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5º Congresso da Nova Central Sindical de Trabalhadores no Estado de São Paulo (NCST/SP)

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Academic year: 2022

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5º Congresso da Nova Central Sindical de Trabalhadores no Estado de São Paulo (NCST/SP)

Tema: “O Movimento Sindical é Uma Chama que Nunca se Apaga!”, (José Calixto Ramos).

Dia: 9 de novembro por videoconferência das 9h00 até 16h00;

Pauta: Balanço do Atual Mandatado; Análise de Conjuntura Política, Econômica e Epidemiológica do Brasil; Futuro do Movimento Sindical Brasileiro Mediante e Proposta de Reforma Sindical; Eleição da Nova Diretoria.

1 - Balanço do Atual Mandatado

1.1 - 5º Congresso da Nova Central – SP apontará caminhos a serem percorridos

Em 2017, nos dias 01 e 02 de junho, foi realizado na cidade Praia Grande - SP o 4º Congresso da Nova Central Sindical de Trabalhadores no Estado de São Paulo, que por unanimidade, os 300 delegados (as) elegeram Luiz Gonçalves (Luizinho) presidente pela chapa “Resistir e Avançar” nas lutas e conquistas dos trabalhadores (as).

O primeiro dia foi marcado pela abertura solene e discurso dos convidados, no segundo, foi aprovado o regimento interno e feita a eleição da nova diretoria para o mandato de (2017 a 2021). Na oportunidade os congressistas debateram a tese guia que abordou diversos temas de todas as secretarias com balanço do trabalho feito no último mandato e os desafios que enfrentaríamos nos próximos anos.

Na ocasião comentou-se a necessidade dos dirigentes sindicais se conectarem com suas bases e com os trabalhadores (as) de sua região, pois em breve deveríamos que defender nossos direitos através de greve geral, e só conseguiríamos êxitos com o apoio e participação de todas as categorias.

Cabe ressaltar que em muitos aspectos, infelizmente, não fizemos a lição de casa, pois nos vários eventos e mobilizações em defesa dos interesses da classe trabalhadora a ausência de dirigentes sindicais da Nova Central – SP, mesmo com ampla convocação e divulgação foi notória.

Neste 5º Congresso é muito importante que possamos fazer um balanço de nossa atuação nos últimos 4 anos; mensurar nossos acertos e erros, e onde

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devemos mudar para poder melhorar. Com certeza, suas resoluções servirão de oxigênio, do qual precisamos para avançarmos nas lutas vindouras.

Na atual gestão mais de 10% da composição da nova diretoria são compostas por mulheres. Pode parecer um número pequeno, mas levando em consideração que o movimento sindical é um dos meios mais machistas que uma mulher pode se envolver, podemos considerar como uma grande vitória.

Nos últimos anos posicionamo-nos contra a nefasta Reforma Trabalhista, proposta pelo Governo Temer que visava exclusivamente retirar direitos duramente conquistados pelo movimento sindical além de enfraquecer os sindicato para deixar os assalariados sem ter a quem recorrer. Ou seja, a verdadeira intenção da proposta era impor derrotas fragorosas à classe trabalhadora e destruir o movimento sindical como força política, capaz de unir seus representados e reagir de forma unificada contra os retrocessos.

A Lei Federal 13.467, que impôs novas regras trabalhistas entrou em vigor em novembro de 2017. Quatro anos depois o avanço prometido não se cumpriu. A pandemia e o cenário global influenciaram e os dois milhões de empregos nos próximos dois anos não apareceram, pelo contrário. Naquela ano o Brasil tinha 12,3 milhões de desempregados, representava 11,8% da população ativa, hoje tem 14,1 milhões de desocupados, 13,7% da população, segundo dados de julho do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Em outra frente combateríamos a Reforma da Previdência, elabora para privilegiar e expandir o negócio bilionário das previdências privadas, em proveito dos bancos. E que a PEC 287/2016 que tratava deste tema era um verdadeiro ataque ao direito de aposentadoria do trabalhador (a) ao aumentar da idade mínima para 65 para homens e mulheres inicialmente e 70 posteriormente e 49 anos de contribuição para receber 100% de benefício.

Destacamos acertadamente que boa parte da sustentação dos sindicatos via a Contribuição Sindical era o que permitia a manutenção das atividades para conquistar mais direitos trabalhistas, promover a luta organizada e a participação ativa nas mesas de negociações. Com este recurso era possível também manter, ainda, a atuação jurídica especializada na defesa dos interesses imediatos e históricos da classe laboral.

1.2 - Nova Central – SP: 16 anos em defesa da classe trabalhadora e sindicatos filiados

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Fundada pela vontade e decisão conscientes e soberanas de milhares de sindicalistas, a Nova Central Sindical de Trabalhadores no Estado de São Paulo reafirma, neste seu V Congresso, o compromisso de permanecer fiel aos princípios da organização sindical brasileira e comprometida com valores como a democracia, a ética, a justiça social e a busca permanente da afirmação e efetivação do Estado Democrático e Social de Direito em nosso País.

Nestes 16 anos de existência, defendemos com veemência, os direitos individuais e sociais, como propriedade do povo brasileiro, e o Estado Democrático e Social de Direito o patamar mais avançado na perspectiva de uma justa distribuição de renda, da superação das absurdas desigualdades sociais, do respeito e ampliação dos direitos sindicais e trabalhistas, do fortalecimento das ações do Estado com vistas à soberania nacional e a garantia de serviços públicos de qualidade para toda a população, de um desenvolvimento sustentável com geração de renda e emprego, além de garantir a aplicação de políticas públicas voltadas para assegurar a dignidade humana e que não sejam meramente compensatórias.

Firmamo-nos como mais uma ferramenta de luta e de unidade da classe trabalhadora. No exercício da prática sindical, somos uma entidade classista, e de compromisso irrenunciável com os interesses e direitos de todos os trabalhadores e trabalhadoras brasileiras. Especialmente neste momento de crise política, econômica e epidemiológica, agravada em razão das perversas políticas econômicas e sociais do agonizante modelo neoliberal, na forma de uma ditadura financeira globalizada, com a imposição de reformas estruturais e de flexibilização de direitos, nos colocamos ao lado de todas as forças que lutam para que os efeitos da crise não sejam atribuídos somente à classe trabalhadora.

Não somos os responsáveis por ela, antes, somos as vítimas, por isto, não vamos pagar por uma crise que não provocamos. Nesta perspectiva, proporemos alternativas concretas, enfatizaremos principalmente a necessidade central de mudança no modelo econômico, que há décadas se tornou o centro determinante da política econômica brasileira, via o controle da inflação. Nesta lógica, tudo se justifica no sentido de manter sob controle as variações inflacionárias. Por isto, o Brasil pratica um dos juros mais altos entre todos os demais países, penalizando os trabalhadores e impondo freio ao crescimento econômico.

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Neste momento, a inflação não está sob controle e a política econômica do governo Jair Bolsonaro, capitaneada pelo ministro da Economia Paulo Guedes, fez com que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial da inflação no Brasil, subisse 1,16% em setembro e acumulasse alta de 10,25% em 12 meses, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O índice é o maior para o mês desde o Plano Real, em 1994. A inflação acumulada em 12 meses é a mais alta desde fevereiro de 2016, ano do golpe contra a presidente eleita Dilma Rousseff, quando o IPCA chegou a 10,36%.

De acordo com o IBGE, oito dos nove grupos pesquisados registraram alta em setembro. O destaque foi para o grupo Habitação (2,56%), puxado por um aumento de 6,47% na tarifa de energia elétrica em decorrência do aumento da tarifa provocado pela crise hídrica que tem afetado a geração de energia em todas as regiões do país.

Propomos que o centro da política econômica seja, a partir de agora, a geração de empregos. É buscar a implementação de uma política nacional de pleno emprego. Por este caminho o Brasil poderá transformar a crise mundial em fator de crescimento e de fortalecimento do nosso mercado interno, como alternativas permanentes de independência e de soberania do País. Uma política nacionalista distinta e antagônica à submissão às imposições dos monopólios e do imperialismo e que resgate a função social da propriedade como fundamento de todo o nosso sistema produtivo.

Nesta direção, acreditamos que há perspectivas da construção de um novo pacto nacional em defesa do pleno emprego e da efetiva independência nacional, com o fortalecimento da democracia, das representações sociais e sindicais e o estabelecimento de um novo patamar de desenvolvimento na história da Nação.

Nossos princípios continuarão alicerçados na ética e valores humanos, que pressupõem a dignidade humana e a solidariedade, com o compromisso de jamais se compactuar com qualquer tipo de exploração, muito menos a exploração do trabalho infantil ou de trabalho em condições de escravidão.

Levantaremos a bandeira da necessidade imediata no combate aos retrocessos sociais e trabalhistas, arquitetados e colocados em prática após o golpe de 2016 do capital contra o trabalho, que eliminou o sonho de milhões de brasileiros terem um emprego que lhes proporcionasse uma vida digna.

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O alcance da vitória ultraconservadora que levou Michel Temer a assumir definitivamente o governo e que depois proporcionou a eleição de Bolsonaro é amplo. E desde então, o processo de enganação a que foi submetido à opinião pública brasileira, nos últimos tempos, também contaminou mente e corações de sindicalistas e parcela significante da dos trabalhadores (as), mesmo os desempregados e os que se encontram na informalidade.

Os interesses dos ricos, poderosos e privilegiados seguem intocados. O poder econômico sustenta políticos inescrupulosos, o poder da mídia engana a sociedade, sem que o povo seja convocado a decidir sobre o destino do País.

Por isso, a prioridade absoluta, no trabalho no campo institucional, deve consistir essencialmente na resistência às investidas em bases neoliberais, tanto no Congresso quanto no próprio Poder Executivo.

Por estas identificações com o sofrimento de milhões de trabalhadores e trabalhadoras e suas representações, nos manteremos firmes como central sindical identificada com o sistema sindical confederativo brasileiro, atuaremos de forma unitária, com absoluto respeito pela decisão das suas bases.

Continuaremos sendo, uma entidade sindical democrática, soberana e independente, livre da influência do patronato, isenta do contágio dos partidos políticos e imune à ingerência governamental.

A única certeza de agora é de que se não houver resistência, as pessoas sofrerão mais, a crise terá hora para terminar. Aos movimentos sociais e à sociedade organizada cabe dialogar muito com a população desorganizada e envolve-la nessa batalha – política, jurídica, de informação e, sobretudo, nas ruas. Em grande medida, as propostas em debate, tanto na mídia – que representa os interesses do mercado – quanto no Congresso e no governo passam, de um lado, por novos arranjos no papel do Estado na economia, e, de outro, por ajustes nas contas públicas e cortes de direitos e benefícios sociais.

As propostas apresentadas, inclusive no Congresso Nacional e no governo, passam pela redução do papel do Estado, pela privatização de empresas estatais, pela retirada da proteção à empresa nacional e, sobretudo, pelo corte de direito de trabalhadores, de aposentados e servidores públicos. Ou seja, escolheram o desmonte do parque produtivo estatal e os direitos dos assalariados como variável de ajuste.

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Portanto, o principal desafio do movimento sindical será evitar mais retrocessos nos direitos sociais, trabalhistas e previdenciários. Não podemos permitir que, em nome do combate à grave recessão econômica e à crise política, governo, Parlamento e empresários transfiram o custo para os trabalhadores. E para isto a unidade de ação das centrais é fundamental.

Face aos imensos desafios que temos pela frente, convocamos todos os trabalhadores e trabalhadoras do Brasil, através das suas entidades sindicais, para, juntos, assumirmos e encadearmos jornadas patrióticas em defesa da Nação e da classe trabalhadora. Viva a classe trabalhadora!

Por: Luiz Gonçalves, presidente da NCST/SP.

2 - Análise de Conjuntura Política, Econômica e Epidemiológica do Brasil

2.1 - Urgências econômicas diante da tragédia sanitária

É inominável a tragédia social que assola o Brasil. O estado de absoluta estupidez e resoluta incompetência do governo federal no tratamento da crise sanitária viabilizou a joint venture da morte entre o vírus Covid - 19 e os negacionistas na Esplanada dos Ministérios. Na gestão por resultados, contam os nossos mortos. Por tudo isso, a CPI da pandemia é uma exigência ética, inadiável, cuja instalação, a partir de requerimento parlamentar já encaminhado, depende e é de responsabilidade do Presidente do Senado Eduardo Pacheco. A sociedade está atenta e aguarda providências imediatas.

Mas a indignação que nos exaspera não pode conduzir à paralisia ou inação. É preciso continuar a luta, dia após dia, para sair desse pântano que nos meteram. Será no espaço da nossa democracia, com a resiliência e resistência das instituições e organizações, com a força da política, com a arte da argumentação e a pressão das ruas que retomaremos o caminho civilizatório para transformar esse país no território no qual vive uma nação soberana e desenvolvida. Esse sonho vale nossa vida!

Nessa luta seguem as Centrais Sindicais, com o dever de colocar sua capacidade institucional e força social a serviço do enfretamento da crise sanitária e econômica. Não há contradição entre ambas, essa abordagem teria evitado milhares de mortes e milhões não sofreriam com a miséria, a pobreza,

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a fome e a insegurança alimentar. Nossa capacidade para enfrentar a crise sanitária depende do volume de investimento no sistema de saúde preventivo e curativo, bem como da qualidade da proteção econômica às pessoas, às famílias e às empresas. Se resistirmos bem, menor será o sofrimento das pessoas e mais rapidamente enfrentaremos a crise econômica e equilibraremos o orçamento fiscal.

Muitos podem pensar: mas já é tarde! Não é. Essa crise sanitária será longa e, por isso, é preciso constituir imediatamente capacidade de enfretamento no contexto da adversidade que temos para o momento. As Centrais Sindicais, em sua atuação institucional, têm interagido com as presidências da Câmara dos Deputados e do Senado, com lideranças partidárias e com parlamentares, governadores, prefeitos e lideranças empresariais. Nesse contexto as Centrais Sindicais têm apresentado as seguintes propostas para serem tratadas com urgência:

Aprovar o Auxílio Emergencial com o valor de R$ 600,00, com as mesmas regras de acesso definidas anteriormente e duração garantida enquanto permanecer a pandemia e seus efeitos econômicos, para proteger os trabalhadores não assalariados e sustentar o consumo das famílias, lembrando que 68 milhões de pessoas foram protegidas e sua capacidade de consumo reduziu o tamanho do tombo da economia.

Aprovar a renovação das medidas de proteção dos empregos e salários, para proteger os assalariados, evitar o desemprego e sustentar a demanda das

famílias. Mais de 10 milhões de vínculos laborais foram protegidos com essas medidas quando adotadas em 2020.

Aprovar medidas de apoio econômico às micro, pequenas, médias e grandes empresas para enfrentarem as adversidades da crise econômica decorrentes da crise sanitária. A mortandade das empresas, a queima de capital e a extinção de postos de trabalho, com perdas irreparáveis para a economia, são elementos assustadores.

Fortalecer as iniciativas de lockdown dos entes subnacionais – Estados, Distrito Federal e Municípios - contribuindo com os esforços de articulação e de coordenação, com o objetivo de inverter rapidamente a curva de contágios e de mortes. Essa é a principal medida de curtíssimo prazo para estancar essa

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tragédia humanitária, juntamente com orientações para os protocolos de proteção, como o uso de máscaras e álcool gel.

Criar no âmbito do Congresso Nacional uma Comissão Nacional de Enfretamento da Crise Sanitária e Econômica, com participação dos entes subnacionais e da sociedade civil organizada. Esse espaço é essencial para estabelecer articulação e coordenação de resistência à crise sanitária e formular saídas para os efeitos da recessão econômica.

Contribuir com as iniciativas dos entes subnacionais no investimento para a compra de vacinas, superando os criminosos atrasos no processo para o acesso às vacinas pelo Brasil.

Exigir que o Brasil se posicione oficialmente perante a Organização Mundial do Comércio, e que o Congresso Nacional também se manifeste, em favor da proposta encaminhada pela Índia e África do Sul para suspender as patentes de

vacinas, medicamentos e insumos hospitalares para combater a Covid-19 enquanto durar a pandemia.

Que se adotem as medidas jurídicas cabíveis, no âmbito e competência de cada um dos Poderes, para a suspensão de patente e licença compulsória das vacinas, medicamentos e insumos hospitalares para combater a Covid-19, tendo em vista o interesse público e a gravidade da crise sanitária decorrente do coronavírus, adotando as ações necessárias para a imediata fabricação da vacina no Brasil.

Aportar os recursos necessários para o orçamento da saúde, permitindo o enfrentamento adequado da crise sanitária, assim como a célere liberação dos recursos para a sustentabilidade da rede hospitalar e preventiva de saúde no Brasil.

Criar um Comitê Científico de Crise para colaborar nas prospecções e na elaboração de medidas de combate à crise sanitária, com a participação da sociedade civil organizada.

Investir na elaboração de um Projeto Nacional de Desenvolvimento que oriente a saída da crise econômica a partir de estratégicas nacionais, regionais, setoriais de crescimento econômico com justiça social.

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Essa é uma agenda de emergência, para ser tratada no espaço do diálogo social célere e com compromissos de efetividade para enfrentar a crise sanitária e econômica.

Basta! Não há outro caminho senão afirmar de maneira incondicional. Chega!

Por: Clemente Ganz Lúcio, técnico do DIEESE.

2.2 - Desafios para o movimento sindical

O Movimento Sindical tem dificuldades de convencer sua base de apoio a atuar em torno de uma pauta que exija não apenas a participação em ações coletivas, mas também a adesão ativa a crenças, valores e concepções que orientam as reivindicações. Ações de conscientização podem começar pequenos, mas costuma ambicionar o crescimento, o que implica a ampliação dos seus objetivos e da adesão.

No discurso, sindicalistas precisam se politizar, no sentido de mostrar não só demandas concretas, específicas, como reajuste de salário, mas também estabelecer a conexão entre tais pontos e mudanças mais amplas, que garantam a implantação de uma ordem institucional na qual a lei, os órgãos governamentais e os atores relevantes se vejam comprometidos, não apenas com o atendimento imediato das demandas, como também com sua ampliação e perenizarão.

Sindicatos são mais ou menos estruturados, mais ou menos institucionalizados.

O primeiro termo remete à organização, à hierarquia, à divisão de tarefas, à atribuição de autoridade. O segundo tem a ver com as regras, que podem ser formais ou consuetudinárias. Tais regras, no caso de um movimento bem- sucedido, precisam ser elaboradas de maneira a resultar em uma situação de legitimidade, em que os envolvidos concordem com elas, mesmo que critiquem a forma como sejam executadas.

Os dois aspectos, uma vez alcançados, resultam em tais coletividades divididas entre dirigentes, militantes “profissionais” (nem sempre envolvidos em relações de assalariamento) e a base de apoio. Dirigentes e militantes articulam as demandas de base com propostas mais amplas, buscam convencer as correntes de opinião dentro da organização, chega a um estágio de controle

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majoritário (mesmo que por meio de alianças), de modo a poderem convocar sua base para ações concretas, além de tentar convencê-las do projeto que elaboraram.

A conquista da base de apoio por parte dos dirigentes e militantes implica em interferir no cerne mesmo do processo de construção da identidade. Mas os indivíduos podem estar sendo apelados por diferentes coletividades, como igrejas, colegas de trabalho, torcidas de times de futebol, partidos políticos, associações profissionais etc. (Przeworski, 1991). Não é impossível que algumas pessoas se deixem convencer por mais de um grupo e participem paralelamente de diversas ações coletivas.

Todavia, a conquista de uma base pode ser dificultada pela dispersão de interesses dos participantes, que pode ensejar a fragmentação da identidade de um grupo, sobretudo quando indivíduos se envolvem simultaneamente em movimentos com identidades conflitantes. Há também os casos em que membros da base foram socializados em visões de mundo conflitantes com os termos do projeto que move a maioria dirigente e militante em um movimento social.

Tudo isso se complica mais quando, em uma sociedade como a brasileira, na qual o pluralismo não possui um espaço muito significativo, as organizações bem-sucedidas tendem a não encontrar competidores no próprio campo. No caso do movimento sindical, só é legal que exista um sindicato por circunscrição, havendo, portanto, monopólio de representação, através do princípio da unicidade sindical. Dessa forma, na base do movimento, há pessoas que são efetivamente convencidas pelos seus projetos e outras que não são.

Estas propostas se assentam em valores, noções e concepções que afetam o processo de construção de identidades. Ser politizado implica ter consciência sobre as escolhas que se faz e sobre a localização dessas escolhas em um plano que contemple outras leituras, sendo crucial conhecer tais diferenças e se afirmar diante delas. Há, porém, pessoas que fazem parte das bases formais de apoio, mas que não são politizadas.

Elas, como qualquer um, possuem opinião, entendimento das coisas, mas costumam assumir uma posição distanciada dos aspectos mais amplos dos projetos que movem as organizações. Nessas condições, essas pessoas tendem a atuar como participantes passivas das ações coletivas, ou têm o seu

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horizonte de expectativas reduzido aos elementos materiais da pauta de reivindicações.

Uma vez conquistados esses elementos, o interesse pelo movimento decai, não havendo maior comprometimento com os aspectos mais amplos, nem mesmo em termos de um apoio simbólico, retórico, formal. Segundo o Papa Francisco não existe uma boa sociedade sem um bom sindicato. Em sua opinião, pessoa e trabalho são duas palavras que podem e devem estar juntas.

“O trabalho é a forma mais comum de cooperação que a humanidade gerou na sua história, é uma forma de amor civil”.

Francisco ressaltou que a pessoa não é só trabalho, também é preciso repousar, recuperar a “cultura do ócio”; é desumano os pais não poderem brincar com os filhos por falta de tempo. Para ele, crianças e jovens devem ter o trabalho de estudar e os idosos deveriam receber uma aposentadoria justa.

“As aposentadorias de ouro são uma ofensa ao trabalho, assim como as de baixa renda, porque fazem com que as desigualdades do tempo de trabalho se tornem perenes”.

Definiu como “míope” uma sociedade que obriga os idosos a trabalhar por muitos anos e uma inteira geração de jovens sem trabalho. Para isso, é urgente um novo pacto social para o trabalho e ele indicou dois desafios que o movimento sindical deve enfrentar e vencer se quiser continuar desenvolvendo seu papel essencial pelo bem comum: a profecia e a inovação.

A profecia é a vocação mais verdadeira do sindicato, explicou, é “expressão do perfil profético da sociedade”. Mas nas sociedades capitalistas avançadas, o sindicato corre o risco de perder esta natureza profética e se tornar demasiado semelhante às instituições e aos poderes que, ao invés, deveria criticar. Com o passar do tempo, o sindicato acabou por se parecer com a política, ou melhor, com os partidos políticos. Ao invés, se falta esta típica dimensão, a sua ação perde força e eficácia.

O segundo desafio é a inovação. Isto é, proteger não só quem está dentro do mercado de trabalho, mas quem está fora dele, descartado ou excluído. “O capitalismo do nosso tempo não compreende o valor do sindicato, porque esqueceu a natureza social da economia. Este é um dos maiores pecados.

Economia de mercado: não. Digamos economia social de mercado, como nos ensinou São João Paulo II”.

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Opina que talvez a sociedade não entenda o sindicato porque não o vê lutar suficientemente nos lugares onde não há direitos: nas periferias existenciais, entre os imigrantes, os pobres, ou não entende simplesmente porque, às vezes, a corrupção entrou no coração de alguns sindicalistas. Não se deixem bloquear. Pediu mais empenho em prol dos jovens, cujo desemprego na Itália é de 40%, e das mulheres, que ainda são consideradas de segunda classe no mercado de trabalho.

Habitar as periferias pode se tornar uma estratégia de ação, uma prioridade do sindicato de hoje e de amanhã, indicou o Papa. “Não existe uma boa sociedade sem um bom sindicato. E não há um bom sindicato que não renasçam todos os dias nas periferias, que não transforme as pedras descartadas da economia em pedras angulares. Sindicato é uma bela palavra que provém do grego syn-dike, isto é, ‘justiça juntos’. Não há justiça se não se está com os excluídos”.

Uma pessoa ultrajante é conhecida por usar linguagem ofensiva que difama e ataca o moral de outras pessoas, ferindo os seus princípios. Uma manifestação ultrajante é uma expressão de desrespeito e vai contra as normas do bom senso, causando ofensas nos indivíduos envolvidos. Ex: O público estava incrédulo e em silêncio porque nunca tinha ouvido um discurso tão ultrajante na vida.

2.3 - A globalização do capital elimina projetos nacionais!

Alianças de classes e outros expedientes políticos tradicionais que se apoiavam na farsa ideia de que os interesses das grandes empresas nacionais e dos seus proprietários capitalistas poderiam representar, de algum modo, a possibilidade de melhoria do padrão de vida da população em seus respectivos Estados nacionais, não se concretizaram com a globalização econômica.

Por intermédio dos governos e das políticas econômicas neoliberais, os salários diretos e indiretos são reduzidos. A produção de capital aumenta e, junto com ela, o desemprego dos trabalhadores (as). A acumulação primitiva é ressuscitada e travestida de modernidade. Os mercados se expandem e, junto com eles, as dividas públicas e privadas. Os juros, os dividendos e o preço das ações aumentam.

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Nas condições atuais, as ideias de que os trabalhadores (as) poderiam se beneficiar com o crescimento de suas economias nacionais são mais do que nunca desmentidas pela prática do capital mundializado.

A desigualdade, tanto entre regiões como dentro dos países, continua ser uma característica marcante da economia globalizada. A chamada globalização do mercado de trabalho age para aumentar o número de trabalhadores (as) empregados, através da substituição de uma força de trabalho superior e mais cara por diversas forças inferiores e mais baratas.

A liberdade do capital depende do empobrecimento ininterrupto da população.

Como se arrecada impostos e, principalmente, com que se gasta esses impostos, sempre foi um mecanismo importante para limpar caminho para acumulação capitalista. E para se produzir novos capitalistas.

Se nas economias de ponta do sistema – Estados Unidos, União Europeia e Japão – a exploração dos trabalhadores (as) aumenta mais nesta época de derrubadas de fronteiras econômicas, nas economias dominadas a devastação capitalista se apresenta com contornos ainda mais intensos.

O chamado “equilíbrio fiscal”, aquele objetivo colocado pelos tecnocratas e políticos de se gastar apenas o que se arrecada, a famigerada “eliminação do déficit público”, etc, tudo isso não passa de um tapa-olho para opinião pública não enxergar as verdadeiras causas do empobrecimento da população e o correspondente enriquecimento dos capitalistas.

A medida em que aumenta a dívida pública, aumenta também aquela parcela da produção social que é apropriada pelos velhos e novos traficantes do livre mercado. Mas os lucros gerados na produção nunca serão suficientes para acompanhar tanta acumulação. O mundo gira e a superprodução aumenta.

Hoje o capital se transfere mais facilmente para os países bem sucedidos, onde os retornos dos investimentos são mais garantidos. As empresas multinacionais são veículos da grande importância para a globalização da manufatura, ao equiparar uma mão de obra relativamente barata nos países em desenvolvimento com capital e técnicas modernas, tanto de administração de armazenagens e telecomunicações quanto de produção.

Para que se garanta a valorização do capital global, é necessária uma gigantesca população trabalhadora suando sangue nas linhas automatizadas

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de produção e uma superpopulação estagnada nos morros, favelas e cortiços das cidades, ou a beira das rodovias que margeiam os latifúndios improdutivos.

2.4 - Capitalismo de investimentos fantasmas e empresas zumbis

Com quase 12 milhões de documentos vazados, Pandora Papers explicitou didaticamente a forma pela qual parcela dos ricos, poderosos e privilegiados (empresários, políticos, membros de famílias reais, líderes religiosos, artistas, atletas e outros) utilizam para ocultar as riquezas deles. As chamadas contas denominadas por offshore podem absorver em até 40% do PIB mundial, sendo que mais de 4/5 daquela quantia depositada se refere a apenas 0,1% das famílias mais ricas do mundo.

Isso é possível porque existem os chamados paraísos fiscais que oferecem condições tributárias facilitadas aos recursos estrangeiros que buscam se deslocar dos sistemas nacionais de tributação e regulação financeira e cambial, sobretudo aqueles que visam “lavar dinheiros” obscuros que resultam das diversas operações ilícitas (tráfico de armas, pessoas, contrabando, drogas, corrupção e terroristas), cujas taxas de subornos podem alcançar cerca de 2 bilhões anuais. Segundo estudos realizados, a fuga de capitais gera prejuízos aos cofres públicos em torno de US$ 800 bilhões ao ano, quase 3 vezes mais do que a quantidade de recursos necessária para acabar com a fome no mundo.

Pelo curso da desregulamentação imposta pelo receituário neoliberal, terminam vazando os recursos conduzidos por empresas multinacionais para o investimento corporativo fantasma que soma cerca de US$ 15 trilhões, ultrapassando em 1/3 o total dos investimentos globais voltados para a economia real. Apenas 8 países considerados paraísos fiscais de passagem do dinheiro (Holanda, Luxemburgo, Hong Kong SAR, Ilhas Virgens Britânicas, Bermuda, Ilhas Cayman, Irlanda e Cingapura) absorvem mais de 80% desse tipo de aplicação financeira no mundo.

O caso de Luxemburgo parece exemplar, pois contando com população de apenas 600 mil habitantes concentra US$ 4 trilhões em investimentos estrangeiros, o que equivale a soma dos Estados Unidos, cuja população se aproxima de 330 milhões de pessoas. Em países como o Brasil, por exemplo, mais da metade do investimento estrangeiro direto externo recebido passa por

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entidade estrangeira sem substância econômica, conforme alerta o próprio FMI.

Essa situação tem se agravado muito mais a partir da crise do capitalismo de 2008, quando os paraísos fiscais passaram a ser alternativas mais interessantes aos ricos esconder ativos no exterior do que obter ganhos legais na economia global. A agregação no PIB oficial dos países da contabilidade de riqueza depositada nas contas de offshore faz alterar profundamente as medidas oficiais das desigualdades existentes, o que revela grau absurdo de concentração da renda e riqueza.

Diante da heterogeneidade da aplicação da riqueza nas contas em offshore, que varia de 15% na Escandinávia e Europa Continental até mais de 50% na Rússia e em alguns países do Oriente Médio e da América Latina, os efeitos na desigualdade de renda e riqueza são distintos. O progresso na redução do sigilo bancário, por exemplo, permitiria maior transparência estatística nas informações sobre o grau de desigualdade no capitalismo atual.

Para além dessa faceta da inovação financeira trazida pela globalização, destaca-se também a epidemia que infecta parcela significativa das firmas, convertendo-as em empresas zumbis. Isto é, empresas que operam funcionalmente nos mercados, embora em estado de crescente decomposição, pois não conseguem, por meio do lucro operacional, suportar as despesas com juros, sobrevivendo artificialmente por empréstimos, sobretudo após a crise global de 2008.

Nos Estados Unidos, cerca de 20% das empresas se encontram na situação de zumbis3, sem viabilidade financeira, enquanto no Brasil a intransparência é enorme, dificultando a precisão na definição. De acordo como a Serasa Experian, 6,1 milhões de empreendimentos estariam com dívidas consolidadas, enquanto 20% do total dos CNPJ seriam zumbis, pois tendo deixado de existir, continuariam vivos oficialmente.

Na Índia, por outro lado, 26% das empresas estariam classificadas por empresas zumbis, enquanto na Indonésia seriam 24%, na Coreia do Sul 18% e 3% no Japão. Sob a lógica do capitalismo atual de sustentar lucros aos acionistas por dividendos e recompras de ações, as despesas tendem a crescer mais que o aumento das receitas, tornando maiores as dívidas corporativas, mais dependentes do refinanciamento, bem como da condição de zumbis.

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A política governamental de gestão capitalista de instituições fantasmas ou mortas-vivas, conforme adotada por diversos países, tem permitido a sobrevida de empresas zumbis pela rolagem financeira, sob a expectativa que elas possam ser reanimadas. Com o refinanciamento facilitado pelos bancos centrais independentes, os bancos não declaram prejuízos, financiando as dívidas de baixo custo para manter vivas as empresas altamente endividadas e de baixo desempenho, pois sem isso, já teriam falido.

Por: Marcio Pochmann, Economista, professor do IE/Unicamp (Instituto de Economia e pesquisador do Centro de Estudos Sindicais da Universidade de Campinas), ex-presidente do Ipea, autor de vários livros e artigos publicados sobre economia social, trabalho e emprego.

2.5 - Mil dias de governo protofascista. O que aprendemos?

O governo é protofascista porque se esforça para agir sob as referências das ideias de Benito Mussolini, mas sem as bases ou referências teóricas (felizmente) do regime erigido pelo líder italiano, cambaleia e não consegue implementar, por completo (melhor assim), esse regime político odiento.

Fascismo é ideologia política ultranacionalista e autoritária, caracterizada por poder ditatorial, com intolerância exacerbada, repressão à oposição, por via da força e forte arregimentação da sociedade e da economia.

Ao chegar nesse estágio de quase 3 anos desse governo trágico, é preciso perguntar: onde erramos, depois dos governos social-liberais pós-ditadura civil- militar — Sarney, Collor/Itamar, Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff? O País apostou, por que razão, nessa figura abjeta que ora ocupa a Presidência da República?

De um lado, a elite econômica disruptiva, se descomprometeu com os pressupostos da chamada Nova República, que permitiu superar (não venceu por completo) a ditadura de 1964 e construir uma das constituições mais avançadas da república brasileira.

De outro, a preguiça político-intelectual de uma esquerda e sua derivação ao centro, que deixou de se pautar pela luta de classes e marchou rumo à cópia mecânica do esquerdismo-liberal estadunidense e as agendas identitárias

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daquele país. Há, evidentemente, mais problemas, mas para efeito de debate, talvez, salvo melhor juízo, o recorte mais grave e assanhado seja este.

Aliado a isso, optou, quase que exclusivamente pela luta eleitoral. Daí, pouco a pouco, deixou-se levar por essa agenda das urnas em que não consegue competir com a direita, pois falta-lhes “pernas” — dinheiro, antena e, agora, ideias, porque é tão eleitoral quanto a direita, que sempre foi acusada, pela esquerda, de eleitoreira.

Mais preguiçosa

A vitória de Lula em 2002 e os sucessivas êxitos eleitorais até 2014 obscureceram a militância política e as direções partidárias, que tendo abandonado a luta de classes, esqueceu que a direita não o fez. Ao contrário.

Está aí o resultado.

“Ilusão de classe pequeno-burguesa”. Talvez fosse melhor usar o termo “classe média”. Mas, talvez, daria menos densidade ao problema. Uma vez no governo por 13 anos, apostou-se apenas em algumas mudanças cosméticas, sem propor ou debater nada de substantivo para mudar as feições, ainda, autoritárias do Estado brasileiro.

Só dia desses, finalmente, o Congresso conseguiu tirar do mundo jurídico a Lei de Segurança Nacional. Aprovado em 10 de agosto pelo Senado, o PL 2.108/21

revogou a LSN, criada em 1983, ainda no período da ditadura militar. As regras, consideradas ultrapassadas após a Constituição de 1988, serão substituídas pela inclusão de novo título no Código Penal (Decreto Lei 2.848, de 1940) para tratar dos crimes contra o Estado Democrático de Direito. As mudanças ainda dependem da sanção do presidente da República.

A ditadura foi derrotada, nova Constituição Federal foi pactuada, mudanças ocorreram. Todavia, o País perdeu a grande chance, nesse processo, de debater e fazer a chamada justiça de transição, que ainda está na ordem do dia.

Entenda o que é

Entende-se como justiça de transição, conjunto de ações, dispositivos e estudos que surgem para enfrentar momentos de conflitos internos, violação

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sistemática de direitos humanos e violência massiva contra grupos sociais ou indivíduos.

Os objetivos que norteiam a justiça de transição são: 1) julgar os perpetradores de crimes e graves violações de direitos humanos; 2) estabelecer verdade sobre os fatos ocorridos no período; 3) registrar, reconhecer e dar visibilidade à memória como construção imprescindível da história do país; 4) oferecer reparação às vítimas; e 5) reformar as instituições que participaram das violações cometidas.

Sem coragem ou acúmulo político-social para enfrentar estas demandas, o pensamento progressista, tendo o PT à frente, em apenas algumas destas questões houve algum enfrentamento que permitiu que fossem trazidas à luz do aperfeiçoamento democrático. Os criminosos de 1964 não foram julgados.

Ao contrário, foram anistiados. E ainda são exaltados.

A verdade sobre os fatos históricos está encoberta até hoje. Por essa razão, vira e mexe, “malucos” vão às ruas pedir a “volta da ditadura” e até do AI-5. Até elegeram um “filhote” da ditadura militar, que dia desses “discursou” na assembleia da ONU, e disse que o Brasil (pasmem!) estava, antes da vitória eleitoral dele, à beira do comunismo.

A memória histórica foi enevoada e finge-se estar tudo bem. Alguma reparação foi feita, mas malê-malê, apenas financeira. Quanto às reformas das instituições, essas estão intocadas.

O povo é só um detalhe

Veja-se o perfil dos ministros do Supremo e o da imensa maioria dos membros do Congresso Nacional. E a imprensa brasileira? Ao invés de mediar e tentar explicar, na medida do possível, as contradições da sociedade brasileira, posiciona-se, desde sempre, do lado conservador e reacionário do espectro político-ideológico.

E as FFAA? Em pleno século 21, ainda se vê como tutora da democracia liberal, e contra um comunismo imaginário. Não evoluiu, e ninguém, ainda, teve coragem até agora para enfrentar esse dilema nacional.

A burguesia nacional, percebendo a inevitabilidade das mudanças nos estertores do regime de 1964, não podendo mais segurar o processo político e social, embarcou nessa mudança e não permitiu aprofundá-las, de forma mais severa. Ficamos na superfície.

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Ainda estamos nesse estágio. Por isso, em grande medida, o “grande salto para trás”, a partir do impedimento da ex-presidente Dilma, da ascensão de Temer, o entreguista, que permitiu a vitória, pode-se dizer, inusitada de um líder populista de extrema-direita, sem nenhum predicado para timoneiro.

O dever de casa pós 21 anos de arbítrio ainda não foi feito por completo. Está aí o resultado. Mas há tempo para corrigir esses erros e rumar por novos caminhos. O pensamento progressista topa enfrentar, em nova oportunidade, esses dilemas nacionais?

Por: Marcos Verlaine, Jornalista, analista político e assessor parlamentar licenciado do Diap.

2.6 - O Brasil de oito anos atrás era bem diferente para a classe trabalhadora

Em 2012 o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou resultados da Síntese de Indicadores Sociais, que mostrava importantes avanços que beneficiava a classe trabalhadora no aumento do nível de empregos e renda. Na época, em dez anos o emprego com carteira assinada passou de 45,3% em 2001, para 56%m em 2011.

Esse crescimento foi um dos principais instrumentos de distribuição de renda numa economia. Nele o trabalhador formal fica menos vulnerável e inserido em uma rede de conquistas e garantias, como acessos ao crédito, vale alimentação e/ou refeição, vale transporte, cesta básica, convênio médico etc.

Na ocasião, segundo a pesquisa, o rendimento das pessoas negras ocupadas equivalia a 60% do rendimento das pessoas brancas, porém, o crescimento da formalização era maior entre as mulheres negras. Apesar dos avanços registrados, ainda tínhamos 44,2 milhões de pessoas na informalidade.

Contudo, o País cresceu e todos indicadores analisados apresentaram redução das desigualdades sociais e de renda. Em outros momentos de crescimento econômico, como na época da ditadura isso não aconteceu. Neste momento de crises financeiras, política e epidemiológica da Covid - 19 e perda de empregos e direitos sociais é preciso resistir.

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Entendemos que lutar pela redução das desigualdades é determinante para garantir a cidadania que, infelizmente, milhões de brasileiros (as) perderam nos últimos anos dos governos Michel Temer e Jair Bolsonaro. Hoje temos mais de 14,5 milhões de desempregados (as) e depois que a Lei 13.467/2017 da Reforma Trabalhista foi sancionada a situação piorou.

Ela foi aprovada a toque de caixa pelo Congresso Nacional, sob a falsa promessa de “modernização” trabalhista. Defensores da proposta anunciavam a criação de milhões de empregos e a dinamização da economia. Passados quatro anos, o Brasil registra seguidos recordes de desemprego.

O subemprego, o trabalho informal também avançam, e conforma um quadro de absoluta precarização das relações de trabalho. Super explorados, a classe trabalhadora tem o acesso limitado à Justiça do Trabalho, sob pena de ter que pagar vultosos honorários advocatícios, caso seus pleitos não sejam acatados.

Ou seja, as novas regras atingiu em cheio o Movimento Sindical que perdeu parte significativa dos recursos financeiros. Frente ao novo cenário de incertezas e o fim da Contribuição Sindical compulsória, o DIEESE sugere os seguintes desafios:

Ø Melhorar a preparação das Campanhas Salariais;

Ø Repensar a organização sindical com forte presença nos locais de trabalho;

Ø Redesenhar a luta institucional e enfrentar a Lei em várias frentes;

Ø Produzir conhecimento sobre as profundas transformações na economia;

Ø Construir novas formas de organização de luta e realizar muita formação sindical.

Ou seja, é preciso intensificar o trabalho de conscientização de adesão à entidade via Campanha de Sindicalização permanente. Se não houver o apoio dos trabalhadores (as) às suas entidades de classe as futuras negociações serão mais difíceis e imprevisíveis.

Certo dia o Papa Francisco disse que: “Não existe uma boa sociedade sem um bom sindicato. E não há bom sindicato que não renasçam todos os dias nas periferias, que não transforme as pedras descartadas da economia em pedras angulares”. Temos que interpretar literalmente esta frase e resistir muito mais.

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Por: Nailton Francisco de Souza, Diretor Executivo do SindMotoristas – SP e l de Comunicação da Nova Central Sindical de Trabalhadores.

2.7 - Dívida Social com o povo brasileiro

A Dívida Social Brasileira de acordo com dados oficiais é de 4,8 milhões de famílias sem terra ou com terra insuficiente para sua manutenção; 12,9 milhões de desempregados; milhões de subempregados; 13 milhões de analfabetos;

2,8 milhões de crianças sem escolas e 2 milhões de menores abandonados; 13 milhões de pessoas subnutridas e 179 mil pessoas portadoras de doenças endêmicas; 11 milhões vivendo em favelas; mais de 30% da população vivendo a nível da pobreza absoluta ou da miséria.

São milhões de brasileiros que vivem em continua degradação de seu nível de qualidade de vida. Desse total, cerca de 40 milhões vivem em miséria absoluta.

Sendo que a maioria absoluta da população não tem acesso a um emprego estável, não tem garantia de manutenção de seu salário real, não tem

condições mínimas de saúde (como saneamento básico, assistência médica etc...), não tem acesso à educação, não tem acesso à terra, não conta com um sistema habitacional voltado para suas reais necessidades.

Este é o tamanho da dívida social. Esta é a dívida prioritária inadmissível e sagrada entre a Nação e seu povo. A dívida externa é uma dívida com os interesses do capital financeiro nacional, já a dívida social é com o povo, que sem dúvida, necessitará, para ser sanada, de um esforço imenso da sociedade com a implantação da regra mais simples e justa: contribuirá menos quem tiver menos.

O resgate da dívida social deve orientar-se prioritariamente a devolver a toda população brasileira seus direitos de cidadania, desde as formas mais elementares e imediatas. Fortalecer nas camadas populares, sua capacidade de atuação política e organizativa, de conquista de melhores condições de vida no nível de sua comunidade.

O Brasil vive uma crise social, econômica, política e epidemiológica de enormes proporções e tende se agravar cada vez mais com implantação de uma política de desnacionalização da economia que só gera problemas para a sociedade. Como atravessar esta crise que ameaça levar o País a uma convulsão social de consequência imprevisível? Quais as medidas urgentes

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para mudar esse quadro? As respostas são de natureza essencialmente política.

Há, pelo menos, três pontos que precisam ser preservados e ampliados: A soberania da Nação, ou seja, a capacidade de decidir nossos próprios caminhos e nosso destino; A dignidade do ser humano, que compreende o direito aos bens essenciais, ao emprego, à saúde, educação, moradia e à vigência plena do Estado de Direito; As riquezas do País, como seus recursos naturais, seu parque industrial e sua infraestrutura física.

O modelo vigente subordina os interesses nacionais aos do capital transnacional e conduz o País a soluções que nada têm a ver com seus problemas fundamentais, a dívida social atinge % da população – setores da classe média, trabalhadores (as) e, sobretudo desempregados (as) e subempregados (as) da cidade e do campo.

3 - Futuro do Movimento Sindical Brasileiro Mediante Propostas de Reforma Sindical; Estrutura Sindical; Unicidade Sindical; Custeio Sindical

3.1 - O movimento sindical brasileiro e o enfrentamento ao Projeto Neoliberal

Para a Nova Central, o sindicalismo é uma das forças sociais relevantes de nossa sociedade. As conquistas das primeiras greves do começo do século XX estão ligadas à construção de patamares mínimos de dignidade das pessoas, de um projeto de desenvolvimento nacional e da luta por democracia e liberdade. É fácil elencar um rol de grandes conquistas também para os trabalhadores brasileiros.

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) reforma de base, participação nos lucros, processo de redemocratização nacional, atuação na Assembleia Constituinte de 1988, manifestações de apoio ou de repúdio às políticas governamentais se somam, como um grande mosaico, para revelar o protagonismo das entidades sindicais e de seus representados.

No campo mais próximo da vida sindical, os sindicatos se destacam na condução de processos de negociação e de construção de alternativas, tanto para a melhoria de vida dos trabalhadores (as), quanto para a manutenção da

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competitividade nacional. Além disso, no campo social, os sindicatos promovem a justiça fornecendo orientação jurídica e educação profissional, lutando pela melhor distribuição das riquezas. O Sindicalismo é ator importante e decisivo. Sem a atuação sindical, seria difícil prever que espécies de relações trabalhistas estariam sendo vivenciadas.

O papel do sindicalismo e seu protagonismo são inegáveis. Contudo não se pode afirmar que o sindicalismo vive seus melhores momentos. O modelo híbrido criado pela Constituição Federal de 1988 ainda provoca tensões. Crise de representatividade, sindicatos desconectados de sua base, disputas internas revelam que ainda se faz necessário um processo de amadurecimento.

Na visão de Ricardo Antunes, Professor Livre Docente de Sociologia do Trabalho no IFCH-Unicamp a sociedade contemporânea, particularmente nas últimas duas décadas, presenciou fortes transformações. O neoliberalismo e a reestruturação produtiva da era da acumulação flexível, dotadas de forte caráter destrutivo, têm acarretado, entre tantos aspectos nefastos, um monumental desemprego, uma enorme precarização do trabalho e uma degradação crescente, na relação metabólica entre homem e natureza, conduzida pela lógica societal voltada prioritariamente para a produção de mercadorias, que destrói o meio ambiente em escala globalizada.

3.2 - Em 7 anos sindicatos perderam 3,8 milhões de filiados

De 2012 para 2019, os sindicatos perderam 3,8 milhões de filiados no Brasil, segundo dados da Pnad Contínua, divulgados nesta quarta-feira (26) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em 2019, das 94,6 milhões de pessoas ocupadas no país, 11,2% ou 10,6 milhões de profissionais eram associados a sindicatos.

É a menor taxa de sindicalização desde o início da série histórica, em 2012.

Naquele ano, 16,1% da população ocupada era sindicalizada ou 14,4 milhões de profissionais. Na comparação do ano passado com 2018, quando a taxa de sindicalização ficou em 12,5% ou 11,5 milhões de pessoas, a redução é de cerca de 900 mil filiados.

Segundo o IBGE, o fim da obrigatoriedade da contribuição sindical pode ter influenciado na queda das taxas de 2018 e 2019. A regra mudou com a reforma trabalhista de 2017. O grupo administração pública, defesa e seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais reduziu sua

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população sindicalizada em 531 mil pessoas, a maior queda anual de toda série histórica.

A taxa de sindicalização desse grupo ficou em 18,4%, e, pela primeira vez, foi inferior à taxa do grupo agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura.

"Diante da tramitação da reforma da Previdência, em 2019 vários servidores públicos que já reuniam alguns requisitos para aposentadoria adiantaram seus pedidos. No primeiro semestre de 2019, houve mais pedidos de aposentadoria no setor público do que em todo o ano de 2018. Os servidores mais antigos costumam ser associados a sindicatos, e suas aposentadorias representaram uma queda na taxa de sindicalização", disse a analista do IBGE Adriana Beringuy.

A indústria geral passou de 15,2% para 13,5% entre 2018 e 2019, o equivalente a 150 mil sindicalizados a menos. Dados do IBGE mostram que no mesmo período, a população ocupada nessa atividade aumentou em 380 mil pessoas. O grupo comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas, que é responsável por cerca de 18,9% da população ocupada, também registrou

queda na taxa de sindicalização passando de 8,1% em 2018 para 7,4% em 2019.

Segundo o IBGE, todas as grandes regiões tiveram redução de sindicalizados entre 2018 e 2019. No Sudeste, por exemplo, a queda foi 7,1% (354 mil pessoas a menos). Em relação a 2012, a região Sul registrou a principal perda, passando de 20,3% para 12,3%. A queda desse percentual pode estar relacionada à redução da ocupação no grupo indústria geral, diz o instituto.

Fonte: https://economia.uol.com.br

3.3 - Sustentação financeira da Central: Unicidade, representatividade e sustento financeiro

O presidente da NCST, José Calixto Ramos, sempre destacava os princípios que nortearam e é base da entidade que representa: a unicidade, o respeito às categorias diferenciadas e o custeio via contribuição compulsória. No seu entendimento: “Não há país democrático no mundo sem sindicalismo forte e

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atuante. Nosso sistema de unicidade sindical está sendo maculado por decisões do Ministério do Trabalho e Emprego que ao legislar está rompendo a Constituição ao criar mais de um sindicato dentro de uma mesma categoria e base territorial. Isso, senhoras e senhores, é intervenção estatal vedado pela Carta Cidadã de 88”.

Destacava que a Declaração Universal dos Direitos Humanos prevê no artigo 2º, que todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades programadas na presente declaração sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação. Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto político, jurídico ou internacional do país ou do território da naturalidade da pessoa, seja esse país ou território independente, sob tutela, autônomo ou sujeito à alguma limitação de soberania.

Dizia que a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 tem o princípio básico de que “todos os seres humanos são iguais perante a lei, sem distinção de raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação, por exemplo, na relação de trabalho (diferença de salário, exercício de funções e critérios de admissão)”. E que ao mesmo tempo, o Ministério Público do Trabalho tem a competência de ser o guardião da Constituição, que tem o dever de buscar a promoção da igualdade de oportunidades a todos os cidadãos. Com todos esses instrumentos de defesa da igualdade, cotidianamente deparamos com as mais diversas formas de discriminação:

desigualdades de salários e perspectivas de carreira entre homens e mulheres (mais acentuada em relação à mulher negra), falta de oportunidades para deficientes físicos, para idosos, negros, índios, menor aprendiz e tantos outros.

Para ele a construção de um país social e economicamente igualitário deve, indubitavelmente, levar em conta a condição das mulheres. Isso porque historicamente nossa sociedade tem estabelecido comportamentos, expectativas e oportunidades diferenciadas para mulheres e homens.

Resquícios de uma cultura patriarcal têm orientado práticas de discriminações e violências contra as mulheres. Violências físicas (doméstica e sexual) e simbólicas (que impõem padrões estéticos e de comportamento), jornada tripla de trabalho, discriminações em diversos espaços sociais, remuneração inferior a dos homens no exercício das mesmas funções são apenas alguns exemplos das opressões presentes no cotidiano das brasileiras.

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Diante dessa situação, costumava afirmar que a primeira indagação que surge é: por que convivemos com tal situação, se deveríamos estar amparados legalmente? Acreditava que somente com a organização da sociedade por meio dos órgãos legítimos de representação conseguiríamos construir caminhos que levem a eliminação de qualquer forma de discriminação. Por isso, é fundamental que as entidades sindicais, que tem entre outros, o papel de defender os interesses dos trabalhadores (as), que são principal alvo das desigualdades sociais, devem elaborar estratégias com ações efetivas para solução do problema.

Com muita sabedoria comentava que os últimos anos foram marcados pelas turbulências e decepções da classe trabalhadora com seus governantes e parlamentares. Sendo que a luta para enfrentar a crise econômica, política, epidemiológica e moral que assolou a Nação Brasileira, exigiriam do movimento sindical maturidade e unidade nas ações.

Como as mobilizações em várias frentes contra as Medidas provisórias (MPs 664 e 665); pela garantia do emprego; contra o Projeto de Lei 4330 da Terceirização; contra o aumento dos juros; contra o desmonte da estrutura sindical vigente; pelo fortalecimento do Ministério do Trabalho e Emprego;

contra os ataques do Ministério Público do Trabalho, dentre outras mazelas orquestradas pelos patrões.

O grande líder Calixto estava convicto que 2022, apesar do novo cenário – eleições para presidente, governadores, senadores e deputados estaduais e federais no País, aumentaria o peso da responsabilidade de todos os representantes da classe trabalhadora. Que inevitavelmente terão que se preparar para os debates em torno da disputa do seu voto.

Defendia de que era preciso alertar a sociedade e, principalmente, os trabalhadores (as) de que o ‘Voto não tem preço, mas tem consequências!’. E com muita convicção e compromisso de classe, alertar que a escolha de candidatos alinhados aos interesses do grande capital e do setor empresarial significará fortalecer os que querem nos eliminar das grandes decisões políticas, que possam mudar nossas vidas.

Sempre conclamava para que todos assumissem a bandeira da Unicidade Sindical; do pleno Desenvolvimento Soberano do Brasil e da Justiça Social, como bandeiras prioritárias para que pudéssemos alcançar dias melhores.

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3.4 - Em 2020 a estrutura sindical brasileira obterá profundas transformações

Se forem aprovados os textos do Projeto de Lei (PL 5.552/2019) e da Proposta de Emenda à Constituição (PEC 196/2019) dos deputados Lincoln Portela (PL- MG) e Marcelo Ramos (PL-AM), respectivamente, a estrutura sindical no Brasil terão mudanças significativas. Está em debate à preservação ou não da Unicidade Sindical, a regulamentação de pontos do artigo 8º da Constituição Federal, que poderá enfraquecer mais ainda os sindicatos dos trabalhadores (as).

Para evitar mais prejuízos na representação laboral, como acorrido com a aprovação da Reforma Trabalhista (Lei 13.467/2017), lideranças sindicais devem debater com deputados, senadores de todos os partidos e apresentar argumentos técnicos, dirimir as dúvidas, apelar para o bom senso e encontra uma solução coerente que garanta a segurança jurídica na relação entre capital e trabalho.

Mesmo antes de ser eleito presidente, Jair Bolsonaro abominava os sindicatos e está empenhado na defesa de mudanças na Constituição Cidadã de 1988, que segundo ele, garante muitos direitos aos trabalhadores (as) e poucos aos empresários, que sonham fragmentar e pulverizar a representação sindical, intensificar livremente o grau de exploração nos locais de trabalho e aumentar seus lucros.

Uma frente ampla deve ser criada para resistir e articular um forte movimento na sociedade e no Congresso Nacional. Sabemos que não existe fórmula mágica e nem reforma ideal, mas é preciso conscientizar o povo, que futuramente sentirão os impactos negativos desta escalada brutal de retirada de direitos sociais e trabalhistas, todas financiadas pelos patrões.

Foram com o amplo apoio deles que o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff se concretizou, e desde então o movimento sindical sofre perdas e derrotas. A atual forma de representação sindical, destroçada no governo de Michel Temer, não consegue abranger com qualidade as novas formas de contratação como: o tele trabalho; trabalho intermitente; terceirizado;

temporário; tempo parcial; pejotizado; uberizado; informalizado, etc.

As cartas estão na mesa e os desafios são gigantescos, diante de uma dura realidade política, adversa aos interesses da classe trabalhadora e da população mais vulnerável da sociedade brasileira. Uma nova ordem nas

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relações de trabalho parece impor um novo modelo de organização sindical e de sistema negocial, por isso, os sindicatos precisam recuperar a credibilidade perante a categoria.

O momento exige unidade de classe e não o contrário, como defende alguns legisladores, que querem dividir nos dividir ao estabelecer benefícios não salariais da Convenção ou Acordo Coletivo, apenas ao trabalhador filiado ao sindicato. Em curto prazo devemos defender uma agenda político-social- institucional estruturante, que lhe permita envolver todos agentes sociais que lutam por dias melhores.

Por: Nailton Francisco de Souza, Diretor Nacional de Comunicação da Nova Central e Diretor Executivo do SindMotoristas – SP.

3.5 - Entidades sindicais protocolam PL de reforma sindical no Congresso Com o apoio de entidades sindicais, o deputado federal Lincoln Portela (PR- MG) protocolou na Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei 5.552/19, que propõe a Reforma Sindical, que prevê a regulamentação das regras para organização sindical, previstas na Constituição Federal.

Entre os principais pontos do projeto, o texto visa a manter a unicidade, que mantém um sindicato de representação da categoria por município, o fortalecimento do sistema confederativo, autonomia e soberania das assembleias gerais sindicais e o custeio das entidades.

O tema foi debatido entre Portela e dirigentes das confederações filiadas ao Fórum Sindical dos Trabalhadores (FST) durante dois meses, até aprovarem a versão final do PL. "O bem-estar do trabalhador está na regulamentação desses artigos que darão consistência ao funcionamento sindical, exigindo que haja uma igualdade na relação entre o capital e o trabalho", explica Oswaldo Augusto, presidente do FST.

Para outro sindicalista que participou da discussão, Wilson Pereira, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Turismo e Hospitalidade (Contratuh), o objetivo principal da proposta é criar um diálogo social em busca de melhores condições de trabalho e renda para a classe trabalhadora.

"O ato marca um novo momento de atuação do sindicalismo e propõe uma reflexão sobre uma nova lei sindical brasileira. Representamos quatro milhões de trabalhadores e trabalhadoras da categoria de turismo e hospitalidade pelo

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Brasil, precisamos de estabilidade e condições para continuarmos desenvolvendo esse trabalho de proteção dos direitos e representatividade, além de dar nos dar mais autonomia", alega.

O analista do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) e da Contatos Assessoria Política, André Santos, acredita que o projeto serve para balizar uma linha de debate no Congresso, em conjunto a outros textos que tramitam na casa. "O PL deixa claro o que as confederações de trabalhadores estão pensando, qual o desenho que elas querem com relação à reforma sindical e contribui para um debate mais denso e conciso sobre o tema", avalia.

No documento tem destaque a criação do Conselho Sindical Nacional, com representação paritária de trabalhadores e empregadores, dotado de autonomia, com sede e foro em Brasília (DF), cuja atribuição é promover a regulação e a regulamentação da organização sindical, proceder o registro e o ordenamento dos sindicatos, federações e confederações. O documento ainda ressalta que é necessário instaurar novas regras para o exercício do sindicalismo, fortalecendo as entidades sindicais para que façam a defesa dos trabalhadores.

O custeio sindical na proposta seria feito por meio de uma cota de custeio, fixada em assembleia geral, descontada de todos os trabalhadores, sindicalizados ou não, conforme previsto no artigo 513, alínea "e", da Consolidação das Leis do trabalho. O projeto prevê tipificação para conduta antissindical, com punições legais pelo Poder Judiciário competente, com multa punitiva.

3.6 - PEC da reforma sindical quer adequar sindicalismo à reforma trabalhista

Desde 2019 que o debate sobre a reforma sindical ganhou impulso entre as entidades, no governo e no Parlamento e tende a ter desdobramento. Apesar de existir mais de uma dezena de propostas de emenda à Constituição (PEC) em tramitação na Câmara e no Senado, a tendência é que surja uma nova PEC ou que seja dado novo conteúdo às proposições em curso no Congresso, já que nenhuma dessas contempla integralmente as visões em disputa nesse tema.

Nessa perspectiva, começou a circular, de modo informal, minuta de proposta de emenda à Constituição que parece trazer sinais de futuro nessa discussão,

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