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História dos Brinquedos: Criação e Reflexão 1

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Academic year: 2021

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História dos Brinquedos: Criação e Reflexão

1

Leticia Portella Milan

2

Luana Ferreira de Oliveira

3

Paulo Henrique Silva Vianna

4

Universidade Federal de Santa Maria

Santa Maria, RS

Resumo

Desde 2010, através do PIBID da Universidade Federal de Santa Maria, o subprojeto

“História e educação: Os meandros do ensino formal” vêm sendo desenvolvido na Escola Edna May Cardoso, localizada na Cohab Fernando Ferrari, próxima à UFSM. O relato “história dos brinquedos: criação e reflexão” foram pensadas a partir de atividades realizadas por alguns bolsistas que atuam neste subprojeto. Utilizando de oficinas em intervenções buscou-se proporcionar o ensino de história através da utilização de materiais recicláveis e levantar questões relacionadas a aspectos sociais.

Os brinquedos foram utilizados como temática na busca pela aproximação da realidade dos participantes, crianças de oito a dez anos, estudantes no quarto ano do ensino fundamental.

Palavras-chave: História; PIBID; Oficinas; Brinquedo.

Introdução

Desde 2010, através do Programa Nacional de Iniciação à Docência (PIBID) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), o subprojeto “História e educação: Os meandros do ensino formal” vêm sendo aplicado na Escola Edna May Cardoso, localizada na Cohab Fernando Ferrari próximo ao campus sede da UFSM, localizada no bairro Camobi. O trabalho dos bolsistas de iniciação à docência nessa escola se desenvolve a partir de oficinas pedagógicas livres, nos contra turnos, e/ou intervenções que contam com a participação de estudantes de vários níveis de ensino.

1 Trabalho apresentado no GT 2 – Relatos de Experiências: Atividades Interdisciplinares de Comunicação do II Encontro de Educomunicação da Região Sul. Ijuí/RS, 27 e 28 de junho de 2013.

2 Estudante de Graduação - História - UFSM - Bolsista PIBID/CAPES, email: leticiapmilan@gmail.com

3 Estudante de Graduação - História - UFSM - Bolsista PIBID/CAPES, email: luana.guidugli@gmail.com

4 Estudante de Graduação - História - UFSM - Bolsista PIBID/CAPES, email: viannapauloh@gmail.com

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Nosso relato “história dos brinquedos: criação e reflexão” foi pensado através de uma das oficinas, denominada, “História dos Brinquedos: Lixo e História”, pela qual abordamos o conhecimento histórico através de brinquedos feitos de materiais recicláveis. A atividade foi realizada com estudantes do quarto ano do ensino fundamental, cuja faixa etária compreendeu-se entre oito e dez anos. A temática dos brinquedos foi pensada como uma possibilidade por se tratar de algo presente na realidade dos estudantes, a quem a oficina foi proposta. Outro elemento presente no cotidiano é o “lixo”. Consolidado como fonte de registros humanos o “lixo” é alvo de pesquisas e problematização, sendo assim, sua utilização não cabe somente às aulas de ciências biológicas e ecologia, mas possibilita desenvolver trabalhos relacionados ao ensino de história e sobre as mais variadas áreas do conhecimento. Dessa maneira, o educador em história pode se apropriar dessa temática em vistas de possibilitar o ensino de história, despertar a reflexão sobre o tema e também levantar discussões envolvendo questões sociais.

Objetivos

O trabalho realizado objetivava proporcionar aos estudantes a reflexão quanto aos aspectos históricos e sociais através da utilização de resíduos sólidos descartáveis produzidos diariamente e reforçar as possibilidades de sua reutilização, possibilitando também seu reaproveitamento em atividades lúdicas. A proposta levantada proporcionou a discussão sobre a transformação do processo de fabricação de brinquedos, a diferenciação entre a fabricação manual e a industrial. Também pretendemos debater e tornar claro a existência de uma relação entre os padrões estéticos reproduzidos pelos brinquedos industrializados e os padrões de beleza presentes na sociedade, instigando a crítica sobre os impactos desses ideais sobre as pessoas.

Métodos e técnicas utilizados

A elaboração da oficina “História dos brinquedos – Lixo e História”, que proporcionou

estes relatos, foi pensada por acadêmicos bolsistas do PIBID e contou com a

participação da professora supervisora do subgrupo atuante na escola e também com a

professora da turma no período em que a oficina foi realizada.

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A elaboração dessa atividade consiste em um trabalho amplo que antecede sua efetivação. Deve-se buscar obter certo planejamento que servirá como base da realização, entretanto, a oficina possui caráter mutável e pode transformar-se ao longo da execução, podendo assumir novas perspectivas e diálogos não pensados anteriormente.

Para a elaboração dessa proposta realizou-se algumas discussões entre os oficineiros, aqueles que propõem e elaboram a oficina, que buscaram definir objetivos e formas de trabalho. Um dos fatores principais foi a busca pela aproximação da realidade daqueles a quem se propõe a atividade. A temática “brinquedos” surgiu por se tratarem de crianças de oito a dez anos.

Definidas as propostas e objetivos, inicia-se a pesquisa sobre o assunto. Nesse caso foram abordadas questões sobre a industrialização utilizando os brinquedos como exemplo, a transformação das relações entre crianças e as brincadeiras, a produção de resíduos descartáveis, a reutilização de materiais recicláveis e os padrões de beleza representados através dos brinquedos industrializados.

Para a realização da oficina organizou-se a junção de várias classes no centro da sala de aula, que foram cobertas com uma lona. Diversos materiais recicláveis foram espalhados pela sala, próximos às paredes para que os estudantes pudessem circular livremente. Entre os materiais encontravam-se garrafas pet de refrigerante, entre outras, caixas de papelão de diversos tamanhos, embalagens plásticas, retalhos de tecido e etc.

Enfim, materiais diversos. Sobre a mesa foram deixados papéis coloridos, tintas, tesouras, colas, pincéis e outros materiais.

Essa organização do espaço foi realizada enquanto os estudantes estavam no período de

recreio. Ao retornarem os bolsistas do PIBID se apresentaram e expuseram a temática

da oficina. No primeiro momento apresentou-se uma série de imagens de brinquedos

amplamente utilizados em décadas anteriores, entre eles, bonecas de pano e peões. Em

sequência, se falou, sobre as transformações nos meios de produção, levando em

consideração a idade dos estudantes. O diálogo foi promovido e os presentes

participaram das discussões contribuindo com suas experiências e pontos de vista. Foi

dada ênfase no incentivo às brincadeiras lúdicas através da reutilização de materiais

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descartáveis e a investida na valorização de brinquedos e brincadeiras que hoje perdem espaço.

Sobre os padrões estéticos, foi exemplificado, através de imagens, o caso de Valeria Lukanova, chamada de “Bárbie humana”. A jovem que passou por diversas cirurgias plásticas para se parecer com a boneca Bárbie. Com essa discussão pretendemos despertar a crítica em relação aos padrões de beleza, promover a autoaceitação e o elevo da autoestima.

A comunidade da Escola Edna May Cardoso conta com um número significativo de recicladores e muitos de seus filhos e parentes constituem o corpo discente da escola.

Estas famílias frequentemente são discriminadas e vítimas de preconceito pela ocupação que possuem. Realizou-se considerações sobre o trabalho realizado por esses agentes, com ênfase nos benefícios da reciclagem onde se possibilitou promover entre os estudantes a valorização e o respeito a estas famílias.

Após essas questões passou-se a confecção dos brinquedos através da utilização de materiais recicláveis, o ambiente foi envolvido por considerações a respeito do conhecimento histórico e diálogos entre os participantes.

Descrição e discussão do processo de experiência

Deve-se levar em consideração a crescente substituição dos brinquedos artesanais e das atividades lúdicas pelos jogos eletrônicos e brinquedos industrializados. Walter Benjamim em seus escritos “Reflexões Sobre o Brinquedo, a Criança e a Educação”, realiza uma análise histórica sobre a massificação da indústria infantil que constantemente investe na criação de brinquedos produzidos em série, passando por

“melhorias”, tornando os antigos descartáveis pela tecnologia avançada dos mais novos.

Além disso, com o aumento da industrialização o distanciamento entre pais e filhos

progressivamente aumentou em diversos aspectos, entre eles na criação ou transmição

de brinquedos e brincadeiras, relações que proporcionavam o estreitamento dos laços

familiares, o incentivo à criatividade e ao desenvolvimento. Elementos do cotidiano que

eram utilizados para a criação de brincadeiras estão perdendo cada vez mais espaço aos

objetos industrializados.

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Uma emancipação do brinquedo põe-se a caminho; quanto mais a industrialização avança, tanto mais decididamente o brinquedo se subtrai ao controle da família, tornando-secada vez mais estranho não só às crianças, mas também aos pais.”(BENJAMIN, 2002, p. 91-92).

A atividade realizada chocou-se com essa realidade e proporcionou momentos de aprendizagem sobre o conhecimento histórico somado ao incentivo à criatividade em uma atividade dinâmica com estímulo à imaginação dos participantes, características da ludicidade.

As oficinas possibilitam ainda a troca de experiências, caracterizadas pela promoção do diálogo e de troca entre os agentes, é possível dar voz aos participantes que também contribuem com seus conhecimentos e perspectivas. A realização dessas atividades a priori pode parecer uma tarefa fácil. Entretanto, é uma atividade que exige horas significativas de empenho que antecedem seu cumprimento, além das que implicam a execução.

O oficineiro (ou oficineiros) é o agente responsável por propor a oficina. O tema escolhido por ele deve ser percebido como algo realmente significativo, um assunto que ele pensa ser de grande relevância ou perceba a necessidade de ser trabalhado.

(CORRÊA, 2000, p.150-153 ). Isso constitui um trabalho de reflexão e observação.

Aproximar os participantes do tema proposto em uma oficina depende de alguns fatores, entre eles, a realidade da comunidade em que vivem e o conhecimento de temas que possam interessá-los. Deve-se levar em conta os mais diversos aspectos que envolvem a vida daqueles a quem a oficina é proposta.

Pode-se usar da interdisciplinaridade e abordar discussões do ponto de vista das ciências biológicas e histórica, por exemplo, ou ainda, não definir uma disciplina específica, mas tratar das mais diversas áreas do conhecimento.

Definido o tema, o assunto a ser exposto e discutido, inicia-se então o trabalho de

pesquisa. Como a oficina é um processo dinâmico deve-se buscar conhecer o tema sobre

diversos aspectos, as discussões que surgirem durante sua realização, poderão permear

diversas áreas e revelar aspectos pessoais dos participantes. Quanto mais abrangente for

o conhecimento, mais se poderá explorar a discussão e proporcionar reflexões e

transformações.

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A oficina “História dos Brinquedos: Lixo e História” além de proporcionar o ensino em história e possibilitar uma discussão interdisciplinar, ainda proporcionou levantar questões sociais e, dentro de um processo, possibilitar a desconstrução de discriminações e preconceitos.

Resultados

Acreditamos que o trabalho realizado foi válido por diversos fatores. Possibilitou-se apresentar aos estudantes o conhecimento histórico usando de elementos familiares à eles, de maneira que lhes atribuísse significado. Promoveu-se a consciência ecológica e a tentativa de rompimento com a ideia de que o “lixo” só é sinônimo de “coisa ruim”.

Incentivamos a criatividade e a imaginação aliadas ao ensino de história. E, além disso, pudemos contribuir para a quebra de preconceitos e discriminações, tanto econômicas e sociais quanto relacionadas a aparência física.

Considerações Finais

Compreendemos que as oficinas se apresentam como uma ferramenta de ensino e discussão. Através delas podemos trabalhar diversos assuntos sobre diferentes aspectos.

Compreender o caráter mutável das oficinas e a importância da busca pela exploraração de suas possibilidades, sem dúvida, proporcionará aos oficineiros a ampliação das discussões propostas e atingir resultados impensados. Entendemos também, que nem sempre os resultados corresponderão às expectativas do oficineiro, mas este deve levar em consideração outros fatores antes de julgar-se incapaz.

Referências

BENJAMIN, W. Reflexões sobre o brinquedo, a criança e a educação. São Paulo, Ed. 34, 2002.

CORRÊA, G.C.

Oficina: novos territórios em educação.

Em: CORRÊA, G.C.; LUENGO, J.M.; MONTERO, E.G.; PEY, M.O. Pedagogia Libertária: experiências hoje. São Paulo:

Imaginário, 2000.

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