DERMATOSES
OCUPACIONAIS
SINAN
DOENÇA RELACIONADA AO TRABALHO / DERMATOSES OCUPACIONAIS
Código (CID10): L98.9
Afecções da pele e do tecido subcutâneo, não especificados
SINAN
DERMATOSES
OCUPACIONAIS
Ano Acidente de trabalho
grave
Acidente de trabalho
com exposição a
material biológico
Lesões por esforços repetitivos (LER/DORT)
Perda auditiva induzida pelo ruído
(PAIR)
Dermatoses ocupacionais
Câncer ocupacional
Total
2010 44767 34883 5951 329 507 26 86463
2011 60921 40400 7191 559 685 126 109882
2012 73896 45102 8258 412 1017 72 128757
2013 87994 48499 8073 657 987 147 146357
2014 79649 47292 7737 784 679 170 136311
Fonte: DIEESE (2016)
DERMATOSES OCUPACIONAIS
Representam parcela considerável das doenças ocupacionais
60% das doenças ocupacionais nos países industrializados, sendo as substâncias químicas a causa mais frequente
No Brasil ocupam a 5º posição de acordo com MS e 7º segundo o INSS
DERMATOSES OCUPACIONAIS
PROBLEMA :
automedicação
diagnóstico errado
Acometimento principal: mãos, antebraços, braços, pescoço, face e pernas
A maioria dos casos não são patologias severas mas interferem tanto na vida profissional como na social
DERMATOSES OCUPACIONAIS
Patologias:
Dermatite de contato
Fitodermatite
Acne (elaioconiose e cloracne)
Ceratose
Câncer
Granuloma de corpo estranho
Infecções
Oniquias
Ulcerações
Dermatites de contato representam 90%
Dermatite artefacta
DERMATOSES OCUPACIONAIS
Definição: é toda alteração de mucosas, pele e seus anexos que seja direta ou indiretamente causada, condicionada, mantida ou agravada por agentes presentes no trabalho (ALI, 2001)
Causas: indiretas diretas
CAUSAS INDIRETAS
1- idade 2- sexo 3- etnia
4- ambientais (exposição solar, temperatura, umidade) 5- outras patologias (dermatose pré existente)
6- higiene (pessoal e do ambiente)
7- condições de trabalho (postura, uso EPI)
CAUSAS INDIRETAS
IDADE:
Os trabalhadores mais jovens são mais afetados devido à inexperiência profissional e por ter epiderme mais fina
ETNIA
Menos comuns em negros e asiáticos, especialmente efeitos da radiação UV
SEXO
Igual
Mulheres apresentam quadro menos graves e de remissão mais rápida
ANTECEDENTES MÓBIDOS
Dermatite atópica mais suscetíveis aos agentes irritantes
CAUSAS DIRETAS
1- agentes físicos: radiações não ionizantes, calor, frio 2- agentes químicos:
irritantes – cimento, solvente, óleos de corte, detergentes. ácidos e álcalis
alérgenos – aditivos da borracha, níquel, cromo e cobalto como contaminantes do cimento, resinas, tópicos
3- agentes biológicos: bactérias, fungos, leveduras, vírus e insetos
DIAGNÓSTICO *
1- Identificação do paciente;
2- Anamneses clínica e ocupacional;
3- Exame físico;
4- Hipótese diagnóstica;
5- Diagnóstico diferencial;
6- Exames complementares;
7- Visita ao ambiente de trabalho;
8- Informações fornecidas pelo empregador.
* FISHER, 2001; BIRMINGHAM, 1998
DIAGNÓSTICO
1- O quadro clínico é compatível com dermatite de contato?
2- Ocorre no ambiente de trabalho exposição a agentes irritantes ou potencialmente alergênicos?
3- Existe nexo entre o início da dermatose e o período de exposição?
4- As lesões estão localizadas em áreas de contato com os agentes suspeitos?
5- Há melhora com afastamento e/ou piora como o retorno à mesma atividade?
6- É possível excluir a exposição não ocupacional como fator causal?
7- É possível por meio de testes epicutâneos, identificar o provável agente causal?
* 5 respostas positivas apresentam forte suspeição
CRITÉRIOS PARA AFASTAMENTO*
Grau 1: não existe limitação do desempenho ou limitação apenas para poucas atividades da vida diária. Não é necessário tratamento ou tratamento intermitente
Grau 2: existe limitação do desempenho para algumas atividades da vida diária. Tratamento intermitente ou constante pode ser requerido
Grau 3: existe limitação do desempenho para muitas atividades da vida diária. Tratamento intermitente ou constante pode ser requerido
Grau 4: existe limitação do desempenho para muitas atividades da vida diária que podem incluir confinamento dentro de casa.
Tratamento intermitente ou constante pode ser requerido
Grau 5: existe limitação do desempenho para maioria das atividades da vida diária que podem incluir confinamento dentro de casa.
Tratamento intermitente ou constante pode ser requerido
* Critérios adotados pelo AMA – Doenças Relacionadas ao Trabalho. Manual de Procedimetnos para Serviços de Saúde, 2001.
DERMATITE CONTATO
2 tipos: irritativa e alérgica. Razão 4:1
Apresentação: eczematosa e não eczematosa
Eczematosa apresenta 3 fases:
Aguda (eritema, edema, vesiculação, bolhas e exsudação)
Subaguda (exsudação e crosta)
Crônica (xerose, descamação, queratose, liquenização e fissura)
Não eczematosa (mais raro)
Desidrose (metais e óleos de corte)
Dermatite liquenoide de contato (cobre, níquel, resina epoxi)
Urticária (látex, alimentos, plantas, preservativos e fragâncias)
Vitiligo químico (hidroquinona)
Erupçãp purpúrica (branqueadores de roupas)
Eritema polimorfo (pesticidas, plantas)
DERMATITE IRRITATIVA DE CONTATO (DIC)
80%
Exposições sucessivas ou não
Restrita à área de contato (mão – dominante e região palmar)
Substâncias são classificadas como irritativas absolutas ou relativas.
Característica da substância
Concentração da substância
Tempo de exposição
DERMATITE IRRITATIVA DE CONTATO (DIC)
Clínica
DIC por substância irritativa absoluta – aguda (eritema, edema, necrose, bolhas, crostas e ulcerações)
DIC por substância irritativa relativa – crônica
Cimento:
composição (silicatos, aluminatos de cálcio, óxidos de ferro e magnésio, álcalis e sulfatos) Não é sensibilizante
contaminação com metais (cobalto / cromo hexavalente) – sensibilizadora
abrasivo, alcalino e higroscópico
tempo de contato, pressão e atrito (ph elevado quando molhado)
DERMATITE IRRITATIVA DE CONTATO (DIC)
Principais DIC Detergentes
Óleos e gorduras
Solventes: cetonas, hidrocarbonetos Cosméticos
Produtos químicos: arsênio, bromo, cromo, cimento, flúor inseticidas
Plantas Corantes
DERMATITE ALÉRGICA DE CONTATO (DAC)
Reação inflamatória tipo IV (imunidade celular) dividida em 3 fases: indução da sensibilização; desenvolvimento; e,
resolução
Indução da sensibilização: pelo menos 1 semana
Áreas expostas ou não à substância sensibilizadora
Tempo diferente de lesão por exposição prévia
Aparecimento abrupto
Intensidade e extensão da lesão
A DIC favorece o desenvolvimento da DAC
DERMATITE ALÉRGICA DE CONTATO (DAC)
A DAC apresenta pior prognóstico que a DIC
A cronicidade do quadro: exposição ao cromo e ao níquel
Clínica
Pode apresentar as três fases de evolução do eczema
DERMATITE ALÉRGICA DE CONTATO (DAC)
AGENTES Metais
Adesivos
Cosméticos (fabricação/manipulação) Corantes
Alimentos (fabricação/manipulação) Plantas
Outros agentes
Diagnóstico DIC/DAC
Exames laboratoriais podem contribuir para o
diagnóstico das DO, porem, nenhum desses recursos substitui uma boa anamnese, o exame físico cuidadoso e o conhecimento por parte do profissional dos principais produtos e seus riscos, potencialmente presentes
no trabalho, capazes de provocar dermatoses.
O teste de contato (TC) ou teste epicutâneo (patch test) e o principal recurso laboratorial, que permite diferenciar DCI de DCA. Os TCs são feitos mediante a colocação de substâncias já
padronizadas, preferencialmente, no dorso do individuo, com leitura após 48 e 96 horas
DERMATITE DE CONTATO COM FOTOSSENSIBILIZAÇÃO (DCF)
Fotodermatose: Fotodermatite ou Lúcide UV ou espectro visível da luz
2 quadros: fototoxicidade e fotoalergia
PROFISSÕES
Agricultores Pescadores Marinheiros Soldadores Trabalhadores da construção civil Boias-frias Trabalhadores em plataformas submarinas Salva-vidas
DCF (Fototóxica)
Apresentação semelhante à DIC por substância irritativa absoluta (aguda). Exemplo: sumo de frutas cítricas
Eritema tardio e edema podem aparecer em até 2 dias
Áreas expostas: face, ponta da orelha, pescoço, nuca, face volar dos antebraços e dorso das mãos
Fototoxicidade: A- base não imunológica B- dose-resposta
C- intensidade da reação proporcional à concentração da substância e à
quantidade de radiação
DCF (Fotoalérgica)
Apresentação semelhante à DAC (3 fases das lesões
eczematosas). Exemplo: drogas modificadas pela exposição à luz UVA
As lesões podem se estender para além das áreas expostas
Quadro crônico: discromias e espessamento da pele.
Complicação grave é a reação persistente à luz
Fotoalergia: A- base imunológica
B- sensibilização prévia por exposição
simultânea a substâncias fotossenbilizadoras e à radiação adequada
Diferença fototóxica e fotoalérgica
FOTOTÓXICA
BASE NÃO IMUNOLÓGICA
AGENTE UV OU ESPECTRO DE LUZ VISÍVEL
ÁREA EXPOSTA
FOTOALÉRGICA
BASE IMUNOLÓGICA
AGENTE PRINCIPALMENTE UVA
PODE SER EM ÁREA NÃO EXPOSTA
REQUER CONFIRMAÇÃO DIAGNÓSTICA COM
EXAME COMPLEMENTAR (FOTOTESTE)
Diagnóstico diferencial: LE
Erupção polimorfa à luz
FOTOSSENSIBILIDADE
DROGAS SISTÊMICAS
AMIODARONA
METILDOPA
PROPRANOLOL
TETRACICLINA
SULFONAMIDAS
ÁCIDO ACETIL SALICÍLICO
PIROXICAN
METROTREXATE
CLOROQUINA
TIAZIDAS
FUROSEMIDA
ISOTRETINOINA
DROGAS TÓPICAS
CETOCONAZOL
PROTETORES SOLARES (PABA)
DERIVADOS DE PETRÓLEO:
COALTAR, PIXE
CORANTES: AZUL DE METILENO
FITOFOTODERMATITES:
PSORALÊNICOS
ERUPÇÕES ACNEIFORMES
Fisiopatologia: obstrução dos folículos pilosos com irritação e infecção secundária
Duas formas de apresentação
Elaioconiose folicular
Cloracne
ELAIOCONIOSE
Dermatite folicular
3 formas clínicas:
Papulosa
Pustulosa
Mista
Áreas expostas ou cobertas por vestimentas sujas
Metalúgicos – óleo de corte
Mecânicos – graxa
Apresentação: comedões e pápulas foliculares e pústulas
CLORACNE
Cloracne —> poluentes orgânicos persistentes (POPs) como hidrocarbonetos clorados e dioxinas
Em 10 de setembro, o líder da oposição ucraniana teve de ser tratado na capital austríaca por especialistas que registraram um quadro clínico estranho, com pancreatite, gastrite aguda e inflamação muscular. Depois de uma semana de tratamento, as feições do político se desfiguraram, seu rosto foi coberto por
pústulas e acne, e seu nariz se alargou. Yushchenko sofre de terríveis dores nas costas (TCDD)
CÂNCER
Agentes físicos (radiação ionizante/não ionizante), químicos (arsênio, nitrosaminas) e biológicos (HPV)
Apresentação mais comum: carcinoma basocelular e espinocelular
Clínica:
área exposta,
tumoração papular ou nodular
Lesão ulcerada
Associação entre dermatite actínica e linfoma das células T (?)
REFERÊNCIAS:
1. MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Ações Programáticas Estratégicas.
DERMATOSES OCUPACIONAIS. 2006 p.1-92
2. Alchorne M.M.A. Dermatoses ocupacionais: An Bras Dermatol, 2010; 85 (2): 137-47.
3. Araujo, J. et al. Dermatite artefacta simulando vasculite necrotizantehttp://www.scielo.br/pdf/abd/v83n2/v83n02 a11.pdf
4. Motta, A. A. et al. Dermatite de contato.
http://www.asbai.org.br/revistas/vol343/V34N3-ar01.pdf