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AS CONTRIBUIÇÕES DO BRINCAR NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

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AS CONTRIBUIÇÕES DO BRINCAR NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

LAíS CAMILA DOMINGUES (laicami@hotmail.com) REJANE KLEIN

Resumo:

O presente artigo visa compreender como se discute a importância do brincar em textos acadêmicos e pesquisa de campo relacionando esta atividade ao desenvolvimento da criança. Tem como objetivo compreender quais são as contribuições do ato do brincar para o desenvolvimento cognitivo da criança na Educação Infantil, tornando-se também como fundamental ressaltar alguns teóricos que estudam a brincadeira infantil e como os Educadores da atualidade concebem o ato brincar dentro da sala de aula e da própria instituição. Dessa forma, este estudo focalizará na compreensão da importância do brincar na vida do ser humano e em essencial na vida da criança.

Palavras-chave: Lúdico, Desenvolvimento Cognitivo e Educação Infantil.

Introdução

O brinquedo e o brincar de modo geral estão presentes na vida das crianças, no entanto, podemos indagar como o brincar e a brincadeira são compreendidos pelos docentes que atuam na Educação Infantil? Os docentes que atuam com crianças pequenas percebem qual é a contribuição da brincadeira para o desenvolvimento infantil? Estas são questões que buscamos responder neste estudo. Para isso recorremos aos textos de alguns estudiosos como: Wasjskop (1995), Vygotsky (1998) e Luria (2011), discorrem sobre o ato de brincar na Educação Infantil demonstrando a importância do brincar para o desenvolvimento da criança. No primeiro momento fazemos uma breve revisão de literatura sobre o tema brincar. Em seguida descrevemos a metodologia que

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foi empregada nesta pesquisa, e, na última parte do texto a partir da análise dos dados coletados junto a docentes que atuam na Educação Infantil procuramos responder as questões apresentadas acima.

O Brincar e sua importância – alguns estudos

Para Ujiie (2009, p.29) "O brincar é uma atividade essencial ao ser humano. O homem sempre brincou sem distinção de regras, entre adultos, crianças e animais, no decorrer da história da humanidade [...]". A autora destaca que o brincar é uma atividade importante na vida do ser humano e que esta atividade faz parte da história da humanidade. O ato de brincar sempre existiu, mas nos dias atuais se destaca como essencial para o desenvolvimento infantil.

Ainda a autora menciona o brincar como:

[...] presença marcante na nação educativa junto às crianças nos diversos ‘cantos’ da Educação Infantil, que precisa estar ancorada no respeito à individualidade infantil, ao modo de criar, pensar, agir, ser e estar no mundo. Partindo desse pressuposto, o educador de infância será aquele que atuará no atendimento das demandas da criança, logo sua qualificação e formação específica é suporte indispensável.

(UJIIE, 2009, p. 33).

Percebe-se que o brincar na Educação Infantil é entendido como um dos elementos que fazem parte do processo educativo da criança. Contudo, como diz a autora é necessário respeitar o modo como cada criança, pensa, cria e age ao brincar. Parece-nos que este aspecto carece ser aprofundado na formação continuada dos docentes que atuam com crianças pequenas. Na pesquisa de Quaresma (2010), emerge a preocupação com a organização do espaço para a realização das brincadeiras.

Conforme o autor, “Cabe ao professor, como adulto mais experiente, estimular brincadeiras, ordenar o espaço interno e externo da escola, facilitar a disposição dos brinquedos, mobiliário, e os demais elementos da sala de aula [...]”. (QUARESMA, 2010, p. 6). Para tanto educadores da Educação Infantil, devem ser conscientes de que a criança precisa brincar, mas para isso, deve haver material, tempo e espaço disponíveis.

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Teixeira (2012) diz que é brincando que a criança se desenvolve.

Pois:

[...] Uma criança que brinca [...] para aprender como pensam, falam agem e sentem os sujeitos de seu grupo cultural e assim tornar-se um deles. No entanto ao mesmo tempo em que a criança se apoia em sua realidade social, pois extrai as regras para as brincadeiras diretamente da sua cultura, efetua transformações, no plano simbólico, recompondo os significados e ultrapassando as condições concretas impostas pelo real. (TEIXEIRA, 2012, p.1)

Como vimos a criança que brinca procura tornar-se parte do grupo em que vive. Ela aprende brincando e faz da brincadeira um acervo de significados e conhecimentos extraídos do meio em que se insere. Com isso a criança que brinca, aprende e se insere no mundo adulto e em sua cultura.

Já Roure (2009) diz que o brincar da criança permite que os pequenos criem significados por meio dos objetos, propiciando novas experiências, para a autora:

[...] contrariamente ao que se pensa, não é a capacidade que o objeto brinquedo tem de produzir o real - processo de miniaturização dos objetos - realçada por sua potencia tecnológica e beleza plástica que possibilitará à criança a vivencia de uma experiência em relação com o mundo, mas a possibilidade que uma palavra ali se inscreva podendo deslocar, combinar ou esvaziar significados ali inscritos, e assim ousar na produção de um ‘aparente’ sem sentido [...] o brinquedo pode ser então qualquer coisa, um pedaço de tecido, um copo plástico de yogurte ou a tampa do perfume da mãe.

( p.8 – 9)

A criança ao brincar experimenta o mundo, ela transforma o objeto em um brinquedo ao qual ela mesma atribui um significado. Para tanto "[...] o brincar pode ser remetido aos devaneios e a criação artística por tecer a fantasia, reconciliar o inconciliável e realizar os desejos [...]". (ROURE, 2009, p.9)

Quaresma, (2010, p.5) compreende que "O brincar permite à criança vivenciar o lúdico e descobrir a si mesma, apreender a realidade, tornando-se capaz de desenvolver seu potencial criativo [...]".Para a autora a brincadeira permite que a criança descubra si mesma, entenda a realidade que a rodeia e

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ainda, desenvolva a criatividade.

Nesse sentido a brincadeira é um momento e oportunidade para o desenvolvimento da criança. De acordo com os autores acima elencados é por meio do ato de brincar que a criança aprende, experimenta, elabora sua autonomia, organiza suas emoções e se insere em seu meio social.

Neste sentido podemos retomar nossas indagações e verificar como os educadores que atuam nos Centros de Educação Infantil percebem o brincar e a brincadeira, em quais momentos estas atividades são efetuadas. Se na rotina diária existem momentos em que estas atividades são discutidas e planejadas pelos docentes, e principalmente se os professores percebem a importância do brincar para o desenvolvimento da criança.

Podemos dizer que de certo modo, para alguns pais e até para educadores que atuam nas instituições de educação infantil existe a crença de que a brincadeira não passa de uma mera distração para a criança. No entanto, como vimos com os autores já citados é por meio do brincar que a criança pode desenvolver sua individualidade, mostrar seu jeito de pensar e agir, pode ainda compreender o mundo adulto inserir-se nele. Para isso, se faz necessário uma formação continuada que debata a importância do brincar, bem como o constante planejamento nas instituições que atendem a crianças pequenas. Para responder as questões já apresentadas na introdução deste texto passamos agora a análise dos dados colhidos junto a professoras que atuam em Centro de Educação Infantil da região centro sul do Paraná.

O Brincar no Dia A Dia de Um Centro de Educação Infantil

Na realização desta pesquisa efetuamos estudo bibliográfico e também pesquisa campo. Todo trabalho acadêmico compreende uma pesquisa bibliográfica. No caso deste estudo foi fundamental para aprofundar a compreensão do tema em questão. Conforme Gonsalves (2007, p.40):

A pesquisa bibliográfica é caracterizada pela utilização de fontes secundárias, ou seja, pela identificação e análise dos dados escritos em livros, artigos de revistas, dentre outros. Sua finalidade é colocar o investigador em contato com o que já se produziu a respeito de seu tema de pesquisa. .

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.

Já a pesquisa de campo entende-se como “[...] o tipo de pesquisa que pretende buscar a informação diretamente com a população pesquisada.

Nesse caso o pesquisador precisa ao espaço onde o fenômeno ocorre – ou ocorreu – e reúne um conjunto de informações a serem documentadas”

(GONSALVES 2007, p.68).

Assim sendo, foram elaborados quinze questionários, com dez questões, todas referentes ao tema brincar e sua organização na escola. Os questionários foram distribuídos em uma instituição que atende a crianças de 0 a 5 anos. Dos quinze questionários distribuídos,retornaram quatorze. As questões foram semi-estruturadas com o objetivo de perceber melhor o que as docentes pensam a respeito do brincar e sua relação com o desenvolvimento infantil. Podemos dizer que a maneira como comumente se entende o brincar é bastante complexo.

Wajskop (1995, p.29) comenta que:

A brincadeira é uma forma de comportamento social, que se destaca da atividade do trabalho e do ritmo cotidiano da vida, reconstruindo-os para compreendê-los segundo uma lógica própria, circunscrito e organizado no tempo e no espaço.

Na visão da autora o brincar é uma atividade diferente daquilo que as pessoas fazem normalmente. É uma atividade que atua na reconstrução do cotidiano de acordo com uma lógica que muitas vezes foge à compreensão dos adultos. No brincar a criança aprende, traz para si conhecimentos e saberes, como atributos que possivelmente utilizará no futuro. Adotando como princípio de que o brincar é uma atividade importante na vida da criança e imprescindível na escola, passamos agora para a análise dos dados.

Após uma leitura cuidadosa dos questionários selecionamos as respostas de oito docentes. O critério usado para esta seleção está de acordo com a finalidade da pesquisa que é a de compreender como o brincar e a brincadeira são compreendidos pelos docentes que atuam na Educação Infantil e ainda, entender se nas respostas dos docentes se percebe qual é a contribuição da brincadeira para o desenvolvimento infantil? Para resguardar a identidade dos sujeitos dessa pesquisa identificamos as respostas como: professora 1,

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professora 2, professora 3, professora 4, professora 5, professora 6, professora 7 e professora 8. Dentre as questões selecionadas destacamos as respostas dadas a três questões que serão aqui analisadas. Dentre as escolhidas selecionamos a seguinte questão:

“De que forma as brincadeiras são organizadas na sala de aula?”

Professora 1 comentou: “De forma lúdica, ou as vezes quando as crianças estão agitadas”. Professora 2 mencionou: “As brincadeiras são realizadas conforme o planejamento e outras brincadeiras são cotidianas, com músicas e para diversão das crianças conforme as preferências”. A professora 3 apontou: “De acordo com a idade das crianças espaço adequado, fazer com que todos participem”.

Nota-se uma variação em relação às respostas uma vez que as professoras 1 e 2 não esclarecem nem quais e nem como as brincadeiras são organizadas. A professora 3 menciona três aspectos interessantes: a idade, o espaço e a participação das crianças. Em algumas respostas aparecem os meios que foram usados para o planejamento das brincadeiras. Como apontou a professora 4: “Através da internet, das horas atividades, grupo de estudo e livros didáticos”, e a Professora 6 “De acordo com o planejamento, utilizando a coleção entrelinhas (SEFE)”.

Além dos aspectos já destacados aparecem ainda questões relacionados à aprendizagem das crianças como veremos a seguir: “Da forma em que ajude a criança na coordenação e aprendizagem”. (Professora 5). “De acordo com o conteúdo que está sendo desenvolvido no momento e também para melhorar a coordenação e lateralidade dos alunos”. (Professora 7). E por fim, a resposta da professora 8 que diz,

Entendendo que a brincadeira é fundamental para o desenvolvimento das crianças; desse modo as brincadeiras giram em torno de músicas, jogos, danças, faz de conta e são planejadas de acordo com a faixa etária e estas podem ser livres ou orientadas; em torno das atividades, socializadas, com jogos visto que são crianças de 2 anos e meio.

Percebemos que as respostas a esta questão pode ser agrupada de acordo com três eixos. No primeiro eixo as professoras focalizam as crianças, como se percebe nas respostas das professoras: a docente 1 diz, 2 e 3 que o

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brincar serve, por exemplo: para acalmar as crianças, a 2, para a diversão das crianças e ainda e a 3 como incentivo a participação destas. Como segundo eixo, podemos apontar os meios usados: como, por exemplo, o material utilizado sendo citado: a coleção Entrelinhas, a internet, os grupos de estudo e outros. E por fim, ainda para esta mesma questão um terceiro eixo, no qual se aponta para a aprendizagem das crianças, como ficou explícito nas respostas das professoras 5, 7 e 8 como veremos: A primeira comentou que a brincadeira serve para ensinar a aprendizagem de modo geral e da coordenação, a segunda a lateralidade e coordenação e a terceira apontou o desenvolvimento de modo global.

Nesse sentido, verificamos que a questão do brincar é algo bastante complexo e as professoras responderam de maneira diferente a esta questão.

Observamos que o planejamento da atividade do brincar é atribuído a fontes diversas e, em alguns casos como vimos nas respostas das docentes 5, 7 e 8 a brincadeira é utilizada com o intuito de ensinar um determinado conteúdo à criança.

De acordo com Wajskop (1995, p.24):

[...] a maioria das escolas tem didatizado a atividade lúdica das crianças, restringindo-a a exercícios repetidos de discriminação viso motora e auditiva, através do uso de brinquedos, desenhos coloridos e mimeografados e músicas ritmadas. Ao fazer isso, ao mesmo tempo em que bloqueia a organização independente das crianças para a brincadeira, essas práticas pré-escolares, através do trabalho lúdico didatizado, infantilizam os alunos, como se sua ação simbólica servisse para exercitar e facilitar, a transmissão de determinada visão do mundo, definida a priori pela escola.

A didatização da brincadeira aparece várias vezes como se vê nas respostas das professoras 5, 7 e 8. Para a autora a escola muitas vezes não oferece liberdade para crianças fazerem o que realmente desejam no momento de realizarem as brincadeiras. Muitas vezes a escola oferece como diz Wajskop (1995), exercícios repetidos, sem livre escolha, tanto que para o aluno só caberá fazer o que a escola ou professor impõe.

Como vimos a brincadeira aparece como meio para ensinar conteúdos tais como: lateralidade, coordenação motora e ainda, conteúdos que constem

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no planejamento da instituição.

Para melhor compreendermos como as brincadeiras são desenvolvidas no dia a dia da instituição fizemos a seguinte questão: Existem dias e horários definidos para as crianças brincarem?

No que se refere a segunda questão notamos uma certa confusão em relação ao que dizem as docentes. “Na Educação Infantil as crianças tem todos os dias para brincar, é reservado um horário dentro ou mesmo fora da sala”.

(Professora 1), “O dia da brincadeira é todo dia, e os horários variam conforme o planejamento da professora, mas todo dia tem brincadeira com intenção de introduzir um conteúdo ou para diversão e interação da turma”.

(Professora 2, grifo nosso). “Não existe horários definidos, e sim brincadeiras dirigidas e brincadeiras livres as quais são realizadas a todos os momentos, pois elas aprendem brincando”. (Professora 3). “Sim, geralmente após o lanche, ou sempre que (sentir) achar de necessário”. (Professora 6). “Depende, existem datas comemorativas que são trabalhadas ou melhor, desenvolvidas através de músicas e brincadeiras, mas na rotina diária, também existem horários para brincar”. (Professora 7).

Na questão 1 - como as brincadeiras são organizadas em sala de aula?

Notamos que cada docente respondeu indicando que existe de certa forma, o planejamento das atividades que envolvem as brincadeiras. No entanto, nas respostas para a segunda questão notamos que cada professora situa o brincar de acordo com a situação do momento dizendo que se brinca todos os dias, em qualquer horário. Parece que o brincar é realizado de acordo com o momento. Isto fica evidente quando as professoras: 1, 3 e 6 mencionam que não há um horário estipulado. Docentes 1 e 3 “todo o dia”, 6 “[...] após o lanche e quando achar necessário [...] e 7 conforme datas comemorativas e na rotina.

A resposta da professora 8 chama a atenção: “Não, a brincadeira ocorre em todos os momentos na sala; giram em torno das regras, da higiene, visam desenvolver as crianças integralmente”. A docente menciona que todas as atividades realizadas em sala de aula são realizadas por meio de brincadeiras, inclusive a aprendizagem das regras e da higiene. Observamos que a maioria das professoras dizem não haver horários definidos para as crianças brincarem. Somente a professora 6 diz que as brincadeiras acontecem após o lanche.

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A questão central de nossa pesquisa foi a de compreender se as brincadeiras contribuem para o desenvolvimento da crianças. Para isso, elaboramos a seguinte questão: “Você percebe quais são as aprendizagens das crianças enquanto brincam?”

Como já mencionado ao levantar essa questão, o intuito foi de perceber se na ótica dos professores as brincadeiras contribuem na aprendizagem das crianças. Assim pretendíamos verificar se as professoras observavam aprendizagens nas crianças. Professora 1 diz que: “Percebe-se muito pois existem muitas brincadeiras que dá para aproveitar de brincar e aprender, Ex: o relacionamento, jogos e vários outras brincadeiras”. A professora 2 respondeu:

“Quando utilizamos jogos de cores, números ou de montar percebe-se a evolução do conhecimento nos alunos”. A 3 mencionou: “Desenvolver coordenação motora fina e grossa, equilíbrio corporal, raciocínio e dentre outros, tudo se aprende através das brincadeiras”. A docente 4, comentou:

“Sim, A respeitar seus coleguinhas, a fala, coordenação motora, desenvolvimento da audição, etc”. A 5 apontou: “Aprendem a dividir, interagir, classificar, coordenar, as direções, movimentar conforme o ritmo etc.”. Neste grupo de respostas destacam aspectos relacionados a conteúdos específicos como, por exemplo, coordenação motora, equilíbrio, cores, números e etc.

Novamente, retomamos a discussão de Wasjkop (1995) quando a autora comenta que há uma relação entre a brincadeira e o ensino de conteúdos escolares. Neste sentido, podemos dizer que a brincadeira na educação infantil serve como meio para a transmissão de conteúdos escolares. Em algumas respostas notamos que as professoras dizem que ao brincar as crianças aprendem de forma lúdica, se divertem e etc.

Vygotsky (1998) comenta, que nem sempre a criança experimenta prazer ao brincar. Para o autor:

[...] No início da idade pré-escolar, quando surgem os desejos que não podem ser imediatamente satisfeitos ou esquecidos, e permanece ainda a característica do estágio precedente de uma tendência para a satisfação imediata desses desejos, o comportamento da criança muda. Para resolver essa tensão, a criança em idade pré-escolar envolve-se num mundo ilusório e imaginário onde os desejos não realizáveis podem ser realizados, e esse mundo é o que chamamos de brinquedo.

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(VYGOTSKY, 1998, p. 122).

Neste sentido, mais do que sentir prazer e se divertir o brincar conforme Vygotsky atua no desenvolvimento da criança, pois para se satisfazer ela é impulsionada para a ação, esse impulso faz com que a criança vivencie papéis e funções que ainda não é capaz de entender. A resposta da professora parece apontar para alguns aspectos do desenvolvimento da criança.

A professora 6 diz que: “Sim, a comunicação, isto é, aquisição da linguagem verbal, corporal e plástica, além da socialização, desenvolvimento rítmico, corporal, lateralidade, percepção verbal e auditiva, ajuda também a desenvolver a organização temporal e espacial”. Note-se que aqui além de aparecerem ainda alguns conteúdos escolares destacam-se outros aspectos tais como: a socialização e a organização temporal e espacial, relacionados com aprendizagens que levam ao desenvolvimento cognitivo das crianças.

Com relação a estes aspectos Palhano (2009, p.19) comenta que:

O brinquedo permite que a criança, além das dimensões motoras, cognitivas e afetivas desenvolva também, a socialização, a parceria, a cooperação, entre outros. Nesta fase a escola tem um papel fundamental, na medida em que insere a criança num outro universo, mais complexo, que vai exigir dela novas adaptações.

O autor destaca que o brinquedo contribui para o desenvolvimento de vários aspectos tais como: as habilidades motoras, cognitivas e afetivas. O jogar e imaginar em pequenos grupos auxilia também para o desenvolvimento da cooperação, da troca, da socialização entre outros aspectos.

A imaginação é um elemento importante. Palhano (2009) diz que é por meio da imaginação que a criança realiza as coisas que não pode realizar enquanto pequena, fazendo que isso amplie seu acervo cognitivo para que assim se desenvolva para aprendizados futuros.

Ainda em relação às aprendizagens que as crianças realizam a professora 7 aponta que: “Melhora muito a imaginação, digo, a capacidade de mentalizar e assimilar tarefas, juntamente com a coordenação motora e o raciocínio lógico”. A imaginação é desenvolvida por meio da brincadeira. A resposta desta professora se aproxima do que diz Vygotsky (1998) e Palhano (2009), pois para Palhano (2009) é por meio da imaginação que a criança

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realiza as coisas que não pode fazer enquanto pequena, e isso amplia seu acervo cognitivo.

A resposta da professora 8 apresenta dentre outros aspectos o desenvolvimento da socialização.

Enquanto a criança brinca, trabalha-se o seu cognitivo, lateralidade, espaço concentração, socialização etc., Regras são inseridas e o comportamento da criança diferencia-se, ela ouve mais, lhe da atenção, a criança é movimento constante.

A socialização e o comportamento da criança se modificam quando as crianças brincam. Notamos que esta docente vê a criança como um ser em movimento constante.

Observamos que nas respostas das três questões analisadas o brincar na educação infantil é compreendido de um lado como um momento para se ensinar conteúdos relativos ao planejamento escolar bem como regras, normas de higiene e outros comportamentos. Percebe-se também que para algumas docentes as brincadeiras e o brincar não tem um espaço/tempo definidos. Mas como vimos nas respostas das professoras 7 e 8 o brincar também atua no desenvolvimento das crianças.

Conclusão

A partir dessa pesquisa, compreendemos que o brincar é uma necessidade do ser humano, principalmente na infância, esta deve ser vivenciada, não apenas como diversão ou distração, mas com o objetivo de desenvolver as potencialidades da criança.

Como vimos nas discussões da pesquisa, ressaltando os teóricos mencionados nesse estudo, é por meio do brincar que a criança pode desenvolver sua individualidade, mostrar seu jeito de pensar e agir, pode ainda compreender o mundo adulto inserir-se nele. Os autores demonstraram também que o brincar desenvolve o indivíduo como um todo, sendo assim a Educação Infantil deve tomar o ato lúdico como uma ferramenta para sua ação enquanto ensino aprendizagem.

Notamos por meio da análise dos dados que compreensão da

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importância do brincar na formação docente ainda carece de mais conhecimentos, pois o lúdico para muitos educadores é compreendido como o momento para se ensinar o conteúdo relativo ao planejamento escolar, como vimos em algumas respostas obtidas.

Concluímos que embora, os docentes ainda careçam de conhecimentos aprofundados sobre a importância do brincar durante o processo de formação, observamos que nas respostas dadas por alguns deles, a: imaginação, a criatividade, a cooperação e a interação são percebidos como aspectos desenvolvidos pelas crianças por meio das brincadeiras.

Ressaltamos ainda, que os cursos de formação para docentes têm corresponsabilidade neste modo de compreender o brincar e sua importância no desenvolvimento infantil.

Referências:

GONSALVES, Elisa Pereira. Conversas sobre iniciação da pesquisa científica. Campinas, SP: Editora Alínea, 2007.

LURIA, A. R.; LEONTIEV, A.N.; VIGOTSKY, Lev Semenovich. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Icone, 2011.

PALHANO, N.C. Amanhã é dia de brinquedo!: a fala de educadoras da criança muito pequena sobre o brinquedo na rotina dos CMEI’s de Curitiba.

Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Paraná, 2009. Disponível em: http://www.ppge.ufpr.br/teses/M09_palhano.pdf. Acesso em: 24/06/2013.

QUARESMA, Priscila Mayara de Andrade. A relação entre o brincar e o desenvolvimento infantil, segundo professoras. Disponível em:

http://www.abpp.com.br/artigos/110.pdf . Acesso em: 23/04/2013.

ROURE, Glaci Q. de. Infância, experiência, linguagem e brinquedo. In Anais da33ª Reunião Anual da ANPEd, Caxambu, Minas Gerais, 2010, GT07-6935.

Disponível em:

http://www.anped.org.br/33encontro/app/webroot/files/file/Trabalhos%20em

%20PDF/GT07-6935--Int.pdf. Acesso em: 23/04/2013.

TEIXEIRA, S.R.S. A mediação de uma professora de Educação Infantil nas brincadeiras de faz-de-conta de crianças ribeirinhas. In Anais da 35ª Reunião Anual da ANPEd, Porto de Galinhas, Pernambuco, 2012, GT07-2078.

UJIIE, N.T. A rede pública municipal de Educação Infantil iratiense e o

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lúdico: o olhar das profissionais. Dissertação de mestrado, Universidade Estadual de Ponta Grossa, 2009. Disponível em: http://www.bicen- tede.uepg.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=368. Acesso em: 24/06/2013.

VIGOTSKI, L.S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 6ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

WAJSKOP, Gisela. O brincar na pré-escola. São Paulo: Cortez, 1995.

Referências

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