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Filosofia. Atitude crítica. Teoria. O que é crítica?

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Academic year: 2022

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Atitude crítica

Teoria

O que é crítica?

De modo geral, sempre que o assunto é crítica, a primeira ideia que nos vem à mente é a de apontar defeitos ou falar mal de algo ou de alguém. Afinal de contas, quem é que nunca foi alvo da chamada “crítica construtiva”? No entanto, embora estejamos familiarizados com essa ideia do senso comum, ela está muito distante do conceito filosófico de crítica.

A palavra “crítica” vem do grego e possui três sentidos principais. O primeiro deles, corresponde à capacidade de julgar e decidir corretamente. O segundo, corresponde ao exame racional de todas as coisas, sem que haja qualquer preconceito ou prejulgamento. O terceiro, corresponde à avaliação detalhada de uma ideia, de um costume, de um valor, de um comportamento, de uma obra, seja ela artística ou científica. Portanto, a atitude filosófica é uma atitude crítica, pois preenche cada um desses três significados.

A atitude crítica é constituída de dois momentos. O primeiro momento é negativo, isto é, é o momento em que dizemos não aos nossos preconceitos, aos nossos prejulgamentos, às ideias da experiência cotidiana, aos fatos e a tudo que está estabelecido. Em outras palavras, é o momento em que suspendemos todas as nossas crenças para interrogar quais são suas causas e qual é seu sentido. O segundo momento é positivo, isto é, é o momento em que interrogamos o que são as coisas, as ideias, os fatos, os valores, os comportamentos, nós mesmos. Por isso, as perguntas “O que é?” “Por que é?” “Como é?”, são fundamentais para a atitude crítica.

Nesse sentido, a filosofia é uma disciplina crítico-argumentativa, porque pressupõe a ideia de análise, isto é, um exame racional, uma avaliação detalhada, seja de um fato, de um acontecimento, de um fenômeno e, a partir daí, a elaboração de argumentos racionais que possam embasar, ou seja, justificar essa análise. Note- se que não se trata única e exclusivamente de julgar, como acontece na ideia de crítica do senso cumum, mas sim de realizar um levantamento de dados, produzir uma reflexão filosófica sobre esses dados e, por fim, criar argumentos que estejam fundamentados na razão.

Pensamento crítico, é o pensamento que permite que haja uma discussão saudável. Desenvolvê-lo significa, entre outras coisas, ser capaz considerar os diferentes pontos de vista e os direferentes posicionamentos apresentados. Diz respeito também, à capacidade de reconhecer os próprios erros sejam de raciocíonio, de análise ou de argumentação e estar disposto a corrigir-se, sempre que necessário.

A reflexão filosófica, por sua vez, refere-se ao movimento pelo qual o pensamento volta-se para si mesmo.

Em outras palavras, a atitude crítica inicia-se dirigindo as suas perguntas para o mundo exterior, mas descobre que a concepção dos fatos, dos acontecimentos, dos nossos valores e das nossas crenças dependem, antes de tudo, da nossa capacidade de conhecer, de pensar. Desse modo, a razão passa a indagar como é possível o próprio pensamento.

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Porém, como nós, além de pensar, também mantemos relação com a realidade através do que dizemos e do modo como agimos, a reflexão filosófica trata também dessas relações. Se na atitude crítica as perguntas eram: “O que é?” “Por que é?” “Como é?”, na reflexão filosófica elas são: “Por quê?” “O quê?” “Para quê”. Por que pensamos o que pensamos, dizemos o que dizemos, fazemos o que fazemos? (motivo). O que queremos pensar quando pensamos, o que queremos dizer quando falamos, o que queremos fazer quando fazemos?

(conteúdo). Para que pensamos o que pensamos, dizemos o que dizemos, fazemos o que fazemos?

(intenção).

Uma das principais caracterísiticas da reflexão filosófica é a radicalidade. Aqui, novamente devemos nos afastar da ideia de radicalidade do senso comum. Em filosofia, a radicalidade está relacionada à busca pela origem das questões estudadas. O termo radical significa “relativo à raiz”. Nesse sentido, é necessário que a reflexão filosófica seja sempre radical, ou seja, que ela busque, a raiz, a origem e os fundamentos dos problemas abordados.

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Exercícios

1.

[Descartes] Afirmava que tudo era duvidoso, nada podendo ser considerado “a priori” como certo, a não ser uma coisa: “penso, logo existo”, ponto de partida da Dúvida Metódica, que nos leva a aceitar somente aquilo que a Razão possa compreender e que seja passível de demonstração.

(AQUINO et al. 1993, p. 100).

A atitude crítica expressa pelo filósofo, matemático e físico francês Descartes, no século XVII, caracteriza o movimento do

a) Marxismo.

b) Idealismo.

c) Metodismo.

d) Romantismo.

e) Racionalismo.

2.

A prática filosófica exige do sujeito disposição para o questionamento e a indagação. Desconfiar do óbvio é uma das exigências da reflexão filosófica.

Com base nessa afirmativa e em seus conhecimentos filosóficos, é correto afirmar que a prática filosófica

a) é necessária, pois promove a abertura mental, possibilitando mudanças na vida do ser humano.

b) não enxerga nada da realidade, pois seu objeto é apenas transcendental.

c) é igual a qualquer outra prática humana, por ser apenas informação.

d) não trabalha com o pensamento racional.

e) necessita apenas de bom-senso

3.

Sobre a Filosofia e Reflexão

Exprimir-se-á bem a ideia de que a filosofia é procura e não posse, definindo o trabalho filosófico como um trabalho de reflexão. O modelo de reflexão filosófica – e ao mesmo tempo seu exemplo mais acessível – é a ironia socrática.

(HUISMAN, Denis; VERGEZ, André. Compêndio Moderno de Filosofia, 1987, p. 25).

O autor acima enfatiza o exemplo sobre Filosofia e Reflexão:

a) no ato de interrogar os interlocutores, Sócrates expressava sua atitude reflexiva.

b) a reflexão filosófica se inicia na consciência e na posse do saber.

c) a reflexão filosófica nos faz refletir ao ensinar sua opinião com certeza irrefutável.

d) na reflexão filosófica, Sócrates expressava sua opinião como verdadeira.

e) ao perguntar, Sócrates delimitava o modelo e a posse da sabedoria.

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4.

A atitude filosófica inicia-se indagando "O que é?", "Como é?", "Por que é?", "Para que é?", dirigindo-se ao mundo que nos rodeia e aos seres humanos que nele vivem e com ele se relacionam. Estas são perguntas sobre:

a) A essência, a significação, a origem e a finalidade de todas as coisas;

b) O conhecer, o falar, o pensar e o agir, próprios dos seres humanos;

c) A capacidade, a finalidade, o conceito e a origem do mundo;

d) Os motivos, as razões, as causas e os interesses para pensarmos;

e) O conteúdo, o sentido, a intenção e a finalidade do que pensamos.

5.

Perguntaram, certa vez, a um filósofo: "Para que Filosofia?". E ele respondeu: "Para não darmos nossa aceitação imediata às coisas, sem maiores considerações".

Marilena Chaui. Convite à Filosofia. São Paulo. Editora Ática, 2000, p. 9

Considerando-se o fragmento de texto precedente e a concepção filosófica do saber, é correto afirmar que uma atitude filosófica elementar implica em:

a) deixar de indagar sobre o que são as coisas, a consciência, os comportamentos da vida cotidiana, os valores.

b) questionar o porquê da existência e da natureza humana, tendo por base uma autoridade previamente estabelecida, transcendente ou divina.

c) confirmar nossos juízos e intuições, acolhendo as pretensões do senso comum, o qual não guarda uma diferença considerável da filosofia.

d) confundir a filosofia com a ciência, conhecimento objetivo e quantitativo que se pretende homogêneo e universal e responde praticamente a todas as questões filosóficas.

e) problematizar o senso comum, os preconceitos bem como duvidar de fatos e ideias aparentemente indubitáveis presentes na experiência cotidiana.

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Gabarito

1. E

Descartes é considerado um dos filósofos mais importantes do Racionalismo. Para que ele pudesse atingir o seu objetivo, qual seja, o de “estabelecer algo de firme e constante na ciência” foi necessário, por meio da dúvida, desfazer-se de todas as suas falsas opiniões. A partir da certeza indubitável expressa pelo “Penso, logo existo”, ele começa a fundamentar as demais certezas, realizando assim os dois movimentos (negativo e positivo) da atitude crítica.

2. A

Ao contrário do que consta nas alternativas [B], [C], [D] e [E] prática da reflexão filosófica consiste em tomar como objeto a realidade questionando-a em todas as suas instâncias. Questionando, inclusive, a possibilidade do próprio pensamento. Além disso, a reflexão filosófica não se restinge à mera informação, pois pressupõe uma avaliação detalhada dos dados da realidade e a produção de argumentos racionais que justifiquem essa avaliação. Embora o bom senso seja importante, ele não basta por si só, uma vez que a reflexão filosófica depende, sobretudo, da razão.

3. A

A dialética socrática consistia, basicamente, num duplo movimento. O primeiro, chamado de ironia, buscava questionar o interlocutor a respeito dos conhecimentos que, até então, ele tomava como verdadeiros, de modo a evidenciar a sua ignorância. O segundo, chamado de maiêutica, era a formulação de um novo conhecimento, que vinha à tona por meio da razão. Sócrates preocupava-se, sobretudo, com as definições, isto é, o que queremos dizer quando dizemos “virtude”, “coragem”, “justiça” etc.

4. A

A pergunta “o que é?” está relacionada ao conteúdo ou, dito de outro modo, à essência. Já a pergunta

“como é?” está relacionada à estrutura ou à significação. A pergunta “por que é?” refere-se à origem. E a pergunta “para que é?” diz respeito à finalidade. Note-se que a alternativa [E] está errada por dois motivos.

Primeiro porque, nesse contexto, “intenção” e “finalidade” têm o mesmo significado. Segundo, porque, como vimos, a reflexão filosófica não trata apenas do que pensamos, mas de todas as coisas por meio das quais nos relacionamos com o mundo.

5. E

No primeiro momento, a atitude filosófica ou atitude crítica consiste em que dizer não aos nossos preconceitos, aos nossos prejulgamentos, às ideias da experiência cotidiana, aos fatos e a tudo que está estabelecido, afastando-se, portanto, do senso comum. Isso implica, justamente, em não aceitar as coisas tal como são, sem produzir sobre elas uma análise ou, mais propriamente, uma reflexão filosófica.

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