacionais móveis. Como neste texto já se tem evidenciado, pode)se observar que tanto quanto inerentes às práticas realizadas nesses espaços híbridos, percebe)se também por uma hibridização midiática.

(34)

/;B ! % #, FG L% (% - '%#

O aparecimento da escrita é um marco para a sociedade humana e vai além da utilização de sinais para se expressar através da grafia em um suporte. Essa tecnologia de comunicação se mostra como uma importante possibilidade de se estender a capacidade humana de armazenamento de ideias. Capacidade que até então se mostrava mortal, tal como os cérebros detentores de tais ideias.

Assim, com o surgimento da tecnologia da escrita, há a possibilidade de que a transmissão de ideias também possa romper por uma importante barreira. Essa é a barreira evanescente proporcionada pela emissão de frases sonoras do aparelho fonador humano, pois a comunicação se mostrava como algo delimitado temporalmente e atrelada à presença dos sujeitos envolvidos no ato comunicacional.

A escrita, essa tecnologia intelectual que Levy (1993, p. 124) descreve como um módulo externo e suplementar para a faculdade de imaginar, se mostrou como um importante instrumento para o crescimento da capacidade complexa de significação. Um dos princípios definidores dessa complexidade está na sua impossibilidade de parar de crescer.

No cerne do humano, mais explicitamente, no neo)córtex, morada do simbólico, este que é a mais requintada forma de mediação, reside, por enquanto, a manifestação otimizada da complexidade, fonte do crescimento contínuo. Ora, por limitações físico)biológicas, o crescimento do cérebro não podia se dar dentro da caixa craniana. Já indagava C. S. Peirce que, se o universo está em expansão, onde mais ele poderia crescer senão na cabeça dos homens? Certamente, a palavra cabeça não deve aí ser entendida no sentido de mente cartesiana, habitada por um ego individual, mas no sentido de pensamento coletivo, extrojetado, posto para fora na forma de signos. Se o neo)cortex, não pode parar de crescer, não podendo crescer dentro da caixa craniana, a capacidade simbólica humana sempre esteve fadada a crescer fora do corpo humano, externaliza da sob a espécie sígnica. Estavam aí já lançados os dados da extrassomatização do cérebro e dos sentidos humanos, extrassomatização que se corporifica na multiplicidade e multiplicação semiosférica (a esfera dos signos e da cultura), dominando gradativa e crescentemente a biosfera. (SANTAELLA, 2002, p. 199)

(35)

) algumas representações, que antes não podiam ser conservadas, passam. a sê)lo; têm, então, uma, maior difusão; por exemplo, grandes quantidades de listas ou tabelas numéricas (como as cotações diárias da Bolsa) só podem ser mantidas sem muitos erros e largamente propagadas em uma cultura que disponha ao menos da impressão;

) novos processamentos de informação são possíveis, e portanto surgem novos tipos de representações; por exemplo, as comparações sistemáticas de dados com à ajuda de quadros apenas são possíveis coma escrita; as simulações digitais de fenômenos naturais pressupõem os computadores.

Assim o que se vê é o ser humano enquanto espécie expandindo sua capacidade de memória através de subterfúgios protéticos. Brota)se uma simbiose entre uma espécie orgânica e o artificial. Donde se observa que o preço por essa expansão, ou seja, por essa extrassomatização da mente humana, é debitado no nível individual. Pois, apesar de cada indivíduo humano possuir um cérebro particular, esse se desenvolveu biologicamente sobre o mesmo arquétipo da espécie. Um bom exemplo desse débito é a utilização das agendas dos celulares, pois geralmente se pode esquecer um importante e usual número de telefone, já que esse se encontra memorizado pela agenda do próprio aparelho usado para nos comunicar.

Levy (1996, p. 99) assim entende que, embora não idênticas, pela biologia nossas inteligências são ao mesmo tempo individuais e semelhantes, pois em decorrência da cultura, nossa inteligência é altamente variável e coletiva. Apesar de variações ocasionadas a fatores como os geográficos e as épocas, a dimensão social da inteligência se mostra intimamente ligada às linguagens, às técnicas e às instituições. Assim foi, por exemplo, com a invenção da escrita, que ocasionou a não mais necessidade de memorização de determinadas informações por indivíduos, mas a expansão quase indefinida da memória de toda a espécie humana. Essa condição pode nos confirmar que vários passos para as determinações contextuais do pós)humano, discutida por Santaella (2010a, p. 37 – 53), já foram dadas. Dessa maneira aqui descrever)se)á algumas determinações histórico)sociais que implicam econômica, política e culturalmente neste caminhar da extrassomatização da mente e memória.

Santaella destaca inicialmente o “turbocapitalismo globalizado” de Luttwak (1999) e suas características tecnológicas, móveis que visam por uma espécie de erradicação das fronteiras comerciais que potencializa por um:

(36)

e bens materiais, numa dinâmica em que nada – nem mesmo o sentimento – pode escapar do fetichismo das mercadorias. (SANTAELLA, 2010a, p. 38)

Santaella (2010a, p. 38), também destaca a “dromosfera” de Virilio (1977 e 1984) e sua capacidade de conformar espaços sociais, políticos, militares, culturais e psíquicos a vetores que com sua movimentação e velocidade impactam no sensório humano e suas reações. Onde o não lugar)do)espaço)veloz, em que o tempo é medido em nanos segundos, impinge ao ser humano um contínuo reajustamento do senso de realidade turbinado agora pela presença ubíqua do ciberespaço, em nossa realidade física.

Assim a autora supracitada entende a cibercultura como em suas especificidades, onde a digitalização permite por uma convivência cada vez mais híbrida com formações culturais precedentes, remanescentes e ainda vivas (a oralidade, a cultura escrita, a imprensa, a massiva e a cultura das mídias). Uma hibridização resultante de um torvelinho de misturas culturais das mais diversas ordens, que Santaella (2010a, p. 39) denomina por ecologia pluralista da comunicação e que tende a se expandir cada vez mais. Essa expansão se mostra, em decorrência da difusão dos dispositivos que as pessoas carregam consigo, para lá e para cá, e que propiciam a vazão móvel do ciberespaço na realidade física.

Tais dispositivos cada vez mais inteligentes ( ), com interfaces cada vez mais íntimas, imperceptíveis pela familiaridade e naturalidade proporcionada pela prática com que são manuseadas. Um exemplo dessa sutil interface se apresenta com a manipulação de imagens, textos e outras funções diretamente nas telas sensíveis ao toque, convergindo no mesmo espaço a interface visual e de manipulação dos dados no ciberespaço através dos dispositivos, como os tabletes e smartphones munidos de telas

.

Dessa intimidade pode)se entender o devir da hibridização do carbono e o silício e outros possíveis materiais capazes de incorporar inteligência, tal como o conceito de ciborgue.

(37)

partes robóticas e que carrega consigo a ideia de ciborgue e que se pode observar no caso do alpinista Stephen Ball (figura 4) que perdeu parte dos braços em uma queda na montanha mais alta do Alasca e ganhou duas próteses mecânicas em formato de picareta, com as quais voltou a praticar seu esporte.

# % A %' & "#& % * K , "# # " J "4 2 J + % & %

Um exemplo da conceitualização e discussão por sobre o termo ciborgue frente a um exemplo atual, pode ser lido no artigo “Sobre Carros e Cyborgs” de Lemos (2010), onde discute sobre o empreendimento da Google no ramo dos carros que dirigem sozinhos. Ao usar inteligência artificial para tentar revolucionar o automóvel, a Google testa um sistema operacional23 para construtoras automotivas com conteúdos de localização para os novos carros que venham equipados com esses novos dispositivos. Lemos discute essa ação, com preocupações legais a partir da ótica da sociologia das associações presente na Teoria Ator)Rede (Actor)Network Theory, ANT) e coloca em perspectiva o termo ciborgue.

# % @ %% & FG & # # # M &# % #K#&#

23

(38)

Esse conceito de ciborgue aqui utilizado se mostra vinculado a uma reflexão metodológica acerca da condição pós)humana do homem ocidental da era da técnica pós)industrial. Representados de forma magistral por Santaella (2003) no livro Cultura e artes do pós)humano, os ciborgues assumem uma perspectiva antropológica que delimitam os horizontes transversais entre as modificações produzidas na cultura ocidental e seus efeitos nas artes na perspectiva do ciberespaço.

Com a crescente presença, em forma de rede, do ciberespaço em nossa realidade física, pode)se ver a intensa influência cognitiva das tecnologias simbólicas que dilatam, estendem, junto com a memória, a dimensão desempenhada pela cultura humana. O que se aninha com a concepção de Donalt apud Santaella (2010a, p.51) ao entender que, ao contrário da integral dependência que os humanos precedentes tinham da memória biológica, hoje o ser humano tem a seu dispor inúmeros recursos simbólicos externos. Recursos altamente eficazes em armazenar e recuperar o conhecimento culturalmente acumulado, mas que se apresentam através da dinâmica das redes. Santaella (2010a, p. 63), em consonância a Donalt (1991), entende que o desenvolvimento cognitivo humano está na sua condução para a germinação de mentes híbridas, consubstanciadas através de uma “ecologia cognitiva” em redes de conhecimento, em redes de sentimentos, enfim, em redes de memória. Uma característica que, cada vez mais, demanda por contextualização frente à forma como se pensa e pratica o ensino e a aprendizagem e que se pretende apontar nos dois próximos deste trabalho.

(39)

/;< # N #&

O estudo da dinâmica das redes é atualmente vislumbrado por um dos mais importantes desenvolvimentos nas ciências contemporâneas – a teoria dos sistemas dinâmicos. Essa teoria, que se mostra pertinente em um contexto avançado da ciência na atualidade, se embasa em um pensamento nominado por complexo. Um pensamento que se propõe a lidar com fenômenos que frequentemente se encontram nas fronteiras das ciências, onde o pensamento científico tradicional não se mostra eficaz.

Esse pensamento aplicado às redes, e que será também utilizado nos capítulos seguintes frente a perspectivas educacionais, utiliza conceitos como os a seguir mencionados e brevemente comentados:

2.7.1 A Não Linearidade

O primeiro conceito é o de não linearidade. Esse é visto frente à dinâmica das redes através de grandes implicações e suas origens, ou seja, onde grandes implicações podem ser ocasionadas por pequenos detalhes e vice)e)versa, como se pode ver em Buchanan (2009, p. 133). Dessa forma, na dinâmica das redes, pequenos eventos podem, em certas condições, desencadear grandes consequências.

Essa não linearidade também se mostra se imaginar um diagrama em rede, desenhado num espaço de representação. Nessa ideia, se observa o princípio da pluralidade de nós (pontos) e (conexões) – um princípio que não apresenta configuração hierárquica em forma de árvore, pois não se tem um ponto central que se ramifica em escala até outros pontos.

Assim a rede se organiza em uma conformação onde a maioria dos nós têm poucas conexões a outros nós. E uma pequena parte de nós, os denominados por , se mostram amplamente conectados a outros nós. Tem)se, de tal modo, uma rede com distribuição de grau em lei de potência.

(40)

que impedem a desagregação das redes reais. (BUCHANAN, 2009, p. 133).

Como se pode observar da figura 6, vê)se por uma contínua hierarquia de nós, que vão dos raros aos numerosos nós comuns. Poucos são os maiores, localizados no topo do gráfico, que são seguidos de perto por relativamente menores, e que são consequentemente seguidos por dezenas de outros que se mostram ainda menores. Essa topologia das redes sob a lei de potência determina o comportamento dinâmico, a estabilidade e a robustez da estrutura, bem como a tolerância a ataques. Esses fatores nos direcionam a entender por princípios organizacionais que estruturam a disposição e funcionamento dessas redes dispostos também nos conceitos a seguir.

# % B # %#( #FG % # " M &#

2.7.2 A Dinâmica Evolutiva

Referências

Documentos relacionados

Pesquisadores como Fernando Abrucio (2009), na pesquisa Práticas Comuns dos Diretores Eficazes, promovida pela Fundação Victor Civita, reconhecem a capacitação

Chegamos ao final dessa dissertação que teve como objetivo entender o que ocorrera na escola X com os seus vinte e um alunos que concluíram o terceiro ano do Bloco Pedagógico e

Não obstante a reconhecida necessidade desses serviços, tem-se observado graves falhas na gestão dos contratos de fornecimento de mão de obra terceirizada, bem

Na experiência em análise, os professores não tiveram formação para tal mudança e foram experimentando e construindo, a seu modo, uma escola de tempo

Google Search, which refers to a lawsuit filed by an actress and presenter nationally known for presenting children's television shows against the Google search engine, requesting

Para se buscar mais subsídios sobre esse tema, em termos de direito constitucional alemão, ver as lições trazidas na doutrina de Konrad Hesse (1998). Para ele, a garantia

No início, os estudos sobre Inteligência Artificial (IA) buscavam apenas uma forma de reproduzir a capacidade humana de pensar, porém, percebendo que esse ramo da ciência

“[…] As comunidades virtuais são agregados sociais que surgem na (Internet), quando uma quantidade suficiente de pessoas leva adiante essas discussões públicas durante um