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Repositório Institucional UFC: Estudo observacional da responsabilidade social no filme “Nação fast food – uma rede de corrupção”

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA E CONTABILIDADE CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

ARTUR THOMAZ LIMA

ESTUDO OBSERVACIONAL DA RESPONSABILIDADE SOCIAL NO FILME “NAÇÃO FAST FOOD – UMA REDE DE CORRUPÇÃO”

FORTALEZA

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ESTUDO OBSERVACIONAL DA RESPONSABILIDADE SOCIAL NO FILME “NAÇÃO FAST FOOD – UMA REDE DE CORRUPÇÃO”

Monografia apresentada ao curso de Administração do Departamento de Administração da Universidade Federal do Ceará como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Administração.

Orientadora: Profª. Drª. Márcia Zabdiele Moreira.

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ESTUDO OBSERVACIONAL DA RESPONSABILIDADE SOCIAL NO FILME “NAÇÃO FAST FOOD – UMA REDE DE CORRUPÇÃO”

Monografia apresentada ao curso de Administração do Departamento de Administração da Universidade Federal do Ceará como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Administração.

Aprovada em: ___/___/______.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________ Profª. Drª. Márcia Zabdiele Moreira (Orientadora)

Universidade Federal do Ceará (UFC)

_________________________________________ Prof. Dr. Diego de Queiroz Machado

Universidade Federal do Ceará (UFC)

_________________________________________ Profª. Ms. Juliana Vieira Corrêa Carneiro

(5)

AGRADECIMENTOS

A Deus, por me dar forças para sempre conseguir lutar pelos meus sonhos e por me

permitir finalizar esse trabalho.

Aos meus pais Claudiana e Adauto que sempre estiveram ao meu lado e sempre me

apoiaram na minha formação e na minha vida.

A professora Márcia Zabdiele, pela enorme paciência, presteza, disposição e atenção

em todos os momentos que precisei e solicitei.

A todas as pessoas que tanto amo e que sempre estão me incentivando a batalhar:

Roger Medeiros, Rosani Rodrigues, Gabrielly Rodrigues, Fernando Muniz, Francisco

Câmara, Francivon Alves, Francieudo Oliveira, Iasmin Marinho, Wescley Santos, Germano

(6)

Este trabalho apresenta uma análise da importância da responsabilidade social dentro da

sociedade e dentro das organizações e para isso se utiliza da análise do filme “Nação Fast

Food – uma rede de corrupção”. Através do filme, procurou-se verificar a prática dos valores

ligados à responsabilidade social, juntamente com a sua utilização dentro dos processos

coorporativos e suas consequências perante todos os seus clientes, funcionários, fornecedores,

sócios, enfim, todos os stakeholders envolvidos. A escolha deste tema surgiu da crescente pressão que população, Governo e demais órgão ambientais e sociais fazem diante das

organizações, a fim de que elas encontrem maneiras compensatórias para a sociedade e para a

natureza diante da exploração que as mesmas realizam em seus processos. Além de ter como

exemplo o caso da operação carne fraca, onde a polícia federal apontou como carne

adulterada a que era vendida pela empresa JBS, dona de várias marcas famosas no mercado

brasileiro de carnes. A análise fílmica foi feita através de uma abordagem qualitativa, na qual

se verificou os personagens e a empresa presentes no filme, evidenciando suas principais

características, assim como mapeando os processos produtivos da empresa para verificar se a

mesma atendia aos requisitos de valores que compõem uma empresa socialmente responsável.

Por fim, verificou-se que tanto os personagens como a empresa de fast food que existem no

filme não podem ser consideradas socialmente responsáveis nem tampouco tem nenhum tipo

de investimento em melhorias para a comunidade onde está inserida nem para o meio

ambiente em geral.

(7)

ABSTRACT

This paper presents an analysis of the importance of social responsibility within society and

within organizations and for this is used the analysis of the film "Fast Food Nation - a

network of corruption." Through the film, it seeks to verify the practice of values linked to

social responsibility, along with its use within corporate processes and their consequences for

all its customers, employees, suppliers, partners, and all stakeholders involved. The choice of

this topic arose from the growing pressure that the population, Government and other

environmental and social organ do before the organizations, so that they find compensatory

ways for society and for nature in the face of the exploration that they carry out in their

processes. In addition to having as example the case of the operation weak meat, where the

federal police pointed out as adulterated meat that was sold by the company JBS, owner of

several famous brands in the Brazilian meat market. The film analysis was made through a

qualitative approach, in which the characters and the company present in the film were

verified, evidencing their main characteristics, as well as mapping the productive processes of

the company to verify if it met the requirements of values that compose a socially responsible

company. Finally, it was found that both the characters and the fast food company that exist in

the film can’t be considered socially responsible and nor does it have any type of investment

in improvements for the community where it is inserted and nor for the environment in

general.

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Quadro 1: As diferenças entre a filantropia e a responsabilidade social ... 14

Quadro 2: Evolução e conceito da responsabilidade social... 15

Quadro 3: Gestão tradicional x Gestão estratégica ... 20

(9)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ……….…. 10

2 A RESPONSABILIDADE SOCIAL ...….…12

2.1 Histórico de responsabilidade social…….………...……12

2.2 Conceito e importância da Responsabilidade Social ……….16

3 METODOLOGIA ……….….. 23

3.1 Métodos de pesquisa ……….…… 23

3.2 Apresentação do filme ………... 25

4 RESULTADOS ...…. 27

4.1 Sobre os personagens ...… 27

4.2 Análise dos dados do filme ...… 28

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...… 35

(10)

1 INTRODUÇÃO

As grandes corporações estão cada vez mais presentes nas vidas dos indivíduos dentro

da sociedade. E a sua influência é cada vez maior, seja direta ou indiretamente. As pessoas

estão sempre inundadas de todos os tipos de produto e serviços para todos os tipos de

necessidades ou desejos. E assim, as grandes produções em massa, cada vez mais

globalizadas, vão dominando os mercados, rotinas, vidas, costumes e hábitos. Fica-se à mercê

da dinâmica do mercado e de suas infindáveis oscilações.

Contudo, essa maximização dos lucros acaba acarretando problemas à sociedade e ao

meio ambiente: aquecimento global, desperdício de alimentos, destruição da fauna e da flora,

entre outros. Fica visível que as organizações não conseguirão pensar somente no seu lucro;

em algum momento será cobrada delas a responsabilidade perante a uma numa maneira de

como amenizar ou minimizar os impactos negativos de suas ações diante ao meio em que elas

estão inseridas.

Dessa maneira, as empresas passam a ser cobradas não somente pela lucratividade,

mas também pelas formas de fazer negócio que afetam o meio ambiente e a comunidade onde

estão inseridas, ou seja, as empresas têm que mudar o seu modelo de gestão baseado

exclusivamente em contadores financeiros e passam a considerar elementos dos campos

éticos, ambiental e social (OLIVEIRA, 2013).

A responsabilidade social surge, então, como maneira de tentar conciliar os interesses

empresariais com os interesses da sociedade. Ela pode ser definida de acordo com o Livro Verde da Comissão Europeia (2001) como um conceito, segundo o qual empresas decidem voluntariamente contribuir para uma sociedade mais justa para um meio ambiente mais limpo,

sendo norteada não somente pelos interesses dos proprietários das mesmas, como também os

demais trabalhadores, pela comunidade local e demais stakeholders. Também pode ser definida como empresas que adotam de forma voluntária determinadas posturas,

comportamentos e ações a fim de promover o bem-estar dos seus públicos externos e internos,

gerando o benefício da coletividade, seja ela relativa ao público interno (funcionários,

acionistas, etc.) ou atores externos (comunidade, parceiros, meio ambiente, dentre outros)

(EON, 2015). O que não se pode é confundir a responsabilidade social com a filantropia.

Filantropia empresarial nada mais são do que investimentos de uma empresa em campanhas

periódicas de bens e alimentos, por exemplo, e têm caráter assistencialista; e não são

processos planejados dentro da empresa, que somente aparecem em momento de demanda da

(11)

11

informa que a mesma remete a uma ação social externa da empresa – atividade realizada pelas

empresas para atender as comunidades em áreas como assistencialismo, alimentação, saúde,

cultura, entre outros.

No filme Nação Fast Food – Uma rede de corrupção, lançado em 2006, tem-se o executivo de uma grande cadeia de fast food que é designado para tentar solucionar um problema grave que apareceu nas carnes de hambúrgueres do seu principal produto: as

mesmas foram analisadas e altos índices de coliformes fecais foram encontradas dentro delas.

A partir disso, vemos toda a falta de ética e de responsabilidade dentro da organização perante

todo o seu processo produtivo e também com seus clientes e seus funcionários.

O filme mostra uma empresa voltada numa administração exclusivamente

antropocêntrica, onde a principal função da organização continua sendo unicamente o

enriquecimento de seus sócios. Não existe nenhuma preocupação da empresa com os seus

stakeholders. Não existe nenhum tipo de prática de responsabilidade social dentro dela. Partindo disso, a principal função desse trabalho consiste em responder ao seguinte

questionamento: qual papel desempenha a responsabilidade social dentro da rede de fast food

Mickey? Com isso, o objetivo geral desse estudo consiste em analisar o papel da

responsabilidade social abordando o caso da rede de fast food Mickey e com isso incrementar ainda mais os estudos que existem nessa área social das organizações. Os objetivos

específicos desse trabalho são:

I – Identificar os princípios da responsabilidade social do Instituto Ethos no caso da

fast food Mickey;

II – Verificar os impactos da ausência da responsabilidade social no caso da fast food

Mickey.

A resposta a esse questionamento será respondida através de uma análise fílmica

qualitativa, onde serão extraídos do filme as percepções e os entendimentos sobre o assunto,

a fim de se obter maior conhecimento sobre tema deste trabalho.

O presente trabalho será dividido em cinco seções: a primeira será a introdução, onde

são apresentados uma visão geral sobre o tema e os objetivos desse trabalho; a segunda seção

será uma abordagem conceitual do tema, com levantamento de dados e toda a parte teórica

sobre responsabilidade social; a terceira seção será a metodologia que está sendo utilizada no

trabalho, ou seja, os métodos de pesquisas; a quarta seção será a análise do filme e

apresentação dos resultados do estudo e na quinta seção, serão apresentadas as conclusões

(12)

2 A RESPONSABILIDADE SOCIAL

Com o crescimento das minorias e dos movimentos sociais, aumentou-se a pressão

sobre as organizações, a fim de que não existissem exclusivamente para atender aos lucros e

aos dividendos de seus sócios, como também para atentar-se a sua função social dentro do

meio em que estão inseridas. A evolução da tecnologia também tem ajudado nessa demanda,

uma vez que as informações são todas compartilhadas com tamanha velocidade e alcance, que

praticamente ficamos informados de todos os passos que a organização faz dentro da

sociedade.

Assim surge a responsabilidade social como forma de tornar a empresa cidadã, com

diretos e também deveres perante a todos os envolvidos na sua cadeia logística, que vai desde

o produtor até aos clientes.

2.1. Histórico e conceito de Responsabilidade Social

A partir da Revolução Industrial, iniciada no século XVIII na Inglaterra, o mundo

conheceu novas formas de produção e de transformação de matéria-prima, que mudaram

totalmente a relação entre homem e máquina. Foi época de grande crescimento industrial e de

grandes descobertas. Em contrapartida, começaram a surgir os problemas oriundos dessa

produção desenfreada e sem algum tipo de preocupação com o meio no qual se está inserida:

internamente existiam muitos problemas quanto as condições insalubres dos locais de

trabalho, as longas jornadas diárias, os baixos salários; externamente começou a aumentar a

poluição do meio ambiente, lixo acumulado, falta de tratamento com os dejetos industriais,

aumento da pobreza. Dessa forma, empresas e Estado viram que, da forma como tudo isso

estava acontecendo, medidas deveriam ser adotadas para minimizar a pobreza, que começava

a crescer.

De acordo com Karkotli e Aragão (2005) a primeira manifestação de responsabilidade

social surge na França em 1899, quando a U.S. Stell Corporation, representada pelo seu fundador Andrew Carnegie, publicou um documento intitulado O Evangelho da Riqueza, documento esse que estabelecia uma abordagem mais filantrópica da responsabilidade social

em que as empresas deveriam seguir os princípios da caridade e da custódia. Oliveira (2013)

definia esses princípios da seguinte forma:

(13)

13

afortunados, já que eram uma espécie de guardiões da riqueza. Os princípios de caridade partiam de decisões individuais dos empresários e, de modo algum, incorporavam as técnicas de gestão empresarial predominantes à época. Isto direciona para a ideia de que os acionistas não podem ser prejudicados com a diminuição da lucratividade da empresa, embora, por serem privilegiados financeiramente, tenham obrigações sociais para com a sociedade em que vivem.

(OLIVEIRA, 2013, p. 73)

Ainda não havia uma consciência formada em relação a responsabilidade social; o que

existiam eram ações filantrópicas e assistencialistas em relação ao menos necessitados. Quase

como uma obrigação cristã, onde os que tem mais, obrigatoriamente, precisam ajudar os que

tem quase nada, ou nada. É dessa maneira que Savitz e Weber (2007) analisam a forma com

que as empresas atuam no início do século XX:

Em termos filosóficos, a noção de Responsabilidade Social das empresas provavelmente se manifestou de início sob a forma de filantropia, na década de 1920, conforme se constata pelas fundações caritativas criadas pelos grandes capitalistas John D. Rockefeller, Henry Ford e Andrew Carnegie (SAVITZ; WEBER, 2007, p.50)

Existiram mais dois casos que são apontados como precursores da responsabilidade

social. O primeiro dele foi em 1919, quando houve um novo caso, em que Henry Ford, então

presidente e acionista majoritário da Companhia Ford, tomou a decisão de tirar parte dos

lucros da empresa para promover aumentos salariais e diminuição do preço dos automóveis.

Os sócios minoritários na época, os irmãos Dodge, entraram na justiça contra Ford, junto à

Suprema Corte de Michigan. O juiz deu parecer favorável aos irmãos, uma vez que alegou

que os objetivos sociais que Ford pretendia poderiam prejudicar a função principal de uma

empresa comercial: gerar lucro para seus acionistas (ALESSIO, 2004).

Segundo fato ocorrido foi no ano de 1953 no caso da A.P. Smith Manufacturing

Company versus Barlow, caso este que tratava de doação de recursos da empresa a

Universidade de Princeton, e que, apesar dos acionistas serem contrários, a Suprema Corte de

New Jersey deu parecer favorável à doação de recursos à universidade. Desde então, a justiça

determinou: “(…) que uma corporação pode buscar o desenvolvimento social, estabelecendo

em lei a filantropia corporativa.” (ASHLEY; COUTINHO; TOMEI, 2000, p.3).

Dessa forma, a filantropia passou a ser tratada como responsabilidade social. Contudo,

cabe fazer ressalvas entre elas. Responsabilidade social não é a mesma coisa que filantropia.

(14)

Tanto a filantropia quanto a responsabilidade social são de natureza diversa. A filantropia é uma “simples doação”, fruto da maior sensibilidade e consciência social do empresário. A responsabilidade social é uma “ação transformadora”. Uma nova forma de inserção social e uma intervenção direta em busca da solução de problemas sociais.

A filantropia parte de uma ação individual e voluntária e tem muitos méritos. Mas a responsabilidade social vai além de vontades individuais – caminha para tornar-se a soma de vontades que constitui um consenso, uma obrigação moral e econômica a ligar o comportamento de todos os que participam da vida em sociedade. (MELO NETO, 2004, p. 28).

O Quadro 1 demonstra os principais pontos de cada uma:

QUADRO 1 As diferenças entre a filantropia e a responsabilidade social

---Filantropia Responsabilidade social

---Ação individual e voluntária ---Ação coletiva

Fomento da caridade Fomento da cidadania Base assistencialista Base estratégica Restrita a empresários filantrópicos e abnegados Extensiva a todos Prescinde de gerenciamento Demanda gerenciamento Decisão individual Decisão consensual

---Fonte: Melo Neto (2004, p. 28).

Vê-se então, de acordo com o quadro 1, que a filantropia era uma atitude mais de

assistencialismo perante aos necessitados, exigindo-se a existência de carências da sociedade

para realizar determinadas doações. E não é uma atitude da empresa, mas sim individual de

cada sócio, que ajuda da maneira como achar melhor de acordo com suas crenças e seus

modos, sem nenhum comprometimento com a futuridade. Ela não busca retorno algum,

apenas o conforto pessoal e moral da pessoa que a pratica. Por outro lado, a responsabilidade

social é uma atitude coletiva, de organização, frente à sociedade em que está inserida. Trata-se

de uma ação estratégica da empresa que busca de retorno, seja institucional, de marketing,

econômico ou tributário. Ela valoriza a cidadania, tentando sempre promover a inclusão e

buscando também ser uma forma de mudar a sociedade para melhor.

Ainda em relação aos marcos da responsabilidade social, tem-se em 1957 um marco

literário com a publicação do livro intitulado Responsabilidades Sociais do Homem de

Negócios, de Howard Bowen, no qual tratava exatamente da responsabilidade social como

doutrinas voluntárias que deveriam ser realizadas pelos homens de negócios (OLIVEIRA,

2004).

Bowen (1957) tentou teorizar as relações entre empresas e sociedades. Para ele, as

(15)

15

forma, era de responsabilidade dos homens de negócios praticarem atividades baseadas em

valores éticos e morais aceitos socialmente (CARROLL; SHABANA, 2010).

Bowen (1957) dizia que “as responsabilidades sociais dos homens de negócios

referem-se às obrigações dos homens de negócios de adotar orientações, tomar decisões e

seguir linhas de ação que sejam compatíveis com os fins e valores de nossa sociedade

(BOWEN, 1957, p14-5)”. Geralmente utilizavam-se outros termos como sinônimos:

“moralidade comercial”, “obrigação social” e “responsabilidade pública”. O objetivo era

sempre nortear os executivos a tomarem decisões não somente pautadas nos lucros e

desempenhos financeiros das empresas, como também levar em conta as consequências

sociais que poderiam surgir de suas decisões, pois “cabiam-lhes decisões e programas de

máxima importância para o bem-estar geral […] e medidas que favorecessem o

desenvolvimento econômico.” (BOWEN, 1957, p. 11).

O Quadro 2 traz um resumo referente ao histórico da responsabilidade social, com

suas principais características de acordo com o seu tempo:

QUADRO 2 – EVOLUÇÃO E CONCEITO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL

PERÍODO HISTÓRICO CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS

Comprometimento das organizações produtivas da época FEUDALISMO era para com Deus, Igreja e povo em geral. Os donos de terras

e comerciantes locais tinham responsabilidade para com os pobres num contexto em que o acumulo de riquezas era algo perverso.

MERCANTILISMO Compromisso das empresas na Europa passou a ser com o (século XIII-XV) fortalecimento do estado-nação, especialmente através da

participação nas expedições colonizadoras e pagamentos de impostos a coroa.

FASE DA INDUSTRIALIZAÇÃO Compromisso das empresas era com a produtividade e (iniciada entre os séculos XV lucratividade dos negócios. A estratégia de gestão dominante e XVIII, estendendo-se até era a do “shareholder” (acionistas).

meados de 1980)

FASE PÓS-INDUSTRIAL Pressão da sociedade exigindo maior transparência e atenção aos interesses dos vários grupos da população e não apenas aos acionistas. A estratégia de gestão dominante é a do “stakeholder” (todos os públicos envolvidos no negócio).

(16)

Como se pode verificar de acordo com o Quadro 2, existe uma evolução histórica no

sentido do que hoje chamamos de responsabilidade social. No início, ela era tratada como

ações filantrópicas que tinham como principal propulsor a religião e Deus. Com o passar dos

anos, a ideia de filantropia foi se desvinculando da ação da igreja, passando a ser uma pressão

do Estado e da sociedade sobre as instituições, para que estas não existissem somente com a

função econômica-legal, mas sim com uma função social de tentar minimizar os impactos

deixados dentro do meio onde estavam inseridas.

2.2. Conceito e importância da responsabilidade social

Nunca se falou tanto em responsabilidade social como nos dias atuais. Em tempos de

comportamentos politicamente corretos, é de fundamental importância que as organizações

estejam atuando dentro do campo social como forma de promover o bem-estar de todos os

envolvidos em sua cadeia logística. O termo passa uma ideia de comprometimento com a

sociedade, de comprometimento com assuntos que vão além de balanços patrimoniais ou

financeiros e que, ao mesmo tempo, não podem ser tratado como mero objeto de filantropia

ou assistencialista.

Para Ashley (2005), a responsabilidade social constitui a visão de que os negócios

devem ser tratados de forma cada vez mais ética e obedecer aos valores morais que são

universalmente aceitos. Dessa forma, segundo Ashley (2005, p.6), as atitudes das empresas

devem se caracterizar por esses quatro pontos:

a) preocupação com atitudes éticas e moralmente aceitas que afetam todos os stakeholders (públicos) envolvidos com a empresa;

b) decisões baseadas em valores e comportamentos que respeitem os padrões universais dos direitos humanos e de cidadania e participação dentro da sociedade;

c) respeitar o meio ambiente e todas as práticas voltadas para a sustentabilidade em todo o mundo;

d) maior envolvimento da organização dentro das comunidades onde está inserida, contribuindo para o desenvolvimento social e econômico dos indivíduos ou até atuando diretamente na área social, com ou sem a ajuda do Governo.

Para Melo Neto (2004), a empresa socialmente responsável dissemina novos valores

que restauram a solidariedade social e é compromissada com a equidade, a dignidade, a

democracia e melhoria na qualidade de vida de todos que vivem em sociedade. De acordo

com Melo Neto (2004, p.35), as principais características dessas organizações socialmente

(17)

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I – Alto comprometimento com a comunidade;

II – Atua com o governo, demais empresas e outras entidades em projetos e programas sociais;

III – Apresenta plano de investimentos nas áreas sociais;

IV – Viabiliza projetos sociais independentes dos benefícios fiscais e tributários que isso gerará;

V – As ações sociais não são voltadas para o marketing e promoção da empresa, mas sim com a efetiva responsabilidade junto a sociedade;

VI – Os funcionários da empresa são incentivados e também participam de campanhas e projetos sociais;

VII – A missão, visão e valores da organização devem também deixar claro o comprometimento da mesma com o Governo, com o social, com a comunidade, com o meio ambiente, com clientes, com funcionários, enfim, com todos os “stakeholders”.

Como se percebe, a empresa tem força e propriedade para modificar a sociedade nos

âmbitos econômicos, social, ambiental e até político. Achar que o cumprimento das

responsabilidades financeiras e legais torna a empresa cidadã é compreender de maneira

errônea o papel das organizações dentro da sociedade. Afinal, empresas que não cumprem

com seu papel social são mais suscetíveis a não cumprirem as suas obrigações financeiras e

fiscais. Dessa forma, a responsabilidade social funciona como um meio empresarial para

conseguir efetivar o desenvolvimento sustentável baseando-se no desempenho das três

dimensões da sustentabilidade: a econômica, a social e a ambiental (BARBIERI;

CAJAZEIRAS, 2012).

Para Oliveira (2013), o interesse pela responsabilidade social aumentou nas últimas

décadas justamente pelas mudanças nos contextos político, social e econômico das empresas.

Dessa forma, a responsabilidade social torna-se não somente como um fator diferencial

competitivo (gerando redução de custos através de uso racional de recursos naturais, maior

produtividade devido a satisfação dentro do ambiente de trabalho e stalkeholders), mas

também para atender as pressões vindas da sociedade civil, dos governos e dos cidadãos que

passaram a exigir empresas mais socialmente responsáveis e transparentes (OLIVEIRA,

2013).

O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social (1998) define a

responsabilidade social como sendo uma forma de gestão pautada na relação ética e

transparente da empresa frente a todos os quais ela se relaciona, onde se estabelece metas que

impulsionam o desenvolvimento sustentável da sociedade, respeitando a diversidade,

preservando o meio ambiente e promovendo a redução das desigualdades sociais.

Já para Bacellar e Knorich (2000), a função da responsabilidade social nas empresas

(18)

é uma exigência cada vez mais presente a adoção de padrões de conduta ética que valorizem o ser humano, a sociedade e o meio ambiente. Relações de qualidade constroem-se a partir de valores e condutas capazes de satisfazer necessidades e interesses dos parceiros, gerando valor para todos. Empresas socialmente responsáveis estão melhores preparadas para assegurar a sustentabilidade a longo prazo dos negócios, por estarem sincronizadas com as novas dinâmicas que afetam a sociedade e o mundo empresarial. O necessário envolvimento de toda a organização na prática da responsabilidade social gera sinergias, precisamente com os públicos dos quais ela tanto depende, que fortalecem seu desempenho global. A empresa é socialmente responsável quando vai além da obrigação de respeitar as leis, pagar impostos, e observar as condições adequadas de segurança e saúde para os trabalhadores, e faz isso por acreditar que assim será uma empresa melhor e estará contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa (…) a prática da responsabilidade social revela-se internamente na constituição de um ambiente de trabalho saudável e propício à realização profissional das pessoas. A empresa com isso aumenta sua capacidade de recrutar e manter talentos, fator chave para seu sucesso numa época em que criatividade e inteligência são recursos cada vez mais valiosos. A competição acirrada torna vital a fidelização dos consumidores, que tem cada vez mais acesso a informação e à educação. A adoção de um comportamento que ultrapassa exigências legais agrega valor a imagem da empresa, aumentando o vínculo que os consumidores estabelecem com ela. (BACELLAR; KNORICH, 2000, p.7).

Muitas são os tipos de conceitos em relação a responsabilidade social. Penha (2015)

afirma que devido a proliferação de abordagens e teorias, não existe uma definição única ou

definitiva em relação a responsabilidade social. Para Duarte e Dias (1986) não existe um

conceito único, mas que apesar disso, existem três características que são comuns e que são a

essência da responsabilidade social: i) a amplitude da responsabilidade social na empresa,

pois não se limita mais somente aos interesses dos acionistas; ii) as responsabilidades

ultrapassam o campo legal e envolvem obrigações de caráter moral e ético; iii) engajamento

da organização para ações sociais nas áreas da saúde, da educação, das artes e dos esportes e

também a adequação do processo produtivo a fim de minimizar os impactos no meio

ambiente.

Para Almeida (1999) a responsabilidade social é “o comprometimento permanente dos

empresários de adotar um comportamento ético e contribuir para o desenvolvimento

econômico, melhorando, simultaneamente, a qualidade de vida de seus empregados e de suas

famílias, da comunidade local e da sociedade como um todo.” Toldo (2000) vê a

responsabilidade social como uma forma de reencontro do capital com as finalidades sociais

que foram abandonadas por ele, quando o lucro passou a ser o único objetivo das

organizações. Sendo assim, cada vez mais se pretende resgatar a função social das empresas,

(19)

19

responsabilidade social é toda e qualquer ação que possa de alguma forma ajudar na melhoria

de qualidade de vida da sociedade (ASHELY, 2005).

Santos (2015) afirma que, na atualidade, as empresas praticam ações de

responsabilidade social esperando que a sociedade atribua a elas um papel social que vai além

do comportamento ético ou legal, e de que isso seja uma maneira de valorização do seu

púbico alvo e também uma forma de fidelização de clientes com ações pautadas no

desenvolvimento social.

Para Sousa (2010) o fato de uma organização exercer a responsabilidade social, não

quer dizer que a mesma deixou de se preocupar com os seus objetivos econômicos ou se

omite em relação aos interesses de seus acionistas e sócios. O que ocorre é que pensar

somente no interesse econômico já não é mais o suficiente. Para que as empresas consigam

colocar todos os seus processos e atividades em ação, é necessário que o meio em que está

inserida possa recebê-la. Dessa forma, é necessário alinhar objetivos sociais com os

empresariais, a fim de obter os objetivos financeiros desejados.

E dizer que uma organização é socialmente responsável, não quer dizer que se deve

reduzir a responsabilidade da organização somente para o lado social da empresa. Ashely

(2005) afirma que cada vez mais as organizações estão deixando a forma antropocêntrica de

gestão, que é baseada somente nos meios de produção e maximização dos lucros, e aderindo a

uma maneira mais ecocêntrica de administrar, voltada para a reciprocidade nas relações entre

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QUADRO 3 – GESTÃO TRADICIONAL X GESTÃO ECOCÊNTRICA

GESTÃO TRADICIONAL GESTÃO ECOCÊNTRICA

OBJETIVOS Crescimento econômico e Sustentabilidade e qualidade

lucros de vida

Riqueza dos acionistas Bem-estar do conjunto de

stakeholders

VALORES Antropocêntrico Biocêntrico ou ecocêntrico

Conhecimento racional e Intuição e compreensão

“pronto para uso” Valores femininos pós

-Valores patriarcais patriarcais

PRODUTOS Desenhado para função, Desenhando para o ambiente

estilo e preço Embalagens não agressivas

Desperdício em embalagens ao meio ambiente

SISTEMA DE Intensivo em energia e Baixo uso de energia e

PRODUÇÃO recursos recursos

Eficiência técnica Eficiência ambiental

ORGANIZAÇÃO Estrutura hierárquica Estrutura não hierárquica Processo decisório autoritário Processo decisório

Autoridade centralizada participativo

Altos diferenciais de renda Autoridade descentralizada Baixos diferenciais de renda

AMBIENTE Dominação sobre a natureza Harmonia com a natureza

Ambiente gerenciado como Recursos entendidos como

recursos estritamente finitos

Poluição e refugo/lixo são Eliminação/gestão de

externalidades poluição e refugo/lixo.

FUNÇÕES DE

NEGÓ-CIOS Marketing age para o aumento do Marketing age para a educação

consumo do ato de consumo.

Finanças atuam para a maximização Finanças atuam para o de lucros no curto prazo crescimento sustentável de Contabilidade dedica-se a custos longo prazo

convencionais Contabilidade focaliza os custos

Gestão de recursos humanos trabalha ambientais

para o aumento da produtividade do Gestão de recursos humanos

trabalho Dedica-se a tornar o trabalho

(21)

21

Percebe-se de acordo com o Quadro 3 a dimensão dos assuntos ambientais dentro das

organizações, visto a mudança de postura das mesmas dentro do seu ambiente organizacional

para tentar se readequarem a uma demanda da natureza no que diz respeito a sua preservação,

procurando sempre negócios mais limpos, respeitosos ao meio ambiente, não tão poluentes e

que consigam com isso conciliar os assuntos financeiros com os do meio ambiente. Esse tipo

de organização ecocêntrica tenta conciliar os interesses dos indivíduos, do meio ambiente e da

sociedade e dessa forma transita do antropocentrismo, no qual a organização é o cento de

tudo, para o ecocentrismo, em que a natureza é o mais importante e a organização, assim

como os demais, estão inseridas nela (ASHELY, 2005).

Todas essas maneiras de lidar com o social, o individual e o meio ambiental por parte

das organizações, acabam por gerar diversas certificações para verificação se estão ou não de

acordo com processos socialmente responsáveis. Num intuito de estimular cada vez mais as

práticas de responsabilidade social dentro da empresa, vários instrumentos de certificação

foram criados nos últimos anos (EON, 2015). Certificações como Selo Empresa Amiga da

Criança, ISO 14000, AA1000 estão ente as mais conhecidas. Existe também a ABNT-ISO

26000, que foi criada em 2010 e é considerada a Norma Internacional ISO 26000Diretrizes

sobre Responsabilidade Social, lançada em Genebra, Suíça. Segundo Eon (2015) publicou na

Revista Responsabilidade Social essa norma é uma das mais importantes pois oferece as

orientações necessárias para se trabalhar com os sete princípios norteadores da

responsabilidade social: accountability, transparência, comportamento ético, respeito pelo

Estado de direito, pelo interesse das partes interessadas (stakeholders), pelas Normas

Internacionais de Comportamento e pelos direitos humanos.

Dessa forma, percebe-se que as visões em relação a responsabilidade social são

inúmeras, que colocado por Neto Froes (2004, p.39) são as seguintes:

a) como um conjunto de valores

b) como atitude e comportamento empresarial ético e responsável c) como exercício da capacitação profissional

d) como estratégia de integração social e) como exercício da consciência ecológica

f) como promotora da cidadania individual e coletiva g) como estratégia social de inserção na comunidade h) como estratégia de valorização dos produtos/serviços i) como estratégia de recursos humanos

j) como estratégia de valorização das ações da empresa (agregação de valor) k) como estratégia de marketing institucional

(22)

Portanto, verifica-se que a responsabilidade social constitui-se, portanto, como uma

forma da empresa usar parte de seus lucros para colaborar com o desenvolvimento e

crescimento da comunidade onde está inserida, atuando junto ou não ao Governo, fazendo o

uso de meios lícitos e éticos dentro de seus processos, utilizando ações filantrópicas; tudo em

benefício da comunidade, gerando retorno de marketing institucional e também de dedução de

impostos e tributos para a organização. A próxima seção deste trabalho discorrerá sobre a

(23)

23

3 METODOLOGIA

Este estudo empreende o tratamento de questões voltadas ao tema da responsabilidade

social, para as quais delineou objetivos e selecionou conceitos que permitiram sua condução e

nos levou aos resultados alcançados. Contudo, é oportuno e necessário apresentar também o

conjunto de procedimentos teóricos e metodológicos que orientaram esta análise a fim de

garantir à comunidade acadêmica um entendimento preciso dos métodos de pesquisa a partir

dos quais foi possível chegar as conclusões.

3.1. Métodos de pesquisa

A ciência moderna objetiva fornecer à comunidade na qual está inserida uma

explicação crítica e controlada acerca dos acontecimentos do mundo e do homem. Neste

sentido, um estudo dito científico deve-se valer de um método sistemático, crítico que seja

teoricamente orientado capaz de fornecer dados, novas descobertas, estabelecer leis e relações

em qualquer campo do saber.

Lakatos (1992, p.41) define a pesquisa como “um procedimento formal com método

de pensamento reflexivo que requer um tratamento científico e se constitui no caminho para

se conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais”. Portanto, a pesquisa é o método

pelo o qual a ciência, por um lado, faz conhecer e, por outro, permite-se a reformular-se a fim

de alcançar novas descobertas e realidades.

É nesse sentido que faz necessário, relevante e oportuno apresentar a natureza de um

trabalho científico, pois é no procedimento em que serão reveladas as lacunas e as limitações

do estudo, as quais indicarão caminhos para outros pesquisadores e para novos estudos e,

logo, darão continuidade ao fazer da ciência.

A literatura acadêmica define, em termos gerais, dois tipos de pesquisa. A pesquisa de

natureza quantitativa leva em conta coeficientes e estatísticas para entender a dimensão do

fenômeno por meio de cálculos e levantamentos de dados segundo a triagem de algumas

amostras. Por seu turno, a pesquisa qualitativa – que é de interesse deste trabalho – procura

desenvolver conceitos e levantar hipóteses para compreender os fenômenos segundo uma

orientação teórica a fim de sustentar um modelo de predição ou análise.

Conforme Lakatos (1992), toda pesquisa pressupõe um levantamento de dados que,

segundo a autora, podem ser obtidos por meio de uma documentação direta ou indireta. A

(24)

estudado e é característica das pesquisas de campo e de laboratório. A segunda utiliza dados

coletados por outras pessoas sob a forma de um material elaborado para fins acadêmicos

(revistas de divulgação científica, dissertações e teses, por exemplo) ou não (literatura,

músicas, filmes, pinturas, fotografias e dentre outros).

Um levantamento de dados pode ser bibliográfico, que investiga o atual estado da arte

acerca de um tema de pesquisa em livros, revistas de divulgação acadêmica, monografias,

dissertações e teses, para visualizar os estudos mais recentes e empreender um novo. Há

também a pesquisa de natureza documental, que busca nos materiais ainda não elaborados,

escritos ou não, uma fonte de informação a qual será sujeita a uma análise teórica e

metodologicamente orientada.

A pesquisa deve contemplar também métodos de abordagem e de procedimento dos

dados. Os métodos de abordagem dizem respeito a um campo mais amplo e abstrato que

define a organização e a articulação dos dados dentro da análise. Lakatos (1992) elenca quatro

métodos de abordagem:

A) indutivo: que procura, a partir das constatações particulares, chegar às leis e

teorias gerais acerca dos fenômenos.

B) dedutivo: cuja aproximação dos fenômenos particulares se dá a partir das

leis gerais e das teorias formuladas, predizendo novas ocorrências.

C) hipotético-dedutivo: que formula hipóteses com bases nas lacunas deixadas

no atual estado de desenvolvimento de uma teoria.

D) dialético: que se vale da ação recíproca, da contradição do fenômeno e das

mudanças dialéticas que ocorrem na natureza e na sociedade.

Os métodos de procedimento correspondem às operações mais técnicas no tratamento

dos dados: Segundo Lakatos (1992), são muitos os procedimentos verificáveis nas pesquisas,

sobretudo sociológicas: histórico, comparativo, monográfico (ou estudo de caso), estatístico,

funcionalista, estruturalista e dentre outros.

De acordo com Gil (2002), as pesquisas atendem a finalidades que as definem quanto

ao seu objetivo final. Uma pesquisa exploratória objetiva apresentar e familiarizar o

problema, tornando-o mais explícito ou construindo hipóteses. Uma pesquisa descritiva tem

como prioridade a caracterização de um determinado fenômeno ou população. Por fim, uma

pesquisa explicativa procura identificar os fatores necessários ou catalisadores do fenômeno

(25)

25

A partir do que foi exposto, o presente trabalho define-se metodologicamente como

qualitativo, documental, dedutivo, monográfico e descritivo. Dessa forma, utiliza-se a análise

fílmica como forma de estudo qualitativo. De acordo com Giovani Alves (2010) “através da

análise da forma e do sentido do filme, procura-se aprender sugestões heurísticas interessantes

capazes de propiciar uma consciência crítica da sociedade global”, ou seja, essa análise

fílmica trata-se de um recurso metodológico que permite discutir temas/assuntos a partir de

filmes de diversos gêneros.

Ao analisarmos um filme, precisa-se decompor o mesmo. Não existe uma metodologia

totalmente aceita em relação a análise fílmica (Aumont, 2010), mas o mais comum é aceitar

que a mesma seja feita a partir de duas etapas importantes: a primeira delas é decompor, ou

seja, descrever e, logo após, compreender as relações entre esses elementos decompostos, isto

é, interpretar (Vanoye, 1994). Para Manuela Penafria (2009) “o objetivo da análise é, então, o

de explicar/esclarecer o funcionamento de um determinado filme e propor-lhe uma

interpretação.” Dessa forma, o filme será analisado de forma relacionar seus elementos com

algum objeto de estudo.

3.2 Apresentação do filme

Os filmes e documentários relacionados as grandes organizações e as formas que elas

têm interagido com o meio em que vivem estão cada vez mais recorrente. Várias são as

produções cinematográficas que fazem críticas aos modos de produção e de consumo atuais,

como também mostram o descaso dos altos executivos perante a sociedade em que vivem.

Um desses filmes é o Nação Fast Food – uma rede de corrupção (2006) que trata de toda falta de compromisso ético e moral que existem numa rede fictícia de fast food.

O filme em questão trata dos problemas existentes numa rede de fast food, que vê toda sua reputação ameaçada devido a problemas na produção de seus hambúrgueres, pois os

mesmos encontram-se contaminados por fezes animais. Essa contaminação acontece

justamente no seu principal fornecedor de carne, a empresa UMP. Um dos motivos para a

escolha do filme foi justamente a relação dele com o tema propostos, pois várias são as cenas

e momentos que evidenciam a total falta de apreço aos princípios de responsabilidade social.

Outro motivo para a escolha desse filme é o fato dele tratar com temas que estão

presentes na vida cotidiana das pessoas, mas que por muitas vezes passam despercebidos,

como o fato de verificar a procedência dos alimentos que são ingeridos, observar se as

(26)

para a mesa das pessoas e se essas mesmas empresas têm algum tipo de ação social voltada

para melhorar a sociedade como um todo e não simplesmente ter uma vida comprometida

com o lucro exorbitante, sem nenhum tipo de retorno para a sociedade.

Nessa análise fílmica, o presente filme foi observado três vezes: a primeira vez foi

para conhecer a trama do filme e poder verificar se o mesmo se adequava com o objeto de

estudo proposto; a segunda, para analisar as personagens, fazer uma relação entre as elas e

também verificar os diálogos dos personagens para verificar suas relevâncias; a terceira, para

fazer as relações e as devidas análises e comparações entre os comportamentos e ações

apresentadas no filme com a teoria discutida nesse trabalho.

Depois de descrito o filme objeto de análise desse trabalho, como também os devidos

processos de estudo e métodos de pesquisa do mesmo, a seção a seguir trata dos resultados

(27)

27

4 RESULTADOS

Essa seção do trabalho é destinada a análise mais profunda em relação ao objeto geral

desse estudo. Dessa maneira, essa seção identificará os princípios da responsabilidade social

do Instituto Ethos presentes na rede de fast food Mickey, assim também como será avaliado os impactos da ausência de políticas de responsabilidade social dentro da rede de fast food

Mickey e também dentro da empresa UMP, sua principal fornecedora de carne.

4.1. Sobre os personagens

Esse filme canadense foi lançado em 2006 e baseia-se no livro homônimo de Eric

Schlosser, que trata da corrupção e da falta de ética existente na produção e nas relações

dentro de uma rede de fast food fictícia.

O filme não possuí um personagem principal, contudo possuem basicamente quatro

núcleos de personagens distintos que se cruzam no decorrer do filme. O que os personagens

desses quatro núcleos têm em comum é justamente que todos estão envolvidos na cadeira

produtiva da rede de fast food.

Inicialmente tem-se o executivo bem sucedido Don Henderson que trabalha na rede de

fast food Mickey com um grande problema: seu chefe o informa que amostras de laboratório identificaram que a carne com que estavam produzindo o sanduíche mais famoso da rede, o

“Big One” (Grandão), apresentaram contaminação por esterco de bovinos e que se caso esse

tipo de notícia chegar a imprensa, as consequências para a empresa seriam terríveis. Dessa

maneira, Don sai do escritório na Califórnia e vai para o interior do país, a fim de verificar

todo processo de produção da carne, desde o local dos pastos onde os bovinos vivem até a

fábrica onde acontece todo o processo de limpeza e fabricação dos hambúrgueres. E os

resultados obtidos são nada bons: com a produção acelerada devido à grande demanda, não

ocorre o devido processo de triagem das carnes e acontece que as vísceras sujas são

misturadas às carnes bovinas, produzindo um alimento contaminado, mas que mesmo assim

continua a ser vendido normalmente em todo o país.

O segundo núcleo do filme é composto pelos imigrantes que adentram no país de

forma ilegal. Após eles adentrarem ao país, são contratados justamente pela fábrica onde se

fabricam os sanduíches do “Big One”. Dessa forma, toda a mão de obra utilizada pela

empresa é praticamente ilegal e todas essas pessoas não possuem nenhum tipo de

(28)

disso acontecer. Assim, todo o chão de fábrica é composto por pessoas que não tem

conhecimento algum em relação ao que fazem, e mais do que isso, elas recebem nenhum tipo

de treinamento para trabalhar em um local tão insalubre quanto uma fábrica onde se matam

animais, uma vez que há contato direto com sangue e vísceras dos bovinos. O fluxo de

imigrantes contratados pela empresa é grande. Eles não possuem direito a benefícios, caso

algum tipo de acidente aconteça. No filme, existe uma cena onde Raul sofre um acidente de

trabalho. Ele fica sem ter condições de trabalhar. E a empresa presta nenhum tipo de ajuda ao

trabalhador. E assim vai acontecendo, não existe preocupação com o capital humano que está

sendo empregado dentro do chão de fábrica.

O terceiro núcleo do filme trata de um grupo de adolescentes que são totalmente

contrários as formas de como o gado é tratado pela empresa, pois o mesmo se encontra em

situação de sujeira, sem limpeza no local onde os animais vivem. Além disso, eles consideram

que o animal é um dos principais poluidores do meio ambiente, pois liberam muito gás

carbônico para a atmosfera. Dessa forma, eles decidem tentar libertar todo o gado que está

preso. Contudo, a ação que eles promovem é sem sucesso e o plano sem êxito algum. Ou seja,

tudo permanece da maneira como estava.

Depois que Don descobre todos os problemas envolvendo a produção do “Big One”,

ele vai tentar tirar satisfação com o gerente da fábrica, o Harry Rydell, para tentar esclarecer a

ele sobre o que está acontecendo. Porém, é uma conversa em vão: percebe-se que o Harry é

totalmente ciente dos problemas que estão acontecendo aos hambúrgueres, e que não somente

ele, mas outros executivos da empresa também têm noção de tudo que está acontecendo.

Porém, a busca por lucros exorbitantes e por ganhos cada vez maiores deixam todos presos

numa mesma rede de corrupção, em que fazem de conta que nada está acontecendo. Don é

então ameaçado a perder seu emprego ou até mesmo a algo pior caso revele o motivo da

contaminação da carne para outras pessoas. Dessa forma, ele então termina suas pesquisas,

pega sua mala e volta para a Califórnia, sem qualquer tipo de ação voltada a resolver o

problema, exceto a de continuar a mascará-lo.

4.2 Análise dos dados do filme

O filme Nação Fast Food – uma rede de corrupção é um filme do gênero drama

baseado em um livro de mesmo nome. Ele conta a história de uma rede de fast food chamada de Mickey que acaba se envolvendo com um sério problema: os hambúrgueres do seu

(29)

29

de contaminação por coliformes fecais.

Ao ser informado disso, Jack, um dos donos da empresa, chama Don, o responsável

pelo seu marketing, e o informa sobre o que está acontecendo. Apesar dos testes apresentarem

um alimento contaminado com altos níveis de coliformes fecais, em nenhum momento a

empresa pensa em barrar as vendas devido a algum problema que isso possa gerar em seus

clientes. Isso vai de encontro aos princípios da responsabilidade social apontados pelo

Instituto Ethos (2009), que afirma ser a transparência um dos princípios éticos mais

importantes diante aos seus stakeholders. Os sanduíches continuam a ser comercializados, mesmo havendo o risco da contaminação dos clientes. Aqui pode-se observar que a

organização está preocupada somente com o lado financeiro, esquecendo os preceitos éticos,

morais, sociais e sanitários que elas devem se nortear e os quais Oliveira (2013) considera

como essenciais para as empresas aplicarem dentro de seus negócios. A organização está

priorizando o interesse dos acionistas e a maximização dos seus lucros.

Don então fica encarregado de ir visitar os fornecedores de carne da empresa que

ficam no interior do país e que são responsáveis por toda a carne dos sanduíches que eles

produzem. Antes de viajar, em um diálogo que tem com sua esposa, ele afirma: “regra de

marketing número um: nunca mate um freguês”. Verifica-se nessa frase dita por Don o

despreparo da sua empresa em relação a lidar com o cliente referente a problemas dessa

ordem. Não existe na empresa um marketing social, conforme defendido por Melo Neto e

Froes (2001) capaz de levar para a sociedade os valores sociais que são difundidos dentro da

organização, com todos os stakeholders envolvidos. O filme mostra claramente que a rede de

fast food não tem projeto algum ou algum setor da empresa voltada a área da responsabilidade social.

A medida que Don viaja para tentar encontrar com os fornecedores da empresa para

tentar solucionar o problema, em outra cena, tem-se uma leva de imigrantes mexicanos

atravessando ilegalmente a fronteira com os Estados Unidos com a ajuda de um atravessador,

que depois se descobre que tem envolvimento direto com o supervisor da fábrica onde as

carnes da Mickey são produzidas. Dessa maneira, é revelado que a fornecedora de carnes

utiliza mão de obra clandestina em sua produção, e além de ser clandestina, não tem nenhum

tipo de treinamento específico para se trabalhar numa indústria insalubre como é o caso de um

frigorífico.

A utilização de mão de obra de imigrantes ilegais só mostra mais um ponto errôneo

dentro do processo de produção da Mickey. A empresa não pode ser tratada somente como um

(30)

gestão da cadeia logística da rede de fast food, uma vez que não há conhecimento dos seus fornecedores, acarretando problemas com os consumidores posto que todo o processo de produção fica comprometido devido a falhas iniciais. É de fundamental importância conhecer

todos os fornecedores de sua organização, atitude que a Mickey não teve e que Ashley (2005)

afirma como sendo vital manter os fundamentos éticos e moralmente corretos para todos os

stakeholders envolvidos. O emprego dessa mão de obra marginalizada atuando em condições insalubres, sem nenhum tipo de treinamento e sem nenhum tipo de proteção legal devido à

falta de documentos, fere profundamente o direito dos trabalhadores, consolidados na

legislação trabalhista e também na Organização Internacional do Trabalho (Ethos, 2009).

Além disso, a organização também não oferece nenhum tipo de investimento no

desenvolvimento pessoal e profissional dos seus empregados e muito menos no local de

trabalho (Ethos, 2009).

Dan, após chegar a cidade onde a fábrica está instalada, vai conversar com moradores

locais para saber um pouco mais sobre essa empresa chamada UMP. Os relatos que ele obtém

são bens ruins e basicamente se resumem a dizer que a empresa trata todos os seus

funcionários como lixo e também trata a sua própria produção como lixo, sem nenhum

cuidado. Então um morador local solta a seguinte frase que resume muito bem o pensamento

dos executivos da UMP: “centavos por quilo, centavos por quilo. É só com isso que eles se

importam: centavos por quilo.” Tem-se mais uma vez os interesses financeiros sobrepostos

aos de uma organização compromissada com a dignidade humana, com a qualidade de vida e

comprometida com a comunidade em que está inserida (MELO NETO, 2004).

Don fica horrorizado com tudo que descobre referente a UMP. E fica mais horrorizado

ainda quando descobre que a contaminação nas carnes se dá devido à aceleração na produção,

que acelera a esteira e acaba misturando as vísceras do gado à carne, gerando a contaminação

do alimento. Ele então vai tirar satisfações com Harry, responsável pela venda das carnes da

UMP a Mickey. Don diz:

“parece que estão acelerando demais a produção. Tem gente se ferindo lá todos os dias, andam se cortando, um cara perdeu um braço inteiro… esses pobres mexicanos vêm pra cá e a UMP trata eles como lixo e a carne, eu tenho que ti falar uma coisa Harry, a carne é imunda. Sabia que eles colocam o pessoal sem preparo na mesa de vísceras?”

O que é confirmado com todo esse diálogo entre Don e Harry é a total falta de moral

da organização perante seus funcionários e seus clientes, correspondendo ao que Mclontosh

(31)

31

lucro e somente possuir responsabilidades econômicas e fiscais. A rede de fast food Mickey se caracteriza como negócio amoral, visto que se enquadra dentro das características mostradas

por Mclontosh (2001, p.54):

a) Não possui nenhuma outra responsabilidade além das obrigações econômicas e legais;

b) vê as discussões sobre responsabilidade social como problemas para a gerência de reputação e de relações públicas;

c) acredita que seus únicos interessados sejam acionistas d) possui diretores que agem como curadores para os acionistas

e) não acredita em interessados, mas em vez disso, possui relacionamentos-chave, porque a teoria dos interessados implica alguma propriedade da empresa;

f) é orientado perla gerência e para a ação; g) baseia suas ações em pesquisas empíricas

h) é essencialmente responsivo/reativo a mudanças nos valores da sociedade; g) fundamenta-se no princípio de melhorar os negócios e o desempenho capitalista h) considera os lucros por ação como principal propósito da empresa.

Além do mencionado, a empresa ainda tem sérios problemas com a criação do gado

que abastece o seu frigorífico: os animais estão vivendo em um ambiente totalmente sujo e

sem qualquer tipo de cuidado, nem aos dejetos que são produzidos por esses animais. Eles não

têm um destino sanitário correto e são jogados diretamente no meio ambiente, conforme

observado no diálogo abaixo:

“tem umas cem mil cabeças de gado nos currais da UMP que é pertinho daqui e é um dos maiores currais do mundo […] esse curral da UMP produz mais dejetos todo dia do que toda a população de Denver juntas […] e os dejetos da UMP eles não vão para nenhuma estação de tratamento de alta tecnologia, sabia? Eles são bombeados para lagoas que são apenas grandes lagos de urinas e fezes e essas grandes lagoas de urina vazam pro (sic) ribeirão Peiton que acaba desaguando no rio.”

Essa relação de total degradação tanto do capital humano como do meio ambiente vai

de encontro ao que foi dito por Antunes (2002), que afirma serem a degradação e a

precarização do meio ambiente e da força humana duas das principais consequências do

aumento da competição e da concorrência.

A falta de comprometimento com o meio ambiente por parte da rede de fast food

Mickey vai contra uns dos princípios da responsabilidade social descritos pelo Instituto Ethos

(2009) em que afirma que as organizações devem ter um cuidado com o meio ambiente no

que diz respeito às seguintes dimensões: comprometimento da empresa com a melhoria da

qualidade ambiental, com a educação e conscientização ambiental, com o gerenciamento do

impacto sobre o meio ambiente dos seus produtos e serviços e com a

(32)

antropocêntrica que a Mickey apresenta em sua gestão, priorizando a maximização do lucro, a

mercantilização das relações sociais e do consumismo e a relação da apropriação da natureza

pelo homem, vai justamente contra a maneira de gestão defendida por Ashley (2005) que

questiona a maneira antropocêntrica e defende a maneira ecocêntrica de gestão: o meio

ambiente torna-se mais importante e a empresa está inserida dentro dele e assim, numa

administração em que o homem não domina a natureza, mas que haja um entendimento mútuo

entre organização, homem e natureza, a fim de que todos possam sair ganhando.

A seguir tem-se o Quadro 4 com o resumo onde estão colocados os principais valores

definidos pelo Instituto Ethos como essenciais a prática da responsabilidade social e em

(33)

33

Quadro 4 – Valores Ethos x Valores observados no filme

PRINCIPAIS INDICADORES DO INSTITUTO ETHOS VALORES OBSERVADOS NO FILME

TRANSPARÊNCIA E GOVERNANÇA Não foram verificados, pois a organização é totalmente sem transparência com os seus dados, pois escondeu dados sobre a contaminação em seus sanduíches.

PÚBLICO INTERNO Não foram verificadas, pois a organização não tem nenhum tipo de programa para os seus colaboradores, ao contrário, contrata mão de obra clandestina e não tem nenhum tipo de treinamento ou investimento com seus colaboradores

MEIO AMBIENTE Não foram verificadas, pois a organização lança os dejetos dos animais diretamente nos rios e lagos, e não existem nenhum tipo de estação de tratamento para os mesmos

FORNECEDORES Não foram verificadas, pois a organização trabalha com fornecedor que utiliza trabalho ilegal dentro da empresa

CONSUMIDORES E CLIENTES Não foram verificadas, pois a organização emite várias informações dos seus clientes, como no caso o fato do sanduíche ter suspeita de contaminação e mesmo assim continuar a ser comercializado

COMUNIDADE Não foram verificadas, pois em nenhum momento a organização deixa claro que realiza algum tipo de trabalho dentro da comunidade que está inserida, muito pelo contrário, ela polui o meio ambiente e é conivente com a contratação de mão de obra ilegal

GOVERNO E SOCIEDADE

Não foram verificadas, pois as pessoas que adminis-tram

a organização estão envolvidas em corrupção com membros do Estado.

Fonte: elaborado pelo autor

A partir do Quadro 4, tem-se uma visão mais geral dos conceitos que a fundamentação

teórica mostrou, mas que não foram observados durante o filme, como por exemplo:

comportamento empresarial ético, responsável, consciência ecológica, capacitação

(34)

devem voltar-se para melhorias sociais (MCLNTOSH, 2001) e para a promover o

envolvimento da organização dentro da comunidade onde se insere, em parceria com o

governo, na promoção de melhorias e do bem-estar de todos os stakeholders envolvidos (ASHLEY, 2004).

Diante da análise dos dados apresentados no filme e depois das comparações feitas

entre ele e as diversas fundamentações do referencial teórico, pode-se observar que vários dos

aspectos citados pelos autores não foram encontrados dentro do filme, e tampouco foram

verificados nas personagens. Baseado nisso, e partindo de toda essa análise, será apresentada

na próxima seção as conclusões referentes a este trabalho, bem como sugestões para trabalhos

(35)

35

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho teve como objetivo analisar o papel da responsabilidade social com base

na rede de fast food Mickey. Essa análise foi feita utilizando o filme Nação Fast Food – uma rede de corrupção. Através desse estudo buscou-se identificar os diversos elementos que compõem a responsabilidade social dentro do filme e assim, fazer uma comparação entre a

organização apresentada no filme com a teoria apresentada dentro deste trabalho.

A análise da empresa presente no filme, a rede de fast food Mickey, mostrou uma organização que está totalmente fora dos padrões de uma socialmente responsável: não

apresentava valores éticos nem morais perante seus stalkeholders, não havia nenhum projeto voltado ao cuidado do meio ambiente e nem de tratamento dos resíduos produzidos pela

empresa, havia contratação de mão de obra de imigrantes ilegais, os quais trabalhavam no

chão de fábrica sem qualquer treinamento para as funções e também sem nenhum tipo de

direito trabalhista, além da falta de transparência com os clientes pois ela vendia alimentos

que estavam sobre forte suspeita de contaminação.

Dessa forma, considera-se que o objetivo do trabalho foi atingido, visto que contribui

para enriquecer essa área de estudo, ao utilizar uma análise fílmica para explorar os aspectos

da responsabilidade social utilizando um estudo observacional, onde os personagens e a

organização presentes no filme foram utilizados para a verificação das principais teorias

voltadas para a área da responsabilidade social e através dessa análise, identificar a

importância desses processos dentro do atual sistema globalizado onde se inserem milhares de

empresas, milhões de pessoas e a natureza, elementos esses que compõem qualquer teoria

socioambiental.

Diante disso, observa-se que poucas foram as características apresentadas dentro do

filme que remetiam aos princípios da responsabilidade social. Não houve praticamente

momento algum onde o filme apresentasse características positivamente sociais, se

caracterizando justamente por seus personagens e pela empresa do filme praticarem

totalmente o contrário do que foi apresentado dentro da parte teórica como sendo essencial às

organizações para se tornarem socialmente responsáveis.

Pode-se afirmar como limitação do estudo o fato do filme focar somente nos aspectos

negativos da organização, dessa maneira sugerindo que a corrupção e a falta de transparência

e ética sejam características fundamentais aos negócios e não explorando nenhum aspecto

socioambiental por parte da organização.

(36)

engajadas e responsáveis socialmente para se verificar a aplicação da teoria de maneira mais

consistente, assim também como verificar narrativas com casos brasileiros de empresas

voltadas a prática da responsabilidade social, pois aprofundariam ainda mais o tema deste

(37)

37

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Referências

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