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MICROESCOLA: TRAJETÓRIA ESPAÇO-TEMPORAL DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES ( )

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Academic year: 2022

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MICROESCOLA: TRAJETÓRIA ESPAÇO-TEMPORAL DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES (1984-2007)

Profa. Dra. Maísa dos Reis Quaresma – UCB/RJ

I – INTRODUÇÃO:

A implantação da Microescola, pretendida por licenciandos e estagiários, iniciou-se com experiência piloto, em setembro de 1984, com micro classes de recuperação paralela, envolvendo doze estagiários dos cursos de Letras e dez estagiários do curso de Matemática, ministrando aulas para 27 turmas formadas por alunos das Escolas Municipais Coronel Corsino do Amarante, Gil Vicente e Nicarágua, do 16º DEC (atual 8ª Coordenadoria Regional de Educação) da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro. As turmas selecionadas foram as de 5ª série (visando a continuidade de estudos de séries seguintes do segundo segmento do curso de 1º grau) e de 8ª série (permitindo maior embasamento ao acesso dos alunos ao curso de 2º grau). Os resultados esperados foram alcançados em dezembro de 1984: aprovação dos alunos nas escolas Municipais, reposição de dívidas da falta de base, auto-realização dos estagiários com o trabalho intensivo da recuperação de estudos e vivências práticas de salas de aula.

II – O PROBLEMA:

As Leis 5692/71 e 9394/96 determinaram um processo sistemático de recuperação de estudos para alunos do ensino fundamental e médio. Esse processo não tem sido implementado nas escolas durante cada ano letivo: é a falta de base que se configura, sem o resgate das “dívidas” de conhecimentos não assimilados pelos alunos embora promovido nas séries. Por outro lado, a formação de educadores, licenciados, especialmente quando da realização das práticas de ensino e estágios supervisionados, evidenciam “carências” de integração entre teoria e prática. Unindo as duas variáveis “recuperação de estudos” e “integração entre teoria e prática”, estruturou-se a proposta de Projeto Microescola, desde 1984, na Universidade Castelo Branco, Zona Oeste do município do Rio de Janeiro.

Hoje a Microescola é uma “Escola Laboratório” que representa a parceria do ensino oficial e privado, ensino fundamental, superior e médio (através do alunado e docentes), na formação para a cidadania.

A proposta permite a promoção da integração entre o ideal e o real, a ampliação de experiências fundamentais reais, para atender à demanda dos licenciados e estagiários das FICAB (atual UCB), oferece condições aos alunos das escolas municipais para estudo e esclarecimento de dúvidas que favorecem a promoção na seriação de estudos, a recuperação de conteúdos e de auto- estima, a análise das situações relacionadas com o currículo dos cursos e da falta de base, o resgate

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para a formação da cidadania dos profissionais do ensino e do alunado, no momento histórico. O ano de 1984 tornou-se um marco para a realização dos estágios quando da implementação da proposta que recebeu a denominação de Microescola, aprovada pela SESu/MEC e SME/RJ (1985).

III – OBJETIVOS:

A partir de 1985, foram definidos os seguintes objetivos, para operacionalização, em cada ano letivo:

Possibilitar estudos de recuperação paralela ao alunado do Ensino Fundamental (CA a 8ª série) para embasamento indispensável ao prosseguimento de estudos, realizada por licenciandos e estagiários do Ensino Superior (UCB), previstos nas Leis 5692/71 e 9394/96;

Integrar os estagiários, em suas atividades das práticas de ensino e estágios supervisionados, à dinâmica de funcionamento das unidades escolares do sistema oficial de Ensino do Município do Rio de Janeiro, estabelecendo a relação permanente entre teoria e prática;

Inserir o Projeto Microescola no processo de avaliação do modelo contextual das práticas de ensino e Estágios Supervisionados preconizado e implementado em manuais de estágios desde 1982, com a finalidade de avaliar os currículos dos cursos das FICAB (atual UCB);

Desenvolver, a cada ano letivo, metodologias de ensino que favoreçam novas aprendizagens da educação formal e não formal.

IV – METODOLOGIA:

Cadastramento das escolas municipais interessadas, sensibilização de diretores e professores através de reuniões (inicialmente, os próprios resultados da experiência piloto referendaram a proposta);

Realização de reuniões da coordenação do Projeto Microescola com todos os professores responsáveis pelas disciplinas de Práticas de Ensino e Estágios Supervisionados (divulgação para os alunos do ensino superior);

Cadastramento de licenciandos e estagiários que participarão da proposta (orientados pelos professores de prática de ensino e estágios supervisionados);

Realização da matrícula dos alunos do Ensino Fundamental e Ensino Médio (verificação da disponibilidade do horário para frequência nas aulas do Projeto Microescola);

Confecção dos horários dos licenciandos e estagiários do Projeto Microescola;

composição das turmas (listagens enviadas pelas escolas de origem); organização do calendário escolar; verificação das salas disponíveis na UCB para atividades das classes de recuperação;

Formação das turmas e divulgação para as Escolas da 8ª CRE/SME/RJ e SEE/RJ;

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Realização de avaliação diagnóstica dos alunos de cada turma do Ensino Fundamental e Médio;

Organização dos planejamentos bimestrais dos alunos de cada turma do Ensino Fundamental e Médio;

Acompanhamento semanal dos licenciandos e estagiários, pelos professores das práticas de ensino e estágios supervisionados, com a assistência técnico-pedagógica diária (coordenação do Projeto Microescola), estabelecendo-se interfaces com as coordenações de cursos da UCB, escolas oficiais e famílias dos alunos;

Realização de reuniões mensais com as finalidades de avaliação e replanejamentos de atividades necessárias no decorrer do processo educativo;

Fornecimento das informações da Coordenação da 8ª série CRE/RJ, escolas da SEE/RJ, bimestrais, dos resultados de mudanças no desempenho dos alunos das Escolas Municipais e Estaduais. Esse contato oficializa as comunicações verbais obtidas no diálogo com alunos e responsáveis, depoimentos dos professores das turmas de origem (Escolas Oficiais);

Realização, a cada semestre, da avaliação geral com a participação de licenciandos, estagiários, professores (Ensino Fundamental, Médio e Superior), representação de alunos e responsáveis, em conselhos de classe;

O Projeto Microescola atende, atualmente, alunos das Escolas Municipais, 8ª CRE/SME/RJ e SEE/RJ oferece as práticas de ensino de Português, Inglês, Espanhol, Matemática, Física, Química, Desenho, Educação Física, Biologia, História, Geografia e Ciências. Os Estágios Supervisionados são realizados por alunos dos cursos de Serviço Social, Terapia Ocupacional (trabalho socioeducativo) e Pedagogia (habilitação em Gestão Educacional). Esta equipe realiza um trabalho interdisciplinar junto ao alunado do Ensino Fundamental e Médio oriundo das escolas oficiais favorecendo a inclusão social da clientela.

A idéia original criou a tradição de regência de turma para licenciandos de Pedagogia (necessária ao registro na habilitação escolhida) referendada pela SME/RJ e SESu/MEC, desde 1985.

V - RESULTADOS

Os depoimentos dos alunos, familiares, professores, licenciados e estagiários documentam, com os dados de promoção dos discentes nas séries, o alcance dos objetivos propostos. A gestão participativa da Microescola integra licenciandos, estagiários, professores da Universidade Castelo Branco. Esta gestão conta com recursos materiais necessários, fornecidos pela

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instituição, inclusive pelas salas de aula (no total de 17 salas por período letivo) e sala para administração do Projeto.

O horário está organizado, para funcionamento, durante a semana e aos sábados quando estagiários e licenciandos inovam as práticas pedagógicas, com “Oficinas de Criatividade”, “Ensino através de Módulos”, “Aulas Práticas de Matemática nas Quadras de Esporte”, “Trabalho Socioeducativo do Serviço Social e da Terapia Ocupacional”, “Ensino através de Jogos de Recreação”, “Ora como Recurso Didático”, “Aulas de Alfabetização de Jovens e Adultos”,

“Preparatório para o Vestibular”, “Projeto Ser Letrado”, entre outros.

O controle sistemático dos efeitos, os índices de aprovação nas escolas municipais quando da realização dos conselhos de classe finais, de cada ano letivo, podem demonstrar os resultados das atividades da Microescola, acompanhados pela 8ª CRE/SME/RJ, escolas estaduais da SEE/RJ.

Destaca-se, na Microescola, o trabalho socioeducativo do Serviço Social (implantado há 12 anos) e o apoio da Terapia Ocupacional, Psicopedagogia, envolvendo também os responsáveis pelos alunos, nas questões que dificultam a sua aprendizagem e integração social.

A infra-estrutura criada para execução do projeto oferece condições de controle e avaliação: fichas de matrícula, documentos normativos, roteiros de atividades, calendário escolar horários dos licenciados, e das turmas em funcionamento, diários de classe, material de estágio, planejamento de aulas, recursos de avaliação de atividades planejadas, pequena biblioteca.

A programação é variada e também interfere na ação educativa voltada para qualidade de vida na comunidade, cooperando com instituições externas que ajudam os mais necessitados: as festas da Microescola têm como característica a doação de alimentos, para os mais carentes que estão abrigados em orfanatos ou asilos, integra-se com as atividades do Programa de Alfabetização Solidária (PAS) e o Programa Brasil Alfabetizado (PAB) na Zona Oeste do Município do Rio de Janeiro.

Até o ano de 2007, mais de 12 mil alunos das escolas Municipais da 8ª CRE/SME/RJ e mais de 1900 estagiários já vivenciaram as atividades propostas na Microescola, ampliando-se, cada vez mais, a projeção dos resultados nas comunidades do Rio de Janeiro. As oportunidades que a proposta oferece têm atraído licenciandos e estagiários de outras instituições de ensino superior:

Universidade do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Faculdades Simonsen, Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade Gama Filho (UGF), Universidade Veiga de Almeida (UVA) e Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).

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VI – CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS

O rótulo da “falta de base” desmitificou-se com a definição dos conteúdos curriculares que impediam os alunos de prosseguirem os estudos. Várias pesquisas realizadas, com os professores da Educação Básica evidenciaram que o Projeto Microescola inovou também neste sentido porque identificou o problema e tem trabalhado no sentido da superação dos obstáculos iniciando, após a avaliação diagnóstica dos alunos, a recuperação de conhecimentos e da auto- estima individual.

A proposta é simples, tem demonstrado que a “mudança no quadro da Educação Básica está nas mãos dos dispostos a agir”.

VII – REFERÊNCIAS:

BRASIL. Lei 5692 de 1971. Fixa as bases do ensino de 1º e 2º graus. Brasília, DF: D.O., 11 de agosto de 1971.

_______. Lei 9394 de 1996. Lei de diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF: D.O., 23 de dez de 1996.

_______. Ministério da Educação e do Desporto. Plano decenal de educação para todos. 1993- 2003. Brasília, DF: D.O., 1993.

QUARESMA, Maísa dos Reis. Relatórios de avaliação final do Projeto Micro Escola 1984-2007.

Rio de Janeiro: Mimeografados, 2007.

Referências

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