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BRIEF
00 45734
m
WÊ^
JOAQUIM DE ARAÚJO
ACERCA
DOSVERSOS DE JOÃO DE
DEUS^(Garta ao Dr. Rodrigo Velloso)
^
^ Supplemento aoopúsculo
—
Mgumas poesias dè João de.Deus nãoentradasnocCampo^deFiares
—
l Seguido de
uma
carta annotada de1^ RodrigoVelloso ao ex.^° sr.
Joaquim
deI' Araújo.
I
BAECELLOS
TypograpHa
daAukora do Cavalo
Editor—/?.R
JOAQUIM DE ARAÚJO
ACERCA
DOS VERSOSDE JOÃO DK DErS
(Carta ao Dr. Rodrigo Yelloso^
Supplemeutoaoopúsculo
—
Algumas poesias de Joclb de Deiisnàoentradasno»Campo de Flores
—
Seguido ce
uma
carta annotada deEodrigo
Velloso ao ex."^*^ sr. Joaquim de Araújo.BARCELLOS
Typographia
daAuroea do Cavado Editor—
fí. V.1894
^-^
<^ *^?^/^^^^y^^ ^
7
/J '^-
cO-. "
^ .^..
.^^,
-í^^.ACERCA
DOS VERSOSDE
JOÃODE
DEUS.(Carta ao Dr.Rodrigo Velloso)
Lisboa, l6 dejulho
Meu
presaduamigoFelicitando-o calorosamente, pelas in- teressantes e illncidativas notas,
com que
o
meu amigo acompanha
as poesias de Joáo de Deus, quevém
de dar á es-tampa, permita-me que eu lance
mão
da penna para annotar, ameu
turno,uma
parte do texto recolhido por V. Ex.*.
— 4—
Quando
se trata deum
poetacomo
João de Deus, cujo talento genial só
tem
parallelo
na
rigidez stoica doseucaracter, tão puro etão nobre,acliopoucas epeque- nas todas ashomenagens
que se lhe ale-vantem. Por
mim, amando
mais ainda, se é possível, ohomem
que o poeta,—
certa-mente
a mais viva e singular figura das letrasportuguezas no séculoXIX —
, é noseu convivio intimo que muitas vezes te-
nho
encontrado o mais santo refugio que poderia procurar.Não me
leve, pois, V.Ex.* a mal que,
pondo
de ladoalgumas
considerações,quetencionavaopporáreap- parição(?) de abandonadas composições deJoão deDeus, eureprodusa,em
fugiti- vos e rápidos traços,que
nâo comporta, mais e melhor, omeu
estado de saúde, a annotaçãoindispensável a alguns trechosque
fazemparte da collecçâo de V. Ex.^.Pag. 43
—
Sem
lUulo—
João deDeus
cos-tuma
escrever esta graciosa quadraem
muitos dos álbuns que lhe enviarr. Dahi, supporem-na composição autónoma.
Não
é; faz parte de
uma
das mais formosas lí-ricas do
Campo
de Flores.Pag. 44
—
Amor^ horrore ódio
—
-O titu- lo nãotem
amarca
deJoão de Deus: as oitavas sãoda
Lala^ eacham-se noCam-
po de Flores,bem como
nas duas edi- ções das Flores do Campo.•5-
Pag. 47
—
ii dejunliv
—
Pertence ao ad- ditamento final doCmnpo
de Flores, soba rubrica de Ludiiosn. Saliira primitiva-mente
no Feixe í/e;)^/? ??«<?.valiosacollecta.realisada pela
minha
excellenteamiga
D.Maria
Amália Vaz
deCarvalho.Pag. 48
—
Ad
Sodales sechama no Campo
de Flores a poesia Sorriso^ que se lê nesta pag.Pag. 71
—
Ada —
Esta composição não é deJoão de Deus.O
seu autor é D.Tho- maz
de Mello.Pag.73
—
Que não. . .que sim. Vi pela primeira vezestomolho de grêlloscom
onome
de João de Deus,num
jornal de Ponta Delgada. Estava eu entãona
ilhade
S. Miguel. Para logo protestei que tal cousa não era,
nem como
estilo,nem como
versos,do grande poeta,
meu amado
mes- tre e queridíssimo amigo.Tinha
razão.A
versalhada acha-se publicada,
com
onome
doseu auotor, desde 1850, na fiecista Po- f)u/ar.É
deJoão deLemos,
poeta illustreque se parece
com
João de Deus. . .em sechamar
João.i^ag. 75
—
Capricho—
Versos do sr.JoâoDiniz, erradamente impressos sob a au- réola do
nome
do nossogrande lirico.Bas- ta lel-osuma
vez, parase adquirir a cer- teza de que nãoteem nada
quevercom
João de Deus.
Com
estas indicações queihepateiiteei, jáTlieopliilo
Braga
rectificou,no
exemplarcom
que V. Ex.^ o distin- guiu, a paternidade das poesias, aqueme venho
referindo.As
duas composiçõesque seguem
ao Capricho acham-se noCampo
de Flores, porventuracom
titulosdiversos, oque
nâo tenlio ensejo de verificar agora.Estavam
jáimpressas nosvolumes deJoãode Deus,
uma
nas Flores do Campo, outra nas Fu-ília^ Soltas.
Voltando ásnotas de V. Ex.*, releve-
me
a rectificarão deum
ligeiro lapso, a pag. loo:Germano
Vieira de Meyrelles morreu dois ou três annos depois de seuirmão
António.Foimeu Pae quem
o ve-lou;
lembro-me
perfeitamente disso.O
prologo de Antiíero de Quental étambém um
serviço; desde muito novo,Anthero
impoz e proclamou João deDeus oomo
o Mestredos mestres.O
mais anti-go documento
dessa adoração deum
grande
homem
por outrohomem
da sua esphera—
adoração que durou a vida de Anthero—
acha-se nas primeiras paginasdolivro
dado
alume
por V. Ex.^"^.Só
es-^eescripto valori>:a
uma
publicação!De
V. Ex.*^velho e agradecidíssimo
amigo
Joaquim de AraújoCarta axxotada
dí: RoDiJirijVkl
J0A<\!U1M
DE
AraUJí".Meu r.r."^" e bom Aatlj
Estampei na Auro''ii do CavaJx, onde primitivamente saliido
em
siici maiorpar- te omeu
mesquinho' í;i'abailio denomina- do Aluiimu^ jiuf^sias de J-(h de Dons nãú enlradds no tCamp<^ de Ftorcs^^ depois o ultimamente reunidoem
opúsculo, a car- ta queV. Ex." teve abondade
de dirigir-— 8—
me
apropósito domesmo
opúsculo,e,con- forme os desejos de V. Ex.*, d'essa carta acabo de fazer tiragem especial de 30 exeaiplares,que
nasmãos
deV. Ex.'"^ de- positei.Creio
bem
haverem
talmodo
teste-munhado
nao só amuita
consideração eadmirarão que a V. Ex.* tributo desde
long-os annos,
como
aboa
amizade que a V. Ex.^me
prendetambém
desde dilata- doperiodo, e ainda e mais do que isso, se o mais aqui possivel, a devoção que voto aJoão
deDeus
e á sua obra desde que, nosmeus
primeirostempos
de Coimbra, tãolonge idos já,me
costumei a querer- Ihe e a rcspeital-ocomo homem,
e aado- rai-o,com
intimo e convicto e santo fana- tismo,como
poeta. E por certo que o de- sejovehemente
de vêr completa, quanto possivel^m
seu harmónico conjuncto, a obra gigantesca e immortal deJoão
de Deus, que foi opensamento
queme
guiou na elaboração d'aquellemeu
opúsculo, maiorem mim
não é, doque
o de vêr amesma
obra depurada de todas equaes- quer fesesque
adeturpem
e inquinem na tradicçâoque
d'ella corre, quasi á revel- liado maravilhoso poeta, esem
que elleponha
ominimo
esforço,nem
sequercui- dado, a acrisolal-a e acendral-a,como
tanto para desejar que o fizesse.
Kpara
isyo no seu todo miúto emui
poderosa e eíilcazmente pòcle vaJer ain- contra^tavel competência cie \'. Ex/'*, e já principiou ella a demonstrair-se na car- ta a que.atraz alludo, e a que écomo
que re.spostacongratulatoria apresente,notan- do Y.Ex.^mui
benevolamente n'ellaosla-psosou enganos
em
que por mais queuma
vez cahi, ora attribuinào a João de
Deus
e
dando como
d"elle poesias que lhe não pertencem, ora reproduzindocomo
não entradasno "Campo
de Flores,, poesias suas, que effectivamente alii figuram.Ainda bem
que logo sobie a publica- ção, (se publicação sepode
dizer a distri- buição do pequenonumero
de exempla- res d'elle por admiradores de João deDeus
e por amigos possoaes), d'essemo-
desto opúsculo, veio a carta de V. Ex.*^,muito a tempo, pois, de corrigir-llie os mais salientes defeitos, e ainda
bem
que V. Ex/'me
auctorisa, antecipando-se a pedido quehaveria quefazer-lhe,a repro- duziramesma
sua cartaem
formatoigual ao GOmeu
opúsculo e de uiodo a poder juntar-se a elle.como
paraque ao ladodacolumna
das erratas figure a dasemen-
das.
E
essa auctorisação agradecendo-amui
cordeahnente.me
deieupressa,como
V. Ex.^ o vê das paginas anteriores,em
aproveital-a.
—
IO—
Posto isto permitta-me Y. Ex.^,
com
sua não
desmentida
benevolência,que
eii registre n'estacarLa,mui
persuintna capita, alginnas observações que a deV. Ex.*me
suscitou, observações
que
teria porum
crime de lesa litteratura calar,
mas
an- tes de as expor, ecomo
razão para ellas,ou
aomenos
para algumas, nãome
alcu-nhe
V. Ex.^ demassador
por asprece- dercom
considerações que jalgo de todo o a propósito fazer.„
Jamais
tive aspirações a litterato,,, escrevi euem
186i (contava V. Ex.^ en- tão apenas 3 annos,)aomeu
saudoso ami- go,com quem
tão aturada correspon- dência sustentei,Innocencio Franciscoda
Silva.
como
sepôde
ver notomo
7.^, pag.166 do seu
nomumental
/>icc/o«ar/o/)/6/íí;-graphico Poituguez. o hoje que volvidos são sobre essa data tantissimos annos, posso repetir a
mesma
frase, que conti-nua
ellá a ser a expressão da verdade.Mas com
não ter aspirações ahomem
delettras, apesar de ser vulgarissimo hoje
em
dia, e já desde longos tempos,o met- ter-se a sel-oquem
pormodo algum em
condições d3 sustentar as responsabilida- des doencargo,
lembrando
a famosapara-da)
V
(1. nota 1 ^no fim.II-
Dola Eu, Anlão Veríssimo e a Mo.^ca(a),de AntónioFeliciano de Castilho,
nem
por isso tenho deixado de lidar sempre atraz das boas lettras,edelhesconsagraroculto de entranhado affecto,como
senamador
dedicado e infatiga/do.E
no propósito deliberado delhes prestar, nâo coito sa- cerdote enem
se quer neophitoem
seu templo,mas como um
simples serventuá- rio d'elle, o concurso deminha
boa von- tade, sobre o procurarsempre
e afanosa- mente, nomeio
da mais fadigosa lucta peia existência,orodear-me das obraspri-mas, das boas obras de todas as littera- turas antigas e modernas, (b) tenho-me
sempre
esforçado por abrire franquear a todas as vocações litterarias periódicos ondepossam
publicar as primícias de seus talentos e estudos, librar seus pri- meirosemal seguros voos.Assim, durante o
meu
curso univer- satario, e nos amiosde 1860 a 1861, de 18G1 a 1862 e de 1863 a 1864 fundei e editeiem Coimbra
três periódicos acadé- micos,o Phosphoro.oTiia-TeimaseoAttila,em
que seestrelaram e para que escreve- ram,como
jáem
outros lugares o hei frisado, muitos dosmai^ esperançosos es-[h)Vid. nota2.*uofira.
—
12—
criptoresdas nossaslettrasentão, ealguns
à'elles hoje de snas glorias mais puras, côntando-se entre outros n^esse numero, João de Deus, Antliero c]o Quental, Al- berto Sampaio, AlbertoTelles d'Utra
Ma-
chado, Santos Vallente, Caetano Teixei- ra Coelho, António d'Azevedo Castelio Branco,
Guimarães
Fonseca,Germano
VieiraMeirelles,
Eugénio
deBarros etc. . .Assim, após
minha
formatura, ea fi- xação daminha
residência,em
Barcellos entregue ás lidas da advocacia, tenhomantido
aquio modesto semanário Au- rora do Cavado (c)que, durante os 27 an- nos que já conta de existência,tem
tido a a honra de ver collaborarem
suas co- lumnas, escriptores da pujança deTheo-
philo Braga, de Bruno(José PereiraSam-
paio), de José Leite de Vasconcellos, de
Joaquim
de Araújo, de Fialho d'Almei- da, deMaximiano Lemos,
de António Francisco Barata, de Gabriel Pereira, deAntónio
Fogaça,de AlbertoMalheiroe de tantosoutrosjáconsagradospela aura publicacomo
escriptoresde condigno re-nome, efranqueado sempre suas columnas aos neophytos das lettras, estreia para muitos n'ellas,
sem algum
interesse para(c) Vid. nota3.* no fim.
—13—
mim —
(de todos ésabido o angustioso vi-ver do geral dos periódicos daprovincia)
—
esem
outrasatisfaçãoque nâoa dedarazos, repito,ámanifestaçãode
uma
ououtra vocaçãolitteraria, e a de mais ou menos, ainda quebem
delonge, manter convívio, por sua mode.sta secção bibliograpbica,com
oshomens
delettras, e nomovimen-
to litterario, do nossopaiz.
E nenhuma
velleidadepuramente
litteraria
me tem
jamais demovido, deno- vo ofriso,em
todo omeu
já longo,dema-
siado longo, tratocom
as lettras ecom
os quedignamente officiam
em
seu tem-plo. Posto isto
como
confissãosincera deminha
insufficienoia litteraria, ecomo
desculpa para os lapsos que se
deram no meu mesquinho
trabalho'^Algumas poesias de João de Deus nà) entradas noCampo
de Flores», devidos a esse motivo,e mais de que aelle, ádecadênciasempre
crescente daminha
reminiscência, e ainda e mais que tildo aotempo
que consagro álitte- ratura, furtado ecom
custo feriado demeus
trabalhos inadiáveis e proíissionaes, e ainda,postoistotambém como
preliminar, quetivepor indispensável ás breves e modestas reflexões que entendo dever fazer a alguns pontos da cartacom
(}ue V. Ex/''
me
honrou, passo a expol- as.— 14—
E" aprimeira d'ellas sobre o
—
?—
queV. Ex.^ inte-rc?Jlou entre parentlieses no período que se lê
na
carta deV. Ex.* a pag. 4 "pondo deladoalgumas
considera- ções que tencionava oppôr á reappariçâo(?) de abandonadas composições de
João
de Deus,,.QuereriaV. Ex.^ n'essa interrogação,
um
tantosibylina,muitomaisqueparecen- do jogar as cristascom
a palavra "reap- pariçâo,,,porem
duvida serem completa-mente
inéditasalgumas
das poesiascom-
pilladas no
meu
opúsculo?Seassim, de toda aconveniênciaseria, e motivo paraapplausos.que Y. Ex/'^hou- vesse esclarecido o ponto, evitando moti- vo para duvidas que naturalmente se le-
vantam
no espirito do leitor.E
por certoque
paramim,
e creio que para mais alguém,algumas
das poe- sias reunidasno meu
opúsculo pela pri- meira vez vindas á luzem
volume, e atéalgumas
pela primeira vez sabidas a pu- blicopela imprensa, e mais, e ainda, algu-mas
neinjá lembradasdopróprioJoão
de Deus,como
o ponderei nas respectivas notas.Também me
impressionaramo espiri- to aspalavras "abandonadas composições,, que V. Ex.^ engastouno mesmo
periodo, e parece-meque bem
dio-naseram
de ex-—
i:)—
plicação da parte de Y. Ex.^, pois que
envolvem
ellas comsigo, parece, a ideia de que as poesias pormim
colligidas ii'esse modestíssimo opúsculo não dignas de viremapublico, pois abandonadaspelo próprio anctor. Já fiz sentir, creio, a V.Ex."" que
nunca
foiintenção minha, na compilação de taes poesias, fazeruma
obra d'arte,
uma
obra definitiva,mas
ape- nas,com
religioso fervor pelo divinal ta- lento deJoão
de Deus, reunirtudoo que suapenna
brotara,como
subsidio para colleccionamento e edição definitiva de suaobra,sem
queme
mettesse,com mâo
profana e insciente, a fazer selecções, para que talvez só
competente
o pró- prio auctor.Mas
independentemented'is- to, poder-se-há dizer quetodasas poesias de João deDeus
que agrupei nomeu
opúsculo, abandonadas por elle, por elle
que é o que
menos
cuida emenos
se im- portacem
as riquezas inavaliaveis doseu estro, ou porquem
metterahombros
a compilar-llie a obracompleta, onossoglo- rioso esctiptor Tlieophilo Braga?!Creio
bem
que nâo, pois nâo só algu-mas
d'essas poesias—
as de João deDeus
—
nâo entradasnoCampo
de Flores—
e (al-gumas,
iria jural-o, inteiramente desco- nhecidas para Y. Ex.^ apesar dasua de- voção e intimidadecom
João de Deus. . .)— ló—
se
me
antolham de todo o ponto dignas de figurarem nanova
eJiçao d'ellasem
que trabalha Theophilo Braga, e do
meu
sentir tenho a certiza de encontrar mui- ta eboagente,
mas
aindaporque
o pró- prio ThophiloBraga me
escreve quecm
algo contribuirei eu
com
omeu
opuscuI.>para edição definitiva e impeccavel das poesias de
João
de Deus. (d)Sem
titulo a graciosa quadraque
saiu opag. 43 domeu
opúsculo é effectiva-mente uma
das estrophesda
Vi.da^uma
das mais formosas e esplendidas poesia^;
de
João
de Deus. Lê-se a pag. 215do
Camp<^ (te Flores.O
motivo de serhavidacomo nâo
entrada noCampo
de Flores, pé- rola perdida entre as tantas das maispu-
ras aguas e do mais iriado oriente
que
constituem aquella jóiade inextimavel va- lor, da-oy
.Ex.^ na sua eartabem como
arazãode ser considerada geralmente
com-
posição autónoma,A>noi\ Iv^rrore adio, a pag.
44
faz ef- fectivamente partedofragaiento dalala, e acha-se a pag. 543 doCampo
de Flórea.Aquella epigraphe
com
que inscripta no periódico de que a copiáramos, foi, o que principalmente nos induziuem
erro(d) Vid.nota 4.» no 6m.
1/
para a
darmos como
não entrada n'elle.O
li de junho a pag. 47, sahidono
Fei\ede pennas acha-i?etambém
noCam-
po de Flores a pag. 684 sob a epigraplie ÍAicluosa, assimcomo
a pag. 437 e sob o tituloA
íf Sodalesseachao
Sorrisodevd.g.48 do opúsculo.
Ainda
noCampo
de Flores a pag. 153 soba denominação deMai
sabes se encon- tra a Duvida de pag. 73 do opúsculo, e a pag. 119 d'aquelie o Adens de pag. 79 d'este,mas
seuma
e outra poesia a mes-ma
no fundo; diversasellas no seu todo, pois ao passo que o Adens doCampo
de Flores conta onze estroplies, o do opúscu- loapenasnumera
seis,mas
duas há n'es- te queme parecem
superiores ás por que substituídasno Campo, eem
todo o caso inteiramente diversas das por que o fo- ram, e sâo ellas a 1.^ e a 6.*, e por este lado só que seja nâo é para despresar,como
V. Ex.* facilmente o poderá verifi- car, aversão doopúsculo.Assim
d'entre as 31 composições que n'esteentraramcomo
deJoão
de Deus.apenas seis
haviam
sahido noCam^o
de Flores, epor tantorestarião ainda 25 para aproveitar, senão notodo,em
partecomo
trabalhos do immortal poeta.
D'essas 25, porém, ainda V. Ex.^ eli-
minatrês, e estas
como
não pertencendoaI8-
João
deDeus
edeturpando, especialmen- te 8i2.^ d'ellas Que não.. . que sim a sua obra.Nenhuma
d'essas três composições, perdõe-me V. Ex.**', se n'isso vae heresia litteraria, é paradespresar, e quer a Ada^que V. Ex.^ diz do sr.D.
Thomaz
de]\íel- lo, quer o Capricho cuja paternidade Y.Ex.* assignala ao sr.
João
Diiiiz, sao de tão distincto valor, quemereceram
as honras deser havidascomo João
de Deus.Que
melhor elogio poderião seus aucto- res ambicionar para ellas.\'Quanto a attribuir-se aJoão de
Deus
a poesiadeJoão
deLemos
Quenão. ..que sim^ é Y. E.^
em
demasia cruel, cru- delissimo até, seme
nâolevaamal
o su- perlativo;paracom
o poetaque pormuitotempo
eaté ao apparecimento deJoão
de Deus, eaindaquando
este já se levanta- varadiante no horisonteda nossalittera- tura, foi consideradocomo
o nosso pri- meirolyrico doactual século.E
nãoeram
i^ó- osvcihos de então que assim o appellidavam ecomo
tal o ap- plandiam, pois naplêiadedos novos mui- tos havia, e dos maisdistinctos,quecomo
tal o
proclamavam
taiiibem (e).Soa
V.(e) Vid. Tl-
—19-
Lx.* fora dado o ver o entliusiasnio
com
4ue recebidas epalmeadas, de
um
ao ou- tro extremo do paiz, muitas de suascom-
posições e mais que todas a sua ÍAiade Londrese a sua \ictoria linda que foi, é,e serásempre um
primor!. .. (f)E
diz V.Ex.*com uma
crueza,repito, extraordinária einjusta queJoão
de Le-mbs
apenas se parececom João
deDeus em
sechamar
João, e classifica o Que não. . . que simcomo
''ummolho
de gre- los„!...Conlesso a V. Ex/" aqui muito á pu- ridade, que
nunca
naminha
vidame
pu- de affeiçoar aos grellos, eque nuncagos- tei d'ehes, apesar de muita e boa gente alSançar que sâo elles excellentesem
es- pernegados,mas
obstante confesso que nâo desgosto do Que não... qa-i s'/f/i, o quese culpa tenho, e grande,em
ter cri-do essa poesia de
João
de Deus, não fui o primeiro a fazeJ-o e pequeiem nume-
rosacompanhia
. ..Demais, deslocadu a questão de João de
Lemos sem que
se desloque do assum- pto, observarei a V. Ex."^ que amiuda- das vezes etem
attribui.ij aJoão
de Deus, :-• d'^ ; r.^^. •- : npos suc-(0
—
20—
oedido o
mesmo com
outros escriptores primaciaes)—
poesias suas própriasque
é elle oprimeiro a engeitar, negando-llie a paternidade,ou
por que já se nãorecor- 'iade sua elaboração, ou por que sua concepçãoforçadaem
occasiâoem que
bónus dormitaiHomerits.D'isto
dou
explicaçãoem
nota, (g)que mui
longo seriafazel-o aqui.Tem
V. Ex.^razãoem
rectificaroqueeu
dissecom
relação á morte deGermano
Vieira Meyrelles, .Effectivamenre finado esteem dezembro
de 1877, seu irmãoAntónio
haviamorrido pelosfinsdei
872 ou começos de 1873.A
data do fallecimento deGermano commumcam'a
omeu
velhoamigo
e con- discipulo Alberto daCunha
Sampaio.Da
de António Meyrellesdá-me
conta omeu amigo
ecompadre António
Francis- co Barata, porfavor dequem
possuouma
carta que Vieira Meyrelles lhe escreveu,
com
datade 29 denovembro
de1872, do leitoem
que padecia da moléstia que o victimou.Longa em
demasia vae já esta carta, e porsem
duvida a terá V. Ex.^, apesarde suamuita benevolênciapara comigo, pos-(g] Vid- uola 7.*nofim.
to já de parte antesde chegar aqui, e se o não fezterá
dado
aodemo
o massador.Não
o estranharei eu se assim succe- der, que prohibidas as massadas,mas em
defesadapresente, terminal-a-heipor on- de quasi a começara, que
como uma
ne- cessidade houve e tenho as expUcações que deixo expostas.Com
muitadedicaçãome
confesso,De V
Ex."velho
amigo
esempre
admiradorRodrigo
VellosoNOTAS
i
NOTA
iVem
nas suas Excavações Poéticas, e é detodo oponto digna de lêr-se, como tan- tas e tantas outrasproducções de Castilho que para mim,um
velhojá, mas quepelo ser não deixode venerar e applaudir os novos, quan- doellesse tornam d'isso dignos por seustalen--26-
tos e merecimento, foi sempre e continua a ser ara dos mais »brmosos e radiantes luminares
da
nossa riquissima litteratura, na lição decujas obras muito há que admirare muito mais que aprender, ainda que não
sejasenão sob oponto de vista da linguagem, de que elle foi o mais perigrino e vernáculo cultor. E como, infelizmente, hoje há poucos, (mal para osqueo assimonão fazem, )quecurem de Castilho, transcreverei emseguida, que prr novidade será tida pelo maior numero, d'essa parábola os versos em que, após sua narrati- va, lhe assigna a «moralidade»:
N*estafabulaliistoricase—intima Oqneninguémignora,enãoBe—observa:
A
talseuteuça velha,obramui prima Do^«nadafaças, seonão quer Min6rva.»=Istoè;qne
nm
génio,que nasceu de encolhas Xãovámetter-searedactor defolhas;Quetimmestresapateiro,afrcguozado.
Nãovásernatragedinactorprimeiro, Que emtransportes do principe ultrajado Ralharácom.omestresapateiro:
Quemnasceu para chufasgchalaça
Nemepopêa?,nemtragediasláça;
Queaquelleqnena.-ceuparaladrão.
Sejaladrão de estrada,enãojuiz, Procurador, letradoouescrivão;
Que
um
bodese não mettaaserderviz,Nem
um
burroaacadémico;nem...nem...
Exemplosd'istonumeronãotêm.
NOTA
2.^Os únicos amigos verdadeiros são-nos os bons livros, e entre eiles, e só n'elles é
-27-
que se encontra suavjsação e distracção nas giandi^s magoas, e nunca a gente a elles e á sua boa sombra se acolhe,que se não sinta recebidodebraços abertos, na maior cordea- íidade, e que alHvjo cão encontre, maior ou menor, para as dores ainda as mais crucian- tes.
Quanto não devo eu, pois, aos14 ou 15 ínil corr.panheiros da minha livraria !. .
.
NOTA
3-'''Á
Aurora do Cavado foi fundada em 1867. Subiu o seu 1-" n. ^ era 14 de agosto d'es?e anno, lendo como redactor principal Manoel Guilherme dWzevedo, o Queixadas, quena sua direcção continuouatéoseun.MC
de i6 de fevereiro de 18G8.A
partir d'esse n.° era diante o nome de Manoel Guilherme de Azevedo, desappareceu do frontespicio da Aiirora.onde até então figurara galhardamen-te, 6 ecceíoueila novaserie, com novanume-
ração, que lem continuado até hoje, sob mi- nhadirecção. Segundo a frase bem conhecida do graramatico Terentiano Mauro, indevida- mente por mais que uma vez atiribuida a Ho-
rácio, aO\\d\oQ â MavtialHabent suafata li- beíli,a Aurora também os tem tido, e como não deixam deser curiosose a V. Ex.*, creio,
nãoenfâdarásuasuccinta narrativa,pois quepor vezes se tem dignado collaborarn'ella,ahivão.
—28 —
Manoel Guilherme (i'Azeve(lo serviu du-
rante muitos annos
em
Coimbra repuíilica académica, de que euum
dos membros, com mais 14 ou 15 companheiros, e que por ân- uos seguidos demorou na Couraça dos Apósto-los. Sendo essa republica muito concorrida de esíudaiites detodos oscursos, e entre elles de talentos de primeira ordem,Manoel Guilherme d'Azevedo, não contente cora o bom nom€ e justificada (amaque entre nós adquirira coma
insigne cosinheiro, merecendo sem favor as honras de ser equiparado aos melhoresemais famosos chefes das celebradas cosinhas de Lucullo, Crasso, Vilteiio e Tnraalcião na antiguidade, ao memorando cosinheiro doprin- cipe de Conde, o Vatel immortaiisado por
íM.'"^ de Sevigné, e digno de fiírurar como inventor de bonscosinhadost^o lado de Brillat Savarin, de Alexandre í)uma«, e de Charles de Mon5elet,que ao prazerde
um
bompetisco, se-gundo se deprehendedas suas Leltres Gour- mandes, sacrificariasem duvida agloria de ha- ver occupado uma das quarenta cadeiras da Academia Francez?, do Matta, de Tuíio César Machado e do celebre Abbadede Priscos,que a posteridadememorará mais porseus miríficos guisados que pelobom desempenho de seu sa- gradoministério; Manoel Guilherme d'Âzeve- do, repito, nãocontente com ser
um
dos pri- meiros na arte culinária, desossando uma gal- linha com admirável paciência e inteira per-—29 —
feição, para a euclier de picado, de modo a figurar opulentaraento, e como se com toda a sua ossatura, n'un]a mesa de primeira ordem.
sentiu coceg;ís,de sertambem, por seuturno,
iítterato,e começou de entregar-se,
em
prosa e em verso, á culturad.is letras, e por tal mo- do e cora laloiisio,quc a nós,seusamos, nosveio á ideia o comparal-o no arrojo do seu acomet- teras lettras ede seu propugnarpelas Musas comoum
novo D. Quijote, muito mais que por eutão tinha elle na- visinhançasuma Dulcinea, tMiiuitomaisqueseIheaffigurava o Pégaso,ape- sar de suas azas, tão fácil de montar como o Rocinante. Receiosos, porém, de fazer estre- mecer na campa os ossos de Cervantes, secomparássemos o nosso mestre cook com o seu hPFoe manchego tomando lhe onome, e respeitadoies da honrada memoria d'este, re- solvemos dar a Manoel Guilherme a alcunha litteraria, menos solemne que a de Quijoie,
mas em todo o caso com seus longes d'esta, de «Queixadas», e por este nome ficou elle sendo desde então conhecido e tratado na nos- sa republica, e memorado em quasi toda a
Academia de que se tornara conhecido, quo todos o appellidavam o iManoei Queixadas, to- dos menos Vieirade Castro, que frequentando muitonossa casa, nunca soube recordar-lhe o
cognomeHtteiario, e sempre lhe chamou Ma-
iioel cPanchorcas».
De Manoel Queixadas falei eu longamente
—30—
iiu;> minhas Fcdlnis ao Vento, scenas acadé-
micas» que em Coimbra publiquei no anno de 1863, e deque hoje
nem
sequer eu tenhoou-tra memoria, que não seja a que aqui deixo registrada.
Pois foi ManoelQueixadas, conao o escrevi no começo desia, o fundador e redactor da Aurora do Cavadoãiése\i n.° 46, ultimo de sua 1.^ serie, c ainda talvez hoje estivesse á frente de sua redacção, com honrosa nomeada para si e maior lustre para o modesto sema- nário, se não fora o com os cuidados n'este,
não
me
dar jantar—elle o antigo e glorioso Vatel!...
—
quGnãocheirasse ao bispoI... D'aquitirei para uso próprio o dilado:=Co5Í- uhae litteratura não cabem n*um sacco=oii por outra=Co5Ínheiroou litlerato=o que não quer dizer queo cosinheiro ou cosinheira não podendo, quanto a mim, ser
um
bom escriptor, não possa serum bom
critico, como o teste- nuinhariaa creada de Moliére.NOTA
4/-^N'esta, datada de 16 de junho passado, tão boa e tão amigável, e testemunho para
mim
carissimoda benevolência nunca desmen-tida do colossal esciiptor, diz-me Theophilo Baaga entre outras cousasa propósitodo meu Algumaspoesias suaspoiwóconhecidas=0'
teu livro vem contribuir para a edição non
—31—
varietur das «Poesias de João de Deus» e fe-
!icit6-te por essa coutribuiçâo.
NOTA
5,'^Entre muitos outros que assim pen- savam lembrarei o nome de Alberto Tel- les, auctor de
um
primoroso livro de verso?denominado Fximas e escriptor de cunlio, in- timoe admirador de João de Deus, de Anthe-
i'o e da Santos \'alenle, e compilíador com
este da 1.^ edição des Flores do Campo, es- criptor a quem as leltras pátrias devem não pequenosserviços, oqual faiando, aqueiletempo, de João deLemosescreve.u«Seocantor da
Lua
de Londresnão tem a grandeza das imagens que elevam e arrebatam, possue incontestavel- mente aquella brandura e cadenciaque seduz, prendendo os sentidos e aalma, o que torna a sua sauve metrificação uma como que toada musical que tão bem s^a ao ouvido. Qusnto a nós é o segredo do seu génio e o condão da sua lyra.
O
sr. João deLemos é sem duvidao nossoprimeiro poeta lyrico».NOTA
ó.^Não resisto á tentação de transcrever para aqui as primeiras estropbes da Vidaria Linda,versos offerecidos por João de Lemos
nezes, da Quinta das Lagrimas,
em
Coimbra, por occasião do fallecimento de saa filha D.iMariada Victoria, íiiiada na véspera de com- pletar li primaveras
em
janeiro de 1855.A
mae extremosa tratava-a pela sua «Victoria Linda». Sahiuessa poesia pela primeira vez a lume na RevistaAcadémica no senn.'' 6.^d'es- se anno de 1855.Lil-as as suas seis primeiras quadras:
'Vicioría liiiida.
I
Sopro demorte,emtuaauroraainda, Victoria linda, desbotou-te acôr;
VozdoSeuTior a outravidaininda, Victorialinda, teoliamotiemflorj
Nascidaá'sombrade formosocedro,
OndeDomPedromeiga Ignezamou, Comochorouamorta IguezDomPedro,
Aopé do cedrotuamãechorou.
Fontedelagrimasoamor chamada
Vi\i-te embalada na tuainíanciaahi;
DoCeuaqui tuvinhasjáfadada
Aserchoradanesteamorporti.
Ventodatardetalevousemcusto,
Qual tenroarbustosemraiznopé;
Masvaescò'a féenraizarsomsusto,
Dothrono augusto doteuDeusaopè.
Comoarribadad"ontrapraia ábeira,
Aveextrangeiraquepor cágemeu, Dopátrioceuasuspirar fagueira N'azaligeiraremontasteaoCeu.
Anjoda mortea derradeirahora
Natorreagora que sooujádiz,
Obronzequizallichorar...nãochora.
Nem
preceimplora... sóbradou—feliz!—33—
Na caria, a que
me
refiro na nota4.*, por mini recebida de Theophilo Braga,em
julho passado, diz-nie elle, referindo-me ás difficul-dades em que se viu e cora que luctou para levar acabo o
Campn
de Flores—
«Eu metti-me
n'esta empreza de dar á lilteratura porlu- gueza aobra de João de Deus, porque lodosos qne tinham tentado isso se tinham declarado vencidos pela inércia do Poeta. Até o próprio irmão o Padre Anloaio do Espirito Santo.«Muitas poesias qneria o poeta cortar, mas para resislir-lhe tive de recorrer á influencia de Santos Valente. Por fim, ainda
me
encon-trei com poesias attribuidas a João de Deus, que elle rejeitava, umas vezespornão selem- brar de as ter esciipto, outras porque eram ef-
fectivamente apocryphas)).
N"
1." volume doMuseu
lU^mslnido, ura bom periódico que se publicou no Portoem
1878 sob adirecção de David de Castro,um
moço cavalheirosoe detalento a quema raoríe beracedo ceifou, léem-se era seu 1.° volume a pag, 56 os seguintes versos deJoão de Deus.^^'uiis
anitos
Duraavidacomoaflor.
Sóduraumaeternidade Pas,-adanaanciedade, Passada nodissabor.
Quand'"-aFortunabafeja Oiragi' baixaidavida,
—34—
Nuncaparece .cmprida, Pormais compridaqiae seja.
Oratendovósasorte
Deterhojeao vosso lado
Ovossofilhoadorado, Vossa adoradaconsorte,
Anatural alegria
Voefaz cahirn'umengano.. .
Vósnâofazeismaisumanuo, VósBÓ fazeismaisumdia.
Estes versos, segundo se deprehende d&
carta
em
seguida, dirigida por João de Deus a David de Castro, tinham sido enviados a este pelosr.Joaquim de Araújo.á quasi revelia d'a- quelle,e com quanto João deDeus nãoengeiteo havel-os feito, engeita-!he a paternidade...poética.
Leia-se essa carta que é curiosíssima, e deve avivar nosr. Joaquim de Araújo recorda- çõesdocaso, c fazer com quedesculpados se- jam os queattribuama João de Deus a filiação
de.. . molhos de grellos.
Eil-a:
Meu Amigo
Li aquelles versos intitulados "N'ubs annos.„
Li e sorri-me. . . de
mim mesmo,
por-que em
verdade eu é que osfiz.Mas
são verdadeiramente meus.^.Nâo-Sao
realmente meus, porénn nãío—35—
sâo verdadeiramentemeus. Esta eynonimia é
um
tantosubtil,mas vou-me
explicar.Um
dia,um meu
conhecido e creio até quemeu amigo
pediu-me unsversospara enviar aum
seu conhecido e amigo( di- zia elle)o propósito do anniversario d'es- te. Disse-lhe que nâo tinha tempo.O
ho-mem,
cuido quehá
muito anno costuma- va contribuir paraasolemnidade dafestacom
versos. .. alheios.Instou.
Quando
alguém insta por versos,que
remédio senão fazel-os?Quem
acredita- tará que senâoacham
rimas?Ora
é essa a questão.De
ideias nâo cura o freguez, e, a maiorparte dasvezes,nem
o official,"EtTa.necessário festejar
em
verso osan-nos do
amigo
domeu
conhecido.Puz
de partealguma
cousa quetinha a fazer, e transfigurando-me mentalmente no. . ,meu
conhecido, disse o queme
parecia que elle diria fallandoem
verso. D'ahi resultaram uns versos queeumesmo
sup- poria apocryphos se aminha memoria
fosse
menos
fiel.O homem
não appareceu, e osversoi .ficaram.AquellenossoAraújo(i) fez-me a tra-
,^(i>;Epor certo osr. Joaquim deAraújo.
vesstiradeos descobrireenviar ao seujor- nal: verdade é que
perguntando-me
pri-meiroseeu permittia,para
nâo
ter otra-balho dereflectir, respondi-llie quesim. . . Aquelle estyio é
muito bom; porém
não é meu, defeito «jue eu considero ca- pitalecaso de confis.sao para descargo da consciência.E'
uma
satisfação que eudou
a V.e aosmeus
amigos particulares,prometten- do na primeira oocasião offerecer-lbe al-guma
cousa,boa ou má, pequena ougran- de,mas
verdadeiramente minha.KmsuTmaise
depois dotitulo—
D'uns annos,
—
tivesse vindo o subtitulo—
Para ser recitado por outro—
,ou
mais simples @francamente
— encommenda —
todaesta ex-plicaçãoera excusada.
Felicito-o pelo justo acolhimento que.
o seu Museu Illustrado
tem
merecido de toda aimprensa e certamente hade con- tinuar a merecer,salvo alguns versoscom
que eu tenha contribuído ouvenha
a contribuir.De
V.amigo
eadmiradorJoão
deDeus
f:
'ÍÍ734
?^^
á
ir-rr-«wiiTiTiiiT-^m