A TEORIA DAS MÚLTIPLAS INTELIGÊNCIAS
Thereza Penna Firme, Ph.D
Howard Gardner autor da teoria das Múltiplas Inteligências (1994), é professor de Psicologia e Educação na Universidade de Harvard e de Psiconeurologia na Escola de Medicina de Boston, bem como autor de centenas de artigos e dezenas de livros traduzidos em vinte e duas línguas. Sua teoria é uma visão inovadora e crítica ao conceito de inteligência entendida como única, geral, inata, dificilmente alterável e que possibilita a pessoa um desempenho maior ou menor, em qualquer área de atuação. Suas investigações científicas, de grande eloquência, o levaram a superar o conceito de QI resultante de testes ou instrumentos semelhantes utilizados e apresentam uma visão multidisciplinar da Inteligência como um potencial biopsicológico de processar formas específicas de diferentes maneiras, o que permite aos seres humanos resolverem problemas ou criar produtos. Tais soluções e produtos precisam ser valorizados em pelo menos uma cultura ou comunidade (Gardner, 2005). De suas descobertas emerge uma lista provisória de inteligências. Assim, os indivíduos não são igualmente inteligentes ou não, em todas as circunstâncias. Eles possuem diferentes inteligências e cada uma tem sua forma distinta de representação mental.
Em síntese, Gardner utilizou critérios evolutivos, neurológicos, psicológicos e antropológicos para identificar inteligências possíveis. Ele enfatiza a importância da valorização cultural das diferentes inteligências . A Teoria das Múltiplas Inteligências oferece pois as bases para a identificação de talentos potenciais, em crianças e jovens e facilita o investimento educacional nas habilidades específicas necessárias ao avanço nas diferentes áreas do saber (Sodré, 2006).
Aqui é pois apresentada uma breve definição de cada uma dessas Inteligências.
Inteligência Lógico-Matemática
Capacidade de análise de relações, categorias e padrões, manipulando objetos ou símbolos para experimentar de forma controlada , sensibilidade para padrões, ordem e sistematização
Inteligência Linguístico-verbal
Capacidade de usar a linguagem para convencer, agradar, estimular ou transmitir idéias - sensibilidade para sons, ritmos e significados das palavras com especial percepção das diferentes funções da linguagem
Inteligência Espacial
Capacidade para perceber o mundo visual e espacial de forma precisa, manipulando formas ou objetos mentalmente e, a partir das percepções iniciais, criar tensão, equilíbrio e composição numa representação visual ou espacial - inclui a visualização no espaço tridimensional.
Inteligência Musical
Capacidade para compor ou reproduzir uma peça musical, discriminando sons e percebendo temas musicais - sensibilidade para ritmos, texturas e timbres.
Inteligência Cinestésica-Corporal
Capacidade para resolver problemas ou criar produtos através do uso de partes ou de todo o corpo e para usar a coordenação grossa ou fina em esportes, artes cênicas ou plásticas, no controle de movimentos do corpo e na manipulação de objetos, com destreza.
Inteligência Interpessoal
Capacidade para entender e responder adequadamente a humores, temperamentos, motivações e desejos de outras pessoas - sensibilidade com relação às necessidades do outro.
Inteligência Intrapessoal
Capacidade para ter acesso aos próprios sentimentos, sonhos e idéias e para discriminá-los, lançando mão deles na solução de problemas pessoais - sensibilidade para reconhecer necessidades, desejos e inteligências próprios e assim formar uma imagem de si mesmo, no sentido de atuar de forma efetiva.
Inteligência Naturalística
Capacidade e sensibilidade de distinguir, classificar e usar os elementos do meio ambiente, especialmente no que se refere ao Mundo Vegetal, Animal e Mineral.
Mais recentemente, Gardner (2005) ponderou sobre a possibildade de uma nona inteligência, a existencial. Diz ele que estudiosos contemporâneos levantaram indagações sobre uma inteligência religiosa ou espiritual mas, ao examinar várias considerações sobre espiritualidade ele concluiu não haver esse tipo de inteligência específica mas sim, um componente da espiritualidade isto é, o pensamento existencial. Essa inteligência envolveria capacidades humanas de formular e examinar as perguntas talvez mais importantes tais como “Quem somos nós?” “Porque estamos aqui?” “O que vai acontecer?” (Gardner, 2005 p.50). Sistemas religiosos, artísticos e filosóficos buscam respostas a tais perguntas. É
nesse contexto que Gardner deixa o espaço para as conexões mais amplas da existência, da identidade e da Fé onde surge a relação com Deus.
Gardner finalmente concluiu que ainda não tem evidências convincentes de que o pensamento existencial ocorre em centros neurais ou cerebrais.
Assim, segundo ele, “a mais recente candidata ao status de inteligência, ainda está em espera” (Gardner, 2005 p.51) e, como ele diz, são assim, 8 ¹/² inteligências.
Em suma, vale dizer, segundo sua teoria que, embora as inteligências sejam relativamente independentes, qualquer atividade humana depende de uma combinação delas e as pessoas poderão possuir a predominância de uma ou mais dessas inteligências pelo que é altamente recomendável o incentivo ao desenvolvimento pleno de todas elas, segundo as possibilidades e as tendências reveladas nos seres humanos.
Referências Bibliográficas
Gardner, H. (1994) Estruturas da Mente. Porto Alegre: Artmed Gardner, H. (2005) Mentes que mudam. Porto Alegre: Artmed
Sodré S. Gama, MC. (2006) Educação de Superdotados: Teoria e Prática.
São Paulo: E.P.U
JUNHO/2015