UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA E COMPUTAÇÃO
DOUGLAS ALMENDRO
OERTrust: UM FRAMEWORK PARA AFERIÇÃO DE CONFIABILIDADE EM RECURSOS EDUCACIONAIS ABERTOS BASEADO EM
TESTES DE SOFTWARE
São Paulo
2019
UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA E COMPUTAÇÃO
DOUGLAS ALMENDRO
OERTrust: UM FRAMEWORK PARA AFERIÇÃO DE CONFIABILIDADE EM RECURSOS EDUCACIONAIS ABERTOS BASEADO EM
TESTES DE SOFTWARE
Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Engenharia Elétrica e Computação da Universidade Presbiteriana Mackenzie como parte dos requisitos parciais para a obtenção do título de Doutor em Engenharia Elétrica e Computação.
Orientador: Prof. Dr. Ismar Frango Silveira
São Paulo
2019
Bibliotecária Responsável: Marta Luciane Toyoda – CRB 8/ 8234
A448o
Almendro, Douglas
Oertrust: um framework para aferição de confiabilidade em recursos educacionais abertos baseados em testes de software / Douglas Almendro – São Paulo, 2019.
115 f.: il.; 30 cm.
Tese (Doutorado em Engenharia Elétrica e Computação) - Universidade Presbiteriana Mackenzie - São Paulo, 2019.
Orientador: Ismar Frango Silveira.
Bibliografia: f. 87-90.
1. Recursos educacionais abertos. 2. Engenharia de software. 3.
Testes. 4. Qualidade. I. Silveira, Ismar Frango, orientador. II.Título.
CDD 005.1
Às minhas queridas e amadas meninas, Margarete e Ágatha, pelo apoio incondicional e inspiração, que movem minha vida.
Aos meus pais, pelo incentivo e pela confiança na realização deste trabalho;
E, sobretudo, a Deus!
AGRADECIMENTOS
Ao Professor Dr. Ismar Frango Silveira, pela compreensão e ajuda, que me mostrou o melhor caminho, nos momentos mais críticos da realização deste trabalho;
Aos meus pais, Francisco Almendro Ubeda e Izolina Scocca Almendro, por sempre acreditarem em mim;
Aos meus avós maternos, Dorival Scocca e Irene Cacinelli Scocca, e paternos, João Antônio Almendro Pelegrina e Izabel Ubeda Navarro que, mesmo no oriente eterno, sempre me dão força nos momentos mais difíceis;
Às minhas queridas irmãs, Valquíria Olier Almendro, Rosana Olier Almendro, Lilian Almendro e Nathalia Almendro, pelo amor e carinho que sempre me deram;
À minha segunda mãe, Nezilda Novato da Silva, por sempre apoiar minha família, em todos os momentos;
Aos meus amigos do PPGEEC, Alcides Teixeira Barbos Junior, Pedro Cacique Braga, Vagner Silva, Jéssica Ribas, Julião Braga e Edie Santana. Juntos somos um;
Às Professoras e aos Professores do PPGEEC, Dr. Leandro Augusto da Silva, Dr. Nizam Omar, Dr
a. Pollyana Notargiacomo, Dr. Paulo Batista Lopes, Dr. Pedro Paulo e Dr. Maurício Marangoni;
Ao secretário Yopanan Rocha e ao Professor Dr. Luciano Silva, da Faculdade de Computação e Informática do Mackenzie;
Ao Professor Dr. Luís Naito Mendes Bezerra, pelas oportunidades profissionais que sempre me deu e pelo incentivo para começar e terminar este Trabalho;
Ao Professor Dr. Carlos Fernando de Araújo Junior, Pró-Reitor de Educação a Distância da Universidade Cruzeiro do Sul, por abrir as portas da IES para mim;
Às Professoras e Professores da Cruzeiro do Sul Virtual, Dr
a. Regina Tavares, Dr. Marcos Ota, Dr
a. Andrea Borelli, Dr. Jaime Sandro da Veiga, Dr. Carlos Eduardo de Oliveira Garcia, Dr. Américo Soares Silva, Dr. Alberto Messias da Costa Souza, Me. Alessandra Fabiana Cavalcante e Me. Christian David Rizzato Petrini, que ajudaram nas diversas reuniões para a elaboração do Grupo Focal;
À secretária, Raiane Andrade Menino, por estar sempre à disposição;
Ao amigo e Professor Me. Alexander Gobbato Paulino Albuquerque, pela ajuda
no desenvolvimento do software OERTrust, disponibilizando todos os recursos para a
confecção desse software;
À Universidade Presbiteriana Mackenzie através do Programa de Pós- Graduação em Engenharia Elétrica e Computação (PPGEEC) que proporcionou a bolsa através do apoio do Fundo Mackenzie de pesquisa.
Meu mais sincero e profundo “obrigado”!
“Mas é preciso ter manha
É preciso ter graça
É preciso ter sonho sempre
Quem traz na pele essa marca
Possui a estranha mania
De ter fé na vida
Mas é preciso ter força
É preciso ter raça
É preciso ter gana sempre
Quem traz no corpo a marca
Maria, Maria
Mistura a dor e a alegria . ”
Milton Nascimento & Fernando Brant
RESUMO
Os Recursos Educacionais Abertos (REA) tornaram-se elementos de grande relevância para o ensino e a aprendizagem, quer presencial, híbrido ou a distância.
Sua flexibilidade faz com que sejam adequados para serem materiais de base para distintas situações de ensino e aprendizagem. Entretanto, questões relacionadas à garantia de qualidade dos REA tornam-se frequentes, levando-se em consideração a natureza de tais recursos, visto que admitem versionamento, o que pode incluir modificações substanciais que, porventura, impactem a confiabilidade do recurso. Isto posto, torna-se necessário discutir mecanismos sistêmicos para a garantia de qualidade de REA, considerando as possibilidades de sua revisão, redistribuição e remixagem. Para tanto, a execução de testes em tais recursos pode indicar um mecanismo de aferição de qualidade, sendo necessário para tal basear-se em Áreas do Conhecimento com embasamento teórico suficiente em testes, como é a Engenharia de Software. Nesse sentido, a presente Tese tem como objetivo verificar a aplicabilidade de um conjunto de testes, inspirados na Área de Engenharia de Software, aplicados à verificação de qualidade de REA. Para tanto, propõe-se e se implementa um Framework de suporte à aferição de qualidade de REA, denominado OERTrust, bem como se reinterpreta um conjunto de Testes da Engenharia de Software, adaptando-os para o âmbito de REA. Como prova de conceito, são realizados testes com especialistas e potenciais usuários em REA do tipo vídeo, para os quais se calcula um índice de confiabilidade iT, baseado nos princípios da Lógica Fuzzy, que indica uma tendência de qualidade do REA. Espera-se, com este Trabalho, trazer uma contribuição significativa para as discussões a respeito da garantia de qualidade de REA, cooperando para uma maior adoção efetiva deles, potencializando, assim, a democratização do acesso a materiais educativos de qualidade.
Palavras-chave: Recursos Educacionais Abertos, Engenharia de Software, Testes,
Qualidade.
ABSTRACT
Open Educational Resources (OER) have become important elements for teaching and learning, whether face-to-face, hybrid or distance education. Their flexibility makes them suitable to be basic materials for different teaching and learning situations.
However, issues related to OER quality assurance become frequent, taking into account the nature of such resources, as they allow for versioning, which may include substantial modifications that may have an impact on the reliability of the resource.
Therefore, it is necessary to discuss systemic mechanisms for OER quality assurance, considering the possibilities of revision, redistribution and remixing. To do so, the execution of tests in such resources may indicate a mechanism of quality assessment, being necessary to rely on areas of knowledge with sufficient theoretical basis in tests, such as Software Engineering.
In this sense, the present thesis aims to verify the applicability of a set of tests, inspired in the area of Software Engineering, applied to the quality verification of OER. In order to do so, it is proposed and implemented a framework to support the quality evaluation of REAs, called OERTrust, as well as to reinterpret a set of Software Engineering tests, adapting them to the OER scope. As a proof of concept, tests were carried out with experts and potential users in educational videos conceived as OER, for which an i
Treliability index based on the principles of Fuzzy Logic is calculated, which indicates an OER quality trend.
With this work, we hope to make a significant contribution to the discussions about OER quality assurance, subsidising a more effective adoption of OER, thus enhancing the democratization of access to quality educational materials.
Keywords: Open Educational Resources, Software Engineering, Tests, Quality.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Descrição dos tipos de Testes de Software ... 35
Tabela 2 – Correlação autores e assuntos ... 43
Tabela 3 – Tipos de Testes de Software aplicáveis em REA (ALMENDRO; SILVEIRA, 2017) ... 46
Tabela 4 – Dados EDUCAR ... 53
Tabela 5 – Dados BIOE ... 54
Tabela 6 – Dados MERLOT ... 55
Tabela 7 – Questões comuns adquiridas no Grupo Focal ... 59
Tabela 8 – Comparativo dos Testes baseados em Engenharia de Software e aplicados ao REA vídeo ... 61
Tabela 9 – Valores tabulados para calibrar a Ferramenta OERTrust ... 65
Tabela 10 – Imagens de Relatórios – Pesquisa 1 de Telas com Gráficos sobre cada questão abordada ... 93
Tabela 11 – Imagens de Relatórios – Pesquisa 2 de telas com Gráficos
sobre cada questão abordada. ... 98
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Metodologia ... 17
Figura 2 – Regra 10 de MYERS (adaptado de MYERS, 2013) ... 33
Figura 3 – Estratégia de Teste (PRESSMAN, 2011) ... 34
Figura 4 – Framework TIPS ... 40
Figura 5 – Representação Gráfica da dimensão técnica, da dimensão didática e da dimensão de conteúdo ... 48
Figura 6 – Componente Slider ... 57
Figura 7 – Framework computacional de apoio à categorização de critérios de qualidade em Testes de REA ... 66
Figura 8 – Tela inicial OERTrust ... 69
Figura 9 – Menus OERTrust ... 69
Figura 10 – Tela Tipos de Testes OERTrust ... 70
Figura 11 – Tela Tipos de Recursos Educacionais OERTrust. ... 71
Figura 12 – Tela Escolha de Testes para o REA... 71
Figura 13 – Calibragem do peso do Teste... 72
Figura 14 – Cadastro do REA... 72
Figura 15 – Cadastro e reaproveitamento de Testes ... 73
Figura 16 – Atribuição aos Testes... 73
Figura 17 – Visualização do Gráfico de Aferição... 74
Figura 18 – Tela do Gráfico OERTrust. ... 74
Figura 19 – Vídeo 1 – Higienização das mãos com álcool gel... 76
Figura 20 – Vídeo 2 – Higienização das mãos com álcool gel REMIXADO... 78
Figura 21 – Vídeo 3 – Higienização das mãos... 80
Figura 22 – Vídeo 4 – Higienização das mãos com álcool gel... 82
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Resultados de busca com as Strings: Learning Objects, Objetos de Aprendizagem, Open Educational Resources e
Recursos Educacionais Abertos... 41
Gráfico 2 – Resultados de busca com as Strings: qualidade - quality, em resumos, palavras-chave ou títulos... 42
Gráfico 3 – Resultados de busca com as Strings: teste - test - testing, em resumos, palavras-chave ou títulos... 42
Gráfico 4 – Comparativo Recursos Educacionais – EDUCAR... 53
Gráfico 5 – Comparativo Recursos Educacionais – BIOE... 54
Gráfico 6 – Comparativo Recursos Educacionais – Merlot... 56
Gráfico 7 – Gráfico de Setores – Participantes Pesquisa 1... 64
Gráfico 8 – Gráfico de Setores – Participantes Pesquisa 2... 75
Gráfico 9 – Índice OERTrust – Média gerada para o Vídeo 1... 77
Gráfico 10 – Índice OERTrust – Média gerada para o Vídeo 2... 79
Gráfico 11 – Índice OERTrust – Média gerada para o Vídeo 3... 81
Gráfico 12 – Índice OERTrust – Média gerada para o Vídeo 4... 82
LISTA DE ABREVIATURAS
ACM Association Computing Machinery
BIOE Banco Internacional de Objetos Educacionais
CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CC Creative Commons
CC BY Attribution Alone
CC BY-NC Attribution Noncommercial
CC BY-NC-ND Attribution Noncommercial No Derivatives CC BY-NC-SA Attribution Noncommercial ShareAlike CC BY-ND Attribution No Derivatives
CC BY-SA Attribution Share Alike
FLOSS Free Libre and Open Source Software IEC International Electrotechnical Commission IEEE Institute of Electrical and Electronic Engineers ISO International Organization for Standardization
LO Learning Object
MEC Ministério da Educação
MIT Massachussets Institute of Technology
OA Objeto de Aprendizagem
OCW Open Course Ware
OER Open Educational Resources OERTrust Open Educational Resources Trust REA Recursos Educacionais Abertos SDG 4 Sustainable Development Goals
TIC Tecnologias de Informação e Comunicação TIPS Teaching Information Presentation System
UNESCO Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura.
V&V Verificação e Validação
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO... 16
1.1 Justificativa ... 16
1.2 Metodologia ... 17
1.3 Objetivos ... 18
1.3.1 Objetivo geral ... 18
1.3.2 Objetivos específicos ... 19
1.4 Hipótese ... 19
1.5 Contribuições desta Tese ... 19
1.6 Organização da Tese ... 20
2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 21
2.1 Educação Aberta ... 21
2.2 Recursos Educacionais Abertos (REA) ... 22
2.2.1 REA pequenos e grandes ... 27
2.3 Licenças ... 28
2.4 Qualidade ... 30
2.5 Qualidade e Testes na Engenharia de Software ... 31
2.6 Qualidade e testes em objetos de aprendizagem e REA ... 36
2.7 Trabalhos correlatos ... 41
2.8 Considerações parciais ... 45
3 O FRAMEWORK OERTRUST... 46
3.1 Mapeamento de Testes de Software para REA ... 46
3.2 Proposta do Framework ... 51
3.2.1 Escolha do tipo de REA ... 51
3.3 Pesquisa ... 57
3.3.1 Pesquisa um ... 58
3.3.2 Arquitetura e implementação do Framework ... 65
3.3.3 Pesquisa dois ... 75
4 CONCLUSÃO ... 84
5 REFERÊNCIAS ... 87
ANEXO A ... 91
APÊNDICE A ... 92
APÊNDICE B ... 94
APÊNDICE C ... 97
APÊNDICE D ... 102
APÊNDICE E ... 111
PÊNDICE F ... 112
APÊNDICE G ... 113
APÊNDICE H ... 114
1 INTRODUÇÃO
1.1 Justificativa
No contexto da Educação, a discussão sobre os REA (Recursos Educacionais Abertos) vem ganhando cada vez mais espaço. Trata-se de uma definição que pode abranger Cursos completos, partes de Cursos, Módulos, Livros Didáticos, Artigos de Pesquisa, vídeos, questionários, simuladores e outros materiais que possam dar apoio à Educação, desde que concebidos à luz de princípios de abertura.
Suas características inerentes de flexibilidade, em especial, a possibilidade de serem copiados livremente, usados e remixados, trazem considerável potencial de uso em diferentes contextos de ensino e aprendizagem, assim como geram diversos desafios, tanto do ponto de vista educacional quanto do computacional.
De acordo com os princípios de abertura, que serão analisados nesta Tese, os REA podem sofrer diferentes tipos de modificação, incluindo revisões e remixagem.
Essas modificações não são, a priori, prerrogativas dos autores do REA; elas podem ser efetuadas na prática por qualquer indivíduo ou Organização.
Tal flexibilidade pode gerar sucesso ou fracasso, dependendo de como são realizadas as modificações, que podem causar impacto relevante na qualidade dos REA. A qualidade, muito embora seja um conceito carregado de subjetividade, é um objetivo que se persegue em diferentes áreas da vida humana, incluindo a Educação.
Quando da concepção de um REA, deve-se seguir um conjunto de requisitos técnicos e didáticos, incluindo a cobertura de conteúdo sobre um determinado tópico.
Já no momento da revisão ou da remixagem de um REA, tem-se que os requisitos já foram traçados, mas a modificação efetuada pode impactar na qualidade do REA original, além de estar propenso a defeitos, falhas ou até mesmo erros – quer do ponto de vista técnico, quer do didático ou do conteúdo. Para tanto, toda e qualquer modificação deve ser testada, para garantir o mínimo de satisfação aos critérios de qualidade que forem estabelecidos.
De acordo com Pressman (2011), qualquer alteração de um produto, por mais
simples que seja esta modificação, deve ser testada. A atividade de testar a
modificação de algum artefato de um REA novo ou revisado/remixado, pode dar
subsídios ao customizador, ao indicar limites para aquilo que pode ser modificado e
quais as consequências da modificação.
Com uma validação objetiva da qualidade de um REA novo ou modificado, pode-se, então, assegurar que sua disseminação não levará problemas a usuários ou a outros customizadores.
Dessa maneira, a essência deste trabalho está vinculada a proporcionar um indicador de confiabilidade em relação aos tipos de testes que devem ser utilizados para garantir a qualidade de um REA.
Segundo Camilieri (2014), devido à necessidade de mecanismos de garantia de qualidade para apoiar o desenvolvimento e o uso sustentável de REA, estão sendo criados na Literatura e na Política europeia e nacional documentos como grande desafio e oportunidade.
Segundo Arimoto (2014), os REAs podem trazer diversos benefícios e impacto à Educação, e sua adoção ainda é limitada. No entanto, há pouca experiência e consenso em pesquisa e prática sobre como definir e abordar a qualidade para os REA.
1.2 Metodologia
A figura 1 demonstra a metodologia deste trabalho Figura 1 – Metodologia
Como primeira etapa efetuou-se o levantamento bibliográfico dando inicia a
proposta geral do framework, alavancando o início dos quesitos motivadores para a
elaboração do artigo Quality and Tests for Open Educational Resources. A
Systematization based on Software Engineering Principles publicado e apresentado
no Twelfth Latin American Conference on Learning Technologies (LACLO), na cidade de LaPlata na Argentina 2017.
Após a publicação foi dado início ao processo de qualificação. Onde foi absorvida as sugestões debatidas pela banca de qualificação, direcionando que naquele momento o estudo incormporasse um recorte em relação aos REA para a implementação da ferramenta. Juntamente com esse recorte foi efetuado uma pesquisa por REA em repositórios de recursos educacionais. Nesta pesquisa foi observado que os vídeos, vem a ser um dos REA mais explorados nestes tipos de repositórios. A escolha por vídeos além de serem os recursos mais explorados também se deu pela não proximidade de softwares ajudando a evitar vícious na interpretação dos possíveis testes relacionados aos softwares. Com estes subsídios moveu-se para a próxima etapa, que germinou o artigo Quality Assurance for Open Educational REsource: The OERTrust Framework, para o International Journal of Learning, Teching and Educational Reserach (IJLTER), em 2018. Após esta publicação foi criada a implementação do OERTrust que teve como atividade inicial a criação do grupo focal que ajudou decidir quais seriam os testes adequados e que deveriam ser implementados em vídeo. Nesta sequência temos a pesquisa 1 que ajudou a definir os pesos para cada tipo de teste. Com estes subsídios foi possível implementar a ferramenta OERTrust. Após a criação do software o mesmo foi colocado em teste com potenciais usuários daa ferramenta com quatro tipos de casos para que os mesmos avaliassem os REA. Com estes resultados foi gerado um outro artigo que foi submetido ao IEEE Latin America Trasactions que foi aprovado. O mesmo até a esta defesa ainda não havia sido publicado.
1.3 Objetivos
1.3.1 Objetivo geral
Este trabalho tem como objetivo propor um Framework
1de apoio ao processo de validação e Testes de REA vídeo, considerando suas características de versionamento e remixagem.
1
Considera-se que um framework seja uma sistematização para normalizar um conceito dentro de uma funcionalidade genérica (SCHIMIGUEL; BARANAUSKAS; MEDEIROS, 2006), possibilitando a utilização dessas definições para análise, projeto, implementação e testes (FERGUSON et al., 2014).
A vantagem da sua adoção é o desenvolvimento de um modelo de um padrão para economia de tempo
O Framework está fundamentado nos princípios de validação e testes que advêm da área de Engenharia de Software e que devem ser analisados para se adequar aos quesitos de um REA vídeo.
1.3.2 Objetivos específicos
A partir da definição do objetivo geral, tem-se como objetivos específicos:
Produzir levantamento do estado da arte para identificar o grau de contribuição desta Tese à Ciência;
A partir da Literatura, analisar os tipos de testes adequados à natureza de cada tipo de REA;
Especificar a arquitetura do Framework e realizar a implementação de um protótipo computacional funcional;
Identificar os elementos relacionados à qualidade de REA que impactarão o cálculo do índice de confiabilidade iT (index of Trustability) proposto nesta Tese;
Efetuar testes na implementação e analisar os dados obtidos para comprovação da hipótese.
1.4 Hipótese
Um conjunto de testes, baseados nos princípios da Engenharia de Software, organizados e aplicados de maneira sistêmica em um REA podem fornecer um indicador de qualidade para ele.
1.5 Contribuições desta Tese
Entendem-se como contribuições desta Tese:
Um mapeamento sistêmico dos tipos de testes advindos da área de Engenharia de Software quanto à sua aplicabilidade em REA;
Um Framework conceitual (e uma implementação dele) de apoio ao Processo de Testes em REA;
Um mecanismo de aferição de qualidade de REA, baseado nos Princípios da Lógica Fuzzy, culminando no Indicador de Confiabilidade iT.
e trabalho, assim como aumento da produtividade de ferramentas confiáveis de qualidade, atualizadas
e mantidas de acordo com o modelo (GOMES; FURTADO, 2010).
1.6 Organização da Tese
Este trabalho é organizado em Capítulos, com o conteúdo exposto da maneira explicitada a seguir.
Nesta primeira parte, apresenta-se a Introdução e a Estrutura da Tese.
No Capítulo 2, aborda-se o Referencial Teórico usado como base para os estudos e a idealização deste trabalho. Na sessão 2.1, é discutida a abordagem sobre a Educação Aberta no Brasil; em seguida, em 2.2, é demonstrada a contextualização sobre os Recursos Educacionais Abertos (REA) e sua importância para a Educação mundial; na sequência, temos o item 2.3, em que são abordadas as licenças Creative Commons, as quais têm papel fundamental para a existência dos REA.
O conceito de qualidade é abordado de forma geral no item 2.4; prosseguindo, em 2.5, é efetuado o estudo que envolve os conceitos de Qualidade de Software, bem como aspectos da Engenharia de Software que envolvem os diversos tipos de testes, além de abordar a ISO/IEC/IEEE 29119 Software Testing, que norteia as atividades de testes. Em 2.6, discute-se qualidade e testes em objetos de aprendizagem em REA e, como fechamento do capítulo, apresenta-se a Revisão sistemática, bem como os trabalhos correlatos.
O Capítulo 3 envolve a proposta do trabalho, o Mapeamento de Testes de Software para REA e, também, a apresentação da arquitetura do Framework proposto no objetivo geral deste trabalho, bem como as pesquisas efetuadas.
Por fim, no Capítulo 4, é exibida a conclusão e os trabalhos futuros ligados a
esta Tese, com o cronograma de trabalho para a construção de todos os aspectos
propostos acima.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Neste capítulo, serão abordados os temas pesquisados para a elaboração da pesquisa. Como ela possui características multidisciplinares, fez-se necessário buscar Referenciais Teóricos nas seguintes Áreas do Conhecimento: Educação, que abrange Educação Aberta e Recursos Educacionais Abertos, Engenharia de Software, no que diz respeito a testes e qualidade, e princípios básicos de Lógica Fuzzy.
2.1 Educação Aberta
Segundo Santos (2012), os primeiros movimentos de Educação Aberta tiveram seu início na década de 1970, sendo marcados por meio da aplicação de novas práticas de ensino e aprendizagem na Educação Infantil e no advento das universidades abertas.
Hoje em dia, o termo Educação Aberta é utilizado frequentemente no contexto dos REA, envolvendo uma variedade de novas práticas de ensino e aprendizagem tornadas possíveis com a evolução das Tecnologias Educacionais aliadas aos conceitos de abertura.
Lewis (1986) já definia a Educação Aberta como um termo utilizado para relatar cursos flexíveis, desenvolvidos para satisfazer necessidades individuais e que se destinam a transpor as barreiras de ingresso à Educação tradicional.
E Okada afirma:
Educação Aberta está ligada com o conceito de abertura – cuja origem vem do inglês ‘‘openess’’. Trata-se de uma filosofia educacional cujo objetivo é quebrar as barreiras que limitam o acesso à educação superior proporcionando maiores oportunidades de aprendizagem. Os aspectos que caracterizam a aprendizagem aberta são amplo acesso a materiais e tecnologias, opções de escolha em relação aos conteúdos e metodologias, e grande abertura a diversos públicos em diferentes locais, culturas e contextos (OKADA, 2007, p. 2).
Santos (2012) ressalva que é importante que se compreenda que a expressão
Educação Aberta é empregada em contextos diversificados e que se cercam de uma
série de práticas, variando das mais tradicionais a outras mais recentes, e que não é
exclusivo para a utilização de Recursos Educacionais Abertos.
O mesmo autor complementa que existe consenso na Academia de que não há uma definição única para Educação Aberta.
A terminologia “Educação Aberta” é abrangente, por envolver uma coleção de práticas, e a Educação Aberta pode apresentar elementos de várias correntes de pensamento educacionais, relacionadas por seu arcabouço teórico.
Formiga e Litto (2009, p. 39) afirmam que “A terminologia delimita a abrangência de uma ciência e demonstra o domínio pelos seus propositores e usuários. De certa forma, a terminologia constitui o dialeto próprio de cada ciência”.
Dentre os elementos que compõem as diferentes práticas e possibilidades da Educação Aberta, encontram-se os Recursos Educacionais Abertos (REA), ponto fundamental deste trabalho, tópico a ser tratado a seguir.
2.2 Recursos Educacionais Abertos (REA)
Segundo a UNESCO (2017), OER (Open Educational Resources) ou REA (Recursos Educacionais Abertos) “São qualquer tipo de material usado em educação, que esteja no domínio público ou seja introduzido com uma licença aberta”.
São materiais abertos e podem ser copiados livremente, adaptados, usados, remixados e até mesmo re-compartilhados. A possibilidade do reuso dos Recursos Educacionais Abertos, principalmente, dos recursos digitais, que tendem a ser disseminados com mais facilidade, pode abranger Cursos completos, partes de Cursos, Módulos, Livros Didáticos, Artigos de Pesquisa, vídeos, questionários, simuladores e outros Materiais que possam dar suporte ao discernimento.
Da mesma forma que esses recursos têm potencial para expandir de forma relativamente rápida e significativa o número de materiais disponíveis – principalmente, via versionamento, eles podem ajudar os alunos a aprender de maneira mais eficaz, vez que poderiam ser customizados para necessidades específicas de aprendizagem.
Wiley (2007) explica que o contexto Open Educational Resources tem suas origens nos esforços na padronização e na conceituação dos objetos de aprendizagem.
Com a crescente evolução e utilização dos objetos de aprendizagem, Wiley
definiu, em 1998, o conceito de Open Content e criou a Open Content License/Open
Publication License, visando à massificação dos conceitos do movimento FLOSS
(Free Libre and Open Source Software), aplicados ao desenvolvimento de conteúdos educacionais.
O mesmo autor indica que, com a rápida disseminação da ideia de conteúdos abertos educacionais, Larry Lessig e outros membros da escola de Direito de Harvard fundaram, em 2011, a Creative Commons (CC)
2e com ela um conjunto versátil de licenças.
Nessa mesma época, o Massachussets Institute of Technology (MIT) resolveu ofertar parte de seus Cursos ao público, para fins acadêmicos, no formato livre – que foi o Projeto MIT Open Course Ware.
Em 2002, a UNESCO patrocinou um evento voltado para a discussão da disponibilização de Recursos Educacionais de forma universal, ressaltando o termo Recursos Educacionais Abertos, com a seguinte definição:
Recursos Educacionais Abertos são materiais de ensino, aprendizado e pesquisa em qualquer suporte ou mídia, que estão sob domínio público, ou estão licenciados de maneira aberta, permitindo que sejam utilizados ou adaptados por terceiros (UNESCO, 2002).
A Declaração de Paris de 2012 (UNESCO, 2012) chama a atenção para o fato de que os Recursos Educacionais Abertos promovem os objetivos das Declarações internacionais e, entre elas, a Declaração Universal dos Direitos Humanos (Artigo 26.1), que estabelece que "Toda pessoa tem direito à Educação".
A Declaração de REA de Paris fornece uma série de recomendações às partes interessadas sobre questões de capacitação, pesquisa e políticas. Encoraja, particularmente, os governos a disponibilizarem materiais educacionais que sejam financiados por meio de fundos públicos com licenças abertas.
A mesma Declaração recomenda, dentro de suas capacidades e autoridade (UNESCO, 2012):
a) Fomentar a conscientização e o uso de REA;
b) Propiciar ambientes facilitadores para o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs);
c) Reforçar o desenvolvimento de estratégias e políticas no REA;
d) Promover a compreensão e o uso de quadros de licenciamento aberto;
2