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Livro Eletrônico Aula 00 Direito Penal p/ Polícia Civil/SP Escrivão de Polícia (Com videoaulas)

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Aula 00

Direito Penal p/ Polícia Civil/SP 2018 - Escrivão de Polícia (Com videoaulas)

Professor: Renan Araujo

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Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo

A

ULA

DEMO: B

REVE INTRODU‚ÌO AO

D

IREITO

P

ENAL

.

DOS CRIMES CONTRA A VIDA. LESÍES CORPORAIS.

SUMçRIO

1 BREVE INTRODU‚ÌO AO ESTUDO DO DIREITO PENAL ... 5

1.1 Conceito de Direito Penal ... 5

1.2 Infra•‹o penal, crime e contraven•‹o ... 5

2 DOS CRIMES CONTRA A PESSOA ... 8

2.1 Dos crimes contra a vida ... 8

2.1.1 Homic’dio ... 8

2.1.1.1 Homic’dio simples ... 9

2.1.1.2 Homic’dio privilegiado (¤1¡) ... 11

2.1.1.3 Homic’dio qualificado ... 11

2.1.1.4 Homic’dio culposo ... 14

2.1.1.5 Homic’dio majorado ... 15

2.1.1.6 Perd‹o Judicial ... 16

2.1.2 Instiga•‹o ou aux’lio ao suic’dio ... 16

2.1.3 Infantic’dio ... 18

2.1.4 Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento ... 19

2.1.5 Aborto praticado por terceiro sem o consentimento da gestante ... 20

2.1.6 Aborto praticado com o consentimento da gestante ... 20

2.1.7 A•‹o Penal ... 21

2.2 Das les›es corporais ... 21

3 DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES ... 26

4 SòMULAS PERTINENTES ... 30

4.1 Sœmulas do STJ ... 30

5 RESUMO ... 30

6 EXERCêCIOS PARA PRATICAR ... 33

7 EXERCêCIOS COMENTADOS ... 42

8 GABARITO ... 57

Ol‡, meus amigos!

ƒ com imenso prazer que estou aqui, mais uma vez, pelo ESTRATƒGIA CONCURSOS, tendo a oportunidade de poder contribuir para a aprova•‹o de voc•s no concurso da POLêCIA CIVIL DO ESTADO DE SÌO PAULO (PC-SP).

N—s vamos estudar teoria e comentar exerc’cios sobre DIREITO PENAL, para o cargo de ESCRIVÌO DE POLêCIA CIVIL.

E a’, povo, preparados para a maratona?

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Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo

Ainda n‹o temos defini•‹o da Banca que ir‡ organizar o certame, mas provavelmente ser‡ a VUNESP, considerando o hist—rico deste concurso.

Bom, est‡ na hora de me apresentar a voc•s, certo?

Meu nome Ž Renan Araujo, tenho 30 anos, sou Defensor Pœblico Federal desde 2010, atuando na Defensoria Pœblica da Uni‹o no Rio de Janeiro, e mestre em Direito Penal pela Faculdade de Direito da UERJ. Antes, porŽm, fui servidor da Justi•a Eleitoral (TRE-RJ), onde exerci o cargo de TŽcnico Judici‡rio, por dois anos. Sou Bacharel em Direito pela UNESA e p—s- graduado em Direito Pœblico pela Universidade Gama Filho.

Minha trajet—ria de vida est‡ intimamente ligada aos Concursos Pœblicos.

Desde o come•o da Faculdade eu sabia que era isso que eu queria para a minha vida! E querem saber? Isso faz toda a diferen•a! Algumas pessoas me perguntam como consegui sucesso nos concursos em t‹o pouco tempo. Simples: Foco + For•a de vontade + Disciplina. N‹o h‡ f—rmula m‡gica, n‹o h‡ ingrediente secreto! Basta querer e correr atr‡s do seu sonho! Acreditem em mim, isso funciona!

ƒ muito gratificante, depois de ter vivido minha jornada de concurseiro, poder colaborar para a aprova•‹o de outros tantos concurseiros, como um dia eu fui! E quando eu falo em Òcolaborar para a aprova•‹oÓ, n‹o estou falando apenas por falar. O EstratŽgia Concursos possui ’ndices alt’ssimos de aprova•‹o em todos os concursos!

Neste curso voc•s receber‹o todas as informa•›es necess‡rias para que possam ter sucesso na prova da PC-SP. Acreditem, voc•s n‹o v‹o se arrepender! O EstratŽgia Concursos est‡ comprometido com sua aprova•‹o, com sua vaga, ou seja, com voc•!

Mas Ž poss’vel que, mesmo diante de tudo isso que eu disse, voc• ainda n‹o esteja plenamente convencido de que o EstratŽgia Concursos Ž a melhor escolha. Eu entendo voc•, j‡ estive deste lado do computador. Ës vezes Ž dif’cil escolher o melhor material para sua prepara•‹o. Contudo, alguns colegas de caminhada podem te ajudar a resolver este impasse:

Esse print screen acima foi retirado da p‡gina de avalia•‹o do curso. De um curso elaborado para um concurso bastante concorrido (Delegado da PC-PE), s— que ministrado em 2015. Vejam que, dos 62 alunos que avaliaram o curso, 61 o aprovaram. Um percentual de 98,39%.

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Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo

Ainda n‹o est‡ convencido? Continuo te entendendo. Voc• acha que pode estar dentro daqueles 1,61%. Em raz‹o disso, disponibilizamos gratuitamente esta aula DEMONSTRATIVA, a fim de que voc• possa analisar o material, ver se a abordagem te agrada, etc.

Acha que a aula demonstrativa Ž pouco para testar o material? Pois bem, o EstratŽgia concursos d‡ a voc• o prazo de 30 DIAS para testar o material. Isso mesmo, voc• pode baixar as aulas, estudar, analisar detidamente o material e, se n‹o gostar, devolvemos seu dinheiro.

Sabem porque o EstratŽgia Concursos d‡ ao aluno 30 dias para pedir o dinheiro de volta? Porque sabemos que isso n‹o vai acontecer! N‹o temos medo de dar a voc• essa liberdade.

Neste curso estudaremos todo o conteœdo de Direito Penal estimado para o Edital. Estudaremos teoria e vamos trabalhar tambŽm com exerc’cios comentados.

Abaixo segue o plano de aulas do curso todo:

!

AULA CONTEòDO DATA

Aula 00

Breve introdu•‹o ao estudo do Direito Penal. Crimes contra a vida.

Les›es corporais.

07.02 Aula 01 Crimes contra o patrim™nio 14.02 Aula 02 Crimes contra a fŽ pœblica (arts. 289

a 305 do CP) 21.02

Aula 03

Crimes praticados por funcion‡rio pœblico contra a administra•‹o em

geral

28.02

Aula 04 Crimes contra a administra•‹o da

Justi•a 07.03

Nossas aulas ser‹o disponibilizadas conforme o cronograma apresentado.

Em cada aula eu trarei algumas quest›es que foram cobradas em concursos pœblicos, para fixarmos o entendimento sobre a matŽria.

Sempre que poss’vel, trabalharemos com quest›es da pr—pria VUNESP, que ser‡ a prov‡vel Banca do concurso. Todavia, para n‹o ficarmos com uma prepara•‹o defasada, vamos utilizar tambŽm quest›es de outras Bancas renomadas (FCC, FGV, etc.).

AlŽm da teoria e das quest›es, voc•s ter‹o acesso a duas ferramentas muito importantes:

¥! RESUMOS Ð Cada aula ter‡ um resumo daquilo que foi estudado, variando de 03 a 10 p‡ginas (a depender do tema), indo direto ao

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Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo

ponto daquilo que Ž mais relevante! Ideal para quem est‡ sem muito tempo.

¥! FîRUM DE DòVIDAS Ð N‹o entendeu alguma coisa? Simples: basta perguntar ao professor Vinicius Silva, que Ž o respons‡vel pelo F—rum de Dœvidas, exclusivo para os alunos do curso.

Outro diferencial importante Ž que nosso curso em PDF ser‡

complementado por videoaulas. Nas videoaulas iremos abordar os t—picos do edital com a profundidade necess‡ria, a fim de que o aluno possa esclarecer pontos mais complexos, fixar aqueles pontos mais relevantes, etc.

No mais, desejo a todos uma boa maratona de estudos!

Prof. Renan Araujo

E-mail: profrenanaraujo@gmail.com Periscope: @profrenanaraujo

Facebook: www.facebook.com/profrenanaraujoestrategia Instagram: www.instagram.com/profrenanaraujo/?hl=pt-br

Youtube:

www.youtube.com/channel/UClIFS2cyREWT35OELN8wcFQ

Observa•‹o importante: este curso Ž protegido por direitos autorais (copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a legisla•‹o sobre direitos autorais e d‡ outras provid•ncias.

Grupos de rateio e pirataria s‹o clandestinos, violam a lei e prejudicam os professores que elaboram os cursos. Valorize o trabalho de nossa equipe adquirindo os cursos honestamente atravŽs do site EstratŽgia Concursos. ;-)

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Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo

1 ! BREVE INTRODU‚ÌO AO ESTUDO DO DIREITO PENAL

1.1!Conceito de Direito Penal

O Direito Penal pode ser conceituado como o ramo do Direito Pœblico cuja fun•‹o Ž selecionar os bens jur’dicos mais importantes para a sociedade e buscar protege-los, por meio da cria•‹o de normas de conduta que, uma vez violadas, constituem crimes, sob amea•a de aplica•‹o de uma pena.

Nas palavras de CAPEZ1:

ÒO Direito Penal Ž o seguimento do ordenamento jur’dico que detŽm a fun•‹o de selecionar os comportamentos humanos mais graves e perniciosos ˆ coletividade, capazes de colocar em risco valores fundamentais para a conviv•ncia social, e decrev•-los como infra•›es penais, cominando-lhes, em conseqŸ•ncia, as respectivas san•›es, alŽm de estabelecer todas as regras complementares e gerais necess‡rias ˆ sua correta e justa aplica•‹o"

1.2!Infra•‹o penal, crime e contraven•‹o

A infra•‹o penal Ž um fen™meno social, disso ninguŽm duvida. Mas como defini-la?

Podemos conceituar infra•‹o penal como:

A conduta, em regra praticada por pessoa humana, que ofende um bem jur’dico penalmente tutelado, para a qual a lei estabelece uma pena, seja ela de reclus‹o, deten•‹o, pris‹o simples ou multa.

Assim, um dos princ’pios que podemos extrair Ž o princ’pio da lesividade, que diz que s— haver‡ infra•‹o penal quando a pessoa ofender (lesar) bem jur’dico de outra pessoa. Assim, se uma pessoa pega um chicote e se autolesiona com mais de 100 chibatadas, a œnica puni•‹o que ela receber‡ Ž ficar com suas costas ardendo, pois a conduta Ž indiferente para o Direito Penal.

A infra•‹o penal Ž o g•nero do qual decorrem duas espŽcies, crime e contraven•‹o.

O Crime pode ser entendido sob tr•s aspectos: Material, legal e anal’tico.

Sob o aspecto material, crime Ž toda a•‹o humana que lesa ou exp›e a perigo um bem jur’dico de terceiro, que, por sua relev‰ncia, merece a prote•‹o penal. Esse aspecto valoriza o crime enquanto conteœdo, ou seja, busca identificar se a conduta Ž ou n‹o apta a produzir uma les‹o a um bem jur’dico penalmente tutelado.

1 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, parte geral, volume 1, editora Saraiva, 2005, p. 1

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Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo

Assim, se uma lei cria um tipo penal dizendo que Ž proibido chorar em pœblico, essa lei n‹o estar‡ criando uma hip—tese de crime em seu sentido material, pois essa conduta NUNCA SERç crime em sentido material, pois n‹o produz qualquer les‹o ou exposi•‹o de les‹o a bem jur’dico de quem quer que seja. Assim, ainda que a lei diga que Ž crime, materialmente n‹o o ser‡.

Sob o aspecto legal, ou formal, crime Ž toda infra•‹o penal a que a lei comina pena de reclus‹o ou deten•‹o. Nos termos do art. 1¡ da Lei de Introdu•‹o ao CP:

Art 1¼ Considera-se crime a infra•‹o penal que a lei comina pena de reclus‹o ou de deten•‹o, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contraven•‹o, a infra•‹o penal a que a lei comina, isoladamente, pena de pris‹o simples ou de multa, ou ambas. alternativa ou cumulativamente.

Percebam que o conceito aqui Ž meramente legal. Se a lei cominar a uma conduta a pena de deten•‹o ou reclus‹o, cumulada ou alternativamente com a pena de multa, estaremos diante de um crime.

Por outro lado, se a lei cominar a apenas pris‹o simples ou multa, alternativa ou cumulativamente, estaremos diante de uma contraven•‹o penal.

Esse aspecto consagra o sistema dicot™mico adotado no Brasil, no qual existe um g•nero, que Ž a infra•‹o penal, e duas espŽcies, que s‹o o crime e a contraven•‹o penal.

As contraven•›es penais s‹o infra•›es penais que tutelam bens jur’dicos menos relevantes para a sociedade e, por isso, as penas previstas para as contraven•›es s‹o bem mais brandas. Nos termos do art. 1¡ do da Lei de Introdu•‹o ao C—digo Penal:

Art 1¼ Considera-se crime a infra•‹o penal que a lei comina pena de reclus‹o ou de deten•‹o, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contraven•‹o, a infra•‹o penal a que a lei comina, isoladamente, pena de pris‹o simples ou de multa, ou ambas. alternativa ou cumulativamente.

INFRAÇÕES PENAIS

CRIMES

CONTRAVENÇÕES

PENAIS

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Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo

Percebam que a Lei estabelece que se considera contraven•‹o a infra•‹o penal para a qual a lei estabele•a pena de pris‹o simples ou multa.

Percebam, portanto, que a Lei estabelece um n’tido patamar diferenciado para ambos os tipos de infra•‹o penal. Trata-se de uma escolha pol’tica, ou seja, o legislador estabelece qual conduta ser‡ considerada crime e qual conduta ser‡

considerada contraven•‹o, de acordo com sua no•‹o de lesividade para a sociedade.

Mas professor, qual Ž a diferen•a pr‡tica em saber se a conduta Ž crime ou contraven•‹o? Muitas, meu caro! Vejamos:

CRIMES CONTRAVEN‚ÍES

Admitem tentativa (art. 14, II). N‹o se admite pr‡tica de contraven•‹o na modalidade tentada. Ou se pratica a contraven•‹o consumada ou se trata de um indiferente penal

Se cometido crime, tanto no Brasil quanto no estrangeiro, e vier o agente a cometer contraven•‹o, haver‡ reincid•ncia.

A pr‡tica de contraven•‹o no exterior n‹o gera efeitos penais, inclusive para fins de reincid•ncia.

S— h‡ efeitos penais em rela•‹o ˆ contraven•‹o praticada no Brasil!

Tempo m‡ximo de cumprimento de pena: 30 anos.

Tempo m‡ximo de cumprimento de pena: 05 anos.

Aplicam-se as hip—teses de extraterritorialidade (alguns crimes cometidos no estrangeiro, em determinadas circunst‰ncias, podem ser julgados no Brasil)

N‹o se aplicam as hip—teses de extraterritorialidade do art. 7¡

do C—digo Penal.

N‹o se prendam a estas diferen•as! Para o estudo desta aula o que importa Ž saber que Hç DIFEREN‚AS PRçTICAS entre ambos.

Portanto, crime e contraven•‹o s‹o termos relacionados ˆ mesma categoria (infra•‹o penal), mas n‹o se confundem, existindo diferen•as pr‡ticas entre ambos.

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Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo

2 ! DOS CRIMES CONTRA A PESSOA

2.1!Dos crimes contra a vida

Os crimes contra a vida s‹o aqueles nos quais o bem jur’dico tutelado Ž a vida humana. A vida Ž o bem jur’dico mais importante do ser humano. N‹o Ž ˆ toa que os crimes contra a vida s‹o os primeiros crimes da parte especial do CP.

A vida humana, para efeitos penais, pode ser tanto a vida intrauterina quanto a vida extrauterina, de forma que n‹o s— a vida de quem j‡ nasceu Ž tutelada, mas tambŽm ser‡ tutelada a vida daqueles que ainda est‹o no ventre materno (nascituros).

Os arts. 121 a 123 cuidam da tutela da vida EXTRAUTERINA (De quem j‡

nasceu), enquanto os crimes dos arts. 124/127 tratam da tutela da vida INTRAUTERINA (Dos nascituros).2

Vamos come•ar ent‹o!

2.1.1!Homic’dio

O art. 121 do CP diz:

Homic’dio simples Art. 121. Matar alguem:

Pena - reclus‹o, de seis a vinte anos.

Caso de diminui•‹o de pena

¤ 1¼ Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o dom’nio de violenta emo•‹o, logo em seguida a injusta provoca•‹o da v’tima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um ter•o.

Homic’dio qualificado

¤ 2¡ Se o homic’dio Ž cometido:

I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;

II - por motivo futil;

III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;

IV - ˆ trai•‹o, de emboscada, ou mediante dissimula•‹o ou outro recurso que dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido;

V - para assegurar a execu•‹o, a oculta•‹o, a impunidade ou vantagem de outro crime:

Feminic’dio (Inclu’do pela Lei n¼ 13.104, de 2015)

VI - contra a mulher por raz›es da condi•‹o de sexo feminino: (Inclu’do pela Lei n¼ 13.104, de 2015)

VII Ð contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constitui•‹o Federal, integrantes do sistema prisional e da For•a Nacional de Seguran•a Pœblica, no exerc’cio da fun•‹o ou em decorr•ncia dela, ou contra seu c™njuge, companheiro ou parente consangu’neo atŽ terceiro grau, em raz‹o dessa condi•‹o: (Inclu’do pela Lei n¼ 13.142, de 2015)

2 PRADO, Luis Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro. Volume 2. 5¼ edi•‹o. Ed. Revista dos Tribunais. S‹o Paulo, 2006, p. 58

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Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo

Pena - reclus‹o, de doze a trinta anos.

¤ 2o-A Considera-se que h‡ raz›es de condi•‹o de sexo feminino quando o crime envolve: (Inclu’do pela Lei n¼ 13.104, de 2015)

I - viol•ncia domŽstica e familiar; (Inclu’do pela Lei n¼ 13.104, de 2015) II - menosprezo ou discrimina•‹o ˆ condi•‹o de mulher. (Inclu’do pela Lei n¼ 13.104, de 2015)

Homic’dio culposo

¤ 3¼ Se o homic’dio Ž culposo: (Vide Lei n¼ 4.611, de 1965) Pena - deten•‹o, de um a tr•s anos.

Aumento de pena

¤ 4o No homic’dio culposo, a pena Ž aumentada de 1/3 (um ter•o), se o crime resulta de inobserv‰ncia de regra tŽcnica de profiss‹o, arte ou of’cio, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro ˆ v’tima, n‹o procura diminuir as conseqŸ•ncias do seu ato, ou foge para evitar pris‹o em flagrante. Sendo doloso o homic’dio, a pena Ž aumentada de 1/3 (um ter•o) se o crime Ž praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 10.741, de 2003)

¤ 5¼ - Na hip—tese de homic’dio culposo, o juiz poder‡ deixar de aplicar a pena, se as conseqŸ•ncias da infra•‹o atingirem o pr—prio agente de forma t‹o grave que a san•‹o penal se torne desnecess‡ria. (Inclu’do pela Lei n¼ 6.416, de 24.5.1977)

¤ 6¼ A pena Ž aumentada de 1/3 (um ter•o) atŽ a metade se o crime for praticado por mil’cia privada, sob o pretexto de presta•‹o de servi•o de seguran•a, ou por grupo de exterm’nio. (Inclu’do pela Lei n¼ 12.720, de 2012)

¤ 7o A pena do feminic’dio Ž aumentada de 1/3 (um ter•o) atŽ a metade se o crime for praticado: (Inclu’do pela Lei n¼ 13.104, de 2015)

I - durante a gesta•‹o ou nos 3 (tr•s) meses posteriores ao parto; (Inclu’do pela Lei n¼ 13.104, de 2015)

II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com defici•ncia; (Inclu’do pela Lei n¼ 13.104, de 2015)

III - na presen•a de descendente ou de ascendente da v’tima. (Inclu’do pela Lei n¼ 13.104, de 2015)

O bem jur’dico tutelado, como disse, Ž a vida humana. O Homic’dio, entretanto, pode ocorrer nas seguintes modalidades:

a) Homic’dio Simples;

b) Homic’dio privilegiado (¤1¡);

c) Homic’dio qualificado (¤2¡);

d) Homic’dio culposo (¤3¡);

e) Homic’dio culposo majorado (¤4¡, primeira parte);

f) Homic’dio doloso majorado (¤4¡, segunda parte e ¤¤ 6¼ e 7¼);

2.1.1.1! Homic’dio simples

ƒ aquele previsto no caput do art. 121 (Òmatar alguŽmÓ). O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa f’sica, bem como qualquer pessoa f’sica pode ser sujeito passivo do delito. Entretanto, se o sujeito passivo for o Presidente da Repœblica, do Senado Federal, da C‰mara dos Deputados ou do STF, e o ato

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Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo

possuir cunho pol’tico, estaremos diante de um crime previsto na Lei de Seguran•a Nacional (art. 29 da Lei 7.710/89).3

O tipo objetivo (conduta descrita como incriminada) Ž TIRAR A VIDA DE ALGUƒM. Mas para isso, precisamos saber quando se inicia a vida humana.

A vida humana se inicia com o in’cio do parto. Para a maioria da Doutrina, o in’cio do parto (que gera in’cio da vida) se d‡ com o in’cio do processo de parto, no qual o feto passa a ter contato com a vida extrauterina4.

N‹o h‡ necessidade de que o feto seja vi‡vel5, bastando que fique provado que nasceu com vida, basta isso!

Assim, se for tirada a vida de alguŽm que ainda n‹o nasceu (ainda n‹o h‡ vida extrauterina, n‹o h‡ homic’dio, podendo haver aborto).

Semelhantemente, se o fato for praticado por quem j‡ n‹o tem mais vida (cad‡ver), estaremos diante de UM CRIME IMPOSSêVEL (Por absoluta impropriedade do objeto).

O homic’dio pode ser praticado de forma livre (disparo de arma de fogo, facada, pancadas, etc.), podendo ser praticado de forma comissiva (a•‹o) ou omissiva (omiss‹o). Como assim? Isso mesmo, pode ser que alguŽm responda por homic’dio sem ter agido, mas tendo se omitido.6

EXEMPLO: M‹e que, mesmo sabendo que o padrasto ir‡ matar seu filho, nada faz para impedi-lo, ainda que pudesse agir para evitar o crime sem preju’zo de sua integridade f’sica. Neste caso, se o padrasto vem a praticar o homic’dio, e ficar provado que a m‹e sabia e nada fez para impedir, ela responder‡ por HOMICêDIO DOLOSO (mesmo sem ter praticado qualquer ato!), na qualidade de crime omissivo IMPRîPRIO (recomendo a leitura do art. 13, ¤2¼ do CP).

CUIDADO! O homic’dio pode ser praticado, ainda, por meios psicol—gicos, n‹o sendo obrigat—rio o uso de meios materiais.7

O elemento subjetivo Ž o dolo, n‹o se exigindo qualquer finalidade espec’fica de agir (dolo espec’fico). Pode ser dolo direto ou dolo indireto (eventual ou alternativo).

O crime se consuma quando a v’tima vem a falecer, sendo, portanto, um crime material. Como o delito pode ser fracionado em v‡rios atos (crime plurissubsistente), existe a possibilidade de tentativa, desde que, iniciada a

3 Caso a inten•‹o seja destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, Žtnico, racial ou religioso, teremos o delito de homic’dio genocida, previsto no art. 1¼, a, da Lei 2.889/56.

4 Por in’cio do parto entenda-se o in’cio da opera•‹o, no caso de cesariana, ou o in’cio das contra•›es expulsivas, no caso de parto normal. PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 58

5 Feto vi‡vel pode ser entendido como aquele que n‹o possui quaisquer doen•as cong•nitas capazes de impossibilitar a continuidade da vida extrauterina, como os anencŽfalos, por exemplo.

6 PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 60/61

7 EXEMPLO: Imagine que a filha, desejosa de ver sua m‹e morta, a fim de herdar seu patrim™nio, e sabendo que a m‹e possui problemas card’acos, simula uma situa•‹o de sequestro de seu irm‹o ca•ula. A m‹e, ao receber a liga•‹o, tem um infarto do mioc‡rdio, fulminante, vindo a —bito. Nesse caso, a conduta dolosa e planejada da filha pode ser considerada homic’dio, pois o meio foi h‡bil para alcan•ar o resultado pretendido.

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Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo

execu•‹o, o crime n‹o se consume por circunst‰ncias alheias ˆ vontade do agente.

O homic’dio simples, ainda quando praticado por apenas uma pessoa, MAS EM ATIVIDADE TêPICA DE GRUPO DE EXTERMêNIO (CHACINA, POR EXEMPLO), ƒ CRIME HEDIDONDO (art. 1¼, I da Lei 8.072/90).

2.1.1.2! Homic’dio privilegiado (¤1¡)

O Homic’dio privilegiado possui as mesmas caracter’sticas do homic’dio simples, com a peculiaridade de que a motiva•‹o do crime, neste caso, Ž NOBRE.

Ou seja, o crime Ž praticado em circunst‰ncias nas quais a Lei entende que a conduta do agente NÌO ƒ TÌO GRAVE. Pode ocorrer em tr•s situa•›es8:

¥! Motivo de relevante valor social Ð Por exemplo, matar o estuprador do bairro.

¥! Motivo de relevante valor MORAL Ð Por exemplo, matar por compaix‹o (eutan‡sia)9.

¥! Sob o dom’nio de violenta emo•‹o, LOGO APîS injusta provoca•‹o da v’tima Ð Agente pratica o crime dominado por um sentimento de violenta emo•‹o, imediatamente ap—s a cria•‹o desse sentimento pela pr—pria v’tima10. Ex.: Imagine que JosŽ chegue em casa e veja sua esposa ca’da e machucada, pois acabara de ter sido v’tima de um estupro, praticado por Paulo. JosŽ sai e encontra Paulo num bar, bebendo como se nada tivesse acontecido.

Dominado pela violenta emo•‹o, JosŽ mata Paulo. Neste caso, JosŽ responde pelo crime de homic’dio, mas haver‡ a aplica•‹o da causa de diminui•‹o de pena prevista no ¤1¼ do art. 121 do CP.

Mas quais as consequ•ncias do crime privilegiado? A pena, nesse caso, Ž diminu’da de 1/6 a 1/3.

CUIDADO! Se o crime for praticado em concurso de pessoas, a circunst‰ncia pessoal (violenta emo•‹o) n‹o se comunica entre os agentes, respondendo por homic’dio simples aquele que n‹o estava sob violenta emo•‹o.11

2.1.1.3! Homic’dio qualificado

O homic’dio qualificado Ž aquele para o qual se prev• uma pena mais grave (12 a 30 anos), em raz‹o da maior reprovabilidade da conduta do agente. O homic’dio ser‡ qualificado quando for praticado:

8 PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 61

9 PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 61/62

10 CUNHA, RogŽrio Sanches. Manual de Direito Penal. Parte Especial. 7¼ edi•‹o. Ed. Juspodivm. Salvador, 2015, p. 51/52

11 PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 63. PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 52

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¥! Mediante paga ou promessa de recompensa ou OUTRO MOTIVO TORPE Ð Aqui se pune mais severamente o homic’dio praticado por motivo torpe, que Ž aquela motiva•‹o repugnante, abjeta12, dando-se, como exemplo, a realiza•‹o do crime mediante paga ou promessa de recompensa. Trata-se do mercen‡rio. Na modalidade de ÒpagaÓ, o pagamento acontece antes. Na modalidade Òpromessa de recompensaÓ, o pagamento dever‡ ocorrer depois do crime, mas a sua efetiva concretiza•‹o (do pagamento) Ž IRRELEVANTE. Aqui h‡ o chamado concurso necess‡rio, pois Ž imprescind’vel que pelo menos duas pessoas participem (quem paga ou promete e quem executa).

Havia diverg•ncia a respeito da comunicabilidade da qualificadora para o mandante. O STJ, no informativo 575, decidiu que se trata de circunst‰ncia de car‡ter pessoal. Assim, o homic’dio, para o mandante, n‹o ser‡ necessariamente qualificado (a menos que o mandante esteja agindo por motivo torpe, fœtil, etc.)13. A Doutrina diverge sobre a natureza da ÒrecompensaÓ, mas prevalece o entendimento de que deva ter natureza econ™mica14, embora a recompensa de outra natureza tambŽm possa ser enquadrada como Òoutro motivo torpeÓ (H‡ interpreta•‹o ANALîGICA aqui). A Òvingan•aÓ pode ou n‹o ser considerada motivo torpe, isso depende do caso concreto (posi•‹o dos Tribunais).

¥! Por motivo fœtil Ð Aqui temos o motivo banal, aquele no qual o agente retira a vida de alguŽm por um motivo bobo, rid’culo, ou seja, h‡ uma despropor•‹o gigante entre o motivo do crime e o bem lesado (vida). MOTIVO INJUSTO ƒ DIFERENTE DE MOTIVO FòTIL. O motivo injusto Ž inerente ao homic’dio (se fosse justo, n‹o seria crime). A Doutrina majorit‡ria entende que o crime praticado ÒSEM MOTIVO ALGUMÓ (aus•ncia de motivo) tambŽm Ž qualificado. O STJ, entretanto, vem firmando entendimento no sentido contr‡rio, ou seja, de que seria homic’dio simples15.

¥! Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum Ð Aqui temos mais uma hip—tese de INTERPRETA‚ÌO ANALîGICA, pois o legislador d‡ uma sŽrie de exemplos e no final abre a possibilidade para que outras condutas semelhantes sejam punidas da mesma forma. Temos aqui, n‹o uma qualificadora

12 Um outro exemplo Ž a GANåNCIA. CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 67

13 ÒO reconhecimento da qualificadora da "paga ou promessa de recompensa" (inciso I do ¤ 2¼ do art. 121) em rela•‹o ao executor do crime de homic’dio mercen‡rio n‹o qualifica automaticamente o delito em rela•‹o ao mandante, nada obstante este possa incidir no referido dispositivo caso o motivo que o tenha levado a empreitar o —bito alheio seja torpe.Ó (REsp 1.209.852-PR, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 15/12/2015, DJe 2/2/2016)

Na Doutrina existe DIVERGæNCIA, havendo, inclusive, certa predomin‰ncia da tese CONTRçRIA, no sentido de que somente o executor responderia pela forma qualificada.

14 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 54

15 (AgRg no REsp 1289181/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 17/10/2013, DJe 29/10/2013)Ó

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decorrente dos MOTIVOS DO CRIME, mas uma qualificadora decorrente dos MEIOS UTILIZADOS para a pr‡tica do delito. A Doutrina entende que a qualificadora do Òemprego de venenoÓ s— incide se a v’tima NÌO SABE que est‡ ingerindo veneno16; Se souber, o crime poder‡ ser qualificado pelo meio cruel.

CUIDADO! MUITO CUIDADO! MAS MUITO CUIDADO MESMO! A utiliza•‹o de tortura como MEIO para se praticar o homic’dio, qualifica o crime. Entretanto, se o agente pretende TORTURAR (esse Ž o objetivo), mas se excede (culposamente) e acaba matando a v’tima, NÌO Hç HOMICêDIO QUALIFICADO PELA TORTURA, mas TORTURA QUALIFICADA PELO RESULTADO MORTE (art. 1¡, ¤3¡ da Lei 9.455/97).

¥! Ë trai•‹o, de emboscada, ou qualquer outro meio que dificulte ou torne imposs’vel a defesa do ofendido Ð Nesse caso, o crime Ž qualificado em raz‹o, tambŽm, DO MEIO UTILIZADO, pois ele dificulta a defesa da v’tima. CUIDADO! A idade da v’tima (idoso ou crian•a, por exemplo), n‹o Ž MEIO PROCURADO PELO AGENTE, logo, n‹o qualifica o crime, embora, no caso concreto, torne mais dif’cil a defesa, em alguns casos.

¥! Para assegurar a execu•‹o, oculta•‹o, a impunidade ou vantagem de outro crime Ð Aqui h‡ o que chamamos de conex‹o objetiva, ou seja, o agente pratica o homic’dio para assegurar alguma vantagem referente a outro crime, que pode consistir na execu•‹o do outro crime, na oculta•‹o do outro crime, na impunidade do outro crime ou na vantagem do outro crime. A conex‹o objetiva pode ser teleol—gica (assegurar a execu•‹o FUTURA de outro crime) OU consequencial (assegurar a oculta•‹o, a impunidade ou a vantagem do outro crime, que Jç OCORREU). O Òoutro crimeÓ NÌO PRECISA SER PRATICADO OU TER SIDO PRATICADO PELO AGENTE, pode ter sido praticado por outra pessoa.

¥! FEMINICêDIO Ð Aqui teremos um homic’dio qualificado em raz‹o de ter sido praticado contra mulher, em situa•‹o denominada de Òviol•ncia de g•neroÓ. N‹o basta, assim, que a v’tima seja mulher, deve ficar caracterizada a viol•ncia de g•nero. Mas como se caracteriza a viol•ncia de g•nero? O ¤2¼-A do art. 121, tambŽm inclu’do pela Lei 13.104/2015, estabelece que ser‡ considerada viol•ncia de g•nero quando o crime envolver viol•ncia domŽstica e familiar ou menosprezo ou discrimina•‹o ˆ condi•‹o de mulher.

¥! CONTRA AGENTES DE SEGURAN‚A E DAS FOR‚AS ARMADAS Ð O homic’dio tambŽm ser‡ considerado ÒqualificadoÓ quando for praticado contra integrantes das For•as Armadas (Marinha, ExŽrcito e Aeron‡utica), das for•as de seguran•a pœblica (Pol’cias federal, rodovi‡ria federal, ferrovi‡ria federal, civil, militar e corpo de

16 PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 69

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bombeiros militar), dos agentes do sistema prisional (agentes penitenci‡rios) e integrantes da For•a Nacional de Seguran•a.

Contudo, n‹o basta que o homic’dio seja praticado contra alguma destas pessoas para que seja qualificado, Ž necess‡rio que o crime tenha sido praticado em raz‹o da fun•‹o exercida pelo agente. Se o crime n‹o tem qualquer rela•‹o com a fun•‹o pœblica exercida, n‹o se aplica esta qualificadora!

AlŽm dos pr—prios agentes, o inciso VII relaciona tambŽm os parentes destes funcion‡rios pœblicos (c™njuge, companheiro ou parente consangu’neo atŽ terceiro grau). Assim, o homic’dio praticado contra qualquer destas pessoas, desde que guarde rela•‹o com a fun•‹o pœblica do agente, ser‡ considerado qualificado.

2.1.1.4! Homic’dio culposo

O homic’dio culposo ocorre n‹o quando o agente quer a morte, mas quando o agente pratica uma conduta direcionada a outro fim (que pode ou n‹o ser l’cito),

17 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 58

18 PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 65

ü! E se houver mais de uma circunst‰ncia qualificadora (meio cruel motivo torpe, por exemplo)? Nesse caso, n‹o existe crime DUPLA OU TRIPLAMENTE QUALIFICADO. O crime Ž apenas qualificado. Se houver mais de uma qualificadora, uma delas qualifica o crime, e a outra (ou outras) Ž considerada como agravante genŽrica (se houver previs‹o) ou circunst‰ncia judicial desfavor‡vel17 (art. 59 do CP), caso n‹o seja prevista como agravante. POSI‚ÌO ADOTADA PELO STF.

ü! E se o crime for, ao mesmo tempo, privilegiado e qualificado (praticado por relevante valor moral e mediante emprego de veneno, por exemplo)? Nesse caso, temos o chamado homic’dio qualificado-privilegiado. Mas, CUIDADO! Isso s— ser‡ poss’vel se a qualificadora for objetiva (relativa ao meio utilizado), pois a circunst‰ncia privilegiadora Ž sempre subjetiva (relativa aos motivos do crime). Assim, um crime nunca poder‡ ser praticado por motivo torpe e por motivo de relevante valo moral ou social, s‹o coisas colidentes18! O STF e o STJ entendem assim!

ü! E sendo o crime qualificado-privilegiado, ser‡ ele hediondo?

NÌO! Pois sendo o motivo deste crime, um motivo nobre, embora a execu•‹o n‹o o seja, o motivo prepondera sobre o meio utilizado, por analogia ao art. 67 do CP. POSI‚ÌO MAJORITçRIA.

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mas por inobserv‰ncia de um dever de cuidado (neglig•ncia, imprud•ncia ou imper’cia), acaba por causar a morte da pessoa.

A imprud•ncia Ž a precipita•‹o, Ž o ato praticado com afoba•‹o, t’pico dos AFOITOS. A neglig•ncia, por sua vez, Ž a imprud•ncia na forma omissiva, ou seja, Ž a aus•ncia de precau•‹o. O agente deixa de fazer alguma coisa que deveria para evitar o ocorrido. Na imper’cia, por sua vez, o agente comete o crime por n‹o possuir aptid‹o tŽcnica para realizar o ato.

EXEMPLOS: Imagine que numa mesa de cirurgia, um MƒDICO- CIRURGIÌO esque•a uma pin•a na barriga do paciente, que vem a falecer em raz‹o disso. Nesse caso, n‹o houve imper’cia, pois o MƒDICO ƒ APTO PARA REALIZAR A CIRURGIA, tendo havido neglig•ncia (o camarada n‹o tomou os cuidados devidos antes de dar os pontos na cirurgia). Houve, portanto, neglig•ncia.

Imaginem, agora, que no mesmo exemplo, o mŽdico que realizou a conduta foi um CLêNICO GERAL, que n‹o sabia fazer uma cirurgia, e tenha feito algo errado no procedimento. Aqui sim ter’amos imper’cia.

CUIDADO! N‹o existe compensa•‹o de culpas! Assim, se a v’tima tambŽm contribuiu para o resultado, o agente responde mesmo assim, mas essa circunst‰ncia (culpa da v’tima) ser‡ considerada em favor do rŽu na fixa•‹o da pena.19

EXEMPLO: Imagine que Rodrigo esteja dirigindo sua Ferrari a 300 km/h na Av. Paulista, de madrugada, acreditando que n‹o vai atropelar ninguŽm, porque Ž muito Òbom de rodaÓ (Imprud•ncia). Eis que, de repente, Nathalia atravessa a rua com o sinal fechado para ela (imprud•ncia), vindo a ser atropelada por Rodrigo, falecendo. Nesse caso, Rodrigo responder‡ por homic’dio culposo, sim, mas o fato de Nathalia ter agido com culpa tambŽm, ser‡ considerado favoravelmente a Rodrigo quando da fixa•‹o da pena base (Òcomportamento da v’timaÓ, art. 59 do CP).

CUIDADO! Apenas para fins de registro, o homic’dio culposo na dire•‹o de ve’culo automotor, desde o advento da Lei 9.503/97, Ž crime previsto no art.

302 da referida lei (C—digo de Tr‰nsito Brasileiro).

2.1.1.5! Homic’dio majorado

O homic’dio pode ser majorado (ter a pena aumentada) no caso de ter sido cometido em algumas circunst‰ncias. S‹o elas:

No homic’dio culposo (aumento de 1/3):

ü! Resulta de inobserv‰ncia de regra tŽcnica ou profiss‹o, arte ou of’cio ü! Se o agente deixa de prestar imediato socorro ˆ v’tima

ü! N‹o procura diminuir as consequ•ncias de seu ato ü! Foge para evitar pris‹o em flagrante

19 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 63

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Aula DEMO Ð Prof. Renan Araujo No homic’dio doloso:

ü! Se o crime for cometido contra pessoa menor de 14 anos ou maior de 60 anos (aumento de 1/3)

ü! Se o crime for praticado por mil’cia privada, sob o pretexto de presta•‹o de servi•o de seguran•a, ou por grupo de exterm’nio (aumento de 1/3 atŽ a metade)

ü! Se o crime, no caso de FEMINICêDIO, for praticado: a) durante a gesta•‹o ou nos 3 (tr•s) meses posteriores ao parto; b) contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com defici•ncia; c) na presen•a de descendente ou de ascendente da v’tima (aumento de 1/3 atŽ a metade).

2.1.1.6! Perd‹o Judicial

Em determinados crimes o Estado confere o perd‹o ao infrator (N‹o confundir perd‹o judicial com perd‹o do ofendido), por entender que a aplica•‹o da pena n‹o Ž necess‡ria. ƒ o chamado Òperd‹o judicialÓ. ƒ o que ocorre, por exemplo, no caso de homic’dio culposo no qual o infrator tenha perdido alguŽm querido (Lembram-se do caso Herbert Viana?). Essa hip—tese est‡ prevista no art. 121, ¤ 5¡ do CP:

¤ 5¼ - Na hip—tese de homic’dio culposo, o juiz poder‡ deixar de aplicar a pena, se as conseqŸ•ncias da infra•‹o atingirem o pr—prio agente de forma t‹o grave que a san•‹o penal se torne desnecess‡ria. (Inclu’do pela Lei n¼ 6.416, de 24.5.1977)

Ent‹o, nesse caso, ocorrendo o perd‹o judicial, tambŽm estar‡ extinta a punibilidade. AlŽm disso, o art. 120 do CP diz que se houver o perd‹o judicial, esta senten•a que concede o perd‹o judicial n‹o Ž considerada para fins de reincid•ncia.

O perd‹o judicial, diferentemente do perd‹o do ofendido, n‹o precisa ser aceito pelo infrator para produzir seus efeitos. A senten•a que concede o perd‹o judicial Ž declarat—ria da extin•‹o da punibilidade, n‹o subsistindo qualquer efeito condenat—rio (Conforme sœmula n¡ 18 do STJ).

2.1.2!Instiga•‹o ou aux’lio ao suic’dio

Este crime est‡ previsto no art. 122 do CP. Vejamos:

Art. 122 - Induzir ou instigar alguŽm a suicidar-se ou prestar-lhe aux’lio para que o fa•a:

Pena - reclus‹o, de dois a seis anos, se o suic’dio se consuma; ou reclus‹o, de um a tr•s anos, se da tentativa de suic’dio resulta les‹o corporal de natureza grave.

Par‡grafo œnico - A pena Ž duplicada:

Aumento de pena

I - se o crime Ž praticado por motivo ego’stico;

II - se a v’tima Ž menor ou tem diminu’da, por qualquer causa, a capacidade de resist•ncia.

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O suic’dio Ž a elimina•‹o direta e volunt‡ria da pr—pria vida. O suic’dio n‹o Ž crime (ou sua tentativa), mas a conduta do terceiro que auxilia outra pessoa a se matar (material ou moralmente) Ž crime.

Aqui, a participa•‹o no suic’dio n‹o Ž uma conduta acess—ria (porque o suic’dio n‹o Ž crime!), mas conduta principal, ou seja, o pr—prio nœcleo do tipo penal. Assim, quem auxilia outra pessoa a se matar n‹o Ž part’cipe deste crime, mas AUTOR.

O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, e Ž admitido o concurso de pessoas (duas ou mais pessoas se reunirem para auxiliarem outra a se suicidar). No entanto, somente a PESSOA QUE POSSUA ALGUM DISCERNIMENTO pode ser sujeito passivo do crime20, eis que se a pessoa (suicida) n‹o tiver qualquer discernimento, estaremos diante de um homic’dio, tendo o agente se valido da aus•ncia de autocontrole da v’tima para induzi-la a se matar (sem que esta quisesse esse resultado).

EXEMPLO: Imagine que A, desejando a morte de B (um doente mental, completamente alienado), o induz a se jogar do 20¡ andar de um prŽdio. B, maluco (coitado!), se joga, achando que Ž o ÒsupermanÓ. Nesse caso, n‹o houve instiga•‹o ou induzimento ao suic’dio, mas HOMICêDIO, pois A se valeu da aus•ncia de discernimento de B para mat‡-lo.

O crime pode ser praticado de 03 formas:

ü! Induzimento Ð O agente faz nascer na v’tima a ideia de se matar ü! Instiga•‹o Ð O agente refor•a a ideia j‡ existente na cabe•a da

v’tima, que est‡ pensando em se matar

ü! Aux’lio Ð O agente presta algum tipo de aux’lio material ˆ v’tima (empresta uma arma de fogo, por exemplo)

O elemento subjetivo exigido Ž o dolo, n‹o sendo admitido na forma culposa.

ƒ poss’vel a pr‡tica do crime mediante dolo eventual. Imagine o pai que coloca a filha, jovem gr‡vida, para fora de casa, sabendo que a filha Ž descontrolada e havia amea•ado se matar, n‹o se importando com o resultado (n‹o Ž pac’fico na Doutrina).

A consuma•‹o Ž bastante discutida na Doutrina, mas vem se fixando o seguinte entendimento:

ü! A v’tima morre Ð Crime consumado (pena de 02 a 06 anos de reclus‹o) ü! V’tima n‹o morre, mas sofre les›es graves Ð Crime consumado (pena

de 01 a 03 anos)

ü! V’tima n‹o morre nem sofre les›es graves Ð INDIFERENTE PENAL

20 PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 81/82

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Assim, para esta Doutrina, o crime se consumaria com a ocorr•ncia do evento morte ou das les›es corporais graves (crime material), ou ser um indiferente penal (quando, n‹o obstante a conduta do agente, o suicida n‹o sofre ao menos les›es graves). Trata-se de entendimento da Doutrina moderna.21

Outra parte da Doutrina entende que o crime Ž FORMAL, se consumando no momento em que o infrator pratica a conduta, sendo a ocorr•ncia da morte ou de les›es graves, MERA CONDI‚ÌO OBJETIVA DE PUNIBILIDADE. Trata- se do entendimento da Doutrina cl‡ssica.22

Outra parcela doutrin‡ria entende que o crime se consuma com a ocorr•ncia da morte. No caso de les›es graves ter’amos apenas tentativa pun’vel (pena mais branda) e no caso de n‹o ocorrer qualquer destes resultados ter’amos tentativa impun’vel.

ƒ bem dividido na Doutrina, mas eu ficaria com a primeira.

O crime pode aparecer, ainda, na forma majorada (Pena duplicada), quando praticado nas seguintes hip—teses:

ü! Por motivo ego’stico

ü! Se a v’tima Ž menor ou tem diminu’da a capacidade de resist•ncia (Se a v’tima n‹o tem nenhum discernimento, Ž homic’dio, lembram- se?)

2.1.3!Infantic’dio

O infantic’dio Ž o crime mediante o qual a m‹e, sob influ•ncia do estado puerperal, mata o pr—prio filho recŽm-nascido, durante ou logo ap—s o parto:

Art. 123 - Matar, sob a influ•ncia do estado puerperal, o pr—prio filho, durante o parto ou logo ap—s:

Pena - deten•‹o, de dois a seis anos.

O objeto jur’dico tutelado aqui tambŽm Ž a vida humana. Trata-se, na verdade, de uma ÒespŽcie de homic’dioÓ que recebe puni•‹o mais branda em raz‹o da comprova•‹o cient’fica acerca dos transtornos que o estado puerperal pode causar na m‹e.

O sujeito ativo, aqui, somente pode ser a m‹e da v’tima, e ainda, desde que esteja sob influ•ncia do estado puerperal (CRIME PRîPRIO). O sujeito passivo Ž o ser humano, recŽm-nascido, logo ap—s o parto ou durante ele.

21 CUNHA, RogŽrio Sanches. Op. Cit., p. 73/74

22 Nesse sentido, dentre outros, LUIZ REGIS PRADO. PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 86/87

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CUIDADO! Embora seja crime pr—prio, Ž plenamente admiss’vel o concurso de agentes, que responder‹o por infantic’dio (desde que conhe•am a condi•‹o do agente, de m‹e da v’tima), nos termos do art. 30 do CP.

ƒ necess‡rio que a gestante pratique o fato SOB INFLUæNCIA DO ESTADO PUERPERAL, e que esse estado emocional seja a causa do fato.

Mas atŽ quando vai o estado puerperal? N‹o h‡ certeza mŽdica, devendo ser objeto de per’cia no caso concreto.

O crime s— Ž admitido na forma dolosa (dolo direto e dolo eventual), n‹o sendo admitido na forma culposa. A pergunta que fica Ž: E se a m‹e, durante o estado puerperal, culposamente mata o pr—prio filho? Nesse caso, temos simplesmente um homic’dio culposo23.

E se a m‹e, por equ’voco, acaba por matar filho de outra pessoa (confunde com seu pr—prio filho)? Nesse caso, responde normalmente por infantic’dio, como se tivesse praticado o delito efetivamente contra seu filho, por se tratar de erro sobre a pessoa (nos termos do art. 20, ¤3¼ do CP).24

O crime se consuma com a morte da crian•a e a tentativa Ž plenamente poss’vel.

2.1.4!Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento Est‡ previsto no art. 124 do CP. Vejamos:

Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:

Pena - deten•‹o, de um a tr•s anos.

Nesse caso, o sujeito ativo s— pode ser a m‹e (gestante). No caso de estarmos diante da segunda hip—tese (permitir que outra pessoa pratique o aborto em si), o crime Ž praticado somente pela m‹e, respondendo o terceiro pelo crime do art. 126 (Exce•‹o ˆ teoria monista, que Ž a teoria segundo a qual os comparsas devem responder pelo mesmo crime). Assim, este crime Ž um crime DE MÌO PRîPRIA.

O sujeito passivo Ž o feto (nascituro).

Como se v•, pode ser praticado de duas formas distintas:

ü! Gestante pratica o aborto em si pr—pria

ü! Gestante permite que outra pessoa pratique o aborto nela.

O crime s— Ž punido na forma dolosa. Se o aborto Ž culposo, a gestante n‹o comete crime (Ex.: Gestante pratica esportes radicais, vindo a se acidentar e causar a morte do filho).

O crime se consuma com a morte do feto, Ž claro. A tentativa Ž plenamente poss’vel.

23 PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 101

24 PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 101

0

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2.1.5!Aborto praticado por terceiro sem o consentimento da gestante

Nesse crime o terceiro pratica o aborto na gestante, sem que esta concorde com a conduta. Vejamos o que diz o art. 125:

Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:

Pena - reclus‹o, de tr•s a dez anos.

A conduta aqui Ž bem simples, n‹o havendo muitas observa•›es a se fazer.

N‹o Ž necess‡rio que se trate de um mŽdico, podendo ser praticado por qualquer pessoa (CRIME COMUM). O sujeito passivo, aqui, como em todos os outros delitos de aborto, Ž o feto. Entretanto, nesse crime espec’fico tambŽm ser‡ v’tima (sujeito passivo) a gestante.

Embora o crime ocorra quando n‹o houver o consentimento da gestante, tambŽm ocorrer‡ o crime quando o consentimento for prestado por quem n‹o possua condi•›es de prest‡-lo (menor de 14 anos, ou alienada mental), ou se o consentimento Ž obtido mediante fraude por parte do agente (infrator).

O crime se consuma com a morte do feto, sendo plenamente poss’vel a tentativa.

Se o agente pretende matar a m‹e, sabendo que est‡ gr‡vida, e ambos os resultados ocorrem, responder‡ por ambos os crimes (homic’dio e aborto) em concurso.

2.1.6!Aborto praticado com o consentimento da gestante

Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:

Pena - reclus‹o, de um a quatro anos.

Par‡grafo œnico. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante n‹o Ž maior de quatorze anos, ou Ž alienada ou debil mental, ou se o consentimento Ž obtido mediante fraude, grave amea•a ou viol•ncia

Aqui, embora o aborto seja praticado por terceiro, h‡ o consentimento da gestante. Trata-se da figura do camarada que praticou o aborto na gestante, com a concord‰ncia ou a pedido desta.

A gestante responde pelo crime do art. 124 e o terceiro responde por este delito.

Como disse a voc•s, o consentimento s— Ž v‡lido (de forma a caracterizar ESTE crime) quando a gestante tem condi•›es de manifestar vontade. Quando a gestante n‹o tiver condi•›es de manifestar a pr—pria vontade, ou o faz em raz‹o de ter sido enganada pela fraude do agente, o crime cometido (pelo agente, n‹o pela gestante) Ž o do art. 125, conforme podemos extrair da reda•‹o do art.

125 c/c art. 126, ¤ œnico do CP.

O sujeito ativo aqui pode ser qualquer pessoa, COM EXCE‚ÌO DA PRîPRIA GESTANTE! O sujeito passivo Ž apenas o feto.

O elemento subjetivo aqui, como nos demais casos de aborto, Ž SOMENTE O DOLO.

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O crime se consuma com a morte do feto, podendo ocorrer a modalidade tentada, quando, embora praticada a conduta, o feto n‹o falece, sobrevivendo.25

ü! Se no aborto provocado por terceiro (arts. 125 e 126), em decorr•ncia dos meios utilizados pelo terceiro, ou em decorr•ncia do aborto em si, a gestante sofre les‹o corporal grave, as penas s‹o aumentadas de 1/3; se sobrevŽm a morte da gestante as penas s‹o duplicadas. Vejamos:

Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores s‹o aumentadas de um ter•o, se, em conseqŸ•ncia do aborto ou dos meios empregados para provoc‡-lo, a gestante sofre les‹o corporal de natureza grave; e s‹o duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevŽm a morte.

ü! O aborto PRATICADO POR MƒDICO, quando for a œnica forma de salvar a VIDA da gestante, ou QUANDO A GESTA‚ÌO FOR DECORRENTE DE ESTUPRO (e houver prŽvia autoriza•‹o da gestante), NÌO ƒ CRIME26:

Art. 128 - N‹o se pune o aborto praticado por mŽdico:

Aborto necess‡rio

I - se n‹o h‡ outro meio de salvar a vida da gestante;

Aborto no caso de gravidez resultante de estupro

II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto Ž precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.

ü! N‹o se exige que haja senten•a reconhecendo o estupro; basta que haja, ao menos, boletim de ocorr•ncia registrado na Delegacia.27

2.1.7!A•‹o Penal

TODOS os crimes contra VIDA s‹o de a•‹o PENAL PòBLICA INCONDICIONADA.

2.2!Das les›es corporais

As les›es corporais podem ser definidas como quaisquer danos provocados no sistema de funcionalidade normal do corpo humano.

25 PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 115/116

26 Atualmente o STF entende que o aborto de fetos anencŽfalos (ou anencef‡licos, ou seja, sem cŽrebro ou com m‡-forma•‹o cerebral) n‹o Ž crime, estando criada, jurisprudencialmente, mais uma exce•‹o. Ver:

ADPF 54 / DF (STF)

27 PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 123.

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O crime de les›es corporais est‡ previsto no art. 129 do CP, e possui diversas variantes, que est‹o previstas nos seus ¤¤:

Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saœde de outrem:

Pena - deten•‹o, de tr•s meses a um ano.

Les‹o corporal de natureza grave

¤ 1¼ Se resulta:

I - Incapacidade para as ocupa•›es habituais, por mais de trinta dias;

II - perigo de vida;

III - debilidade permanente de membro, sentido ou fun•‹o;

IV - acelera•‹o de parto:

Pena - reclus‹o, de um a cinco anos.

¤ 2¡ Se resulta:

I - Incapacidade permanente para o trabalho;

II - enfermidade incuravel;

III - perda ou inutiliza•‹o do membro, sentido ou fun•‹o;

IV - deformidade permanente;

V - aborto:

Pena - reclus‹o, de dois a oito anos.

Les‹o corporal seguida de morte

¤ 3¡ Se resulta morte e as circunst‰ncias evidenciam que o agente n‹o qu’s o resultado, nem assumiu o risco de produz’-lo:

Pena - reclus‹o, de quatro a doze anos.

Diminui•‹o de pena

¤ 4¡ Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o dom’nio de violenta emo•‹o, logo em seguida a injusta provoca•‹o da v’tima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um ter•o.

Substitui•‹o da pena

¤ 5¡ O juiz, n‹o sendo graves as les›es, pode ainda substituir a pena de deten•‹o pela de multa, de duzentos mil rŽis a dois contos de rŽis:

I - se ocorre qualquer das hip—teses do par‡grafo anterior;

II - se as les›es s‹o rec’procas.

Les‹o corporal culposa

¤ 6¡ Se a les‹o Ž culposa: (Vide Lei n¼ 4.611, de 1965) Pena - deten•‹o, de dois meses a um ano.

Aumento de pena

¤ 7¡ No caso de les‹o culposa, aumenta-se a pena de um ter•o, se ocorre qualquer das hip—teses do art. 121, ¤ 4¡.

¤ 7¼ - Aumenta-se a pena de um ter•o, se ocorrer qualquer das hip—teses do art. 121,

¤ 4¼. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 8.069, de 1990)

¤ 8¼ - Aplica-se ˆ les‹o culposa o disposto no ¤ 5¼ do art. 121.(Reda•‹o dada pela Lei n¼ 8.069, de 1990)

Viol•ncia DomŽstica (Inclu’do pela Lei n¼ 10.886, de 2004)

¤ 9o Se a les‹o for praticada contra ascendente, descendente, irm‹o, c™njuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se

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o agente das rela•›es domŽsticas, de coabita•‹o ou de hospitalidade: (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 11.340, de 2006)

Pena - deten•‹o, de 3 (tr•s) meses a 3 (tr•s) anos. (Reda•‹o dada pela Lei n¼ 11.340, de 2006)

¤ 10. Nos casos previstos nos ¤¤ 1o a 3o deste artigo, se as circunst‰ncias s‹o as indicadas no ¤ 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um ter•o). (Inclu’do pela Lei n¼ 10.886, de 2004)

¤ 11. Na hip—tese do ¤ 9o deste artigo, a pena ser‡ aumentada de um ter•o se o crime for cometido contra pessoa portadora de defici•ncia. (Inclu’do pela Lei n¼ 11.340, de 2006)

¤ 12. Se a les‹o for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constitui•‹o Federal, integrantes do sistema prisional e da For•a Nacional de Seguran•a Pœblica, no exerc’cio da fun•‹o ou em decorr•ncia dela, ou contra seu c™njuge, companheiro ou parente consangu’neo atŽ terceiro grau, em raz‹o dessa condi•‹o, a pena Ž aumentada de um a dois ter•os. (Inclu’do pela Lei n¼ 13.142, de 2015)

A les‹o corporal Ž um crime que pode ser praticado por qualquer sujeito ativo, tambŽm podendo ser qualquer pessoa o sujeito passivo. Em alguns casos, no entanto, somente pode ser sujeito passivo a mulher gr‡vida (art. 129, ¤¤1¡, IV e 2¡, V).

Trata-se de crime que pode ser praticado de diversas maneiras, pancadas, perfura•›es, cortes, etc.

O bem jur’dico tutelado Ž a incolumidade f’sica da pessoa (integridade f’sica).

A autoles‹o n‹o Ž crime (causar les›es corporais em si mesmo), por aus•ncia de lesividade a bem jur’dico de terceiro.

A les‹o corporal pode ser classificada como:

ü! Simples (caput)

ü! Qualificada (¤¤ 1¡, 2¡ e 3¡) ü! Privilegiada (¤¤ 4¡ e 5¡) ü! Culposa (¤ 6¡)

A les‹o corporal simples Ž a prevista no art. 129, caput, e ocorrer‡ sempre que n‹o resultar em les›es de natureza mais grave ou morte.

A les‹o qualificada pode se dar pela ocorr•ncia de resultado grave (les›es graves) ou em decorr•ncia do resultado morte (Les‹o corporal seguida de morte).

As seguintes situa•›es s‹o consideradas como les›es graves para fins penais:

LESÍES CORPORAIS GRAVES

RESULTADO PENA

LESÍES GRAVES (Doutrina)

§! Incapacidade para as ocupa•›es habituais, por mais de trinta dias

§! Perigo de vida

§! Debilidade permanente de membro, sentido ou fun•‹o

PENA Ð 01 a 05 anos de reclus‹o

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§! Acelera•‹o de parto

LESÍES GRAVêSSIMAS (Doutrina)

§! Incapacidade permanente para o trabalho

§! Enfermidade incur‡vel

§! Perda ou inutiliza•‹o do membro, sentido ou fun•‹o

§! Deformidade permanente

§! Aborto

PENA Ð 02 a 08 anos de reclus‹o

O CP trata ambas como les›es graves, mas em raz‹o da pena diferenciada para cada uma delas, a Doutrina chama as primeiras de LESÍES GRAVES e as segundas de LESÍES GRAVêSSIMAS.28

A les‹o corporal seguida de morte Ž um crime qualificado pelo resultado, mais especificamente, um crime PRETERDOLOSO (dolo na conduta inicial e culpa na ocorr•ncia do resultado) pois o agente come•a praticando dolosamente um crime (les‹o corporal) e acaba por cometer, culposamente, outro crime mais grave (homic’dio). Nesse caso, temos a les‹o corporal seguida de morte, prevista no ¤3¡ do art. 129, ˆ qual se prev• pena de 04 A 12 ANOS.

H‡, ainda, a figura da les‹o corporal privilegiada, que ocorre em duas situa•›es:

ü! Agente comete o crime movido por relevante valor moral ou social, ou movido por violenta emo•‹o, logo em seguida ˆ injusta provoca•‹o da v’tima Ð A pena Ž diminu’da de 1/6 a 1/3 (aplicam-se as mesmas considera•›es acerca do homic’dio privilegiado).

ü! N‹o sendo graves as les›es: a) Ocorrer a situa•‹o anterior; ou b) se tratar de les›es rec’procas entre infrator e ofendido Ð O JUIZ PODE SUBSITTUIR A PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR PENA DE MULTA.

A les‹o corporal na modalidade culposa est‡ prevista no ¤6¡ do art. 129, e Ž praticada quando h‡ viola•‹o a um dever objetivo de cuidado (neglig•ncia, imprud•ncia ou imper’cia). Lembrando que o crime de les›es corporais culposas em dire•‹o de ve’culo automotor Ž crime especial, previsto no CTB, logo, n‹o se aplica o CP nesse caso.

ƒ poss’vel, ainda, que havendo les‹o corporal culposa, o Juiz conceda o perd‹o judicial ao infrator, conforme tambŽm ocorre no homic’dio culposo,

28 PRADO, Luis Regis. Op. Cit., p. 146/149

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quando as consequ•ncias do crime atingirem o infrator de tal forma que a pena se torne desnecess‡ria.

Finalizando o crime de les›es corporais, o CP trata da VIOLæNCIA DOMƒSTICA. A viol•ncia domŽstica Ž aquela praticada em face de ascendente, descendente, irm‹o, c™njuge, companheiro, pessoa com quem conviva, OU TENHA CONVIVIDO, ou, ainda, quando o agente se prevalece de rela•›es domŽsticas de conviv•ncia ou hospitalidade.

Em casos como este, a pena Ž de 03 meses a 03 anos.

AlŽm disso:

¥! SE O CRIME FOR QUALIFICADO (LESÍES GRAVES, GRAVêSSIMAS OU MORTE) Ð A PENA ƒ AUMENTADA DE 1/3.

¥! SE A VêTIMA DE VIOLæNCIA DOMƒSTICA, NO CASO DO ¤9¡, ƒ PORTADORA DE DEFICIæNCIA (FêSICA OU MENTAL) Ð A PENA ƒ AUMENTADA DE 1/3.

ü! Em caso de viol•ncia domŽstica, s— se aplicam as disposi•›es espec’ficas se a les‹o for dolosa. Se a les‹o for culposa, a regra Ž a mesma das les›es comuns (n‹o domŽsticas).

ü! No crime de viol•ncia domŽstica, Ž poss’vel o enquadramento, por exemplo, da Bab‡, que se prevalece da conviv•ncia com a crian•a para agredi-la.

ü! Nos crimes de les‹o corporal, a A‚ÌO PENAL ƒ PòBLICA INCONDICIONADA. No entanto, em caso de LESÌO LEVE OU LESÌO CORPORAL CULPOSA, A A‚ÌO SERç PòBLICA CONDICIONADA Ë REPRESENTA‚ÌO (art. 88 da Lei 9.099/95).

ü! CUIDADO! Se a les‹o Ž praticada com viol•ncia domŽstica ˆ MULHER, EM QUALQUER CASO, A A‚ÌO ƒ PòBLICA INCONDICIONADA (Posicionamento do STF)29.

ü! CUIDADO: A Lei 12.720/12 alterou a reda•‹o do ¤7¼ do art. 129 do CP, de forma a estabelecer uma causa de aumento de pena (em 1/3) no caso de o crime de les‹o corporal, em sendo culposa, resultar de inobserv‰ncia de regra tŽcnica da profiss‹o ou no caso de o agente n‹o prestar socorro ou fugir. Incidir‡ a mesma causa de aumento de pena no caso de, em sendo les‹o dolosa, o crime for praticado: a) Contra menor de 14 anos ou maior de 60 anos; b) Por mil’cia privada ou grupo de exterm’nio.

29 O STF passou a adotar este entendimento no julgamento da ADI - 4424.

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