Tipos e Porte das Empresas: por que isso importa?
Já se perguntou o que significa aquele Ltda. ou SA ao lado do nome de algumas empresas?
Ou está pensando em abrir uma empresa e está confuso entre a diferença de microempresário e empresa individual limitada?
Entenda agora mesmo o que são esses termos e o que significam na prática!
Temos que primeiro entender o motivo de haver esses termos: o tipo seria a forma como a empresa é constituída. Já o porte da empresa demonstra o tamanho dela, economicamente falando.
Assim, sabemos mais sobre como a empresa é administrada pela visão jurídica, o poder econômico e a carga tributária que ela se enquadra.
Definir direito qual o tipo e porte da empresa é importante para você reduzir seus riscos jurídicos, tributários e também auxiliar em captação de recursos!
Photo by Christina @ wocintechchat.com on Unsplash PONTOS CHAVE:
• Os tipos de empresa determinam a estrutura jurídica.
• O porte irá determinar o enquadramento tributário.
• Essas informações também são usadas por bancos e fornecedores especialmente nas negociações.
• Registrar a empresa corretamente é essencial para reduzir riscos jurídicos e problemas com a Receita.
TIPOS DE EMPRESA Sociedade Empresária Limitada (Ltda.)
Características principais:
• Sistema de cotas;
• Dois ou mais sócios;
• Criação da empresa através do Contrato Social;
• Separação do patrimônio pessoal e o da sociedade;
• Responsabilidade limitada, com base na participação societária de cada um.
É o tipo de empresa mais comum no Brasil, sendo referente à empresa que possui dois ou mais sócios.
Nesse sistema, os sócios respondem financeiramente pela empresa conforme sua participação no capital social. Daí o termo limitada.
Assim, os sócios não respondem por dívidas da sociedade com a totalidade de seus bens pessoais. Ademais, há a completa separação (ou pelo menos deveria acontecer) do patrimônio pessoal dos sócios do patrimônio da sociedade.
O capital social é dividido em um sistema de cotas, onde cada cota, comumente, corresponde à R$1, assim, caso um sócio investir R$100 mil ele receberá 100 mil cotas dessa sociedade.
A tomada de decisão, em caso de impasse, poderá ser definida pelas cotas. Para uma decisão ser aprovada é necessário a maioria, por exemplo:
Temos Ângelo, Leonardo e Amélia como sócios. Amélia possui 35% das costas, Leonardo possui 33% e Ângelo os outros 32%. Ou seja, em caso de
impasse, a decisão que tiver dois sócios apoiando será a escolhida, pois a aliança acumulará mais de 50% das quotas, ganhando pela maioria.
Esse tipo de empresa é comum principalmente por proteger o patrimônio pessoal dos sócios, entretanto, eles podem responder com todos seus bens pessoais nos casos de:
• comprovação de má-fé;
• sonegação fiscal, confusão patrimonial;
• estelionato;
• fraude contra credores;
• etc.
Aliás, a Justiça do Trabalho recorrentemente condena os sócios ao pagamento da dívida trabalhista com o patrimônio pessoal, caso os bens da empresa não serem suficiente.
Tribunais do trabalho não é algo que você vai querer brincar...
Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (Eireli)
Possui o mesmo funcionamento da Ltda, mas é formada exclusivamente por um sócio. Ademais, a lei exige um capital social, devidamente integralizado, de mínimo 100 vezes o salário mínimo vigente.
Assim, por haver um único sócio, ele:
• Toma as decisões sozinho;
• Também possui seu patrimônio pessoal separado do patrimônio da empresa;
• Responde financeiramente pela empresa até o limite do capital social; e
• Usa o nome empresarial, em vez do seu (a empresa usa o CNPJ, não o CPF do sócio)
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Empresa Individual (EI)
Características principais:
• Não há a presença de sócio;
• O dono responde com 100% de seu patrimônio pessoal;
• Ausência de Contrato Social;
• Há limitação das atividades que podem se registrar como EI.
Aqui o empresário não tem status de sócio, mas de proprietário. De tal maneira, o nome empresarial deverá ser o mesmo que o do empresário, apenas tendo opção de escolher o nome fantasia do negócio.
Na responsabilidade financeira, o proprietário responde 100% pelo negócio, assim todo seu patrimônio pessoal poderá ser executado para quitação de dívidas empresariais.
Além disso, nesse tipo de empresa não há contrato social, visto que não há necessidade de haver cláusulas para regular a atuação do proprietário.
Mas, atenção, não pode ser empresário individual: o prestador de serviços que exerce profissão intelectual, científica, literária ou artística como médicos, engenheiros, advogados, psicólogos entre outros.
Esses atuarão como autônomos (pessoa física com registro na prefeitura) ou como sócios através da Sociedade Simples (ver abaixo).
Isso não se aplica caso a profissão represente apenas um elemento da empresa, como no caso de um engenheiro que abrirá uma construtora, isso não impedirá o engenheiro de abrir uma EI, Ltda, EIRELI e afins.
Microempreendedor Individual (MEI)
Características:
• Tributação simplificada e reduzida;
• Pode ter um empregado;
• Possui limite de faturamento anual de R$ 81 mil;
• Transmite confiança para clientes;
• Abre portas para comprar com fornecedores que só aceitam CNPJ.
Esse é o tipo de empresa mais aconselhável para quem está começando e para freelancers.
O MEI é automaticamente enquadrado no regime tributário Simples Nacional, com uma carga tributária reduzida e simplificada, mas com limite de faturamento anual de R$81.000,00. Outra restrição é que o MEI pode ter apenas um empregado.
É a forma mais simples, rápida e barata para iniciar uma atividade empresarial, mas atente-se para as restrições.
O grande benefício do MEI é sua formalização, que traz mais confiança para seus clientes, permite você comprar em distribuidores ou mesmo de fábrica (muitos fornecedores só vendem para CNPJ).
Os bancos também possuem tratamento diferenciado para a categoria, fornecendo contas de PJ e linhas de crédito com linhas diferenciadas.
Sociedade Simples (SS)
Características:
• Abertura através do Contrato Social;
• A responsabilidade é ilimitada (não há separação do patrimônio pessoal);
• Foco nos prestadores de serviço como médicos, advogados, psicólogos, engenheiros e outros.
Lembra da Empresa Individual onde comentei que médicos, advogados, psicólogos e outros não podiam ser EI, somente sendo autônomo ou Sociedade Simples?
Então, a Sociedade Simples é focada para esse grupo de profissionais quando decidem se juntar.
A abertura da SS é semelhante com a Ltda. Nesse tipo de empresa a atividade empresarial une prestadores de serviços para atividades intelectuais, técnicas e científicas.
Ressalto que, a responsabilidades dos sócios são ilimitadas, assim seu patrimônio pessoal também estará em jogo em caso de dívidas.
Assim, essa sociedade é para o caso de você ser um advogado, por exemplo, e quiser abrir um escritório junto com seu colega de profissão.
Sociedade Anônima (S/A)
Características:
• Sistema por ação;
• Estrutura e regimento societário mais complexo;
• Pode ser capital fechado ou aberto (negociada em bolsa);
É um tipo de empresa comum à grandes corporações, pois nesse sistema o capital social é dividido por ações, que difere do sistema de quotas da Ltda.
Por ser um sistema muito mais complexo, é bem pequeno o número de empresas que optam por esse modelo.
Ademais, a Sociedade Anônima pode ser dividida em dois subtipos:
• Capital Aberto: com ações sendo vendidas na bolsa de valores, para o público geral.
• Capital Fechado: ações dividas internamente entre sócios e outros interessados ou convidados.
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Porte de empresas
O tamanho da empresa representa a categoria de faturamento anual que a empresa se encaixa, o que também reflete na carga tributária que ela terá.
Assim como o tipo societário, os portes das empresas também têm efeitos na relação com fornecedores e instituições financeiras, como no aspecto de concessão e condições de crédito para a empresa.
Microempresa (ME)
Pela lei, microempresa são empresas que faturam no máximo R$360 mil anualmente.
Podem optar pelo Simples Nacional (se atividade não for impeditiva) que possui uma carga tributária reduzida e facilitada. Mas, diferente do MEI, não há limitação a contratações.
Empresa de Pequeno Porte (EPP)
Empresas que faturam anualmente acima de R$360 mil a R$3,6 milhões. Como a ME, também podem optar pelo Simples Nacional se não exercerem atividades que o regime não permita.
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Empresa de médio e grande porte
Os órgãos públicos não possuem um critério unificado para definir médias e grandes empresas.
Algumas entidades utilizam número de funcionários, outras o faturamento.
Por exemplo, pelo BNDES, o critério é o faturamento anual, assim:
• Média: R$16 milhões até R$90 milhões por ano
• Média-grande: R$90 milhões a R$300 milhões por ano
• Grande: acima de R$300 milhões por ano
Para o BNDES, empresas que faturem entre os R$3,6 milhões e os R$16 milhões ainda são EPPs, mas pela receita não podem mais optar pelo Simples Nacional.
Em outras entidades, pode ser que o critério seja o número de funcionários, que seguiria:
• Indústria:
o Micro: com até 19 empregados o Pequena: de 20 a 99 empregados o Média: 100 a 499 empregados o Grande: mais de 500 empregados
• Comércio e Serviços:
o Micro: até 9 empregados
o Pequena: de 10 a 49 empregados o Média: de 50 a 99 empregados o Grande: mais de 100 empregados
Mas o que tudo isso muda na prática?
Bem, cada tipo de empresa Por exemplo, os direitos e deveres em uma Ltda. é regida pelo Contrato Social firmado entre os sócios onde estará estabelecido tudo sobre a sociedade, principalmente sobre o que acontece na saída de um sócio, resolução de conflitos, quem é responsável pelo o quê e por aí vai.
O porte da empresa já nos dirá principalmente sobre a tributação que ela terá que pagar.
O Simples é um regime tributário criado para facilitar e reduzir a carga tributária de empresas de pequeno porte.
Porém, nem todas empresas podem se enquadrar no regime Simples e possui um teto de faturamento, atualmente em R$ 4,8 milhões de faturamento por ano
A legislação é composta de cinco anexos onde cada uma apresenta uma tabela das alíquotas. O anexo I da Lei Complementar n. 123/2006 traz a tabela de alíquotas das lojas em geral:
FAIXA Receita bruta em 12 meses Alíquota Valor a Descontar
FAIXA 1 Até R$ 180.000,00 4% 0
FAIXA 2 De 180.000,01 a 360.000,00 7,3% R$ 5.940,00 FAIXA 3 De 360.000,01 a 720.000,00 9,5% R$ 13.860,00 FAIXA 4 De 720,000,01 a 1.800.000,00 10,7% R$ 22.500,00 FAIXA 5 De 1.800.000,01 a 3.600.000,00 14,3% R$ 87.300,00 FAIXA 6 De 3.600.000,01 a 4.800.000,00 19% R$ 378.000,00
As empresas desse regime tributário têm a facilidade de todos os impostos serem recolhidos em uma única guia, reduzindo a burocracia e possibilitando uma gestão muito mais eficiente para as empresas.
Mas, quais são todos esses impostos se há apenas uma alíquota? Então, dentro da alíquota os impostos são distribuídos da seguinte forma:
Faixas IRPJ CSLL COFINS PIS/Pasep CPP ICMS Alíquota Total FAIXA 1 0,220% 0,140% 0,510% 0,110% 1,660% 1,360% 4,000%
FAIXA 2 0,402% 0,256% 0,930% 0,201% 3,030% 2,482% 7,300%
FAIXA 3 0,523% 0,333% 1,210% 0,262% 3,990% 3,183% 9,500%
FAIXA 4 0,589% 0,375% 1,363% 0,295% 4,494% 3,585% 10,700%
FAIXA 5 0,787% 0,501% 1,822% 0,395% 6,006% 4,791% 14,300%
FAIXA 6 2,565% 1,900% 5,371% 1,165% 7,999% 0,000% 19,000%
É importante saber se sua empresa se enquadra no Simples, pois se não participar, dá uma olhada na tributação do Lucro Real, outro regime tributário que as empresas podem optar:
• IRPJ: 15% sobre lucro líquido
• PIS/Pasep: 1,65% sobre faturamento total
• COFINS: 7,6% sobre faturamento total
• CSLL: 9% sobre lucro líquido
• Imposto de Renda Adicional: 10% aplicado sobre a diferença, quando o lucro líquido ultrapassar R$ 60 mil no trimestre
E outra: as empresas que não são do Simples, tem que apurar e recolher cada imposto separadamente! Imagina o trabalho e o gasto com contador!
Já o MEI (que também é do Simples) paga um valor fixo por mês, conforme explica o Portal do Empreendedor:
• Comércio e Indústria – ICMS: R$ 53,25
• Serviços – ISS: R$ 57,25
• Comércio e Serviço – ICMS e ISS: R$ 58,25
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Mas não é só para contador e advogado que isso importa. O banco também está de olho!
Principalmente os bancos essas duas informações sem extremamente importantes.
Será através da análise do contrato social (se for o caso) e pelo porte da empresa que a instituição irá fazer seus cálculos para liberação de crédito e outras funções.
Eles fazem isso para o gerenciamento de risco. Pelo contrato social eles entendem quem são os participantes e avaliam aspectos jurídicos caso venha ser necessário, por exemplo, usar os meios legais para cobranças.
Através do porte da empresa, é possível compreender o poder econômico que a empresa possui, também impactando a análise de risco pelo banco.
Mas, não é só instituições financeiras que isso importa. Muitos fornecedores também prestam atenção a esses dados especialmente nas negociações, para entender quem é o real tomador de decisão da empresa e qual o possível tamanho do orçamento.
Assim, fechamos nosso artigo de hoje compreendendo que o tipo de empresa e seu porte precisam ser definidos corretamente para evitar problemas e prejuízos.
Por isso, sempre peça ajuda de contadores e advogados para se adequar à legislação e ter negócios sustentáveis. É um processo chato, muitas vezes custoso e demorado, porém temos que fazer.
E se temos que fazer, vamos fazer direito. Afinal, estamos aqui apenas para sermos os melhores!
Não é mesmo?
